A primária do Estado de Nova Iorque não trouxe propriamente surpresas. Mas a verdade é que, pela primeira vez, Donald Trump conseguiu a maioria dos votos num estado, com uns retumbantes 61% (não é de menosprezar o factor casa) e pelo menos 89 dos 95 delegados em disputa. Este número de delegados está em linha com o que o site analítico FiveThirtyEight calcula seja necessário Trump ir angariando para conseguir uma maioria, ou seja, esta sua vitória não melhorou nem piorou as suas perspectivas do ponto de vista estrito dos números.
Na próxima terça-feira, há mais uma série de primárias em estados do Nordeste, onde são previsíveis novos sucessos de Trump: Connecticut, Delaware, Maryland, Pensilvânia e Rhode Island. Estarão em disputa um total de 172 delegados, com o importante pormenor, contudo, de o prémio maior, a Pensilvânia, apenas vincular ao vencedor no estado 17 dos seus 71 delegados, sendo os restantes livres de votarem como entenderem na convenção. É verdade que um bom número dos potenciais delegados deste último estado já disse que votará no vencedor, mas daqui até Cleveland muita água passará debaixo das pontes.
Depois da próxima semana, as hostilidades serão retomadas numa primária que promete ser decisiva para as aspirações de Trump: Indiana e seus 57 delegados, a 3 de Maio. Uma vitória de Ted Cruz aqui (os delegados vão inteiramente para o vencedor em cada círculo eleitoral) será um sério e quase definitivo revés para o magnata novaiorquino na sua luta pelo mágico numero de 1.237 delegados. E o Indiana tem algumas semelhanças com o Wisconsin (e o mesmo método de atribuição de delegados), onde Cruz conquistou 36 dos 42 delegados em disputa. Não tem havido sondagens públicas no "Hoosier State", mas aparentemente há sondagens privadas que colocam Trump pouco acima dos 30%. A luta pela nomeação republicana ainda vai dar muito que falar.
Hillary Clinton, por seu lado, teve, além de uma vitória folgada (58%-42%) uma firme confirmação da inevitabilidade da sua nomeação. Mais uma vez, Bernie Sanders continuará na corrida, naquilo que é há muito uma luta inglória, mas valorosa.
Foto: Donald Trump após a sua vitória em Nova Iorque (Reuters/Shannon Stapleton)