30
Ago 12
publicado por Nuno Gouveia, às 23:46link do post | comentar

Ron Paul esteve ausente do palco da convenção, mas sua presença foi notada por todos em Tampa. Dentro, mas sobretudo fora do pavilhão. Os seus seguidores são incansáveis. Um pouco por toda a baixa de Tampa encontram-se apoiantes, por vezes sozinhos, com placas do congressista texano. A paixão e quase fanatismo destes seguidores é, de facto, diferente do que estamos habituados a ver na vida política. Será interessante verificar no futuro quem irá emergir para substituir Ron Paul na liderança deste movimento. O seu filho, que ontem apoiou Mitt Romney, estará na pole position, mas tenho algumas dúvidas que as suas posições mais mainstream possam ter o apoio da maioria destes jovens. 


28
Ago 12
publicado por Nuno Gouveia, às 20:15link do post | comentar | ver comentários (3)

 

Ontem à tarde, durante minha busca infrutífera à procura de protestos (o que mais vi nas ruas foi polícia), encontrei cinco simpáticos adeptos do Ron Paul do Oklahoma. Tendo reparado na minha credencial de media, pediram-me para contar a verdade sobre esta convenção: uma grande fraude do Partido Republicano que roubou ao Ron Paul a possibilidade de ser nomeado. Questionei-os sobre o facto do seu candidato não ter ganho uma primária sequer, mas para eles isso não interessa nada. Os delegados que elegeram, muitos dos quais através das convenções estaduais e passando por cima das votações populares nas primárias e caucuses, não conseguirão propor o seu nome à votação na Convenção, pois precisavam de ter a maioria dos delegados de cinco estados. 

 

A campanha de Mitt Romney tem conseguido lidar bem com Ron Paul até ao momento, apesar dos seus apoiantes não estarem satisfeitos. No fundo, o que se passou é que fizeram um acordo com Paul. Como este decidiu não apoiar Romney (nas suas palavras, “I don´t fully endorse Mitt Romney”), não lhe ofereceram a possibilidade de discursar na Convenção (ao contrário de Rand Paul, que irá falar aos delegados na quarta-feira), mas irão transmitir um vídeo de homenagem ao congressista texano que se reforma da política no final do ano. Em troca receberam o silêncio da campanha de Paul, que não tem feito nada para “sentar” os seus delegados afectos. Este esforço tem sido conduzido por alguns dos seus apoiantes, que ficaram furiosos pela campanha de Romney ter forçado alterações no nome dos delegados que terão direito a estar no Tampa Bay Times Forum. Estas cinco pessoas garantiram-me que foram subsituidos à ultima hora por republicanos apoiantes de Mitt Romney.

 

No fim da conversa, disse-lhes que um dos mais importantes blogues da direita portuguesa, o Insurgente, era composto por muitos adeptos de Ron Paul e que durante as primárias republicanas foram publicados dezenas de posts de apoio ao congressista texano. Ficaram surpreendidos, mas satisfeitos pela sua "revolução" estar a sair dos Estados Unidos. Não sei se a conseguirão fazer cá, mas esta campanha demonstrou que a ala libertária tem vindo a crescer no Partido Republicano, como prova a presença de vários adeptos de Paul nesta convenção, algo que não sucedeu em 2008. 


07
Ago 12
publicado por Nuno Gouveia, às 15:21link do post | comentar

A equipa de Romney parece apostada em dominar as atenções mediáticas com as suas escolhas para a Convenção Nacional Republicana. Hoje foi a vez de anunciarem mais quatro nomes que vão discursar em Tampa: o antigo Governador da Florida, Jeb Bush, o candidato presidencial Rick Santorum, a governadora do Oklahoma, Marry Fallin e o Senador Rand Paul, do Kentucky. A escolha em destaque, apesar de esperada, é de Rand Paul, filho do candidato Ron Paul, que tem um enorme leque de seguidores e que ainda não declarou o seu apoio a Romney. Colocar Rand Paul no palco é um prémio à ala libertária do Partido, mas pode não chegar. Rand é um político diferente do pai, que tem tido o cuidado de não fugir muito das posições mainstream do partido. Mas este apoio não será o suficiente para captar o voto dos seguidores mais fervorosos de Ron Paul, que têm exigido um papel para o congressista do Texas na Convenção.

 

Colocar Ron Paul no palco de Tampa acarreta riscos, pois ele não é político para se submeter aos ditames do nomeado republicano. As Convenções são grandes espectáculos mediáticos, encenadas ao pormenores e destinadas a promover o candidato perante o povo americano. Para muitos eleitores, este é o primeiro momento em que olham para os candidatos com atenção e começam a definir o seu sentido de voto. Há quem pense dentro do Partido Republicano que colocar Paul em Tampa pode ser um desastre mediático, desviando as atenções da agenda de Romney. Ron Paul tem posições radicalmente diferentes de Romney em áreas como a política externa e alguns assuntos sociais, como a liberalização das drogas, e a sua visão libertária, apesar de ter conquistado influência dentro do GOP, é ainda ultraminoritária na sociedade americana. Em 1992 George H. Bush ofereceu um lugar na Convenção a Patrick Buchanan, seu adversário nas primárias, que proferiu um discurso polémico que terá sido prejudicial ao candidato republicano. A dúvida é se Romney irá querer arriscar: por um lado, se Paul tiver lugar na convenção, poderá ser uma surpresa positiva, se enfatizar apenas os temas em que concorda com Romney e declarar-lhe o seu apoio. Por outro lado, se não tiver estas garantias, é provável que Ron Paul fique fora da convenção. Mas atenção: com Rand Paul a posicionar-se no establishment republicano, não é de esperar nenhum movimento agressivo de Ron Paul perante Mitt Romney neste ciclo eleitoral, ao contrário de 2008, quando declarou o apoio a diversos candidatos radicais, da esquerda à direita.

 

No entanto, Mitt Romney tem outros problemas para a convenção. Ron Paul não é o único nome polémico. Há outros que certamente desejam um convite do nomeado republicano, nomeadamente Sarah Palin, Newt Gingrich, Donald Trump e Herman Cain. Qualquer um destes nomes tem o potencial de "estragar" os planos da equipa de Romney, pois são conhecidos pelos seus discursos explosivos. Não serão decisões fáceis para Romney. 


15
Mai 12
publicado por Nuno Gouveia, às 12:12link do post | comentar

O libertário Ron Paul anunciou ontem o abandono da campanha para as restantes primárias republicanas que ainda faltam disputar. Sem vencer uma única eleição, e apesar de não ter provocado o terramoto político que chegou a ameaçar, o saldo final da sua candidatura ainda está por fazer. Com mais de 100 delegados eleitos, o ainda congressista (este ano não se recandidatará) texano terá deixado sementes para o futuro do movimento. Com 76 anos, esta terá sido provavelmente a sua última campanha eleitoral, mas as suas ideias estão hoje mais fortes dentro do Partido Republicano, e já até têm um novo líder: Rand Paul. Com uma postura mais próxima das ideias mainstream republicanas, não deixará de ser uma voz activa no futuro do partido, e será certamente candidato presidencial em 2016 ou 2020, dependendo de quem vencer as eleições gerais. Poderá Rand ser o nomeado? Muito dificilmente, até porque a concorrência no futuro, pelo que se pode observar pelas diversas estrelas em ascensão, será bem mais agressiva do que em 2012. Mas Rand Paul sabe que tem um exército de fiéis à sua espera. E isso foi alcançado pelo seu pai nestes últimos quatro anos. Uma tendência a acompanhar com muita atenção nestes próximos anos.

 

Em relação a Ron Paul, será também interessante de analisar a sua postura até à Convenção Republicana de Tampa. Ele tem reafirmado que será muito difícil de declarar o apoio a Mitt Romney, mas estou certo que este tudo fará para poder contar com Paul a seu lado. Os apoiantes de Ron Paul têm batalhado pela conquista de lugares no aparelho do GOP, e têm conseguido conquistar peso político para a convenção. Ron Paul, que há quatro anos não apoiou McCain e até realizou uma convenção própria em Minneapolis St- Paul durante a convenção republicana, poderá ser tentado a colocar-se ao lado de Romney com algumas compensações: discurso na convenção, inclusão de algumas ideias na plataforma do Partido Republicano e, especialmente, colocar Rand Paul mais próximo da máquina republicano. Não tenho dúvidas que Romney tentará cooptar Paul e os seus fiéis apoiantes. E numa eleição renhida, como se prevê, isso pode ser decisivo.


23
Fev 12
publicado por Nuno Gouveia, às 22:53link do post | comentar | ver comentários (1)

Ontem à noite os candidatos republicanos defrontaram-se no Arizona e não se pode dizer que tenha sido um dos melhores momentos desta campanha. Acabou por ser Mitt Romney o mais favorecido, não porque esteve particularmente bem, mas terá estado bem melhor do que o seu principal adversário do momento, Rick Santorum. Acossado pela dupla Paul-Romney, o antigo senador da Pensilvânia passou a maior parte das duas horas a defender-se de críticas ao seu passado enquanto senador. Depois deste debate, ficaria muito surpreendido se Romney não vencesse as primárias do Arizona e Michigan do dia 28. Newt Gingrich voltou a estar em bom plano, o que talvez o volte a colocar em jogo. Apostaria que nos próximos dias veremos Romney a subir nas sondagens, juntamente com Gingrich, com Santorum a baixar. Onde é que já vimos este filme? 


22
Fev 12
publicado por Nuno Gouveia, às 22:29link do post | comentar

Realiza-se hoje o 20º debate desta longa corrrda republicana. Arrisco-me a dizer que este é o debate mais importante destas primárias até ao momento, a quatro dias das primárias do Arizona e Michigan. Mitt Romney, que tem vindo lentamente a recuperar depois das derrotas no Colorado e Minnesota, precisa esta noite de vencer o debate. Rick Santorum poderá ter uma noite dificil, pois é provável que Gingrich o tente atacar, além das esperadas investidas de Romney. E atenção a Ron Paul, que muitas vezes nesta campanha tem servido quase de attack dog de Mitt Romney, tantos têm sido os anúncios negativos que já dedicou a Gingrich e Santorum. Às 01h00 na CNN. 

 


11
Fev 12
publicado por Nuno Gouveia, às 23:28link do post | comentar

 

Mitt Romney, depois de uma semana desastrada, teve uma hoje duas boas notícias. Em primeiro lugar, e mais importante, venceu os caucuses do Maine com 39% dos votos contra 36% de Ron Paul, que tinha aqui a sua grande possibilidade de vencer uma eleição nestas primárias. Não sendo muito importante na contagem de delegados, significa mais uma vitória, o que são boas notícias para a candidatura de Romney. Os dados estão lançados para o próximo dia 28, onde se realizam importantes primárias no Michigan e no Arizona. 

 

Este sábado Mitt Romney conquistou também a straw poll na CPAC, uma conferência que reune anualmente em Washington activistas do Partido Republicano. Nos últimos dois anos o vencedor foi Ron Paul, mas hoje quedou-se pelo último lugar, com 12%. Romney teve 38%, Santorum 31% e Gingrich 15%. 


01
Fev 12
publicado por Nuno Gouveia, às 18:35link do post | comentar

Depois da vitória na Florida, Mitt Romney é o grande favorito para os caucuses do Nevada, que se realizam já este Sábado. Com uma grande comunidade mórmon e vizinho do Utah, o Nevada apresenta-se como terreno fértil para Romney. Em 2008 venceu aqui. A seguir com atenção também a votação de Ron Paul no Nevada, que desde o New Hampshire que tem concentrada a sua atenção nos estados que vão realizar caucuses. Com uma afluência muito menor, este tipo de eleições favorece quem tem equipas no terreno mais organizadas e seguidores mais apaixonados. O Nevada atribui 28 delegados para a Convenção Nacional. 

 

O programa eleitoral para este mês:

Nevada caucuses - February 4

Maine caucuses - February 4-11

Minnesota caucuses - February 7

Missouri primary - February 7

Colorado caucuses - February 7

Arizona primary - February 28

Michigan primary - February 29


publicado por Nuno Gouveia, às 00:58link do post | comentar | ver comentários (1)

 

Erick Erickson, o influente blogger conservador do Red State e comentador da CNN, comentava há pouco no twitter que esta foi a primeira demonstração de força da equipa de Romney. Na verdade, Mitt Romney arrasou na Florida, com uma campanha agressiva que evidencia que talvez tenha o que é necessário para a brutalidade de uma campanha presidencial americana. Depois da derrota da Carolina do Sul, a imprensa foi inundada com artigos a questionar a capacidade de Romney para vencer estas primárias e defrontar Barack Obama. Esta vitória irá ajudar a mudar essa percepção. No próximo Sábado seguem-se os caucuses do Nevada, onde Romney venceu em 2008. Se a corrida não acabou esta noite (Gingrich já prometeu continuar até ao fim e Santorum e Paul também vão continuar), Romney deu um passo importante para convencer os mais descrentes, e se o próximo mês lhe der vitórias, como se prevê, pode ser que consiga fechar a questão da nomeação na super terça-feira, dia 6 de Março. 

 

Em relação aos resultados propriamente ditos, a esta hora ainda não resultados definitivos, mas Romney terá ganho com perto de 50 por cento dos votos, mais do que os votos conjuntos de Newt Gingrich e Rick Santorum. Ron Paul ficou em último lugar. 


22
Jan 12
publicado por Nuno Gouveia, às 00:02link do post | comentar | ver comentários (3)

 

O fúria de Newt Gingrich foi mais forte que a inevitabilidade de Mitt Romney na Carolina do Sul. Mal fecharam as urnas, algumas cadeias de televisão (FOX News, ABC, NBC) declararam o antigo speaker como vencedor destas primárias. Se isto se confirmar, significa que a corrida está lançada e irá decorrer, pelo menos, até à super terça-feira, dia 6 de Março. A dúvida destas primárias é se Rick Santorum continua na corrida. As exit polls indicam que está a disputar terceiro lugar com Ron Paul, mas se tal não suceder, dificilmente terá condições para continuar. Isso poderá favorecer Gingrich, numa corrida a três com Romney e Paul. No próximo dia 31 realizam-se as primárias na Florida, onde Romney tem liderado com larga vantagem as sondagens. Mas depois desta noite, tudo pode mudar. Esta vitória vem colocar alguma "normalidade" nestas primárias, pois até ao momento Romney parecia concorrer sem adversário visível. A minha aposta é que Romney continua o favorito, mas terá de "suar" para derrotar Gingrich. Uma nota histórica. Se é verdade que desde 1980 que todos os vencedores da Carolina do Sul foram os nomeados do GOP, também é verdade que nenhum candidato venceu a nomeação sem conquistar o Iowa ou New Hampshire, algo que Gingrich não conseguiu. De qualquer maneira, irá haver novidade histórica nestas primárias. 


09
Jan 12
publicado por Nuno Gouveia, às 22:40link do post | comentar

Estas serão as primárias do New Hampshire mais previsíveis das últimas décadas. A menos que suceda uma hecatombe de proporções bíblicas para as empresas de sondagens, Mitt Romney deverá vencer amanhã. E por isso, essa vitória nunca será tão valorizada como noutras situações. As expectativas irão sempre nortear a avaliação dos resultados.

 

Mitt Romney - As sondagens mais recentes dão-lhe entre 33 e 42 pontos, sempre muito à frente dos seus adversários. Portanto, tudo que seja abaixo dos 33% será considerado sempre pelos analistas como um mau resultado. Diria que uma vitória acima dos 40% dar-lhe-á uma áurea quase imbatível para o resto das primárias. Uma vitória menor poderá não lhe ser muito favorável, dependendo do nome do segundo lugar. 

 

Ron Paul - Já anunciou que não iria competir na Florida, concentrando os seus esforços depois da Carolina do Sul nos estados que vão ter caucuses. Tem estado consistentemente em segundo lugar, pelo que um resultado abaixo disso será sempre uma desilusão. Luta para alargar o movimento libertário no Partido Republicano e não para vencer as primárias. 

 

Jon Huntsman - Arrisca aqui a sua campanha presidencial. Um mau resultado ditará a sua desistência. Mas nos últimos dias tem sido o único candidato a subir nas sondagens, pelo que poderá ser a grande surpresa amanhã. Um segundo lugar iria encher as páginas dos jornais e dar-lhe o tal "momentum" que ainda não teve nesta campanha. Continua a ter hipóteses muito reduzidas de sucesso, mas tudo irá depender deste resultado. 

 

Rick Santorum - Depois de uma quase vitória no Iowa, esperava-se que Rick Santorum consolida-se aqui o seu estatuto de alternativa a Mitt Romney na Carolina do Sul. Mas as coisas não lhe têm corrido bem. Um terceiro lugar atrás de Ron Paul poderia dar-lhe um fôlego extra, mas essa é a sua melhor perspectiva.  

 

Newt Gingrich - Chegou ao New Hampshire ferido no seu orgulho. Depois de ter sido destruído no Iowa, onde não conseguiu melhor do que um quarto lugar, tenta aqui recuperar algum animo para a Carolina do Sul. Mas um resultado idêntico deixará indefinido quem é a alternativa conservadora a Romney, o que só ajudará o antigo governador do Massachusetts. Se conseguir melhor do que o esperado, e neste momento seria um terceiro, já seria um bom resultado para ele. 

 

Rick Perry não conta, pois abdicou destas primárias para se concentrar na Carolina do Sul, a sua última esperança. As minhas previsões: Romney-Paul-Huntsman-Gingrich-Santorum

 


06
Jan 12
publicado por Nuno Gouveia, às 23:30link do post | comentar

As sondagens são há muitos anos um elemento fundamental de qualquer estratégia política. Mas são sobretudo partes essenciais para o circo mediático que rodeia uma campanha. Sem elas, como iriamos avaliar quem vai a frente ou o que as pessoas estão a pensar sobre os candidatos? Apesar dos seus efeitos perversos (por vezes as sondagens são elas próprias elementos determinantes de um desfecho eleitoral, por exemplo), eu gosto de sondagens. E admito que, apesar de nem sempre lhes dar a importância que os media lhe atribuem, sou um fiel seguidor das sondagens. Até Novembro, os Estados Unidos vão ser inundados de sondagens, primeiro sobre as primárias e depois sobre as eleições gerais. E apesar de desvalorizar o sentido de alguma delas - nomeadamente para as eleições gerais nesta fase - elas servem para atestar o estado da corrida. 

 

Como o Alexandre Burmester deu nota no post anterior, Romney aparece à frente na Rasmussen na Carolina do Sul, mas com uma vantagem curta sobre Santorum. Outra da CNN/Time de hoje dá uma maior vantagem a Romney, com 37-19-18 sobre Santorum e Gingrich e ainda da American Research Group dá 31 a Romney e 24 a Santorum e Gingrich. Apesar de serem consideradas boas notícias para Romney, isto não desqualifica o facto que ainda pode haver uma aglomeração do voto conservador em Santorum ou Gingrich. Para isso, há dois factores que podem ser decisivos. Em primeiro lugar, as primárias do New Hampshire. O nome que ficar em segundo lugar (Romney deverá vencer) terá uma oportunidade para congregar esse apoio. Neste momento, Santorum e Gingrich estão à volta dos 10 pontos, atrás de Ron Paul e em alguns casos de Huntsman. O melhor cenário para Romney é que nem Santorum ou Gingrich se diferenciem muito na votação (e de preferência que seja Ron Paul a ficar em segundo), para que o voto conservador na Carolina do Sul continue dividido. O outro factor que pode determinar uma aglomeração de apoios poderá ser introduzido pelos debates. Neste fim de semana realizar-se-ão dois debates no New Hampshire e mais dois antes na Carolina do Sul. Uma prestação positiva ou um desastre de um deles poderá ser um factor determinante. Por fim, uma nota sobre Jon Huntsman. A sua única esperança resumia-se a ter uma grande prestação nas primárias de New Hampshire. Até ao momento, as sondagens indicam-nos que dificilmente isso irá acontecer. Nas sondagens desta semana aparece invariavelmente em quarto ou quinto lugar, o que significará o fim da sua aventura presidencial. Com um perfil de governador de sucesso no Utah, ainda por cima com um percurso conservador, tentar aparecer como o moderado nestes tempos eleitorais, foi um erro de proporções gigantescas. Terá tempo suficiente para reflectir. 

 

Adenda: Mais duas sondagens do New Hampshire, que confirmam a tendência. Romney à frente com larga vantagem e Ron Paul em segundo.

NBC News/Marist: Romney 40, Paul 21, Santorum 12, Huntsman 8, Gingrich 8

WMUR/UNH: Romney 44, Paul 20, Santorum 8, Gingrich 8, Huntsman 7


03
Jan 12
publicado por Nuno Gouveia, às 16:33link do post | comentar

Mitt Romney - Passou grande parte da campanha a ignorar o Iowa. Ao contrário de há quatro anos, Romney não investiu tempo nem recursos no Hawkeye State. Mas neste último mês tudo mudou, e Romney direccionou para as suas atenções para o Iowa. Nesta última semana passou os seus dias no estado e investiu muito dinheiro nas televisões. É muito difícil que Romney saia ferido destes caucuses. Se vencer, a nomeação fica mais próxima. Se ficar em segundo ou num terceiro próximo dos dois primeiros, também partirá para o New Hampshire em boa forma. Especialmente se ficar atrás de Paul e Santorum. Um desastre para Romney seria ficar abaixo do terceiro lugar ou atrás de Gingrich ou Perry, os candidatos que têm mais recursos para fazer a vida negra a Romney. 

 

Ron Paul - Já é um dos vencedores destes caucuses, pois a sua mensagem está a ganhar tracção no eleitorado. Não tendo hipóteses de obter a nomeação, Paul está a criar um património no Partido Republicano que poderá ser aproveitado pelo seu filho Rand já em 2016 ou 2020. O seu mérito foi ter colocado os libertarians mais próximos do mainstream republicano. Uma vitória no Iowa, onde investiu forte, daria ainda mais ânimo aos seus apoiantes para os próximos combates eleitorais. Mas um segundo ou até um terceiro lugar não será mau resultado do congressista do Iowa. Abaixo disso será uma derrota de Ron Paul, que tem a melhor máquina no terreno. 

 

Rick Santorum - Ninguém lhe ligou nada até há uns dias, quando os evangélicos começaram a colocar-se atrás dele. Foi o candidato que mais investiu no Iowa, mais parecendo que se estava a candidatar a governador do Iowa do que a Presidente dos Estados Unidos. Se ficar à frente de Gingrich, Perry e Bachmann, está bem colocado para fazer de Mike Huckabee de 2008. Não acredito que represente grande perigo para Mitt Romney, mas Santorum, que tem qualidades políticas, pode surpreender Romney em alguns estados do Sul. Mas, e como disse sobre Gingrich, não sei se o Santorum consegue sobreviver a uma rajada de ataques negativos das Super Pacs de Romney. Tudo acima do terceiro lugar será uma vitória. 

 

Newt Gingrich - Quando há um mês liderava as sondagens nacionais e no Iowa, muitos apontavam-no já como o presumível nomeado. Na altura alertei que Newt era facilmente destruível por um conjunto de ataques com verdades sobre a sua carreira. Sem surpresa, chega ao Iowa a lutar pela sobrevivência. Se não conseguir chegar ao terceiro lugar, fica em grandes problemas para a Carolina do Sul, onde tem liderado as sondagens. Se ficar atrás de Rick Perry e de Santorum, a sua candidatura está quase terminada. 

 

Rick Perry - As últimas sondagens davam-lhe 10 por cento, sempre em quinto lugar. Se concretizar-se este resultado, não sei com que capacidade Perry irá para a Carolina do Sul travar o seu último combate político nestas primárias. Se há quatro anos tivemos um Fred Thompson, que entrou na corrida como frontrunner e acabou destroçado logo nas primeiras eleições, este ano teremos Rick Perry. 

 

Michele Bachmann - A congressista do Minnesota disse que espera um milagre. Talvez mesmo só com a intervenção de Deus Bachmann consiga fugir do último lugar e da irrelevância total nestas primárias. Se tal suceder, irá cantar vitória. Mas o mais certo é mesmo que fique em último (Huntsman não conta). Se desiste já ou vai até à Carolina do Sul é a grande dúvida.

 

*titulo de um post que escrevi há quatro anos no Eleições Americanas de 2008, onde curiosamente acertei nos três primeiros resultados do Partido Democrata e nos dois primeiros do Partido Republicano. Apesar dos meus dotes adivinhatórios nem sempre funcionarem, deixo aqui uma previsão, cautelosa, dos resultados: Romney-Santorum-Paul-Gingrich-Perry-Bachmann-Huntsman.


02
Jan 12
publicado por Nuno Gouveia, às 18:25link do post | comentar | ver comentários (3)

Jon Huntsman está afastado dos escaparates dos media esta semana, devido a ter optado por não competir no Iowa, mas no New Hampshire a coisa é diferente. Esta semana lançou este vídeo nas televisões do NH sobre Ron Paul. O objectivo é óbvio: retirar apoio ao congressista texano e tentar aproximar-se de Mitt Romney no New Hampshire. 


01
Jan 12
publicado por Nuno Gouveia, às 16:35link do post | comentar

 Como é tradicional, o influente Des Moines Registar publicou ontem a sua última sondagem antes dos caucuses do Iowa. E se ao primeiro olhar pensamos que Mitt Romney e Ron Paul são os favoritos, analisando a sondagem em pormenor, chegamos a outra conclusão. Rick Santorum tem uma efectiva hipótese de vitória, pois a sondagem confirma uma tendência. Nos dois últimos dias em que a sondagem foi realizada, Santorum obteve 21% contra 18% de Ron Paul, enquanto Romney manteve-se nos 24%. Isto mostra-nos que o antigo senador da Pensilvânia está a conseguir reunir o apoio dos evangélicos, apresentando-se como a alternativa conservadora a Romney no Iowa. Tal como Mike Huckabee em 2008, Santorum pode ultrapassar em cima da linha da meta os seus adversários e vencer os caucuses. Romney, apesar destes 24% que lhe dão a liderança, não tem nada assegurado. Mas sendo o seu objectivo ficar nos dois primeiros lugares, acredito que terá uma boa noite na terça-feira. Ron Paul, que tem a melhor máquina no terreno, está em queda nestes últimos dias. Depois de ter liderado as sondagens no Iowa, Ron Paul começou a ser alvo de ataques, o que lhe terá feito descer a popularidade. Mas duvido que fique abaixo do terceiro lugar, e é neste momento um dos três em condições de vencer.

 

De resto, esta sondagem sobressai ainda mais a queda abrupta de Newt Gingrich (quem é que diz que as campanhas negativas não resultam?) e a grande dificuldade de Rick Perry em ganhar tracção, apesar dos milhões investidos. Michele Bachmann, essa é uma sombra da candidata que venceu a Ames Straw Poll e não vejo como poderá continuar na corrida após terça-feira. Com o "momentum" de Rick Santorum, até é provável que estes três candidatos venham ainda a perder mais apoio. 

 

Para consumo interno, estamos a fazer no lado direito superior uma votação para questionar os nossos leitores sobre o vencedor no Iowa. Participem!


29
Dez 11
publicado por Nuno Gouveia, às 16:44link do post | comentar

 

Como é tradicional, o leque de candidatos republicanos à nomeação deverá ficar reduzido depois da próxima terça-feira, após a realização dos caucuses do Iowa. Numas primárias nem todos os candidatos lutam para vencer. Uns querem vender livros, outros querem conseguir um lugar de destaque no partido e outros pretendem promover o seu próprio futuro político. Olhando para as sondagens, vejo três nomes óbvios que estão na linha da frente. 

 

A principal candidata à desistência é Michele Bachmann, que depois de ter vencido a Iowa Straw Poll em Agosto, nunca mais parou de descer nas sondagens. Apesar da media frenzy em redor da sua candidatura no Verão passado, facilmente se percebia já na altura que a congressista do Minnesota não tinha estofo para uma campanha presidencial. Se as coisas lhe tivessem corrido bem, poderia ter tido possibilidades de disputar a vitória no Iowa. Mas o seu apoio decresceu imenso e neste momento a sua campanha luta para sobreviver. Sem dinheiro e sem apoio, se ela não ficar nos quatro primeiro lugares, o mais certo é que abandone a corrida antes das primárias do New Hampshire.

 

Rick Perry é outro dos nomes a considerar. Tendo entrado muito forte na corrida presidencial, assumindo desde o inicio a liderança nas sondagens nacionais e no Iowa, as suas prestações desastrosas nos debates colocaram em evidência as limitações do governador do Texas. E se ao contrário de outros nomes, tem currículo suficiente para ser Presidente, não mostrou capacidade para enfrentar Barack Obama em Novembro próximo. Se não conseguir um dos primeiros quatro lugares, pode desistir já ou esperar para fazer um último esforço nas primárias da Carolina do Sul, no dia 21 de Janeiro.

 

Rick Santorum tem vindo a subir nas sondagens do Iowa e é possível que sobreviva aos caucuses. Apesar de não ter muito dinheiro, tal como Bachmann, um bom resultado no Iowa (nos três primeiros lugares), pode garantir-lhe a sobrevivência durante mais umas semanas. Não vai ser o nomeado, mas pode chegar até à Carolina do Sul, onde há muitos votos conservadores para disputar. Certamente que Mitt Romney agradecerá a manutenção de Santorum até lá, imitando Mike Huckabee em 2008, quando retirou votos conservadores a Romney, ajudando John McCain a vencer esta importante primária. Romney desta vez irá precisar que alguém "roube" votos dos social conservatives a Newt Gingrich. 

 

De resto não acredito que haja mais desistências. Mitt Romney obviamente pode sobreviver a um desastre no Iowa (ficar abaixo dos três primeiros), Ron Paul tem o apoio e dinheiro para continuar nas primárias até onde desejar e Jon Huntsman nem sequer está a competir neste estado. Diferente é a situação de Newt Gingrich. Depois de ter liderado as sondagens durante o mês de Dezembro, os últimos dias mostraram-nos uma quedra abrupta. Mas mesmo que fique em quarto lugar (neste momento o mais provável), Gingrich irá certamente competir na Carolina do Sul, onde lidera com algum conforto as sondagens. 


28
Dez 11
publicado por Nuno Gouveia, às 00:47link do post | comentar

Apesar de ter dito que não iria fazer campanha negativa, um revigorado Newt Gingrich surgiu hoje ao ataque aos seus principais adversários. No programa "Situation Room", Gingrich disse que provavelmente não conseguiria votar em Ron Paul numa eleição presidencial, acusando-o de ter posições racistas e anti-semitas, e que as suas ideias estão muito afastadas do mainstream americano. Uma entrevista muito dura, que se destina a retirar espaço ao candidato libertário, que subiu no Iowa nas últimas semanas muito à custa da descida de Gingrich. Noutra frente, o antigo Speaker, teceu duras críticas ao seu principal oponente à nomeação, Mitt Romney. Depois de semanas quase em silêncio a sofrer ataques de todas as frentes, Gingrich inverte a sua estratégia e ataca de frente os seus concorrentes directos. Será que chega para vencer no Iowa? 


25
Dez 11
publicado por Nuno Gouveia, às 22:00link do post | comentar | ver comentários (5)

 

Newt Gingrich, Rick Perry, Michele Bachmann, Rick Santorum e Jon Huntsman. Todos estes candidatos não vão constar no boletim de voto nas primárias do estado da Virgínia, que vão decorrer na Super Terça-feira, dia 6 de Março, por falharem as condições requeridas. Esta incapacidade de apresentar 10 mil assinaturas válidas demonstra que estas candidaturas não apresentam uma organização capaz de fazer frente a uma campanha presidencial. E o beneficiado desta situação é Mitt Romney, que irá a votos na Virginia com apenas Ron Paul, e deverá arrecadar grande parte dos 49 delegados. O grande prejudicado acaba por ser Newt Gingrich, que liderava as sondagens no estado. Na última, tinha cerca de 30 por cento contra 25 por cento de Mitt Romney. Os restantes candidatos não chegavam aos 10 por cento. Romney cada vez mais favorito, mesmo que por não vença no Iowa (Ron Paul neste momento parece ser o melhor colocado para vencer os caucuses). 


23
Dez 11
publicado por Nuno Gouveia, às 17:37link do post | comentar

 

Era inevitável. Depois da subida de Ron Paul nas sondagens no Iowa, a atenção mediática virou-se para ele. E por enquanto, ainda são poucos os adversários que o têm atacado. Mitt Romney simplesmente ignora-o (dá-lhe muito jeito esta subida de Paul), Rick Perry e Newt Gingrich têm dedicado mais tempo a Romney e apenas Bachmann e Santorum têm falado mais de Ron Paul. Mas os media começaram agora um escrutínio ao passado de Ron Paul, nomeadamente sobre umas infames newsletters racistas enviadas na década de 90 em nome do candidato libertário. O assunto não é novo, mas agora que Paul tem hipótese de vencer os caucuses do Iowa, é esperado que temas destes, bem como posições mais afastadas do mainstream sejam exploradas pelos media. E na verdade, como diz Charles Krauthammer neste comentário, Ron Paul não tem reagido bem a este escrutínio público. Durante uma entrevista na CNN com Gloria Borger, Paul cometeu o "pecado" de deixar a comentadora a falar sozinha. Mas esta questão será suficiente para o abater no Iowa? Com a máquina que tem no terreno, e com a divisão do eleitorado tradicional do Partido Republicano por vários candidatos, Paul pode mesmo conseguir vencer com pouco mais de 20 por cento. E aí sim, os ataques à sua campanha começariam a sério, vindos de todos os lados. Até lá, acredito que Paul irá conseguir sobreviver. 

 

Algumas notícias negativas para a campanha de Ron Paul:


In ad for newsletter, Ron Paul forecast "race war", Reuters;

TNR Exclusive: A Collection of Ron Paul’s Most Incendiary Newsletters, The New Republic;

The Company Ron Paul Keeps, Weekly Standard;

Mark Steyn on Ron Paul’s worldview: ‘Sheer stupid, half-witted parochialism, Daily Caller.


19
Dez 11
publicado por Nuno Gouveia, às 22:31link do post | comentar

 

Sem surpresa para mim, Newt Gingrich tem vindo a cair abruptamente nas sondagens. Não sendo nada de novo nestas primárias (antes Bachmann, Perry e Cain também sofreram do mesmo mal), é indicativo de duas características importantes destas primárias: a base republicana não é grande adepta do presumível nomeado - Mitt Romney - e o leque de candidatos é fraco.

 

Parece ser uma evidência que desde o inicio que Mitt Romney nunca granjeou grande apoio dentro do Partido Republicano. Numa primeira fase assistimos ao establishment do partido a procurar uma alternativa credível a Romney. Daí as potenciais candidaturas de Mitch Daniels, Harley Barbour, Paul Ryan ou Chris Christie, por exemplo. Falhadas essas tentativas de sectores poderosos do GOP, o establishment tem vindo a juntar-se ao lado de Romney, como a melhor alternativa para derrotar Barack Obama. Mas a base eleitoral ainda não está convencida. E por isso temos vindo a assistir a este desfilar de subidas e descidas de alguns candidatos ao estatuto de líder nas sondagens. E aí entra a segunda característica destas primárias: a maioria dos candidatos apresenta grandes debilidades, que não resistem ao escrutínio rigoroso que todos os líderes das sondagens sofrem nos media. E é isso que está a suceder a Newt Gingrich, o que era algo expectável dado o seu longo passado político. Neste momento é Ron Paul que parece ter algum momentum nos dois primeiros estados a ir a votos: Iowa e New Hampshire. Por enquanto, a máquina republicana tem deixado passar esta subida de Ron Paul. Até porque ajuda imenso Mitt Romney, o seu preferido. Mas se alguma vez Ron Paul emergir como um perigo, facilmente será abatido. Das suas posições de política externa extremamente impopulares para a maioria da base conservadora até a umas misteriosas newsletters racistas da década de 90 publicadas em seu nome, tudo irá servir para o derrubar eleitoralmente. Para se vencer umas primárias, republicanas ou democratas, é preciso ter capacidade para ultrapassar os violentos ataques que surgem numa campanha desta natureza. E poucos são os que o conseguem. Jon Huntsman poderia ter emergido como alternativa a Romney. Mas ao colocar-se na corrida pela esquerda de Romney, ele que até tem um currículo conservador no Utah, estragou essas hipóteses. E Tim Pawlenty? Onde estaria ele nesta altura, que não apresentava as debilidades de Gingrich, Perry, Bachmann ou Cain? Uma lição para o futuro: não desistir até os votos começarem. 


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