04
Mai 16
publicado por Nuno Gouveia, às 20:34link do post | comentar | ver comentários (11)

A democracia liberal americana sofreu um duro revés com um dos seus dois maiores partidos a ser capturado por um populista demagogo como Donald Trump. Não tenhamos ilusões: este já não é o partido de Reagan e a partir de agora será uma outra coisa bem diferente. Resta saber se em caso de derrota em Novembro se poderá salvar ou continuará com esta linha. Tudo permanece incerto e não me arrisco a fazer prognósticos. A nomeação garantida ontem por Trump marca o fim de uma era no Partido Republicano, marcada pelo conservadorismo social, liberalismo económico e uma ideia de Estados Unidos intervencionista no mundo. Donald Trump não é conservador, não respeita a liberdade económica e a sua posição externa dependerá muito dos seus estados de alma. Como dizia há dias um conservador americano, o Partido Republicano de Trump é algo muito semelhante à Frente Nacional, com um discurso xenófobo e misógino, contra os estrangeiros e tudo o que "cheire" a diferente. Tanto tomará posições à esquerda, como no proteccionismo económico que tem vindo a defender, como radizalizará à direita, como são as suas posições demagogas sobre os imigrantes.

 

Donald Trump "suspendeu" o Partido Republicano moderno. É verdade que nos últimos anos, o radicalismo tomou conta de várias franjas do partido, e havia vários sinais disso. Mas se atentarmos aos dois últimos nomeados, a liderança do partido não tinha mudado assim tanto. John McCain e Mitt Romney não eram assim tão diferentes, em termos ideológicos, de Ronald Reagan ou dos Bush, os três últimos presidentes republicanos. Mas o que se passou nestas primárias foi um verdadeiro filme de terror com esta mudança radical na liderança do GOP, que concretizou os sintomas dos últimos anos: figuras com Sarah Palin e Michele Bachmann chegaram a ser imensamente populares na base do partido; apresentadores radicais de rádio, como Sean Hannity, Rush Limbaugh ou Laura Ingraham são vozes autorizadas na base do partido. A grande surpresa foi que estes que se clamavam representantes do "verdadeiro conservadorismo" não apoiaram o candidato que aspirava a ser o verdadeiro conservador nas primárias, o senador Ted Cruz. Não, os mesmos que juraram durante anos fidelidade ao verdadeiro conservadorismo acabaram por apoiar um antigo democrata que doara centenas de milhares de dólares aos democratas e aos Clinton, e que sempre assumira posições contra os conservadores até há bem poucos anos. Os demagogos e os puristas são sempre assim: o seu oportunismo acaba sempre por se revelar. 

 

O Partido Republicano partiu para esta campanha eleitoral cheio de esperanças depois da vitória eleitoral nas eleições intercalares de 2014. Depois de oito anos de Barack Obama na Casa Branca, as expectativas de recuperar a Presidência eram legítimas. Um partido cheio de novas caras capazes de entusiasmar a sociedade americana: desde o jovem descendente de cubanos, Marco Rubio ao governador estrela do “blue state” Wisconsin que tinha “dobrado” a espinha aos sindicatos e ganho três eleições em quatro anos, Scott Walker. Ao lado, candidatos credíveis e tradicionais, como Jeb Bush, do poderoso clã que já deu dois presidentes à América, e John Kasich, o influente e popular governador do Ohio. Historicamente, as perspetivas eram ainda melhores. Desde a saída de Harry Truman em 1952 que o Partido Democrata não consegue ter dois presidentes consecutivos e desde então, apenas uma vez um partido venceu três eleições consecutivas, entre 1980 e 1988, com Ronald Reagan e George H. Bush. Do outro lado, uma agastada Hillary Clinton, afetada por diversos escândalos, era a única candidata viável, depois de oito anos de Obama em que a única “estrela” que apareceu, Elisabeth Warren, rapidamente anunciou que não seria candidata. Estava tudo reunido para o que o Partido Republicano tivesse fortes hipóteses de vencer as eleições presidenciais de 2016, com um candidato credível e capaz de regenerar um partido ainda agastado pela presidência de George W. Bush. 

 

Se depois do que aconteceu nos últimos meses, não digo que Trump está destinado a ser derrotado (devemos aprender lições do passado), mas ele parte para estas eleições muito fragilizado, sendo o candidato mais impopular de sempre a chegar às eleições gerais e parte muito atrás de Hillary Clinton, como indicam quase todas as sondagens. Mas este Partido Republicano de Trump não é conservador nem liberal (no sentido americano). É populista e demagogo, e agirá sempre de acordo com os estados de alma de Trump. E nada é mais perigoso que um grande partido num grande país ser dominado por um populista. 

 

PS: Com a nomeação de Trump, veremos muitos que o renegaram nestes últimos meses a colocarem-se atrás dele. A vida partidária é assim mesmo.

 


03
Mar 16
publicado por Nuno Gouveia, às 22:37link do post | comentar | ver comentários (7)

 

A nomeação de Donald Trump ainda não é uma realidade, mas depois dos resultados que já obteve e das sondagens conhecidas, é difícil encontrar um cenário em que não seja ele a acumular mais delegados até Junho. Aliás, o cenário de outro candidato atingir os delegados necessários para obter a nomeação antes da convenção é quase impossível. A única forma de impedir Trump de ser o nomeado republicano na Convenção de Cleveland será impedir que ele atinja os 1237 delegados e partir para uma "Brokered Convention". Neste cenário, caso nenhum dos candidatos atinja esses votos na primeira votação, voltaria a repetir-se a votação, mas já sem a obrigação das delegações votarem conforme os resultados eleitorais das primárias. Esse é o cenário mais plausível (e mesmo assim, pouco provável) de derrotar Trump.

 

É com este cenário que começa-se a formar-se um bloco conservador anti-Trump, apelando ao voto nos restantes três candidatos - Marco Rubio, John Kasich e Ted Cruz. Hoje Mitt Romney, anterior nomeado republicano, discursou perante o povo americano (os canais noticiosos cobriram em direto a sua intervenção), fazendo um apelo ao voto nos três candidatos, mediante o estado em disputa. Num emotivo e duro discurso, Romney repetiu alguns argumentos populares na direita americana contra Trump, alertando para os riscos que o movimento conservador americano incorrerá caso Trump seja o nomeado. Romney afirmou que Trump é uma "fraude" que tenta fazer dos americanos parvos e que uma vitória sua colocaria os Estados Unidos em risco, criando uma guerra comercial e fazendo entrar o país em recessão. Não deixou de atacar também o carácter xenófobo e misógino de Trump, dando os exemplos dos ataques aos mexicanos, aos muçulmanos e às mulheres. Romney afirmou mesmo que a integridade e a decência da democracia americana está em causa nestas eleições. Minutos depois, John McCain, nomeado republicano em 2008, disse que concordava com Romney e apelou à derrota de Trump.

 

Vários republicanos já afirmaram em público que nunca irão votar em Trump nas eleições gerais. Alguns eleitos, como o Governador do Massachusetts, Charlie Baker e o Senador do Nebraska, Ben Sasse, diversos congressistas e antigos governadores, como Tom Ridge da Pensilvânia e Christine Todd do New Jersey e algumas personalidades dos media, como Glenn Beck, Bill Kristol, Erick Erickson ou Peter Wehner. E depois da intervenção de Romney, será virtualmente impossível que ele não se junte ao movimento criado nas redes sociais #NeverTrump. Parece-me que esta revolta que temos assistido nas últimas semanas tem tido o efeito de suster o crescimento de Trump. Apesar de tudo, tem tido melhores sondagens do que resultados e na Super Terça-Feira apenas teve 35% dos votos, enquanto as sondagens apontavam para resultados bem melhores. Mas a falta da união na frente anti-Trump tem-lhe permitido ganhar e provavelmente irá continuar a ganhar. Diria que esta revolta devia ter aparecido antes das eleições começarem, pois parece-me que agora é tarde para parar Trump. 

 

O que isto significa para o Partido Republicano? O cenário mais provável neste momento é uma nomeação de Trump, com um clima de guerra civil dentro do partido. Mesmo que muitos dos que se têm oposto publicamente (ou nos bastidores, como o Speaker Paul Ryan e o Líder da Maioria no Senado, Mitch McConnell) acabem por declarar o seu apoio a Trump mais lá para frente, será um partido profundamente dividido que enfrentará Hillary Clinton. Caso venhamos a enfrentar uma "Brokered Convention", os apoiantes de Trump irão criar um clima de guerrilha nas ruas de Cleveland, que já há muitos a recordar os tumultos de 1968 na Convenção Democrata de Detroit. Hillary Clinton tem bons motivos para sorrir perante este caos no Partido Republicano.


01
Mar 16
publicado por Nuno Gouveia, às 19:56link do post | comentar

Um brilhante manifesto anti-Trump do comediante John Oliver. Este é o provável nomeado do Partido Republicano. 

 

 


02
Fev 16
publicado por Nuno Gouveia, às 10:18link do post | comentar | ver comentários (8)

1 - O Partido Republicano suspirou de alívio ontem depois da derrota de Donald Trump. Apesar do vencedor, Ted Cruz, ser também um político odiado, a derrota de Trump e o forte terceiro lugar de Marco Rubio alivou muita gente. A votação recorde no Iowa demonstrou também que houve uma grande mobilização para derrotar Trump, o que pode ser replicado noutros estados. Essa foi a grande notícia para a máquina republicana. 

 

2- Ted Cruz e Marco Rubio emergiram como grandes vencedores nos caucuses do Iowa. Este estado, que nos dois anteriores ciclos eleitorais deu vitórias a evangélicos, manteve a recente tradição e deu uma vitória inesperada a Cruz. Rubio ao conseguir um terceiro lugar, muito perto de Trump, solidifica a sua posição como candidato do establishment e pode, já na próxima semana, “arrumar” com Jeb Bush, Chris Christie e John Kasich, os adversários neste campo. Se é verdade que desde 1964 os republicanos optam sempre pelo candidato melhor posicionado para as eleições gerais, este ano poderá não ser diferente.

 

3 - Donald Trump afinal é um "perdedor", palavra que ele detesta. Se até há uns meses atrás, a esmagadora maioria dos analistas (e eu também) não acreditava nas suas hipóteses de obter a nomeação, nos últimos tempos essa percepção foi alterada. A sua derrota no Iowa coloca novamente em causa essa possibilidade, e atira uma enorme pressão para cima dele no New Hampshire. À entrada para esta semana, ele liderava confortavelmente as sondagens aí, mas até como vimos no Iowa, elas podem falhar e os movimentos de última hora, podem-lhe retirar a vitória. Se não vencer no New Hampshire, a sua candidatura estará praticamente terminada. 

 

4 - Marco Rubio irá agora competir no New Hampshire, não propriamente para ganhar, mas para eliminar a concorrência próxima. Ficaria surpreendido se a vitória no New Hampshire não fosse discutida entre Rubio e Trump. Ontem foi anunciado que o popular senador negro da Carolina do Sul, Tim Scott, irá declarar-lhe o seu apoio e nos próximos dias devemos ver um movimento de figuras do Partido Republicano a colocarem-se ao seu lado. Depois desta vitória, e acreditando que alguém tão conservador como Ted Cruz dificilmente terá uma hipótese no moderado New Hampshire, este irá deslocar-se rapidamente para a Carolina do Sul. Aí, podemos ter uma luta a três (se Trump vencer no New Hampshire) ou a dois, caso Rubio consiga ganhar. Tudo em aberto, mas para o resultado final, apostava em Marco Rubio para nomeado republicano. 

 

5 - No lado democrata, a confusão está instalada. Hillary Clinton já se declarou vencedora com 49,9% contra os 49,5% de Bernie Sanders, mas este ainda não aceitou a derrota. Uma vitória é uma vitória e Hillary Clinton ter-se-á salvado de nova derrota no Iowa, depois de há quatro anos ter sido esmagada por Barack Obama e John Edwards. Um resultado que não pode deixar descansado o campo de Hillary, pois há um ano tinha uma vantagem de mais de 50% sobre Sanders neste estado.

 

6 - Para a próxima semana, Bernie Sanders poderá obter uma vitória confortável no New Hampshire. Os resultados do Iowa não darão "momentum" a Hillary Clinton. Mas parece-me que Bernie precisava de vencer aqui para transformar-se num candidato nacional, o que não sucedeu. Muita gente a comparar com o que aconteceu com Obama, que quando chegou ao Iowa também estava atrás de Hillary em quase todos os estados e nas sondagens nacionais. Mas foi essa vitória que o fez crescer. Parece-me muito complicado para Sanders replicar. A seguir ao New Hampshire, segue-se a Carolina do Sul, onde Hillary Clinton é super favorita. 

 

7 - Caso não exista nenhum movimento extraordinário pró-Sanders nas sondagens nacionais e noutros estados, Hillary Clinton poderá fechar a nomeação na super terça-feira em Março. Mas entrará relativamente frágil nas eleições gerais. Ontem os jovens votaram de uma forma avassaladora em Sanders, e com os problemas todos que Hillary tem tido, não terá vida fácil em Novembro. A sua campanha tem dado sinais que o candidato que mais a preocupa é Marco Rubio. Precisamente aquele que parece emergir do outro lado. 


16
Dez 15
publicado por Nuno Gouveia, às 00:18link do post | comentar

 

William F. Buckley estaria horrorizado a assistir a esta campanha republicana. O intelectual que ajudou a "limpar" o movimento conservador americano da extrema-direita, colocando movimentos como a John Birch Society fora do âmbito de influência do Partido Republicano, ficaria, certamente, decepcionado. Não digo que Donald Trump vá ganhar. Continuo a acreditar que até nem deve ganhar uma só eleição. Mas temos assistido a coisas impensáveis ainda há poucos anos.

 

Quem acompanha a política norte-americana, e principalmente as primárias, saberá que normalmente aparecem candidatos "extremistas" que por vezes até surgem à frente nas sondagens. Mas, mal começam a ser conhecidos, ou a dizer barbaridades, desaparecem. Em 2012 tivemos o caso de Michelle Bachmann, por exemplo. Mas não este ano. Trump tem proferido mil e uma declarações que o desqualificam como candidato a Presidente dos Estados Unidos. Ideias racistas, misóginas ou simplesmente patetas, que derrubariam qualquer outro candidato. Se é verdade que há um grande descontentamento entre a base republicana com os líderes do partido, não é menos verdade que Trump é um demagogo que nem sequer representa o conservadorismo que essa base desafecta apregoa.

 

Por outro lado, o verdadeiro perigo de Trump é que as suas ideias têm trazido para o mainstream político aquelas correntes que Buckley afastou do GOP. Movimentos ligados aos White Supremacists têm elogiado abertamente Trump e o próprio foi entrevistado por Alex Jones, um conspiracionista muito popular entre os meios extremistas. Ontem, num comício, um apoiante gritou "sieg heil" e vários manifestantes têm sido agredidos por apoiantes de Trump, a lembrar tempos de má memória. Trump usa a retórica do ódio e do medo, assemelhando-se a um qualquer político da extrema-direita clássica. Um candidato que quer expulsar 12 milhões de ilegais, que diz que vai construir um muro em toda a fronteira com o México (e que vai colocar este a pagar) e que quer barrar a entrada nos Estados Unidos de todos os muçulmanos, incluindo cidadãos americanos que se tenham ausentado do país, não deveria ser levado a sério. Mas os seus 30% nas sondagens nacionais (que não são muito relevantes nesta fase), a sua liderança confortável no New Hamsphire e o empate com Ted Cruz no Iowa, indiciam o contrário. Neste momento, uma fatia considerável do eleitorado republicano a pensar em votar nele. E isso é uma desgraça.

 

A campanha mais parecida que há memória foi a do candidato segregacionista, o democrata George Wallace, que em 1968 se candidatou como independente, vencendo em cinco estados do Sul. Mesmo que campanha termine como é mais expectável (ou seja, com uma corrida entre Ted Cruz e Marco Rubio ou até Chris Christie, que parece renascer no New Hampshire), o Partido Republicano vai precisar de atacar as razões que permitiram a Trump granjear de algum apoio depois das barbaridades que tem dito. Caso contrário, um dia cairão mesmo nas mãos de um demagogo de extrema-direita.

 

(Post escrito antes do debate desta noite)


05
Dez 15
publicado por Nuno Gouveia, às 16:06link do post | comentar

Esta semana foram publicadas duas sondagens nacionais entre Hillary Clinton e os seus potenciais opositores republicanos. Se é verdade que neste momento não devemos ligar muito a estas sondagens, principalmente porque do lado republicano a indefinição ainda é grande, estes números não são muito animadores para a antiga Secretária de Estado. Por um lado, a animosidade do lado republicano faz com que os eleitores do seu partido ainda não se tenham colocado atrás de um só candidato. Por outro, Hillary já é a quase certa nomeada democrata (digo quase, porque Bernie ainda tem uma remota hipótese e escreverei em breve sobre isso), e o seu eleitorado já estará todo alinhado atrás dela. O que esta sondagem da CNN e a da Quinnipiac nos dizem é que, no momento, os dois republicanos com melhores hipóteses são Marco Rubio e, algo surpreendente, Ben Carson. Mas o mais interessante de ambas as sondagens são os indices de favorabilidade dos candidatos da Quinnipiac. Donald Trump é, de longe, o candidato mais impopular, com 35% de opiniões favoráveis contra 57% de desfavoráveis. Segue-se Clinton com 44-51, e já em terreno positivo, Carson com 40-33 e Rubio com 37-28. Ted Cruz fica-se pelos 33-33. Estes números dizem-nos que se a esmagadora maioria dos americanos já têm uma opinião sobre Clinton e Trump (e ela não é positiva, sobretudo em relação ao republicano), Rubio, Carson e Cruz precisam ainda de maior notoriedade, o que quer dizer que as opiniões sobre os três ainda não estão consolidadas. 

Estas sondagens corroboram a minha tese que Rubio é o melhor candidato republicano  e que Trump, apesar de liderar a corrida republicana, terá muitas dificuldades em ser eleito. É que os americanos conhecem-no bem, e a maioria não gosta dele. Os republicanos tradicioais até podem estar dispostos a votar nele nas eleições gerais, mas penso que Hillary Clinton, apesar de também estar em terreno negativo, facilmente exporia as óbvias fraquezas de Trump. E eles sabem disso


23
Nov 15
publicado por Nuno Gouveia, às 23:07link do post | comentar

O establishment republicano está preocupado com a ascensão de Donald Trump. E tem boas razões para isso. A super PAC de apoio John Kasich anunciou hoje que vai investir 2,5 milhões de dólares a divulgar este anúncio. Mais anúncios de outras candidaturas devem-se seguir a este.  


22
Nov 15
publicado por Nuno Gouveia, às 20:59link do post | comentar

Primeiro, como apontamento histórico, recordo aqui uma sondagem desta semana em 2007: Rudy Giuliani 27%, Fred Thompson 13%, Mitt Romney 12%, John McCain 11%, Mike Huckabee 10%. No final, Mccain foi o nomeado e teve como principais adversários Romney e Huckabee, que venceu no Iowa. Isto para dizer que devemos ter alguma reserva quando olhamos para as actuais sondagens. E de recordar que em 2008, os caucuses do Iowa foram logo no inicio de Janeiro. 

Dito isto, estamos a quase dois meses das primeiras eleições das primárias republicanas e, neste momento, a corrida está centrada em quatro políticos: Donald Trump, Ben Carson, Marco Rubio e Ted Cruz. O drama para o establishment republicano? Destes, apenas Marco Rubio é considerado elegível num confronto com Hillary Clinton. Apesar do que dizem algumas sondagens nacionais (e que valem pouco nesta fase da corrida), poucos acreditam que os inexperientes Trump e Carson, que têm cometido gafes atrás de gafes e com um discurso bombástico e muitas vezes de ódio, tenham capacidade de derrotar Clinton. Ted Cruz, mais jovem e acutilante, formado em Princeton e Harvard, é considerado demasiado radical para o eleitorado centrista que normalmente decide as eleições em estados decisivos como Ohio, Florida ou Virginia. O que resta destes quatro? Marco Rubio, talvez o mais brilhante político desta geração, mas que é considerado por muitos como demasiado novo e inexperiente. O descendente de cubanos é talvez o nome mais perigoso para a equipa de Hillary Clinton, como recentemente recordou James Carville.

Os republicanos tinham à partida vários nomes fortes e de créditos firmados: o governador do Wisconsin, Scott Walker; o governador do Ohio, John Kasich; o governador de New Jersey, Chris Christie; e o antigo governador da Florida, Jeb Bush. Mas tudo tem corrido mal com a revolta dos sectores mais à direita e anti-sistema, o que tem catapultado para a ribalta outros nomes. 

Depois da queda de Scott Walker, o próximo a cair pode mesmo ser Jeb Bush, que entrou nesta campanha como o principal favorito à nomeação. A descer abruptamente nas sondagens e com financiadores a abandonar a sua campanha, Jeb está em grandes dificuldades. Os outros potenciais candidatos do establishment, John Kasich e Chris Christie, ainda não sairam do fundo da tabela das sondagens. O governador de New Jersey foi mesmo afastado do último debate republicano. Dois meses são uma eternidade e muito ainda pode acontecer. Bush pode renascer e até Christie ou Kasich podem começar a subir. Mas se nada mudar, a minha previsão é clara: vamos assistir a uma aposta frontal do establishment e dos grandes financiadores em Marco Rubio e este, provavelmente, vai ter como grande opositor Ted Cruz. É uma aposta arriscada, olhando para todas as sondagens. Mas fica feita aqui a minha previsão. 

Deixo também uma nota do mercado de "previsões": Rubio é o favorito com 48%, Trump com 22% e Cruz com 14%. 

 

 


01
Fev 15
publicado por Nuno Gouveia, às 21:21link do post | comentar | ver comentários (2)

O Partido Republicano nos últimos anos tem tido direito a um verdadeiro freak show nas suas primárias,  a terem vários candidatos que apenas se apresentam na corrida para ganhar dinheiro ou estatuto mediático. O ano de 2012 foi disso o maior exemplo, com apenas um candidato a ter reais hipóteses de ser Presidente, Mitt Romney, enquanto os restantes nunca foram considerados reais candidatos. Longe vão os tempos de 1980, quando Ronald Reagan venceu as primárias a antigo diretor da CIA, George H. Bush, ao líder republicano no Senado, Howard Baker ou ao antigo governador do Texas, John Connaly. Nos últimos anos, têm aparecido vários candidatos/oportunistas, o que tem prejudicado imenso o Partido Republicano, pois normalmente adoptam posições coladas ao extremo político e arrastam o debate para questões laterais e que não interessam à grande maioria dos americanos. Em 2012, percebia-se que Romney era o único que poderia chegar a presidente, mas mesmo assim, teve de debater com candidatos como Rick Santorum, Newt Gingrich, Herman Cain ou Ron Paul. Rick Perry foi um desastre nos debates, Tim Pawlenty desisitiu ainda no Verão e Jon Hunstman era demasiado moderado para o GOP. 

A perspectiva para 2016, nesse aspecto, parece ser bem melhor, com "sérios" candidatos, como Marco Rubio, Jeb Bush, Chris Christie ou Scott Walker, isto para referir aqueles que me parecem terem mais hipóteses de obter a nomeação. E numa segunda linha, aparecem vários candidatos minimamente credíveis para manter um bom debate, como Rand Paul ou até Lindsey Graham. Onde está o problema? É que Ted Cruz, Mike Huckabee, Rick Santorum ou até mesmo Ben Carson também ameaçam concorrer, o que poderá provocar novamente um debate encostado à direita, prejudicando a imagem do GOP. Não que isso não suceda também no Partido Democrata, mas protegidos pelos media, os Democratas conseguem mais facilmente escapar deste tipo de debate. 

Ainda não temos um campo de candidatos totalmente definido, muita tinta vai correr até aos debates começarem, mas muito do que se passar nas eleições de 2016 poderá ser definido pelo rumo das primárias. Principalmente numas eleições que se preveem renhidas. Deixo apenas um exemplo: será que George W. Bush teria derrotado Al Gore se o seu principal adversário nas primárias não tivesse sido um moderado como John McCain?


02
Fev 14
publicado por Nuno Gouveia, às 19:56link do post | comentar | ver comentários (2)

Obama tem ainda mais três anos na Casa Branca, mas a sua sucessão já está na ordem do dia. É óbvio que tudo o que se diga por esta altura é altamente provável de ser desmentido pela realidade, e bastará recuar até ao inicio de 2006 para nos recordarmos o que se dizia então: Hillary Clinton era a quase nomeada pelo Partido Democrata e Rudy Giuliani era o favorito do lado republicano. Atualmente, diria que do lado democrata, a história repete-se: a antiga Primeira Dama é a grande favorita à nomeação, enquanto do lado republicano, depois do escândalo que afectou Chris Christie, não há favorito. 

 

Se é verdade que o Partido Democrata poderá ser prejudicado pela previsível impopularidade da Administração Obama em 2016, neste momento apresenta o candidato mais forte. Hillary Clinton continua muito popular, e, sinceramente, não se vê ninguém do lado democrata capaz de a derrotar nas primárias. Neste momento não existe nenhuma estrela em ascensão no partido e nenhum dos potenciais candidatos, como Joe Biden ou Andrew Cuomo, não têm o star power de Obama em 2006. Hillary tem a máquina (que já está no terreno), tem o apoio da base e tem ainda outra coisa: há uma espécie de remorso ente muitos do partido por não a terem eleito em 2008, e desta vez não haverá muitos políticos conhecidos do Partido Democrata a apoiar outro candidato, como sucedeu em 2008 com Obama. Mesmo que o Presidente chegue a 2016 muito impopular, é provável que Hillary se apresente na condição de favorita para ser eleita Presidente. É óbvio que irá deparar-se com muitas dificuldades, Bill Clinton pode ser uma nuvem sombria, como o foi em 2008, o escândalo de Benghazi vai andar por aí, e depois haverá sempre a condicionante do nome republicano. Dito isto, o que acontecerá se Hillary não se candidatar? Haverá muitos mais candidatos e a corrida será completamente imprevisível. Num cenário sem Hillary, o Partido Democrata estará muito mais fragilizado e o nível de popularidade de Obama poderá ser muito mais decisivo na eleição. Além dos nomes já citei, fala-se da senadora do Massachusetts, Elisabeth Warren, do antigo governador do Montana, Brian Schweitzer ou do governador de Maryland, Martin O'Malley. Mas nenhum destes candidatos tem um nome nacional (nomeadamente na base democrata). A eleição de um Presidente democrata será bem mais difícil  neste cenário (os democratas não ganham três eleições seguidas desde Truman em 1948 – na verdade tinham ganho cinco).

 

No Partido Republicano há uma certeza: depois de 2012, onde apenas Mitt Romney era qualificado para ser Presidente (os restantes candidatos não tinham estatuto para isso e muitos foram mesmo confrangedores durante a corrida), no próximo ciclo eleitoral haverá certamente muita qualidade no terreno. Neste momento há poucas certezas, mas Chris Christie, governador de New Jersey (se sobreviver ao atual escândalo de New Jersey), Scott Walker, governador do Wisconsin, o senador Marco Rubio da Florida, Paul Ryan do Wisconsin ou Jeb Bush, antigo governador da Florida serão todos eles nomes capazes de vencer as primárias e chegar à Casa Branca. Quando a máquina republicana começar a despejar dinheiro num candidato, qualquer um destes pode ser o seu escolhido. Apesar de tudo o que se tem dito nas últimas décadas sobre o Partido Republicano, o vencedor das primárias tem sido sempre a escolha do establishment e aquele que se apresenta durante as primárias como o mais bem preparado para ser Presidente. Na ala mais populista e libertária, Rand Paul ou Ted Cruz são nomes a ter em conta, sobretudo porque são políticos muito hábeis e poderão constituir uma ameaça aos candidatos mais mainstream. Entre outros potenciais candidatos, fala-se do governador do Ohio, John Kasich, Bobby Jindal, governador da Louisiana, da senadora do New Hampshire, Kelly Ayote ou novamente de Mike Huckabee, do Arkansas. Depois de oito anos de Obama, diria que um governador terá mais hipóteses de ser o nomeado pelo Partido Republicano, pois apresentará experiência executiva, algo que Obama não teve antes de ser Presidente. No Congresso, diria que Marco Rubio, apesar de ter perdido apoio na base conservadora depois de se ter envolvido activamente na reforma da imigração, é o que tem mais hipóteses, pois consegue bem fazer a ponte entre os sectores mais à direita com a máquina republicana. Chris Christie era considerado o favorito antes dos problemas no seu estado, e tem já um estatuto nacional. Se ultrapassar esta fase menos positiva, poderá ser um candidato fortíssimo. Jeb Bush poderá ser um candidato forte, apesar do seu apelido constituir um problema.  


29
Mar 13
publicado por Nuno Gouveia, às 16:51link do post | comentar | ver comentários (7)

 

O governador de New Jersey perdeu popularidade entre o movimento conservador americano após a sua actuação no pós furacão Sandy. Nos últimos meses o seu nome desapareceu do radar conservador, não tendo sido inclusive convidado para a CPAC deste ano. Mas ninguém pense que desapareceram as suas possibilidades para 2016. Ele vai ter a reeleição em Novembro deste ano, e é aí que as suas atenções estão concentradas. As sondagens atribuem-lhe uma vitória esmagadora contra a sua opositora democrata. O que poderá querer dizer isto para 2016?

 

Christie é neste momento um político extremamente popular num estado profundamente democrata. Se garantir a reeleição com facilidade, será normal que as suas atenções redireccionem-se para a arena nacional. Até Novembro poucas ou nenhumas intenções dará sobre as suas ambições presidenciais, mas após isso, poderá começar a construir uma possível campanha para as primárias republicanas. Christie é um moderado com um profundo apelo no eleitorado independente e até democrata, e até há bem pouco tempo, nos conservadores. Isso faz dele um candidato de sonho para o Partido Republicano. Mas, já encontramos outros candidatos do género que chegaram às primárias e desfizeram-se. Lembram-se de Rudy Giuliani? O que Christie precisará de fazer para ter hipóteses de vencer a nomeação? Se for o candidato moderado, como foi Jon Huntsman em 2012 ou o próprio Giuliani em 2008, terá poucas hipóteses. Mas se conseguir apresentar-se no estilo de Mitt Romney ou John McCain, procurando apoios entre as diversas facções do partido mais relevantes, como os moderados, os fiscal conservatives, os tea partiers e a direita religiosa, aí sim, poderá ser um candidato fortíssimo. Porque o nomeado tem sido alguém que consegue reunir apoios de todo o lado, mesmo que em alguns sectores tenha dificuldades de penetração, e, acima de tudo, ter apoio de uma parte importante do establishment. Os republicanos vão chegar a 2016 desesperados por uma vitória e não acredito que escolham alguém inviável para as eleições nacionais. Esse é o meu cepticismo para as possibilidades de um dos nomes do momento: Rand Paul. Pelo contrário, Marco Rubio, que tem as mesmas raízes de Paul, tem muitas mais possibilidades de sucesso, porque não se tem confinado à direita mais conservadora, pois tem angariado aliados em diversos sectores do partido. 


17
Mar 13
publicado por Nuno Gouveia, às 23:31link do post | comentar | ver comentários (3)

 

A Conservative Political Action Conference (CPAC) é tradicionalmente (pelo menos nos últimos anos) um palco onde brilham mais políticos mais conservadores do Partido Republicano. Esta conferência, que se realizou neste último fim de semana, é palco para os activistas mais empenhados do partido. Desta vez não foi excepção, e Rand Paul e Marco Rubio foram as grandes estrelas da convenção, perspectivando desde já um duelo para 2016. Chris Christie não foi convidado (e ele até agradecerá, pois tem a batalha da reeleição para vencer este ano no democrata New Jersey), Paul Ryan teve uma passagem bastante discreta, provando que a sua candidatura a Vice Presidente terá prejudicado o seu status nos corações conservadores, e Jeb Bush, que tem sido um dos possíveis nomes para 2016, teve uma reacção fria. O mais discreto governador do Wisconsin, Scott Walker, também teve uma boa recepção, tendo até afirmado publicamente que estará disponível para uma candidatura em 2016. Bobby Jindal, governador da Lousiana, teve uma passagem discreta pela CPAC e está longe do fulgor que lhe anteviam em 2009. O que quer dizer este primeiro parágrafo: os republicanos terão, de certeza absoluta, um leque de candidatos com muito mais qualidade do que em 2012 e mesmo em 2008. Este leque de políticos garante por si um debate de qualidade para 2016, sendo para mim certo que estarão aqui os principais candidatos à nomeação em 2016. 

 

Há também uma luta pela direcção do partido, onde Rand Paul e Marco Rubio, dois políticos eleitos com apoio do Tea Party na vaga de 2010, se destacaram. Paul é o herdeiro (político) da facção libertária do seu pai Ron Paul, onde se destaca um discurso mais agressivo em relação ao papel do estado na sociedade, sendo que no campo das liberdades civis e sociais, se aproximará mais da esquerda americana. Também na frente externa há mais divisões, com Rubio a defender uma via mais em consonância com o legado republicano dos últimos 30 anos, mais intervencionista, e, se quisermos, próximo dos neoconservadores. Por outro lado, temos uma facção mais moderada, representada em Jeb Bush e talvez Chris Christie, que possui um discurso mais inclusivo em relação às minorias (onde é acompanhado por Rubio) e representa o conservadorismo mais tradicional, na linha de George W. Bush, John McCain, Bob Dole ou Ronald Reagan. A força de Rubio é que poderá granjear apoios em quase todas as facções do GOP. Rand Paul venceu a Straw Poll, mas isso quer dizer muito pouco. O seu pai também a venceu várias vezes e nem por isso chegou a ser um candidato sério à nomeação. Rand é um político de uma estirpe diferente e poderá ser um osso duro de roer. Mas os principais candidato para 2016, para mim, continuam a ser três: Marco Rubio, o favorito a esta distância, Paul Ryan, pela capacidade de reunir apoios entre as elites republicanas e Chris Christie, que tem andado arredado das hostes conservadores, mas que deverá estar de volta após garantir a reeleição em Novembro deste ano. Mas diria que pela primeira vez talvez desde 1964, não haverá nenhum candidato claramente favorito no Partido Republicano. E diria mais: se Hillary Clinton não for candidata, o mesmo acontecerá no Partido Democrata. Umas eleições e campanha que promete. 


03
Mar 13
publicado por Nuno Gouveia, às 18:32link do post | comentar

 

No inicio de Março entraram em vigor cortes efectivos na despesa federal, incluindo na defesa, que irão contabilizar 1,2, mil bilhões de dólares na próxima década. Em 2011, no acordo bipartidário que permitiu aumentar o limite do endividamento federal, estava incluída uma cláusula que dizia que se o Congresso não aprovasse um orçamento até ao final de Fevereiro, estes cortes entrariam em vigor em Março. Como aconteceu. Obama e os republicanos não se entenderam onde cortar esta soma, pelo que os cortes são automáticos. Obama voltou a pedir aos republicanos para aumentar impostos, para fazer com que que os cortes fossem menores, mas não conseguiu formalizar nenhum acordo.

 

Desde que foi reeleito, Barack Obama tem agido como se o sistema político americano de repente tivesse sido reinventado. Já não seria preciso negociar com os adversários, e bastariam apenas golpes de mágica para obter tudo o que desejaria. Com um Partido Republicano em grave crise após a derrota de Novembro, e com as sondagens favoráveis, Obama tem actuado de forma arrogante e pouco capaz de gerar consensos. Obviamente do outro lado encontram-se republicanos também eles pouco dispostos a cederem. Mas na verdade, nos últimos tempos permitiram o aumento de impostos para os mais ricos e o aumento do limite do endividamento sem cortes nenhuns, situações que sempre tinham negado no passado. Como um dos sectores mais afectados pelos cortes é precisamente o Departamento de Defesa, Obama contou que isso faria com que os republicanos cedessem. Obama apostou que os republicanos iriam novamente ceder, mas parece que a fragilidade dos republicanos tem limites. As negociações entre os dois lados continuam, e há quem pense que neste caso será Obama a ceder, ou seja, a negociar um pacote de cortes na despesa sem novos aumentos de impostos. O que este caso demonstra é que a política e os jogos de bastidores irão continuar a dominar Washington, e que Obama não terá sempre tudo o que desejar do Congresso. Se é que alguém ainda tivesse dúvidas disso. Fica a lição para futuras batalhas legislativas. 


09
Fev 13
publicado por Nuno Gouveia, às 12:07link do post | comentar | ver comentários (3)

 

A elevação ao Olimpo é uma das armadilhas que os media americanos habitualmente montam aos políticos jovens e carismáticos. Uns têm a sorte de a utilizar em seu favor, outros ficam inebriados pela áurea que envolve este tipo de endeusamento, e mais tarde ou mais cedo, acabam ser cair nela. A capa da Time desta semana é um exemplo disso. Marco Rubio parece perceber os perigos desta quase "divinização" e apressou-se a demonstrar o seu desconforto em público, ao afirmar no Twitter que não é salvador nenhum. Mas não tenho dúvidas: Marco Rubio é o republicano mais interessante do momento. O influente Ed Gillespie considerou-o o melhor comunicador do Partido Republicano desde Ronald Reagan, e também esta semana, Rubio foi escolhido para dar a resposta oficial ao discurso de Barack Obama sobre o Estado da União. E apesar de estarmos ainda a três anos dos caucuses do Iowa, os seus passos dos últimos tempos têm fornecido importantes pistas que já terá em mente as eleições presidenciais de 2016.

 

A sua história de vida tem tudo para gerar empatia no povo americano: filho de imigrantes cubanos, o pai empregado de restaurante, a mãe, empregada de hotel, estudou na Universidade de Miami e cedo começou a destacar-se na política local. Chegou a Speaker da Câmara dos Representantes da Flórida aos 35 anos, sob o patrocínio de Jeb Bush, na época governador do estado. Em 2009 avançou para a conquista da nomeação para o Senado contra o então poderoso e popular governador do seu partido. Cedo reuniu apoios dos sectores mais conservadores, mas ao contrário de outros candidatos apoiados pelo tea party, também de algumas personalidades do establishment, como Karl Rove ou Mitt Romney. Demorou pouco tempo até começar a subir nas sondagens, que tornou inviável a candidatura do adversário, que saiu do partido e candidatou-se como independente. Mais tarde, Rubio foi facilmente eleito senador.

 

Mas a vitória nas eleições para o Senado foi apenas o inicio de uma história, até ao momento, de grande sucesso. Após a dura derrota do GOP em Novembro, é já considerado por muitos como líder do Partido Republicano. Tem-se dedicado a construir uma máquina política através do seu gabinete no Senado, tem feito pontes com diversos republicanos e até democratas, e é já uma das vozes mais relevantes no debate político. Utilizando o seu capital político nas hostes conservadores, tem liderado o debate sobre a reforma da imigração, assumindo o papel de porta voz da mudança do GOP nesta matéria. Será que o carisma, a oratória e a telegenia de Rubio o colocam desde já como favorito para a nomeação de 2016? Se as eleições fossem daqui a um ano, talvez respondesse afirmativamente. Mas em política três anos é uma eternidade e muito ainda pode acontecer. Mas este é o republicano a seguir com muita atenção nos próximos anos. 


27
Jan 13
publicado por Nuno Gouveia, às 22:26link do post | comentar | ver comentários (2)

George W. Bush colocou na agenda do segundo mandato a reforma da imigração, cujo objectivo passava por abrir um caminho para a legalização de cerca de 12 milhões de imigrantes ilegais a viver nos Estados Unidos. Após ter recebido mais de 40% do voto hispânico nas eleições de 2004, a concretização dessa reforma teria colocado o Partido Republicano no bom caminho para alcançar bons resultados eleitorais entre este segmento do eleitorado. A história é conhecida. A legislação introduzida por John McCain e o falecido Ted Kenney foi barrada no senado devido à oposição republicana, e desde então, até à última campanha eleitoral, o debate esteve contaminado por uma retórica agressiva contra os imigrantes ilegais. Barack Obama nem tentou passar a legislação nos primeiros dois anos do seu mandato, quando tinha maioria nas duas câmaras. Mas chegou a hora de resolver este problema. Os resultados eleitorais do Partido Republicano no eleitorado hispânico foram catastróficos, e poucos nesta altura acreditarão que haverá força das vozes oposicionistas para barrar legislação. 

 

Barack Obama já prometeu envidar esforços no sentido de criar um caminho para a legalização dos imigrantes ilegais neste mandato, e é bem possível que seja já no primeiro ano que o consiga fazer. Marco Rubio será um dos principais advogados do lado republicano, e já ganhou aliados importantes, como Paul Ryan, John McCain ou Lindsay Graham. Certamente haverá oposição de alguns republicanos, mas desta vez, ao contrário de 2007, não é de esperar um movimento tão forte de contestação à reforma. Do lado democrata, pouca ou nenhuma oposição deverá surgir. Um comité bipartidário do Senado está já a preparar legislação, onde estão presentes, além de Rubio, McCain do lado republicano, Dick Durbin e Robert Menendez do lado democrata. Será uma boa notícia para a América. 


17
Dez 12
publicado por Nuno Gouveia, às 17:27link do post | comentar

 

Tim Scott será o novo senador republicano da Carolina do Sul, anunciaram hoje fontes próximas da governadora do estado, Nikki Haley. Congressista desde 2011, Scott irá agora assumir o lugar entretanto deixado vago por Jim DeMint, que foi para a Heritage Foundation. Este será o primeiro senador negro dos estados do Sul desde a Reconstrução e, curiosamente, será o único negro no Senado na actualidade. Tim Scott foi desde logo apontado como o favorito para o lugar após a demissão de DeMint. Com 47 anos, tem boas relações com os sectores conservadores do partido, mas também com o establishment. Além disso, a tal diversidade que o GOP desesperadamente precisa de alcançar entre o eleitorado também já deixava de adivinhar este cenário. Um marco histórico a nomeação de Scott, no mesmo estado que teve Strom Thurmond como senador desde 1956 até 2003. 


11
Dez 12
publicado por Nuno Gouveia, às 14:35link do post | comentar | ver comentários (10)

Nas últimas semanas, após o anúncio que não iria cumprir o segundo mandato como Secretária de Estado, o nome de Hillary Clinton começou imediatamente a ser ventilado como possível sucessora de Barack Obama. Na verdade, poucos acreditam em Washington que Clinton não seja a nomeada, se ela for candidata. Mas recordo que quatro anos em política é uma eternidade, e o ambiente político será radicalmente diferente em 2016. Raramente um partido manteve a Casa Branca durante três ciclos eleitorais (o último foi o GOP após dois mandatos de grande sucesso de Ronald Reagan), e não se perspectiva que em 2016 os Estados Unidos vivam um período de optimismo e euforia como acontecia em 1988. Hillary Clinton atingiu o estatuto de política no activo mais popular, mas isso pode não quer dizer muito para 2016. 

 

Mas, imaginemos que chegamos ao final de 2014, o governo de Barack Obama é relativamente popular e vence as eleições intercalares. A pressão para Hillary Clinton avançar será enorme, e é bem possível que avance mais uma vez. Com 69 anos e uma popularidade enorme no Partido Democrata, Hillary deverá vencer facilmente as primárias. Não acredito que surja alguém capaz até 2016 de a derrotar internamente. O mais bem colocado, para mim, no campo democrata, Andrew Cuomo, governador de Nova Iorque, poderá ser um candidato fortíssimo, se Hillary não for candidata. Se esta avançar, este "liberal" no campo social e moderado nos assuntos económicos (uma mais valia para as eleições gerais), até pode decidir ficar em casa e esperar próxima oportunidade. E vencida a nomeação democrata, quem terá pela frente Hillary Clinton? É difícil responder a esta pergunta, mas arriscaria que há quatro nomes mais fortes do lado republicano: Bobby Jindal, Marco Rubio e Paul Ryan (todos com 45 anos em 2016) e Chris Christie (54 anos). Com excepção do governador de New Jersey, teríamos provavelmente um choque de gerações, com um candidato jovem e conservador, provavelmente com enorme entusiasmo e a juventude do seu lado, contra uma velha senadora da política americana, respeitada e acarinhada pelo povo americano. Faz lembrar alguma eleição? Quer isto dizer que acho que Hillary Clinton perderia com um destes candidatos? Não. A esta distância é extemporâneo afirmar o que quer que seja sobre 2016. Pode-se especular, como o faço neste post, mas parece-me que serão sempre umas eleições muito disputadas.


06
Dez 12
publicado por Nuno Gouveia, às 19:55link do post | comentar | ver comentários (1)

 

Jim DeMint, senador da Carolina do Sul e um dos líderes do movimento conservador no Partido Republicano, anunciou hoje que vai demitir-se no inicio do próximo ano. A razão? Irá assumir a liderança da Heritage Foundation, umas das organizações conservadores mais influentes dos Estados Unidos. Jim DeMint é tido como um senador honesto e integro, no entanto, cede muito pouco espaço para o compromisso com os adversários. Nunca cedeu nos seus principios, e nas eleições intercalares de 2010 apoiou alguns dos candidatos "insurgentes" vitoriosos, como Marco Rubio, Rand Paul ou Mike Lee. Era uma das vozes mais importantes do sectores conservadores do Partido Republicano. As más línguas já dizem que troca de lugar para fazer dinheiro, já que o senador DeMint é dos membros do Senado mais "pobres" e o salário na HF é de 1 milhão de doláres por ano. Agora a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, irá nomear um substituto para o lugar, que irá manter o cargo até 2014. O nome mais referido é o do congressista Tim Scott. 


04
Dez 12
publicado por Nuno Gouveia, às 23:08link do post | comentar

Disputa-se neste momento o último combate político do ano em Washington. Se democratas e republicanos não chegaram a acordo, no dia 1 de Janeiro de 2013 os impostos irão aumentar para todos os americanos, entre os quais o imposto sobre rendimentos, o imposto sobre o trabalho e ainda o fim dos benefícios fiscais para as pequenas e médias empresas. Por outro lado, haverá cortes automáticos em diversos programas federais, incluindo no sector social e na defesa. Os analistas independentes indicam que estas medidas contribuirão para o aumento do desemprego e uma previsível recessão, apesar de reduzirem o decide em 500 mil milhões de dólares anuais. Portanto, temos os ingredientes para mais uma grande trapalhada em Washington. Por um lado, os democratas e Barack Obama pretendem que os cortes na despesa não sejam tão severos e que haja um aumento de impostos para os mais ricos. Os republicanos estão contra qualquer aumento de impostos, e pretendem mudar a essência dos cortes na despesa. Estas são as premissas iniciais do debate. Em baixo deixo uma breve análise sobre este período negocial, o até onde poderão ceder os lados e qual o papel que Paul Ryan poderá ter, agora que o GOP está sem líder aparente. 

 

No verão de 2011 passamos por uma situação semelhante, aquando do aumento do limite do endividamento federal, mas agora estamos num período da vida política americana muito diferente. Já não há possibilidade de derrotar Barack Obama e os republicanos estão em crise existencial. É verdade que Obama é o primeiro presidente da era moderna a ser reeleito com menos votos do que no primeiro mandato, mas a sua vitória foi bem mais confortável do que se chegou a pensar, e, acrescentando a isso, o Partido Democrata viu a sua maioria no Senado aumentar nas últimas eleições, além de terem conquistado alguns lugares na Câmara dos Representantes. Os Democratas viram assim “reforçada” nas urnas a sua legitimidade para governar os Estados Unidos. Além disso, o Partido Republicano está neste momento numa posição muito débil, sendo vistos pela maioria do eleitorado como mais inflexíveis do que os democratas. Obama conquistou no dia 6 de novembro um mandato para liderar, e os republicanos, se não querem ser mais penalizados pela opinião pública, terão de ceder mais do que no passado recente. Estou certo que Obama terá agora mais hipóteses para negociar o “grande acordo” que enfrente os problemas estruturais dos Estados Unidos: a dívida pública, os défices elevados e o fraco crescimento económico. Se ele vai existir, não sabemos. 

 

A  primeira reacção de John Boehner após as eleições foi estender a mão a Obama, afirmando que o seu partido está pronto a negociar com o Presidente. A manutenção da maioria na Câmara dos Representantes foi a pequena vitória que os republicanos obtiveram, e isso mantém o partido como peça fundamental na governação. Até aqui os republicanos têm negado a possibilidade de um acordo com o Presidente que inclua o aumento de impostos. Mas essa plataforma saiu enfraquecida nas eleições, e já assistimos a influentes republicanos, como Bill Kristol da Weekly Standard, a dizer que aumentar impostos para os mais ricos não seria nada de extraordinário. O mesmo, por outras palavras, disse Bobby Jindal, governador da Louisiana e potencial candidato em 2016, que defendeu que os republicanos tinham de deixar de ser vistos pelos americanos como o partido das grandes empresas e dos ricos. Sente-se entre a maioria dos conservadores mais influentes que é necessário mudar de discurso para voltar a vencer eleições. Um dos grandes derrotados destas eleições foi precisamente Grover Norquist, que tinha conseguido que quase todos candidatos republicanos acedessem à sua plataforma de “não aumento de impostos “ sob todas as condições. Nesta matéria dos impostos, mas também noutras questões, como na reforma da imigração ou até na saúde, os republicanos deverão mudar de discurso no próximo ciclo da vida política americana. Mas isto não quer dizer que Boehner tenha carta branca para aceder à vontade do Presidente de aumentar os impostos para os mais ricos no imediato, até porque continuará a haver pressões dos sectores mais conservadores para não negociar nessa questão. A minha perspectiva é que algo será feito e a tal "fiscal cliff", não se concretizará. Isso pode passar por uma solução de curto termo, ou seja, negociar uma extensão, nem que seja de apenas seis meses, como sugeriu o senador republicano do Ohio, Rob Portman, de todos os cortes de impostos (Bush Tax Cuts, Payrool Tax Cuts e impostos sobre os pequenos empresários) e impedir ao mesmo tempo que os cortes na despesa programados para 2013 entrem já em vigor, ou uma solução mais duradoira, e aí sim, aumentar já os impostos para os que ganham mais de 250 mil dólares por ano, como tem defendido Obama, e negociar cortes na despesa que incluam despesas sociais e até militares. Os republicanos têm tentado que o aumento da receita do Estado Federal passe por cortes nas deduções fiscais (as tais loopholes de que se falava). O problema para eles é que mesmo isso é muito vago e de difícil execução, pois nunca foram específicos em apontar quais deduções queriam cortar. Além disso, vários democratas mais “liberais” estão contra essa solução. Se os republicanos cederem já no aumento de impostos, prevejo que irão querer que alguns dos seus planos para o corte da despesa federal entre em vigor já. Obama também poderá enfrentar alguma oposição na base mais à esquerda do seu partido se decidir cortar algumas das despesas sociais que os republicanos pretendem, mas acredito que acabará por impor o que quiser. Neste momento é o líder incontestado da vontade democrata no Congresso.

 

O Partido Republicano está neste momento sem líder. Paul Ryan, que viu crescer a sua aura de líder nesta última campanha eleitoral, poderá ter a tentação de envolver-se directamente nas negociações, até porque é presidente da Comissão do Orçamento da Câmara dos Representantes. Mas a partir de agora, tudo o que Ryan fará estará condicionado pelo facto que provavelmente será candidato a Presidente em 2016. Ele precisa de assumir-se como parte da solução e não do problema. A grande dúvida é se irá desejar ficar ligado a um possível aumento de impostos, que pode enfraquecer a sua posição nas primárias de 2016. Por outro lado, se mantiver a uma postura de inflexível nestas negociações ou se não se envolver profundamente, poderá cimentar a imagem de não conseguir trabalhar com o Partido Democrata numa questão central como esta. A minha percepção é que Ryan irá tentar liderar este processo pelo lado dos republicanos, tentando obter o máximo de concessões do Presidente no que diz respeito aos cortes da despesa, e ceder o menos possível na questão do aumento de impostos, que poucos acreditam em Washington que não irá acontecer: já ou no próximo ano. Nesta questão, Obama mais tarde ou mais cedo irá alcançar uma vitória.


03
Dez 12
publicado por Nuno Gouveia, às 15:19link do post | comentar | ver comentários (3)

Depois de eliminar os maus porta estandartes que têm prejudicado a imagem do partido, e de apresentar novas faces perante a América, o Partido Republicano irá necessitar de adequar a sua mensagem aos novos tempos. Penso que aqui concordo com o que tem dito o governador da Louisiana, que tem defendido que o GOP não precisa de moderar-se, precisa sobretudo de modernizar-se. E isto implicará necessariamente alguns ajustes ao que têm defendido no passado recente. O Partido Republicano precisa urgentemente de deixar de ser visto como o partido dos ricos. Neste actual debate sobre a redução do défice, o GOP tem aparecido aos olhos dos americanos na defesa incessante do não aumento de impostos para os ricos, enquanto os democratas têm enfatizado a manutenção dos cortes fiscais para a classe média. Isto resume bem os problemas do partido nesta matéria. Como defender baixos impostos para todos e não entrincheirar-se na posição de defesa dos ricos? Talvez passe por deixar expirar os Bush Tax Cuts para os que ganham acima dos 250 mil dólares, como Obama pretende, forçando o corte na despesa que sempre têm defendido. É preciso flexibilidade na defesa de posições, fazendo jus à máxima de Reagan, que numa negociação deve-se obter o máximo de dividendos, sabendo-se que nunca se consegue tudo. Mais, estando o GOP na oposição, será aceitável que tal suceda. 

 

Nas questões sociais, o GOP não precisa de moderar a sua oposição ao aborto. Nunca como agora houve tantos pro-life nos Estados Unidos, pelo menos nas últimas décadas. Mas isso não implica deixar que a defesa desta posição esteja a cargo de extremistas como Todd Akin ou Richard Mourdock. Se o GOP for inteligente nesta matéria, ganhará certamente apoio no eleitorado tradicionalmente moderado. Por outro lado, e numa questão da moda, o casamento homossexual, também não considero que deva haver uma mudança abrupta. Não se devem mudar de convicções por motivos eleitorais, mas é preciso que o GOP deixe que o debate cresça também entre o partido, e que posições minoritárias não sejam tratadas como aberrantes. A Big Tent que Reagan sempre defendeu também deve incluir estes temas. Em relação à imigração, deve ser dado espaço a vozes como John McCain, Marco Rubio, Jeb Bush ou Susana Martinez, que defendem uma abordagem compreensiva ao tema. Há 12 milhões de ilegais a residir nos Estados Unidos e o GOP deverá ser tolerante para aceitar uma reforma da imigração que permita que os imigrantes que trabalhem e que contribuem para o desenvolvimento do país, alcancem um estatuto de legalidade. Na década de 80 Reagan fez o mesmo. 

 

Por fim, o GOP precisa de ter um discurso virado para as novas gerações. A questão da liberdade na Internet, que tem vindo a ser debatida nos Estados Unidos, pode ser uma grande bandeira para os republicanos, já que o Partido Democrata é está sob influência dos círculos liberais de Hollywood e da indústria de conteúdos. Este ano já vimos os republicanos no congresso a assumir esta bandeira, mas será necessário fazer mais. Reagan foi o último republicano a vencer no voto jovem, com a sua mensagem optimista e crente no futuro do país. O fiscal conservativism é cada vez mais popular entre os jovens, e terá que ser por aqui que os republicanos terão de atacar. 

 

A modernização que Bobby Jindal defendeu também passará por modernizar as técnicas eleitorais do partido. Como vimos nestas eleições, o famoso ground game de Obama permitiu-lhe vencer as eleições, pois no terreno a máquina democrata, assente sobretudo nos contactos pessoais e nas novas tecnologias, foi extremamente eficaz. O GOP tem alguns profissionais das novas tecnologias brilhantes, mas necessita de lhes dar voz e liberdade, que foi o que Obama e os democratas fizeram nestes dois últimos ciclos eleitorais. Basta ler os relatos sobre esta última campanha de Obama e de Romney para verificar isso. 


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