30
Ago 12
publicado por Nuno Gouveia, às 23:28link do post | comentar

Fui visitar o Tea Party Li algures que a palavra Tea Party ainda não foi pronunciada por nenhum dos oradores na Convenção. Não será bem verdade, mas à excepção do senador Rand Paul, nenhum dos seus mais proeminentes líderes foi convidado para falar em Tampa. Por isso, hoje à tarde sai da convenção e fui assistir a um discurso de Michelle Bachmann, inserido na estreia de um documentário do jornalista conservador Andrew Breitbart, que faleceu este ano, sobre o movimento Occupy Wall Street. Devo dizer que foi o local onde estive com a segurança mais apertada, pois havia receio que fossem "invadidos" por manifestantes. Além da paranóia que encontrei, não desgostei: a comida estava boa, as bebidas fresquinhas e Bachmann fez um bom discurso. E jovens, muito jovens, ao contrário da ideia que por vezes transmitem do Tea Party. Quem organizou isto foi a Citizens United, a organização que forçou a alteração radical das leis de financiamento da política americana em 2010.


03
Jan 12
publicado por Nuno Gouveia, às 16:33link do post | comentar

Mitt Romney - Passou grande parte da campanha a ignorar o Iowa. Ao contrário de há quatro anos, Romney não investiu tempo nem recursos no Hawkeye State. Mas neste último mês tudo mudou, e Romney direccionou para as suas atenções para o Iowa. Nesta última semana passou os seus dias no estado e investiu muito dinheiro nas televisões. É muito difícil que Romney saia ferido destes caucuses. Se vencer, a nomeação fica mais próxima. Se ficar em segundo ou num terceiro próximo dos dois primeiros, também partirá para o New Hampshire em boa forma. Especialmente se ficar atrás de Paul e Santorum. Um desastre para Romney seria ficar abaixo do terceiro lugar ou atrás de Gingrich ou Perry, os candidatos que têm mais recursos para fazer a vida negra a Romney. 

 

Ron Paul - Já é um dos vencedores destes caucuses, pois a sua mensagem está a ganhar tracção no eleitorado. Não tendo hipóteses de obter a nomeação, Paul está a criar um património no Partido Republicano que poderá ser aproveitado pelo seu filho Rand já em 2016 ou 2020. O seu mérito foi ter colocado os libertarians mais próximos do mainstream republicano. Uma vitória no Iowa, onde investiu forte, daria ainda mais ânimo aos seus apoiantes para os próximos combates eleitorais. Mas um segundo ou até um terceiro lugar não será mau resultado do congressista do Iowa. Abaixo disso será uma derrota de Ron Paul, que tem a melhor máquina no terreno. 

 

Rick Santorum - Ninguém lhe ligou nada até há uns dias, quando os evangélicos começaram a colocar-se atrás dele. Foi o candidato que mais investiu no Iowa, mais parecendo que se estava a candidatar a governador do Iowa do que a Presidente dos Estados Unidos. Se ficar à frente de Gingrich, Perry e Bachmann, está bem colocado para fazer de Mike Huckabee de 2008. Não acredito que represente grande perigo para Mitt Romney, mas Santorum, que tem qualidades políticas, pode surpreender Romney em alguns estados do Sul. Mas, e como disse sobre Gingrich, não sei se o Santorum consegue sobreviver a uma rajada de ataques negativos das Super Pacs de Romney. Tudo acima do terceiro lugar será uma vitória. 

 

Newt Gingrich - Quando há um mês liderava as sondagens nacionais e no Iowa, muitos apontavam-no já como o presumível nomeado. Na altura alertei que Newt era facilmente destruível por um conjunto de ataques com verdades sobre a sua carreira. Sem surpresa, chega ao Iowa a lutar pela sobrevivência. Se não conseguir chegar ao terceiro lugar, fica em grandes problemas para a Carolina do Sul, onde tem liderado as sondagens. Se ficar atrás de Rick Perry e de Santorum, a sua candidatura está quase terminada. 

 

Rick Perry - As últimas sondagens davam-lhe 10 por cento, sempre em quinto lugar. Se concretizar-se este resultado, não sei com que capacidade Perry irá para a Carolina do Sul travar o seu último combate político nestas primárias. Se há quatro anos tivemos um Fred Thompson, que entrou na corrida como frontrunner e acabou destroçado logo nas primeiras eleições, este ano teremos Rick Perry. 

 

Michele Bachmann - A congressista do Minnesota disse que espera um milagre. Talvez mesmo só com a intervenção de Deus Bachmann consiga fugir do último lugar e da irrelevância total nestas primárias. Se tal suceder, irá cantar vitória. Mas o mais certo é mesmo que fique em último (Huntsman não conta). Se desiste já ou vai até à Carolina do Sul é a grande dúvida.

 

*titulo de um post que escrevi há quatro anos no Eleições Americanas de 2008, onde curiosamente acertei nos três primeiros resultados do Partido Democrata e nos dois primeiros do Partido Republicano. Apesar dos meus dotes adivinhatórios nem sempre funcionarem, deixo aqui uma previsão, cautelosa, dos resultados: Romney-Santorum-Paul-Gingrich-Perry-Bachmann-Huntsman.


29
Dez 11
publicado por Nuno Gouveia, às 16:44link do post | comentar

 

Como é tradicional, o leque de candidatos republicanos à nomeação deverá ficar reduzido depois da próxima terça-feira, após a realização dos caucuses do Iowa. Numas primárias nem todos os candidatos lutam para vencer. Uns querem vender livros, outros querem conseguir um lugar de destaque no partido e outros pretendem promover o seu próprio futuro político. Olhando para as sondagens, vejo três nomes óbvios que estão na linha da frente. 

 

A principal candidata à desistência é Michele Bachmann, que depois de ter vencido a Iowa Straw Poll em Agosto, nunca mais parou de descer nas sondagens. Apesar da media frenzy em redor da sua candidatura no Verão passado, facilmente se percebia já na altura que a congressista do Minnesota não tinha estofo para uma campanha presidencial. Se as coisas lhe tivessem corrido bem, poderia ter tido possibilidades de disputar a vitória no Iowa. Mas o seu apoio decresceu imenso e neste momento a sua campanha luta para sobreviver. Sem dinheiro e sem apoio, se ela não ficar nos quatro primeiro lugares, o mais certo é que abandone a corrida antes das primárias do New Hampshire.

 

Rick Perry é outro dos nomes a considerar. Tendo entrado muito forte na corrida presidencial, assumindo desde o inicio a liderança nas sondagens nacionais e no Iowa, as suas prestações desastrosas nos debates colocaram em evidência as limitações do governador do Texas. E se ao contrário de outros nomes, tem currículo suficiente para ser Presidente, não mostrou capacidade para enfrentar Barack Obama em Novembro próximo. Se não conseguir um dos primeiros quatro lugares, pode desistir já ou esperar para fazer um último esforço nas primárias da Carolina do Sul, no dia 21 de Janeiro.

 

Rick Santorum tem vindo a subir nas sondagens do Iowa e é possível que sobreviva aos caucuses. Apesar de não ter muito dinheiro, tal como Bachmann, um bom resultado no Iowa (nos três primeiros lugares), pode garantir-lhe a sobrevivência durante mais umas semanas. Não vai ser o nomeado, mas pode chegar até à Carolina do Sul, onde há muitos votos conservadores para disputar. Certamente que Mitt Romney agradecerá a manutenção de Santorum até lá, imitando Mike Huckabee em 2008, quando retirou votos conservadores a Romney, ajudando John McCain a vencer esta importante primária. Romney desta vez irá precisar que alguém "roube" votos dos social conservatives a Newt Gingrich. 

 

De resto não acredito que haja mais desistências. Mitt Romney obviamente pode sobreviver a um desastre no Iowa (ficar abaixo dos três primeiros), Ron Paul tem o apoio e dinheiro para continuar nas primárias até onde desejar e Jon Huntsman nem sequer está a competir neste estado. Diferente é a situação de Newt Gingrich. Depois de ter liderado as sondagens durante o mês de Dezembro, os últimos dias mostraram-nos uma quedra abrupta. Mas mesmo que fique em quarto lugar (neste momento o mais provável), Gingrich irá certamente competir na Carolina do Sul, onde lidera com algum conforto as sondagens. 


13
Set 11
publicado por Nuno Gouveia, às 19:35link do post | comentar

 

Ontem Rick Perry teve uma noite dificil. No segundo debate em que participou, o governador do Texas foi o alvo de todas as criticas. Estando a jogar em casa, pois o debate era co-organizado pelo Tea Party Express, a audiência era-lhe favorável, ao contrário do que sucedeu com Mitt Romney, a pisar terreno hostil. Mas devido ao estatuto de favorito nas sondagens, todos dirigiram ataques a Rick Perry. E pode-se dizer que este não se saiu muito bem. Mitt Romney terá sido, mais uma vez, o vencedor da noite. Depois de quatro debates, cada vez mais fico com a convicção que Romney é aquele que tem mais "estofo" e está melhor preparado para enfrentar Barack Obama em Novembro de 2012. Sem declarações bombásticas, com uma excelente preparação sobre os dossiers e com uma linguagem acessível, Romney ganhou todos os debates em que participou. Mas não posso esquecer o que aconteceu em 2010, quando os candidatos apoiados pelo Tea Party venceram algumas primárias republicanas contra candidatos mais bem preparados, por isso tudo pode acontecer nestas primárias. Se este fosse um ano normal, diria que muito dificilmente Romney deixaria escapar a nomeação. 

 

Rick Perry teve uma má noite ontem, ao ser confrontado com assuntos que prometem persegui-lo durante esta campanha. Mas Rick Perry não é um político qualquer. É o governador há mais tempo em funções nos Estados Unidos, desde 2000, no segundo maior estado da União. Tem obtido resultados muito positivos na criação de emprego, um dos calcanhares de aquiles de Obama e o Texas é um dos estados americanos em maior crescimento. Mas é a primeira vez que concorre a um cargo nacional, e como tal, tudo em relação a si é novidade para o grande público. E ontem sofreu duros ataques dos seus adversários. Mitt Romney atacou-o pela esquerda, ao criticar a sua posição relativamente à Segurança Social. Rick Perry num livro publicado há seis meses teceu duras criticas à Segurança Social, dizendo até que esta era inconstitucional e que deveria ser da responsabilidade dos estados. Mas os piores ataques vieram da direita, por parte de Rick Santorum e Michele Bachmann, sobre a imigração e saúde. Bachmann, que tenta desesperadamente recuperar nas sondagens depois da entrada de Perry, chegou mesmo a acenar com um potencial caso de corrupção de Perry, relativamente a um programa da vacinação no Texas. Um debate muito quente. 

 

Como na próxima semana haverá mais um debate, não se pode dizer que haverá um momento de destruição ou consagração de uma candidatura. Isto está a começar, não é totalmente desprovido de sentido dizer que ainda poderá entrar mais algum candidato, e tudo ainda irá mudar antes do Iowa. Mas diria que Romney terá ficado mais confortável com o debate de ontem à noite. 


14
Ago 11
publicado por Nuno Gouveia, às 21:40link do post | comentar

Os últimos dias abalaram a corrida republicana, com mudanças que terão impacto na história destas primárias. Na quinta-feira, um debate muito aceso, onde Tim Pawlenty esteve deliberadamente ao ataque a Michele Bachmann. Foi o melhor momento desta campanha, num debate onde Mitt Romney acabou por sair vencedor, sem grande esforço diga-se. Bachmann foi igual a sí própria (ou seja, não saiu dos talking points treinados previamente), não cometendo erros e gerando boa imprensa no final do debate. A actuação de Pawlenty, que transparecia algum desespero, já deixava antever o desfecho deste fim de semana. Pawlenty apontou o óbvio a Bachmann: ela não tem currículo, nunca alcançou nada nos anos no Congresso e resume-se a representar uma voz estridente no debate político. Pelo contrário, ele, tem um currículo de oito anos como governador de sucesso no Minnesota. Mas a vida não está fácil para quem tem currículo no GOP. Que o diga Jon Huntsman, que teve uma prestação muito fraca neste seu debate de estreia.

 

Ontem entrou em cena Rick Perry, governador do Texas e adversário muito perigoso para Mitt Romney nestas primárias. Este anuncio acabou por ofuscar a vitória de Michele Bachmann na Iowa Straw Poll. Em segundo lugar ficou Ron Paul e em terceiro Tim Pawlenty, que apostou tudo em vencer este evento. Hoje ao inicio da manhã, o antigo governador do Minnesota anunciava a sua retirada da corrida à nomeação republicana, por não vislumbrar um caminho para a vitória. Perfeitamente compreensível e expectável.

 

Consequências para a corrida destes acontecimentos? Diria que duas principais:

 

1- Michele Bachmann é a favorita a vencer no Iowa. Não propriamente pela vitória de ontem em Ames, mas pela força que tem demonstrado em todas as sondagens estaduais. Os cristãos evangélicos representam cerca de 60 por cento dos eleitores nestes caucuses republicanos, e apenas Rick Perry poderá competir seriamente com Bachmann por esta camada do eleitorado. Romney poderá ter uma hipótese diminuta, caso consiga angariar grande parte dos moderados. No entanto, o Iowa poderá este ano não ter grande impacto nas primárias, tal como sucedeu em 2008, quando Mike Huckabee venceu. Isto se a vencedora for Bachmann.

 

2- Dificilmente estas primárias deixarão de ser uma corrida entre Mitt Romney e Rick Perry. Depois do debacle de Tim Pawlenty e da não existente candidatura de Jon Huntsman até ao momento, estes parecem ser os únicos candidatos credíveis no campo republicano. Michele Bachmann poderá ser um factor nestas primárias, mas talvez para prejudicar um outro candidato, como Rick Perry, funcionando como Mike Huckabee, que em 2008 retirou votos importantes a Mitt Romney, favorecendo desse modo a vitória de John McCain. De qualquer forma, se não houver grandes alterações, o adversário de Barack Obama deverá ser Romney ou Perry. 

 


27
Jun 11
publicado por Nuno Gouveia, às 18:59link do post | comentar

 

Michele Bachmann anunciou hoje a sua candidatura à nomeação republicana no Iowa. Congressista pelo Minnesota desde 2007, Bachmann seria a candidata de sonho para Barack Obama enfrentar em 2012. Conhecida pela sua retórica inflamada, pelo exagero das suas palavras e inconsistência nas suas posições ideológicas, Bachmann suscita muitas dúvidas no establishment republicano e poucos a consideram como uma candidata viável. Mas não se pense que não pode fazer estragos e deixar uma marca nestas primárias. Tem uma forte presença mediática, tem vindo a melhorar as suas intervenções públicas (o debate do New Hampshire foi prova disso) e tem uma legião de seguidores a nível nacional que a colocam como uma das preferidas do tea party.No ciclo eleitoral de 2010 arrecadou mais de 13 milhões de dólares em doações individuais, tendo sido a congressista que mais dinheiro angariou nos 50 estados.

 

Com a cada vez mais que provável ausência de Sarah Palin da corrida eleitoral, Bachmann tem sérias hipóteses de vencer no Iowa e transformar-se no Mike Huckabee deste ciclo eleitoral. Quem deve estar a sonhar com este cenário é Mitt Romney, que já anunciou que não vai competir seriamente no Iowa. Motivos de preocupação com ascensão de Bachmann? O também candidato do Minnesota, Tim Pawlenty, que teima em não deslocar nas sondagens, ele que necessita de obter um excelente resultado no Iowa (1º ou 2º) para ter uma hipótese.

 

Por fim, há ainda um dado histórico que vai contra Michele Bachmann. Até ao momento o últimoPresidente a ser eleito directamente da Câmara dos Representantes foi James Garfield em 1880. E desde 1912, o ano em que alguns estados começaram a ter primárias para escolher os nomeados, mais de 30 membros do congresso candidataram-se à nomeação dos seus partidos. Nenhum obteve a nomeação. 


24
Mar 11
publicado por Nuno Gouveia, às 17:18link do post | comentar

A congressista do Minnesota, Michele Bachmann, vai anunciar nos próximos meses a formação de um Comité Exploratório para se candidatar à nomeação republicana. A CNN, que avança a informação, diz que este anúncio deverá ocorrer antes de Maio, para ela poder participar para os primeiros debates agendados para esse mês. O que significa este avanço para a corrida, daquela que será a "candidata oficial" do tea party?

 

É preciso dizer que Bachmann não tem a mínima hipótese de ser a nomeada, mas fará certamente estragos. Será mais uma candidata que avança para obter notoriedade, fama e reconhecimento. Mas a entrada dela em cena poderá ter consequências, nomeadamente para outros candidatos. Em primeiro lugar, este avanço é mais um sinal que Palin não vai mesmo candidatar-se. Líder do caucus do tea party no congresso, Bachmann e Palin iriam combater pelo mesmo eleitorado. Com as recentes sondagens, e agora, esta candidatura, Palin deve mesmo estar a equacionar se vale a pena entrar numa eleição para perder. Depois, Michele Bachmann irá apostar principalmente nos estados iniciais, nomeadamente no caucus do Iowa. E aqui quem mais poderá sofrer com esta entrada é outro candidato oriundo do Minnesota: Tim Pawlenty. Para testar a viabilidade da sua candidatura, Pawlenty precisa de ter um grande resultado logo no Iowa. Com mais esta candidatura, isso fica mais díficil. Ron Paul também não deverá ter gostado desta notícia. Paul, se avançar, espera aumentar a sua votação em relação a 2008, e, certamente, esperava obter apoios em certos sectores do tea party. Com a entrada de Bachmann, Paul ficará mais limitado à sua base libertária.

 

Penso que Bachmann irá prejudicar as aspirações republicanas para recuperar a Casa Branca. Com uma oratória inflamada e um discurso radical, a sua entrada na corrida poderá desviar a agenda ainda mais para a direita durante as primárias. Se os principais candidatos caírem na tentação de irem nessa onda, as eleições gerais serão muito mais complicadas. Além que, do pouco que conheço dela, não tem as mínimas capacidades políticas e pessoais para se transformar numa candidata "credível" a Presidente dos Estados Unidos.


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