20
Set 11
publicado por Nuno Gouveia, às 15:31link do post | comentar

Ron Suskind, vencedor de um Pulitzer Prize e autor de vários livros sobre a Administração Bush, vai lançar em breve este livro que sobre a Administração Obama. Entre os vários excertos que já se conhecem, destaque para os desentendimentos e tensões entre os assessores económicos de Obama, as críticas de alguns deles, como Larry Summers, que é citado a dizer que "Bill Clinton nunca cometeria este tipo de erros" ou "esta Administração não tem liderança" ou ainda as dificuldades que as mulheres sentiram durante os primeiros dois anos. O estilo de liderança de Obama também é colocado em causa, sendo descrito como um "jovem e inexperiente presidente". A exemplo do que sucedeu com os livros que escreveu sobre Bush, Suskind teve a colaboração de membros da Administração, tendo entrevistado Barack Obama e vários dos seus assessores. São mais de 700 horas de entrevistas. Vários membros da Administração já vieram a público criticar Suskind e a falta de veracidade de algumas das afirmações no livro, bem como acusaram o autor de exagerar e citar expressões fora do contexto. 

 

Não é novidade. Todos os Presidentes passam por este tipo de "publicidade" e as tensões e discussões dentro da Administrações são perfeitamente normais. Mas não é uma boa notícia para Obama, ainda por cima nesta fase. 

 

 


09
Set 11
publicado por Nuno Gouveia, às 11:04link do post | comentar

   

 

O 11 de Setembro provocou uma profunda alteração na política externa da Administração Bush. Até então, e desde a campanha que o elegeu como o 43º Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush tinha protagonizado uma visão externa "humilde" e até um pouco isolacionista, contrariando as guerras "humanitárias" de Bill Clinton. Mas tudo mudou com o 11 de Setembro, levando os Estados Unidos à invasão do Afeganistão e do Iraque. Estes quatro livros de Bob Woodward contam uma versão da história do que passou nestes dois cenários desde o fatídico dia que a Al-Qaeda assassinou milhares de pessoas em solo americano. 

 

Estes livros, à excepção do terceiro e também o mais crítico, contaram com a participação do próprio Presidente e de altos cargos da Administração Bush, oferecendo-nos uma visão muito próxima do que realmente aconteceu. As divisões nos diferentes departamentos do governo, a burocracia que impedia uma fácil resolução dos problemas, a obstinação de alguns responsáveis mas também um líder comprometido com uma visão para o Médio Oriente, é o que podemos concluir destes quatro livros. Os dois últimos, que li recentemente, contam a história da guerra falhada no Iraque nos primeiros três anos (State of Denial), mas também como foi delineado o plano para dar a volta à situação (The War Within), numa posição de coragem de George W. Bush contra grande parte dos militares, do Partido Democrata e do próprio partido. Não apaga os erros que foram cometidos nos primeiros anos da guerra, mas mostra uma outra face do Presidente americano. Bush At War relata a reacção da Administração Bush ao 11 de Setembro e os momentos que se seguiram na invasão do Afeganistão e Plan of Attack é sobre os meses que antecederam a invasão do Iraque. 

 

São retratos extraordinariamente íntimos da Administração Bush, do complexo militar que suportou a decisão e de todos os intervenientes que fizeram parte das decisões históricas desta presidência. Não será a verdade definitiva destes momentos, mas estou certo que os historiadores no futuro não deixarão de consultar estes livros. Apenas tenho os dois primeiros nas versões portuguesas, mas penso que existem dos quatro. 


28
Mar 11
publicado por Nuno Gouveia, às 23:41link do post | comentar

Courage and consequence, Threshold Editions (Março, 2010)

 

Já era para ter escrito alguma coisa sobre este livro de Karl Rove, mas dado que em Portugal estamos em período pré-eleitoral, nada melhor do que recordar aqui a obra daquele que é conhecido como o The Architect. Rove conta neste livro o seu percurso no movimento conservador, desde os tempos de líder dos republicanos universitários até aos seus dias na Casa Branca com George W. Bush. Mas se a vida de Rove interessa a muita gente, pelo seu papel na história dos Estados Unidos das últimas décadas, a genialidade do consultor político é talvez o aspecto mais importante deste livro. Os pormenores das suas vitórias são muitos, e, neste livro, podemos aceder às suas principais estratégias para vencer eleições. A disciplina, a mensagem, a comunicação, o ataque aos adversários, todas as características que compõem uma "Rovian Campaign", como ele a denomina. Sem dúvida, a ler por todos os interessados do mundo da comunicação política.

 

Rove foi em tudo precoce. Aos 9 anos já andava com um autocolante de Richard Nixon na sua bicicleta e a discutir com os seus amigos sobre John F. Kennedy. Na década de 70 ascendeu à liderança dos College Republicans, e foi aí que conheceu o então líder do RNC, George H. Bush, relação que marcou a sua carreira política. Nessa década conheceu ainda George W. Bush, durante a sua campanha falhada para o congresso em 1978, iniciando aí uma ligação que terminaria na Casa Branca. Rove nunca terminou os estudos, pois a política não lhe deixava tempo para ir às aulas, mas terá valido bem a pena. Os anos em que trabalhou directamente com George W. Bush, são a parte mais relavante do livro. Tentando desmitificar o seu papel nesse anos, e sempre, mas sempre, protegendo o legado do 43º Presidente, Rove é bastante provocador em relação aos opositores democratas, nomeadamente com Al Gore e a oposição no congresso. Tenta explicar o que correu pior (Katrina e o seu envolvimento, que nega, no caso de Valerie Plame) e dar uma abordagem própria da vitória contra Al Gore, a luta contra o terrorismo e a campanha de reeleição. Este livro será um bom contributo para o trabalho dos historiadores sobre esta presidência.

 

Nota ainda para o papel da sua vida particular, que é aqui explorada, não sendo um facto comum neste tipo de livros de consultores políticos. Tal como destaquei aqui sobre David Plouffe, fica o comprometimento pessoal deste operacional, que não é apenas um mero profissional da política. A paixão e a ideologia confunde-se com a sua acção de consultor político.


06
Fev 11
publicado por Nuno Gouveia, às 19:39link do post | comentar

Rendezvous with Destiny: Ronald Reagan and the Campaign That Changed America, 2009

 

Todos os anos são publicados vários livros sobre Ronald Reagan. Um dos mais recentes que tiver a oportunidade de adquirir foi este Rendezvous With Destiny, de Craig Shirley. Um livro fascinante sobre a campanha presidencial de 1980, quando Ronald Reagan, derrubando todas as barreiras, acabou por derrotar Jimmy Carter num landslide. Depois da campanha insurgente de 1976 contra o Presidente Gerald Ford, Reagan voltou a protagonizar uma campanha contra o establishment republicano em 1980, representado essencialmente por George H. Bush, mas também por Howard Baker, então líder da minoria no senado e Bob Dole, que tinha sido candidato a VP em 1976 com Ford. Esta é a história dessa vitória, primeiro nas primárias do Partido e depois na América.

 


28
Jan 11
publicado por Nuno Gouveia, às 10:32link do post | comentar

His Excellency: George Washington, 2004

 

George Washington foi uma personalidade notável e um dos grandes responsáveis pelos Estados Unidos serem aquilo que são hoje. Sem a sua força e visão, talvez hoje o norte do continente americano fosse ocupado por vários países, ao invés do Canadá e Estados Unidos. O mito em redor do homem é extraordinário, mas não é por acaso que hoje é, talvez, a personalidade mais glorificada e respeitada pelo povo americano. Na fundação dos Estados Unidos tivemos os Pais Fundadores, e, numa categoria à parte, coloca-se o general George Washington, o pai da União. Admito que pouco conhecia da vida deste homem que tão louvável legado deixou. Este livro é precisamente para aqueles que querem conhecer algo mais sobre Washington. Uma excelente introdução à sua vida, desde os seus tempos de miliciano ao serviço da Coroa Britânica até ao retiro no Mount Vernon, depois de dois mandatos na presidência do jovem país.

 

Um livro do historiador Joseph J. Ellis, vencedor de um Prémio Pulitzer e autor de diversas obras sobre o período da revolução americana.



02
Out 10
publicado por Nuno Gouveia, às 20:00link do post | comentar | ver comentários (3)

 

Depois da HBO ter apresentado três brilhantes temporadas de Deadwood sobre o velho oeste americano, mais concretamente na fronteira entre o Dakota e o Wyoming, e o AMC continuar a brindar-nos com a Mad Men sobre o mundo da publicidade na década de 60, a HBO regressa agora até à Atlântic City dos anos 20. A cidade do estado de New Jersey começou a ganhar a relevância que hoje lhe é reconhecida nessa década, sobretudo com a preciosa “contribuição” do tráfico ilegal de álcool durante a Lei Seca (a agora infame 18ª Emenda da Constituição que foi revogada pela 21ª).  Este é o pano de fundo para esta nova série, que com apenas dois episódios já conquistou a minha admiração. Steve Buscemi está magistral no papel do corrupto politico republicano Nuck Thompson, que, além de ser o tesoureiro da cidade, controla tudo e todos, através do jogo, da prostituição e do álcool. Nesta série já tivemos também a oportunidade para ver grandes mafiosos da história americana, como o jovem Al Capone, Arnold Rothstein ou Charlie “Lucky” Luciano. Não por acaso o nome de Martin Scorsese surge associado a esta série, como produtor e realizador do episódio piloto. Scorsese é desde sempre um apaixonado das raízes da máfia americana, e a Lei Seca foi essencial para o grande “boost” dos mafiosos americanos na primeira metade do século XX. Scorcese não podia estar de fora.


Esta série, pelo que já deu para ver, não irá desaparecer tão cedo da arena. Logo após o primeiro episódio a HBO anunciou a sua renovação por mais uma temporada. A critica rendeu-se completamente, e os espectadores, esses, têm batido recordes de audiência no canal por cabo americano. Os apaixonados do cinema estão mesmo a transferir as suas atenções para a televisão, onde a criatividade e a qualidade estão a superar, em larga margem, o que vai saindo de Hollywood. A história americana também vai sendo contada através destas séries, que apesar de serem recriações ficcionais, representam todo um espírito da época. Através destas horas de televisão também ficamos a conhecer um bocadinho melhor a sociedade americana, as suas raízes e as dificuldades que ajudaram a construir o país que é hoje. Por isso, mas também por puro entretenimento, aconselho esta série. E as outras que referi.


21
Jun 10
publicado por Nuno Gouveia, às 01:47link do post | comentar


Um Mundo sem Europeus, Guerra e Paz, Abril 2010

 

O livro do Henrique Raposo é uma reflexão sobre as alterações de poder no mundo, onde é explicada minuciosamente a ascensão de novas potências no tabuleiro principal do xadrez mundial (Japão, Índia, China, Coreia do Sul, etc) e o declínio da Europa. No mesmo patamar, analisa-se a politica externa americana nas últimas décadas, com insights sobre a história americana desde o período revolucionário até Barack Obama. É uma obra académica, muito bem documentada e referenciada, e com muitos dados interessantes para quem se preocupa com as relações internacionais. Mas este não é um livro neutro sobre relações entre Estados. Henrique Raposo toma partido várias vezes, justificando as suas “preferências”: escolhe Hamilton e relega Jefferson; aplaude Condoleezza Rice e condena Paul Wolfowitz; abraça o realismo americano e afasta-se da realpolik europeia; elogia as políticas das potências emergentes e critica severamente a decadente Europa. Além de uma parte dedicada ao diagnóstico da situação, existe também espaço para soluções e sugestões para o futuro. Para a Europa em declínio, para os países emergentes e também para a política externa americana. Os dirigentes europeus deviam ler este livro. Especialmente estes.

 

Não sou um especialista no tema do livro, e até encontrei algumas ideias expressas no livro com as quais discordo. Mas são 300 páginas para absorver, aprender e reflectir. Porque nos faz pensar. E esse é o principal objectivo de uma obra deste género. Aconselho a todos aqueles que se interessam pelos Estados Unidos e pelas relações internacionais “Um Mundo sem Europeus”. Vale bem a pena.



07
Fev 10
publicado por Nuno Gouveia, às 19:27link do post | comentar | ver comentários (2)

 

The Audacity to Win, Viking Adult (November 3, 2009)

 

As campanhas presidenciais americanas são momentos únicos, vividos pelos protagonistas com grande intensidade. Os profissionais de marketing politico, também apelidados de Spin Doctors, rapidamente se transformam em estrelas mediáticas, como James Carville, Karl Rove ou Joe Trippi. O apogeu da carreira destes consultores é vencer uma eleição presidencial. Depois disso, podem viver o resto da vida à sombra desse sucesso. Alguns decidem manter-se no activo, mas boa parte deles retira-se da “acção”. Muitos tornam-se comentadores e escrevem best sellers.

 

David Plouffe não se retirou do activo e ainda há duas semanas foi notícia que tinha regressado para colaborar com a Casa Branca. Mas neste último ano, e como se percebe pela leitura do seu livro, preferiu fazer uma pausa para estar com a família. E lançou um livro sobre a corrida presidencial que colocou Barack Obama na Presidência. Um dos aspectos mais  fascinantes da vida destes profissionais da política é o verdadeiro ritmo alucinado em que vivem a sua actividade. E também o empenho, paixão política e pessoal que evidenciam pelo seu trabalho. Dos livros que já li do género, sinto que sem “paixão política”, dificilmente poderiam ser tão eficazes e comprometidos com os resultados. Não está apenas em questão derrotar o adversário: há uma crença real que o que estão a fazer é mesmo importante para o país. E foi isso precisamente que senti neste livro. Plouffe é um true believer de Obama, e mais do que colocar o seu “chefe” na Casa Branca, o seu desejo era mesmo fazer o correcto para os EUA. 

 

Este é um livro que acompanha o período de Novembro de 2006, logo após as intercalares, até à vitória final de Barack Obama. Para quem acompanhou esta campanha e escreveu muito sobre ela, como eu, o mais interessante é verificar que muitas das análises que realizei estavam certas. Mas também que me enganei redondamente noutras. Esta foi uma campanha quase isenta de erros graves, e que decorreu sempre de acordo com o estabelecido pelo inner circle. E há um aspecto esclarecedor que se retira das palavras de Plouffe: a estratégia da campanha de Hillary Clinton terá sido mesmo uma das mais incompetentes de toda a história da politica americana, sendo constante o “gozo” q pela campanha dirigida por Mark Penn. Sobre a campanha de McCain, também há algumas criticas, mas estas são sempre menores, até porque Plouffe sabia que o maior adversário para Obama já tinha sido derrotado nas primárias.

 

Destaque óbvio para o papel das novas tecnologias, que Plouffe refere várias vezes. Sem a sua utilização inteligente, não teria sido possível colocar Barack Obama na Casa Branca. Uma estratégia revolucionária, mas também lúcida, que já é objecto de estudo por todos os académicos desta área. A harmonia que existiu na campanha Obama, algo nem sempre fácil em situações do género, é também uma das imagens de marca relatadas.  Até como se viu na entourage de McCain, que várias vezes foi apanhada em contradições e disputas internas. Nada disso se passou na campanha de Obama.


Obviamente que este livro não conta tudo, nem refere algumas dirty tricks que utilizaram, mas isso também não seria de esperar. Percebe-se na essência os bastidores da mais surpreendente e uma das mais bem sucedidas campanhas presidenciais americanas. Aconselho a sua leitura. 

 


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