05
Nov 10
publicado por Nuno Gouveia, às 15:04link do post | comentar | ver comentários (1)

O Partido Democrata e Barack Obama emergem destas eleições como os principais derrotados. Não há spin que consiga dar a volta a esta realidade. A sua agenda foi fortemente rejeitada pelos eleitores nestas eleições, mas a partir de agora passarão a ter alguém para partilhar as responsabilidades pelo que correr mal. Isto ainda se pode transformar numa força para 2012.


Nancy Pelosi, que irá deixar a posição de Speaker, perdeu em toda a linha. Ao perder mais de 60 congressistas na Câmara dos Representantes, e com vários democratas a fazerem campanha contra ela, é a cara da derrota nestas intercalares. Tem havido rumores que pretende manter-se como líder da minoria democrata, mas não sei se terá os votos necessários para tal. As derrotas de Blanche Lincoln no Arkansas e Russ Feingold no Wisconsin simbolizam também a queda dos Blue Dogs, a facção centrista do partido no Congresso. Estes resultados significam também que o Partido Democrata ficou mais à esquerda, com muitos centristas a serem corridos de Washington. Ted Strickland no Ohio e Alex Sink na Florida representam o enfraquecimento dos democratas ao nível dos governadores estaduais. Importantes swing states caíram nas mãos dos republicanos, o que poderá ter importantes repercussões em futuras eleições, nomeadamente nas presidenciais de 2012 e nas eleições para a Câmara dos Representantes da próxima década. Por fim, um dos grandes derrotados deste ciclo eleitoral: Charlie Crist na Florida. Apontado como potencial VP de John McCain em 2008, surgiu no inicio desta campanha como o quase certo senador da Florida e possível candidato presidencial no futuro. Ao ser derrotado por Rubio nas primárias, rasgou as vestes e assumiu-se como independente, muito próximo dos democratas. Acabou por ser severamente derrotado e destroçado, politicamente falando. Não tem futuro.


No Partido Republicano também há derrotados. A começar pelas escolhas pouco convencionais feitas em algumas primárias, como no Delaware, Colorado, Nevada e Alaska. Podia escolher os próprios derrotados, mas prefiro apontar para quem criou estes candidatos: Sarah Palin e Jim DeMint. Eles quiseram purgar o partido, afastando todos aqueles que se desviam da pureza ideológica. Apesar de terem contribuído para importantes vitórias, são os principais responsáveis pelos resultados aquém das expectativas no Senado. Com estas derrotas, não vão ter vida fácil no Partido a partir de agora. Que se preparem para a guerra com o establishment republicano. Por fim, as duas candidatas na Califórnia, Carly Fiorina e Meg Withman. Esta última gastou 160 milhões de dólares da sua fortuna pessoal, mas ficou muito longe de Jerry Brown. Pensou-se que estas duas mulheres poderiam fazer renascer o GOP no estado, mas os eleitores recusaram liminarmente as suas ideias.


publicado por Nuno Gouveia, às 15:00link do post | comentar | ver comentários (2)

O Partido Republicano foi o grande vencedor destas intercalares. Ao conquistar uma maioria recorde na Câmara dos Representantes, e apesar de terem ficado abaixo das expectativas no Senado, os republicanos reconquistaram a influência perdida nos últimos dois ciclos eleitorais. Mas com a vitória vêm também as responsabilidades de governar e impor soluções legislativas aos Estados Unidos. A partir de agora não se podem limitar a apontar as falhas dos democratas.


Individualmente, destaco também alguns políticos e o que essas vitórias representam. Marco Rubio ganhou uma corrida a três na Florida, mostrando que é possível vencer com um discurso conservador num swing state, tornando-se numa das maiores estrelas do seu partido. O seu perfil politico coloca-o já num patamar bastante superior aos restantes eleitos para o Senado, vendo o seu nome assumir-se como potencial VP e até candidato presidencial no futuro. Rand Paul foi outro dos destaques, tendo sido um dos poucos candidatos mediáticos do tea party a vencer. A ala libertária do GOP conquista assim também influência em Washington. A vitória de Mark Kirk no Illinois assume também uma importância acrescida, em contraste com as derrotas de Angle, O´Donnell e Buck, candidatos do tea party. Para vencer em estados democratas, o GOP não pode apresentar candidatos demasiado conservadores. A vitória de Kirk, juntamente com Rob Portman no Ohio, Dan Coats no Indiana, John Boozman no Arkansas, Roy Blunt no Missouri, John Hoeven no Dakota do Norte e Kelly Ayote no New Hampshire, reforça o poder do establishment no Senado, ao contrário do que se chegou a prever quando se afirmava que seriam os candidatos insurgentes a constituir a maioria dos novos senadores. Os moderados não são uma espécie em extinção em Washington. John Boehner, Eric Cantor e Kevin Mcarthy, a nova liderança do GOP na Câmara dos Representantes, foram também os vencedores da noite, ao conquistarem a maior vitória desde 1938. Os olhares a partir de agora recairão muito sobre a acção destes três congressistas. Nas corridas dos governadores, destaque para a vitória de John Kasich no Ohio, talvez o mais importante swing state para 2012 e de Rick Scott na Florida, recuperando o estado para o GOP depois de Charlie Crist ter-se tornado independente. Nikki Haley, talvez a mais emblemática candidata do tea party nos governadores, tornou-se na primeira governadora da Carolina do Sul. Um nome a seguir nos próximos anos.


E como nem tudo foi mau para o Partido Democrata, também alguns surgem como vencedores. Harry Reid à cabeça, que foi dado como “morto” há muito tempo. Contra uma candidata fraca do tea party, Sharron Angle que ele ajudou a escolher durante o período das primárias republicanas quando atacou fortemente os outros candidatos, Reid venceu confortavelmente a reeleição e ainda viu o seu partido manter a maioria no Senado. Mérito para Reid e para a sua campanha. A eleição de Joe Manchin na West Virgínia dá também um importante sinal para eleições futuras: para ganhar em estados republicanos é preciso fazer uma campanha conservadora. Foi isso que Manchin fez e foi premiado pelos eleitores.


Da Califórnia vieram as melhores notícias para os democratas: Barbara Boxer mantêm-se como senadora e Jerry Brown foi eleito de novo governador, depois de ter ocupado o cargo na década de 70. Por fim destaque para Andrew Cuomo, novo governador de Nova Iorque. Está certo que a sua eleição ficou bastante facilitada por ter como opositor o “wacko” Carl Paladino. Mas esta vitória coloca-o como uma das figuras mais importantes do partido a nível nacional. Um possível candidato presidencial no futuro.



03
Nov 10
publicado por Nuno Gouveia, às 18:04link do post | comentar

O Partido Democrata manteve a maioria no Senado. Se confirmarem-se as vitórias de Pat Murray no estado de Washington e Michael Bennet no Colorado, os democratas ficam com 53 lugares, e não correm o risco de terem deserções para o GOP. Ben Nelson, do Nebraska e Joe Lieberman, do Connecticut, eram os nomes mais referidos. E ainda conseguiram aguentar Harry Reid, algo impensável há uns meses. Apesar do desastre na Câmara dos Representantes, esta perda de apenas seis lugares foi positiva para o Partido Democrata.

 

As notas mais negativas no Senado: o lugar que pertencia a Barack Obama foi conquistado por um republicano, Mark Kirk. No Wisconsin, Russ Feingold, um dos senadores mais respeitados das últimas décadas, caiu. Por fim, perderam em importantes swing states, como no Indiana, Pennsylvania, Ohio, New Hampshire, Florida, Wisconsin e Missouri. Destes, apenas o último votou em John Mccain nas últimas eleições presidenciais.


publicado por Nuno Gouveia, às 16:19link do post | comentar | ver comentários (4)

Muito se falou na influência do Tea Party nestas eleições intercalares. Não há dúvidas da energia, do entusiasmo e da motivação que este movimento introduziu nas campanhas republicanas. Da Costa Leste ao Pacífico, do Midwest aos estados do Sul, o tea party foi fundamental para esta vitória esmagadora conquistada pelo Partido Republicano. Mas a minha primeira nota vai para a sua influência negativa que se sentiu nas eleições para o Senado.

 

Parece agora ser claro que os democratas vão ficar com 53 lugares. E se isto sucedeu foi devido às escolhas duvidosas que o tea party, Sarah Palin e Jim DeMint fizeram durante o período das primárias. No Delaware, Mike Castle teria sido eleito. Jane Norton teria batido o senador Michael Bennet no Colorado. E por fim, Harry Reid teria sido reformado mais cedo com Danny Tarkanian como candidato republicano. E já nem falo do Alaska, onde o candidato oficial republicano, nomeado com o apoio de Palin e do tea party, terá sido derrotado pela senadora Lisa Murkoswki. Dos candidatos apoiados pelo tea party para o senado, apenas terão vencido Rand Paul e Mike Lee, em dois estados profundamenta republicanos (Kentucky e Utah) e Marco Rubio na Florida, este claramente de um campeonato superior aos restantes e com muitos apoios no establishment republicano (Karl Rove e Jeb Bush, por exemplo). Uma das questões que esses líderes republicanos terão de equacionar é se o purismo ideológico, a cegueira em relação às qualidades pessoias e políticas dos candidatos que apoiaram, valeu a pena. Uma lição para 2012.


publicado por José Gomes André, às 10:25link do post | comentar | ver comentários (2)

1. Os resultados ainda não são definitivos, mas é garantido que os Republicanos obtêm uma vitória estrondosa na Câmara dos Representantes, conquistando cerca de 65 lugares aos Democratas. A questão estrutural (os Republicanos partiam de um número anormalmente baixo de mandatos) não explica tudo: este foi manifestamente um voto maçico de protesto contra a agenda política Democrata e o Presidente Obama.

 

2. Os Democratas evitam um cenário eleitoral calamitoso devido a prestações razoáveis no Senado. Mantêm a maioria, o que bloqueará à partida qualquer tentativa dos Republicanos em operar uma revolução política a partir da Câmara dos Representantes.

 

3. Com maioria na câmara baixa e legitimidade política reforçada a partir do "voto popular", os Republicanos estão agora expostos à luz da ribalta. O povo americano puniu severamente os Democratas, mas não bastará aos Republicanos apregoar uma agenda meramente "oposicionista". Cabe-lhes apresentar medidas concretas para reduzir o défice federal, relançar a economia e combater o desemprego. Caso contrário, a fúria dos eleitores acabará por recair a médio-prazo no partido que ontem triunfou.

 

4. Obama tem agora a oportunidade - e o dever - de honrar uma das suas maiores promessas eleitorais: encetar lógicas de compromisso e de aproximação às forças Republicanas. O Presidente tem falhado rotundamente na sua missão de criar pontes de entendimento, mas será forçado a fazê-lo, pois a sua reeleição em 2012 dependerá em boa parte dessa sua capacidade conciliatória.

 

5. Em todo o caso - e por paradoxal que possa parecer - Obama não estará totalmente insatisfeito com os resultados. O cenário de divisão política gerado reforça o papel moderador do Presidente, entregando-lhe além disso de bandeja os temas de campanha para 2012: quando o processo legislativo avançar, sublinhará a sua capacidade de diálogo; se as políticas não resultarem, descreverá os Republicanos como "forças de bloqueio".

 

6. O Tea Party celebra, mas não efusivamente. Passa a ter representação específica no Congresso, mas não se consegue distanciar totalmente da imagem de algum radicalismo, o qual terá prejudicado as hipóteses Republicanas no Senado (vide o caso de Sharron Angle ou da famigerada Christine O'Donnell). As Primárias Republicanas de 2012 serão um teste decisivo à capacidade deste movimento, mas prevê-se a necessidade de controlar as franjas mais extremistas para que o mesmo venha de facto a marcar política e eleitoralmente os Estados Unidos.


02
Nov 10
publicado por Nuno Gouveia, às 18:52link do post | comentar

Isto se não houver surpresas...


publicado por Nuno Gouveia, às 16:42link do post | comentar

Nas últimas semanas foram publicadas centenas de sondagens sobre estas eleições intercalares. Nate Silver dizia que tem registado mais de 4 mil sondagens sobre este ciclo eleitoral, isto sem contar com as sondagens encomendadas por partidos ou candidatos. É uma grande indústria, que depende da credibilidade das suas previsões. Se hoje falharem haverá uma profunda revolução no mercado.

 

O resultado mais previsível: os republicanos conquistam mais de 55 lugares aos democratas na Câmara dos Representantes, irão vencer pelo menos 25 das 37 eleições para o Senado e “roubar” entre 8 e 10 lugares de governadores. Uma verdadeira hecatombe.

 

As sondagens atribuem grande favoritivismo aos republicanos, com uma maioria consistente de independentes a apoiar o partido. Mas há mais dados interessantes, que atestam a dificuldade de Barack Obama e do Partido Democrata: pela primeira vez desde os tempos de Reagan que as mulheres vão votar maioritariamente no GOP, bem como os católicos e pessoas com formação universitária, dois grupos que normalmente apoiam os Democratas. Estes apenas mantém fiéis nas suas colunas os afro-americanos e perderam alguma vantagem nos hispânicos, judeus e jovens. A coligação que elegeu Barack Obama em 2008 está a desfazer-se. Deverá ser aí que Obama e os líderes democratas se devem concentrar para vencer em 2012: recuperar estes eleitores desiludidos que vão votar em massa nos republicanos.

 

Mas nem tudo é mau para os democratas. Porque estas eleições não são uma vitória para o Partido Republicano, no sentido em que os americanos ficaram convencidos pela sua plataforma eleitoral. Nada disso. O que move estes americanos que estão a rebelar-se contra o Partido Democrata é precisamente a aversão à sua agenda. As sondagens mostram este paradoxo: apesar da maioria dos eleitores declarar votar nos candidatos do GOP, este é ainda mais impopular que o Partido Democrata. Num sistema bipartidário, quando as pessoas estão descontentes com quem está no poder votam na oposição. Mesmo que não gostem dela. É isso que está a acontecer hoje. Ambos os partidos são desconsiderados: mais de 50 por cento vê o Partido Democrata como o do “Big Government” e números idênticos vê o GOP como o partido do “Big Business”.

 


publicado por Nuno Gouveia, às 10:00link do post | comentar | ver comentários (4)

Em virtude da hora ainda não ter mudado nos Estados Unidos (a hora apenas muda no primeiro domingo de Novembro, enquanto na Europa muda no último de Outubro), hoje à noite haverá apenas quatro horas de diferença entre Lisboa e os estados da Costa Leste. Aqui está a lista das horas do fecho das urnas nos diferentes estados. O mais provável é que a contagem de várias eleições se alongue por longos dias e semanas, mas logo ao inicio da noite eleitoral poderemos ter uma ideia do que vai suceder.

 

Nancy Benac, da AP, aconselha aqui algumas das eleições a que devemos estar atentos ao inicio da noite. Aconselho também a leitura deste "guia para a noite eleitoral" de Ed Kilgore da The New Republic. Muito provavelmente logo nas primeiras horas saberemos se as sondagens estavam certas, e o Partido Republicano vai mesmo obter a maior vitória dos últimos 70 anos.


01
Nov 10
publicado por Nuno Gouveia, às 15:05link do post | comentar | ver comentários (3)

A minha previsão é que os republicanos vão ficar com 49 senadores após as eleições de amanhã. Mas as últimas sondagens do estado de Washington indicam que Dino Rossi aproximou-se da senadora Pat Murray na última semana. Rossi é um veterano no estado, tendo já perdido por duas vezes o governo estadual por curta margem. E por isso ninguém ficará surpreendido se voltar a ser derrotado. Mas neste clima eleitoral tudo é possível. Se acontecer aqui um imprevisto, esta poderá ser a eleição que poderá empatar tudo, deixando a decisão da maioria para a Califórnia, onde Barbara Boxer mantém-se como favorita.


publicado por Nuno Gouveia, às 10:29link do post | comentar

O José Gomes André alertou, e bem, para o que pode destruir a noite eleitoral do Partido Republicano. As expectativas estão tão elevadas, que um bom resultado pode não chegar para clamarem por vitória. Mas são as empresas de sondagens, até mais do que os republicanos, os responsáveis por esta situação. Os políticos, analistas e consultores republicanos apenas têm acompanhado a onda que vem das sondagens. Provavelmente não será o mais acertado, mas percebe-se bem o seu entusiasmo. Veremos se não foi contraproducente.


Atentemos apenas na Gallup, uma das empresas mais credíveis dos Estados Unidos, que estuda o sentimento geral da opinião pública desde o final da década de 1940. Ontem à noite foi publicada a última sondagem antes da eleições, dando uma vantagem de 55-40 aos republicanos. Para termos uma ideia da importância deste número, em 1994, quando os republicanos conquistaram 54 lugares na Câmara dos Representantes, na última sondagem da Gallup os partidos estavam praticamente empatados.

 

Na terça-feira, se o Partido Republicano não alcançar uma vitória esmagadora, eles não serão os únicos a falhar. As empresas de sondagens, como se pode observar pela média do Real Clear Politics, também terão falhado escandalosamente.



31
Out 10
publicado por Nuno Gouveia, às 23:11link do post | comentar | ver comentários (2)

Barack Obama disse hoje que ainda acredita que é possível uma vitória do seu partido nas intercalares da próxima terça-feira. É óbvio que nem Obama deve acreditar  muito nisso, mas ninguém poderá acusar o Presidente de não ter estado na estrada ao lado dos candidatos democratas. Barack Obama percorreu o país nestas últimas duas semanas, indo a estados democratas, swing states e até a republicanos. Apesar de considerar que Obama por vezes exagerou na retórica partidária, fez o que lhe competia nestas eleições. Agora é esperar pelo resultado das eleições.

 

Estas são algumas das previsões feitas pelos especialistas, que não deixam margem para dúvidas sobre o que poderá acontecer: um verdadeiro tsunami republicano (links roubados ao The Page, de Mark Halperin)

 

Cook Political Report: House (R+ 48-60), Senate (R+ 6-8), Governor (R+ 6-8)

 

Rothenberg: House, Senate, Governor

Sabato's Crystal Ball: House (R+ 55), Senate (R+ 8 ), Governor (R+ 8-9)

 

NBC News: House, Senate, Governor

 

ABC News: House, Senate, Governor


publicado por José Gomes André, às 01:42link do post | comentar | ver comentários (2)

Todos os indicadores recentes vêm apontando para uma vitória clara do Partido Republicano nas eleições de dia 2. Depois de derrotados no Congresso em 2006 e 2008 e nas Presidenciais de 2008, é natural que os Republicanos encarem esta ocorrência com especial fervor. Porém, sendo a gestão de expectativas essencial na política e na análise dos fenómenos eleitorais, creio que a entourage Republicana poderá ter cometido um erro grave nas últimas semanas, ao sugerir como provável um "vendaval Republicano" na próxima terça-feira.

 

Não que tal "vendaval" não possa suceder, mas porque essa previsão - que engloba referências ao controlo da Câmara dos Representantes do Senado, como também a ganhos de 60 ou 70 lugares na câmara baixa - assenta no melhor cenário possível. Ora, uma regra fundamental do marketing político estipula que se deve sempre prever publicamente cenários eleitorais intermédios, ou até mesmo com resultados inferiores ao realmente expectável, para posteriormente se retirar o máximo proveito de uma vitória expressiva, jogando com o factor "surpresa".

 

Os Republicanos têm feito exactamente o contrário, o que os pode prejudicar quando se traçar a "narrativa pós-eleitoral": se obtiverem uma vitória clara, mas não colossal, os resultados serão tendencialmente vistos como apenas "razoáveis"; se obtiverem uma vitória marginal (ficando sem o controlo do Senado e a Câmara dos Representantes), poderão até mesmo ser descritos pelos comentadores e olhados pelo eleitorado como "perdedores", apesar dos seus ganhos eleitorais consideráveis...


29
Out 10
publicado por Nuno Gouveia, às 15:45link do post | comentar

Provavelmente na próxima terça-feira à noite ficaremos sem saber o resultado final de muitas eleições. Recordo o que aconteceu em 2008 no Minnesota, que foi preciso esperar meses para saber que Al Franken derrotou o incumbente republicano Norm Coleman. Há várias eleições que podem ter o mesmo destino, dada a proximidade existente entre os candidatos. Estas deverão ser aquelas que vamos mesmo de ter de esperar pela contagem, e possivelmente, recontagem dos votos até ao fim.

Alaska – Joe Miller ou Lisa Murkowski? Um deles será o próximo senador do estado, mas com as sondagens a apontar para um empate entre eles, acredito que se irá repetir o que sucedeu nas primárias republicanas deste ano: esperar uns dias para saber quem ganhou. Se fossem eleições normais, apostaria em Murkowski, mas como os eleitores terão que escrever o nome dela no boletim, tudo pode acontecer.

 

Washington – A senadora Pat Murray (D) liderou durante muito tempo as sondagens, mas nas últimas semanas Dino Rossi (R) recuperou terreno e empatou a corrida. Todos os votos vão contar neste estado, mas a minha previsão vai para uma vitória da democrata.

 

Nevada – Aqui a minha aposta vai para a republicana. Sharron Angle tem liderado nas últimas sondagens, embora por curta margem, mas acredito que ambos os candidatos ficarão muito próximos.

 

Illinois – Mark Kirk (R) e Alexis Giannoulias (D) não são candidatos que entusiasmaram o eleitorado. Com um candidato dos Verdes na corrida a poder chegar aos 5 por cento, aposto numa vitória do republicano. Mas a vitória será sempre por alguns milhares de votos.

 

Colorado – Ken Buck, candidato do tea party, chegou a ser o claro favorito. Apesar de continuar a ser essa a minha previsão, os números de ambos vão ser muito próximos. O senador Michael Bennet, muito impopular no estado, beneficiou das gaffes e declarações insólitas do republicano.

 

West Virgínia – Joe Machin (D) fez campanha como um republicano conservador contra o verdadeiro republicano, John Raese. Em condições normais, Manchin, governador do estado e com índices de aprovação superiores a 60 por cento, venceria esta eleição com facilidade, mas o sentimento anti-Obama no estado é muito elevado. Apesar de acreditar numa vitória democrata, esta será sempre muito renhida.



publicado por Nuno Gouveia, às 15:25link do post | comentar | ver comentários (2)

Esteve para acontecer um golpe de teatro nas eleições para o Senado na Florida. Os rumores já vinham de trás, mas o Politico ontem esclareceu tudo. Bill Clinton tentou que Kendrick Meek desistisse da sua candidatura em favor de Charlie Crist. Tendo o candidato democrata poucas ou nenhumas hipóteses de vitória, Bill Clinton, com o beneplácito da Casa Branca, quase convenceu Meek a desistir e apoiar Crist. Um comício conjunto esteve mesmo em cima da mesa, com o Democrata a desistir depois de ter acedido às iniciativas de Clinton. Charlie Crist, que seria o grande beneficiado, ontem desdobrou-se em contactos na imprensa para tentar capitalizar este “negócio” abortado em seu favor. Mas parece-me que foram cometidos vários erros neste processo.

 

Em primeiro lugar, a desistência seria anunciada apenas esta semana, numa altura em que mais de um milhão de cidadãos da Florida já votou. Seria considerado um esquema “sujo” apenas para derrotar Marco Rubio. Se tivesse acontecido em Setembro, por exemplo, acredito que teria havido tempo para juntar forças entre os democratas e Crist, podendo causar sérios problemas à eleição de Rubio. Agora seria demasiado tarde.

 

Depois há a sempre importante questão racial. Kendrick Meek é afro-americano, e a sua desistência seria encarada como extremamente negativa na comunidade negra da Florida, com a possível abstenção de grande maioria. Um negro desistir em favor de um branco para derrotar um “hispânico” seria considerado inaceitável pelas diversas minorias do estado.

 

Por fim, o carácter de Charlie Crist. Este foi republicano toda a sua vida, e apenas candidatou-se como independente porque não tinha hipóteses de vencer as primárias do seu partido. É alguém visto com desconfiança por muitos democratas da Florida, e com esta acção, perderia o apoio que ainda detém em muitos eleitores republicanos. E isso não garantiria que todos os democratas votassem em seu favor. Muitos acabariam por ficar em casa.


E uma questão extra: as eleições para o governo da Florida estão ao rubro, com o republicano praticamente empatado com a candidata democrata. A ter sucesso, esta manobra poderia empurrar definitivamente a eleição para o campo republicano.

 

Depois destas notícias, a vitória de Marco Rubio está praticamente assegurada, e não ficarei surpreendido se vencer acima dos 50 por cento, algo que até ao momento não parecia possível.


28
Out 10
publicado por Nuno Gouveia, às 22:03link do post | comentar | ver comentários (6)

O evento promovido pelas estrelas do canal Comedy Central, Jon Stewart e Stephen Colbert, é o evento (a)político mais mediático do último fim de semana antes das eleições. Colbert e Stewart são personalidades incontornáveis no panorama televisivo americano, e o seu público-alvo, os jovens, têm duas características fundamentais: são os mais afastados do processo político e também aqueles que mais apoiam Barack Obama. Daí que exista alguma expectativa para saber se poderá ser um factor extra para as eleições. Não por acaso, Ariana Huffington, investiu 250 mil dólares para transportar jovens para Washington. Mas será que Stewart e Colbert vão ajudar o Partido Democrata? Stewart é mais político e consegue passar mensagens relevantes no seu programa. Mas se alguém pensava que ele seria uma cheerleader de Barack Obama, ontem teve as suas dúvidas desfeitas, com uma entrevista 'dura" ao Presidente. Apesar disso, não duvido que no Sábado terá um forte discurso, com um pé na comédia e outro na política. Não muito diferente do que faz no Daily Show. Sobre Colbert, aí não tenho dúvidas: será o mesmo Colbert que foi ao Congresso gozar com o sistema politico americano.

 

Mark Halperin hoje deu a sua opinião sobre o que será este evento. E ele não tem dúvidas: não significará nada para as eleições:


publicado por Nuno Gouveia, às 16:30link do post | comentar

Professor da Universidade da Virgínia, Larry Sabato é considerado o mais certeiro dos analistas políticos americanos. Para termos uma ideia da qualidade das suas previsões:

 

Em 2002 acertou em 433 dos 435 lugares na Câmara dos Representantes e 32 em 34 eleições no Senado. Em 2004 Sabato apenas falhou cinco resultados dos 530 em disputa (um na CP, um no Senado, um nos governadores e em dois estados no colégio eleitoral presidencial). No ciclo eleitoral de 2006 Sabato acertou em todas as corridas eleitorais. Por fim, há dois anos previu, acertadamente, que Barack Obama seria eleito com 365 votos eleitorais contra 173 de Mccain. Apenas falhou por um voto eleitoral. No Senado acertou em todas. Acredito que o resultado final das eleições intercalares da próxima terça-feira não fiquem muito longe do que ele antevê.

 

Câmara dos Representantes: o Partido Republicano vai conquistar a maioria e John Boehner será o novo Speaker. Com um saldo favorável de 55 lugares, o GOP deverá “roubar” 58 lugares aos democratas, apenas perdendo três. Se Sabato acertar, esta será uma das maiores vitórias dos últimos 70 anos, ultrapassando o saldo positivo de 54 lugares em 1994 para o GOP e apenas igualado em 1946, quando os Democratas sob a liderança de Harry Truman perderam 55 lugares.

 

Senado: a boa notícia para os Democratas. Segundo Sabato, o GOP ficará a dois lugares da maioria, conquistando oito lugares aos democratas e mantendo todos os que são considerados em risco. As vitórias serão na Pennsylvania, Illinois, Colorado, Arkansas, Indiana, Nevada, Wisconsin e Dakota do Norte. As derrotas na Califórnia, Washington e West Virgínia impedem o GOP de chegar aos 51 senadores.

 

Governadores: também aqui Sabato prevê grandes ganhos para o Partido Republicano, com um saldo positivo de 8/9 governos estaduais. As vitórias republicanas: Florida, Illinois, Iowa, Kansas, Maine, New Mexico, Ohio, Oklahoma, Oregon, Pennsylvania, Tennessee, Wisconsin e Wyoming. Os democratas devem “roubar” a Califórnia, Connecticut, Hawaii, Minnesota e Vermont.

 

Depois de terça-feira cá estaremos para ver se Larry Sabato, mais uma vez, acertou em cheio.


publicado por Nuno Gouveia, às 14:58link do post | comentar

Joe Miller, o candidato que Sarah Palin catapultou para a nomeação, está em grandes dificuldades para ser eleito. Segundo uma sondagem publicada hoje, está atrás do democrata Scott Adams e da senadora Lisa Murkowski, que derrotou nas primárias republicanas. Miller até começou bem a campanha, pensando-se na altura que dificilmente seria batido nestas eleições. Mas as gaffes e os problemas acumularam-se nas últimas semanas, com a prisão de um jornalista por parte de seguranças da sua campanha e a revelação que teria utilizado computadores do seu trabalho para questões políticas. Apesar desta sondagem suscitar grandes dúvidas relativamente à sua fiabilidade, como revela aqui Jim Geraghty, é um forte indicador que as coisas não estão a correr bem para Miller.

 

Miller é o mais recente candidato apoiado pelo Tea Party a sentir dificuldades nesta campanha. Depois do "crash" da campanha de Christine O´Donnell no Delaware, esta é mais uma eleição que pode fugir ao Partido Republicano. Infelizmente para o Partido Democrata, esta derrota não será em seu favor, pois a senadora Lisa Murkoswki, que se candidatou depois de perder as primárias, já assegurou que caso seja eleita se manterá fiel ao GOP no Senado.

 

Este é um dos problemas que muitos candidatos do tea party têm apresentado: candidatos sem experiência nem "background" suficientemente investigado para enfrentar uma dura campanha sob os holofotes da sempre vigilante imprensa. A derrota de vários destes candidatos até pode ser benéfica para o Partido Republicano, que pode enfrentar as primárias presidenciais de 2012 mais "livres" do espectro destes candidatos do Tea Party. Karl Rove já percebeu isso e ainda hoje é noticia novamente nos Estados Unidos por manifestar grandes dúvidas da elegibilidade de Sarah Palin para Presidente.



27
Out 10
publicado por Nuno Gouveia, às 18:21link do post | comentar

O Presidente continua confiante no resultado das eleições intercalares. Nesta entrevista hoje a um programa de rádio, Obama, garantiu que acredita que o seu Partido vai manter a maioria no Congresso.


publicado por Nuno Gouveia, às 15:32link do post | comentar

Os analistas políticos estão todos convencidos que o Partido Republicano vai conquistar a maioria na Câmara dos Representantes e ganhar muitos lugares no Senado (entre 7 e 9), havendo ainda a possibilidade de chegar ao número mágico de 51. Mas e se nada disto se concretizar? Chuck Todd, da NBC, dá aqui uma boa explicação se tal suceder:

 

And if Republicans are unable to win the House and rack up substantial Senate gains? Part of it would be the sheer number of seats they need to gain to win majorities (39 for the House and 10 for the Senate). Part of it would be the Tea Party pushing the GOP too far to the right, especially in non-GOP friendly states and districts. And much of it would be due to the Republican Party's inability to develop new ideas after its defeats in '06 and '08 (after all, our poll shows the GOP with a lower fav/unfav than the Dem Party).


26
Out 10
publicado por Nuno Gouveia, às 15:11link do post | comentar

Aqui no blogue temos escrito sobretudo sobre as eleições para o Senado e Câmara dos Representantes, mas os americanos vão eleger também representantes para os cargos estaduais e locais. Destes destacam-se, obviamente, as eleições para os governos estaduais.  E aqui, mais até do que no Congresso, está em jogo o que poderá acontecer nas presidenciais de 2012. Vários swing states vão a votos, e ter um membro do partido na liderança do estado pode ajudar o candidato presidencial. Além disso, no próximo ano haverá o realinhamento dos distritos de cada estado, e quem dominar a legislatura estadual, poderá favorecer as aspirações do partido para a próxima década.

 

Este ano vão a eleições 37 estados, sendo que 20 são ocupados por democratas e 19 por republicanos. Também aqui as perspectivas são boas para o GOP, que devem conquistar vários lugares.

 

Destaques para os grandes estados que vão a votos. Nova Iorque, Ohio, Pennsylvania, Wisconsin, Michigan, Illinois e Califórnia, Texas e Florida. Destes, apenas os três últimos são ocupados por republicanos. O Partido Democrata vai manter Nova Iorque e tem boas hipóteses de conquistar a Califórnia e Florida. O GOP irá vencer novamente no Texas, e tem grandes possibilidades de ganhar Michigan, Wisconsin, Illinois, Pennsylvania e Ohio.  Grandes mudanças em perspectiva nestes estados.

 

Das restantes eleições, prevê-se que o GOP irá conquistar os governos do Wyoming, Kansas, Tennessee, Oklahoma, New México, Maine e Iowa. Os Democratas estão bem lançados para vencer as eleições no Connecticut, Minnesota, Vermont, Hawaii e Rhode Island. Segundo a previsão actual do Real Clear Politics, o GOP deverá “roubar” seis lugares no total ao Partido Democrata, passando a ser a maior força nos governos estaduais. Destaque para uma alteração radical neste panorama, depois das conquistas no ano passado nos governos de New Jersey e Virgínia.


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