Em política tudo é possível. E há quem veja uma janela de oportunidade para Sarah Palin nas primárias de 2012. Mas sou daqueles que pensa que Palin tem pouco mais de zero possibilidades de chegar à Casa Branca. O seu percurso errático, a demissão do governo do Alaska, a sua postura mediática como a realização de um reality show sobre o Alaska (que vai passar no Discovery Channel) são motivos fundamentais. Mas esta sondagem da ABC News/Washington Post é reveladora: apenas 27 por cento dos americanos considera que ele tem as qualidades necessárias para ser Presidente, enquanto 67 pensa que Palin não as tem. Pior ainda para ela: estes números não mudaram nada desde o fim da campanha presidencial de 2008. Nos últimos dois anos ela demitiu-se de um cargo para que foi eleita e ganhou dinheiro, muito dinheiro. Transformou-se numa figura importante na ressurgência do Partido Republicano, ajudou a fazer a ponte entre o tea party e o GOP, e contribuiu para muitos candidatos vencerem as primárias. Mas isto não a transformou em presidenciável. Antes pelo contrário. Muitos são aqueles que gostam dela, mas que não a apoiam para Presidente. Ainda no mês passado numa sondagem no Iowa, Palin quedou-se em quarto lugar, atrás de Romney, Gingrich e Huckabee.
O próximo ciclo eleitoral será indubitavelmente influenciado pelo tea party. Não se consegue visualizar um nomeado que não tenha o apoio de pelo menos uma parte deste movimento. Mas isso não quer dizer que se vão ficar por Sarah Palin. Nos últimos tempos têm surgido várias figuras republicanas consideradas próximas do tea party que nem por isso são parecidos com Palin. Estou a lembrar-me de Cris Christie ou Marco Rubio, que dificilmente serão candidatos, mas que provam que o tea party pode apoiar um outro tipo de candidato, com um discurso mobilizador e conservador, mas que consiga penetrar no eleitorado independente. Repare-se nestes dados da sondagem: 82 por cento dos democratas, 70 por cento dos swing voters independentes e 77 por cento dos moderados não a consideram qualificada para o cargo. Ninguém pode ser eleito Presidente com estes números. Mesmo que Sarah Palin se candidate, o campo do tea party nas primárias estará tão dividido que haverá uma janela de oportunidade para um candidato com créditos conservadores, mas considerado elegível numas eleições gerais, poder emergir como candidato republicano.
Por fim o establishment republicano. Neste ciclo eleitoral vimos muitos candidatos a derrotar os apoiados por Washington. Em 2012 nenhum candidato vai querer ser conotado com Washington, e vamos assistir a vários a assumirem-se como outsiders. Essa será uma qualidade necessária para qualquer candidato. Mas isso não quer dizer que os insiders do Partido Republicano não vão ter uma palavra a dizer nessas primárias. Karl Rove tem dado o mote contra Palin e o tea party. Não que ele seja uma figura muito popular entre os activistas republicanos (que não o é). Mas ninguém duvide da força do establishment, que empura os vencedores desde 1968: Nixon, Ford, Reagan, H. Bush, Dole, W. Bush e McCain. A última vez que um candidato insurgente foi nomeado foi em 1964, quando Barry Goldwater bateu o preferido Nelson Rockefeller. Se em 2012 voltar a vencer um insurgente, aposto que esse nome não será Sarah Palin.