22
Out 12
publicado por Alexandre Burmester, às 20:43link do post | comentar | ver comentários (1)

 

 

 

A "Surpresa de Outubro" ("October Surprise") é um suposto estratagema eleitoral utilizado especialmente - mas não só - em anos renhidos, normalmente pelo partido que ocupa a Casa Branca. As duas mais famosas de que me lembro foram o anúncio da suspensão dos bombardeamentos ao Vietname do Norte por parte do Presidente Lyndon Johnson a poucos dias das eleições de 1968, o que quase, de novo, custava a eleição a Richard Nixon (que enfrentava o Vice-Presidente Hubert Humphrey), e a proclamação de Henry Kissinger, em 1972 - numa altura, diga-se, em que a reeleição de Richard Nixon estava mais que garantida - de que a paz (no Vietname) estava ao virar da esquina ("Peace is at hand").

 

Pois bem, há já especulação sobre se este ano assistiremos a nove passe de magia do mesmo estilo, e o comentador conservador e antigo conselheiro de Bill Clinton, Dick Morris, pensa que sim. Sugere Morris que o Presidente Obama poderá anunciar antes das eleições um acordo com o Irão, mediante o qual aquele país poria em prática uma moratória no enriquecimento de urânio, em troca do levantamento de algumas das sanções internacionais em vigor contra si.

 

Em 1968, Richard Nixon manobrou nos bastidores depois do anúncio da "October Surprise", e conseguiu que o Presidente do Vietname do Sul, Nguyen Van Thieu, rejeitasse os termos negociais propostos por Johnson, o que, em parte, retirou potência àquele truque de última hora. Este ano, a verificar-se este anúncio, só resta a Mitt Romney questionar o cinismo e oportunismo de tal manobra e fazer o eleitorado reflectir acerca das razões que levariam os "ayatollahs" a negociar apressadamente com Barack Obama antes das eleições.

 

 

 

foto: o Presidente Lyndon Johnson 


04
Jun 12
publicado por Alexandre Burmester, às 17:23link do post | comentar | ver comentários (2)

 

 

Desolado e frustrado com os resultados das eleições "mid-term" de 1966, nas quais os republicanos tinham conseguido ganhos de monta em ambas as câmaras do Congresso, o Presidente Lyndon Johnson apodou a principal estrela republicana dessa campanha, o antigo Vice-Presidente Richard Nixon, de "chronic campaigner". E tinha uma certa razão: de facto, com uma carreira política que, na altura, já levava 20 anos, Richard Nixon parecia incapaz de se abster de uma campanha, mesmo que lhe não dissesse directamente respeito.

 

Que dizer então de Bill Clinton, um homem que parece incapaz de parar e realizar que o seu tempo de "político de campanha" já deveria ter terminado? Em 1966, Richard Nixon ainda tinha uma carreira política pela frente, mas, em 2012, Bill Clinton já teria normalmente assumido o papel de "elder satesman" que os antigos presidentes normalmente assumem (ver o contraste com os seus "colegas" ainda vivos, os dois Bush e Jimmy Carter). E, de facto, ainda há poucos dias se viu este ex-presidente a fazer campanha no Wisconsin pelo candidato democrático a Governador daquele estado Tom Barrett. Esta postura de Clinton pode granjear-lhe grandes simpatias nos meios democráticos, coisa de que, de facto, já não precisa, mas retira-lhe a tal aura de "elder statesman".  

 

 

 

Admito que o outro "chronic campaigner", Richard Nixon, se não tivesse tido de enfrentar a  travessia do deserto pós-Watergate, também se teria dedicado a mais umas campanhas após sair da Casa Branca. Mas, em vez disso, dedicou-se à escrita e ao cultivo da sua imagem de especialista em relações externas (ao todo, escreveu 11 livros, contando com "Six Crises", escrito ainda antes de ser presidente).

 

Penso que Bill Clinton teria um muito maior contributo a dar à politica americana se se decidisse a assumir o papel de "elder statesman", em vez de continuar a aparecer aos olhos do público essencialmente como uma figura partidária.

 

 

 

Fotos: Ao alto, retrato oficial do Presidente Clinton; a meio, Richard Nixon, "chronic campaigner"... em campanha. 


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