04
Mai 16
publicado por Alexandre Burmester, às 15:25link do post | comentar | ver comentários (3)

 

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E, finalmente, o adjectivo "inevitável" aplica-se sem discussão a Donald Trump. Ao vencer a primária do Indiana, um estado, do ponto de vista teórico,  geográfica e demograficamente adverso às suas pretensões, e por uma clara margem de 53%-37% sobre Ted Cruz, Trump terminou efectivamente com a discussão, e Cruz, inclusivamente, retirou-se da corrida.

 

No último mês, mas particularmente nas duas últimas semanas, houve uma clara deslocação de intenções de voto entre os republicanos para o magnata dos casinos. Até à primária de Nova Iorque, a 17 de Abril, Trump nunca conseguira atingir os 50% dos votos, pelo que se argumentava que ele tinha um limite entre os 35% e os 40%, e que era beneficiado pelo facto de não enfrentar uma oposição unida, o que era verdade e tinha especial incidência nos estados que atribuem a totalidade dos seus delegados ao vencedor da respectiva primária . Pode argumentar-se que Nova Iorque e os cinco estados que votaram na semana passada faziam parte do hinterland de Trump, em particular Nova Iorque, seu estado natal e de residência. Mas o Indiana é um caso completamente diferente.

 

A que ficou, então, a dever-se esta súbita mudança de uma parte substancial do eleitorado republicano? A primeira, e mais óbvia, explicação, é esse eleitorado ter-se finalmente rendido à mensagem e discurso de Trump. Será uma explicação óbvia, mas não me parece a mais provável ou a mais importante. É difícil tanta gente mudar de opinião em tal matéria em tão pouco tempo. Provavelmente, outros factores tiveram mais peso. Desde logo, a famosa dinâmica da campanha, o momentum. Não só Trump venceu os seis estados atrás referidos, como o seu principal opositor ficou em terceiro em cinco deles. Nesta fase das primárias, ficar em terceiro não é propriamente a maneira mais fácil de mobilizar o respectivo eleitorado. E a percepção da dinâmica de uma competição é muito importante. Ted Cruz terá errado ao empenhar-se pouco nas campanhas nesses estados, pensando que os eleitorados de primárias posteriores seriam imunes aos respectivos resultados. Porque não há muitas dúvidas de que, se a primária do Indiana tivesse tido lugar há três semanas, por exemplo, Trump dificilmente a teria ganho e, muito provavelmente, tê-la-ia perdido, tal como perdera, e com clareza,  no Wisconsin. A juntar a isto, temos o cansaço do eleitorado com o arrastar da decisão sobre quem seria o candidato republicano e, talvez mais importante, a aversão de muitos a uma convenção disputada, especialmente a uma na qual o candidato com mais votos e delegados poderia vir a ver-lhe negada a nomeação. E as notícias sobre a luta surda na angariação de delegados, na qual o campo de Ted Cruz estava a ser muito bem sucedido, podem ter criado no eleitorado a sensação de que a importância dos seus votos estava a ser secundarizada, em favor dos jogos de bastidores.

 

Seja como for, e embora Trump esteja ainda aquém da maioria dos delegados vinculados, isso trata-se agora de uma questão académica. John Kasich, curiosamente, ainda nada disse sobre o resultado de ontem, mas mesmo que se mantenha na corrida, não se afigura que consiga travar a marcha imparável de Trump para a nomeação automática.

 

A questão agora será essencialmente até que ponto os republicanos, muitos dos quais detestam Trump visceralmente, serão capazes de se unirem em torno da sua candidatura. O único factor capaz de conseguir tal feito será o nome da candidata democrática, a qual atinge níveis de repulsa entre o eleitorado republicano que, em comparação, fazem de Trump popularíssimo. Diga-se que não há memória de dois candidatos com índices negativos tão grandes entre o eleitorado geral.

 

Finalmente, a habitual palavra para Bernie Sanders, cuja campanha insurreccional não tem tido o devido destaque, principalmente por causa do inusitado fenómeno-Trump. Mais uma vez desafiando as sondagens, Sanders venceu o Indiana (53%-47%). E há dias garantiu que a convenção democrática será uma convenção contestada, pois não está disposto a abandonar a corrida, e o grande número de super-delegados na convenção democrática está a impedir a antiga Secretária de Estado de garantir a maioria antes da convenção, devido também, claro, ao forte desempenho de Sanders.


27
Mar 16
publicado por Alexandre Burmester, às 14:46link do post | comentar | ver comentários (7)

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Na semana passada Bernie Sanders venceu os estados de Idaho e Utah com votações que andaram perto dos 80% (e perdeu o Arizona com 40%); ontem, o senador pelo Vermont conseguiu este impressionante desempenho: Alasca 82%, Havai 70% e Washington (estado) 73%. 

 

No cômputo destas seis eleições, Sanders angariou mais delegados vinculados que a sua adversária Hillary Clinton, mas sem fazer grande mossa na vantagem da antiga Secretária de Estado (a atribuição de delegados pelo estado de Washington não está ainda concluída, contudo, e era aí que ontem se atribuía a esmagadora maioria de delegados). Há também um importante busílis para Sanders: é que, além dos delegados vinculados, o sistema das primárias democráticas nomeia um número não desprezável dos chamados super-delegados, delegados não vinculados, independentemente dos resultados eleitorais, num total que ronda os 700, ou seja, cerca de um terço do total de delegados necessários a uma maioria na convenção do partido. Estes super-delegados representam basicamente a máquina do partido e têm alinhado esmagadoramente com Clinton: até agora, 469 para ela e apenas 29 para Sanders.

 

É certo que, super-delegados à parte, Clinton conseguiu até agora mais votos que Sanders - ela própria recentemente realçou isso, ao dizer, inclusivamente, que, entre os candidatos de ambos os partidos, é ela quem mais votos até agora angariou. Isso é um facto, mas também em 2008 ela conseguiu mais votos que o então Senador Barack Obama, mas este, ao concentrar os seus esforços nos "caucuses" (onde a participação é menor que nas primárias propriamente ditas), ganhou a maioria dos delegados. Sanders tem tido um especialmente bom desempenho precisamente nos "caucuses", e Clinton ganhou a vantagem que tem essencialmente devido ao seu robusto desempenho nos estados do Sul. Quanto ao facto de a antiga Primeira Dama ter até agora mais votos que qualquer republicano, isso é um argumento especioso, dado que, durante bastante tempo, as primárias republicanas foram disputadas por um elevado número de concorrentes, que entre si foram dividindo os votos. E, já agora, números contra números, as primárias republicanas têm tido uma substancialmente maior participação.

 

Ao contrário do que sucede no campo republicano, no qual, a partir de 15 de Março, a maioria das primárias atribui os delegados ao vencedor na sua totalidade (embora com algumas nuances), entre os democratas essa atribuição é sempre proporcional. Isso se, por um lado, permitiu a Sanders não ficar irremediavelmente derrotado com as primárias do Sul, torna também agora uma sua eventual recuperação mais difícil, pese embora o terreno a ele essencialmente favorável daqui até ao final.

 

Uma coisa é certa: uma vez que continua a vencer primárias e a angariar fundos, e dado a característica essencialmente ideológica e militante da sua campanha, Bernie Sanders dificilmente deixará de ir até ao fim, na primária do Distrito de Columbia a 14 de Junho. Um esforço meritório, galhardo, mas basicamente pírrico.

 

 

 

Foto: "caucus" democrático em Seattle, Washington

Elaine Thompson/Associated Press

 


06
Fev 16
publicado por Nuno Gouveia, às 22:22link do post | comentar | ver comentários (1)

Estamos a três dias das primárias do New Hampshire e já se podem retirar ilações dos resultados do Iowa. Esta noite ainda teremos, a partir das 01h00 (de Lisboa), um debate republicano transmitido pela ABC, mas mesmo acreditando que poderá haver alterações nos próximos três dias, será difícil que Bernie Sanders e Donald Trump não saiam vencedores na terça-feira. 

Bernie Sanders continua a surpreender, e depois do empate técnico que alcançou no Iowa, a sua situação melhorou. No New Hampshire, e apesar de uma ligeira recuperação de Hillary Clinton, deverá alcançar uma vitória confortável, que o poderá catapultar para outros voos. A sua vitória não parece estar  em causa, mas a diferença vai ser relevante para o seu futuro. Fala-se muito na firewall de Hillary Clinton na Carolina do Sul, mas há três semanas que não se fazem lá sondagens e em 2008 também havia esta segurança e depois foi o que se viu. Clinton continua a enfrentar muitos problemas devido ao caso dos emails e esta semana voltaram a ser referidos os chorudos pagamentos que recebeu de discursos que efectuou depois de sair do Departamento de Estado. Num estudo da Quinnipiac, foi colocada atrás sete pontos de Marco Rubio e a desconfiança dos americanos tem crescido. O entusiasmo neste momento está do lado de Sanders e Clinton precisa urgentemente de "perder por poucos" no New Hampshire e vencer na Carolina do Sul, para repor alguma normalidade nestas primárias. Caso contrário, deve mesmo preparar-se para uma longa campanha. 

No Partido Republicano, Marco Rubio cresceu, quer no New Hampshire quer a nível nacional, mas será muito difícil que possa vencer já na terça-feira. Donald Trump permanece como o grande favorito para vencer no New Hampshire, e outro resultado será um desastre para ele. Ted Cruz joga "fora de casa" e tentará obter um bom resultado para a seguir tentar vencer na Carolina do Sul, onde a demografia lhe é mais favorável. Mas as primárias republicanas, que chegaram a ter 15 candidatos, dificilmente não serão uma longa caminhada que se pode arrastar até Junho. Numas primárias republicanas existem sempre dois lados: os conservadores contra o establishment. Este ano surgiu uma linha diferente, com o populismo de Donald Trump. Do lado conservador, Ted Cruz já emergiu como vencedor (eliminando Huckabee, Santorum, Perry, Jindal, Paul e está prestes a acabar com Ben Carson). Marco Rubio precisa agora de fazer o mesmo com John Kasich, Chris Christie e Jeb Bush, e será esse o grande ponto de interesse destas primárias. Se, como esperado, Marco Rubio conseguir um bom segundo lugar, a corrida irá continuar a três: Donald Trump, Ted Cruz e Marco Rubio. E é aí que Rubio poderá emergir como potencial vencedor, apesar de previsivelmente não vencer nenhuma das duas primeiras eleições. Esta semana já recebeu o apoio de dois antigos concorrentes, Bobby Jindal e Rick Santorum, que por pertencerem à ala mais conservadora, poderão ajudá-lo na união das várias facções do partido. Isto, claro, se não houver surpresas na terça-feira

 


02
Fev 16
publicado por Nuno Gouveia, às 10:18link do post | comentar | ver comentários (8)

1 - O Partido Republicano suspirou de alívio ontem depois da derrota de Donald Trump. Apesar do vencedor, Ted Cruz, ser também um político odiado, a derrota de Trump e o forte terceiro lugar de Marco Rubio alivou muita gente. A votação recorde no Iowa demonstrou também que houve uma grande mobilização para derrotar Trump, o que pode ser replicado noutros estados. Essa foi a grande notícia para a máquina republicana. 

 

2- Ted Cruz e Marco Rubio emergiram como grandes vencedores nos caucuses do Iowa. Este estado, que nos dois anteriores ciclos eleitorais deu vitórias a evangélicos, manteve a recente tradição e deu uma vitória inesperada a Cruz. Rubio ao conseguir um terceiro lugar, muito perto de Trump, solidifica a sua posição como candidato do establishment e pode, já na próxima semana, “arrumar” com Jeb Bush, Chris Christie e John Kasich, os adversários neste campo. Se é verdade que desde 1964 os republicanos optam sempre pelo candidato melhor posicionado para as eleições gerais, este ano poderá não ser diferente.

 

3 - Donald Trump afinal é um "perdedor", palavra que ele detesta. Se até há uns meses atrás, a esmagadora maioria dos analistas (e eu também) não acreditava nas suas hipóteses de obter a nomeação, nos últimos tempos essa percepção foi alterada. A sua derrota no Iowa coloca novamente em causa essa possibilidade, e atira uma enorme pressão para cima dele no New Hampshire. À entrada para esta semana, ele liderava confortavelmente as sondagens aí, mas até como vimos no Iowa, elas podem falhar e os movimentos de última hora, podem-lhe retirar a vitória. Se não vencer no New Hampshire, a sua candidatura estará praticamente terminada. 

 

4 - Marco Rubio irá agora competir no New Hampshire, não propriamente para ganhar, mas para eliminar a concorrência próxima. Ficaria surpreendido se a vitória no New Hampshire não fosse discutida entre Rubio e Trump. Ontem foi anunciado que o popular senador negro da Carolina do Sul, Tim Scott, irá declarar-lhe o seu apoio e nos próximos dias devemos ver um movimento de figuras do Partido Republicano a colocarem-se ao seu lado. Depois desta vitória, e acreditando que alguém tão conservador como Ted Cruz dificilmente terá uma hipótese no moderado New Hampshire, este irá deslocar-se rapidamente para a Carolina do Sul. Aí, podemos ter uma luta a três (se Trump vencer no New Hampshire) ou a dois, caso Rubio consiga ganhar. Tudo em aberto, mas para o resultado final, apostava em Marco Rubio para nomeado republicano. 

 

5 - No lado democrata, a confusão está instalada. Hillary Clinton já se declarou vencedora com 49,9% contra os 49,5% de Bernie Sanders, mas este ainda não aceitou a derrota. Uma vitória é uma vitória e Hillary Clinton ter-se-á salvado de nova derrota no Iowa, depois de há quatro anos ter sido esmagada por Barack Obama e John Edwards. Um resultado que não pode deixar descansado o campo de Hillary, pois há um ano tinha uma vantagem de mais de 50% sobre Sanders neste estado.

 

6 - Para a próxima semana, Bernie Sanders poderá obter uma vitória confortável no New Hampshire. Os resultados do Iowa não darão "momentum" a Hillary Clinton. Mas parece-me que Bernie precisava de vencer aqui para transformar-se num candidato nacional, o que não sucedeu. Muita gente a comparar com o que aconteceu com Obama, que quando chegou ao Iowa também estava atrás de Hillary em quase todos os estados e nas sondagens nacionais. Mas foi essa vitória que o fez crescer. Parece-me muito complicado para Sanders replicar. A seguir ao New Hampshire, segue-se a Carolina do Sul, onde Hillary Clinton é super favorita. 

 

7 - Caso não exista nenhum movimento extraordinário pró-Sanders nas sondagens nacionais e noutros estados, Hillary Clinton poderá fechar a nomeação na super terça-feira em Março. Mas entrará relativamente frágil nas eleições gerais. Ontem os jovens votaram de uma forma avassaladora em Sanders, e com os problemas todos que Hillary tem tido, não terá vida fácil em Novembro. A sua campanha tem dado sinais que o candidato que mais a preocupa é Marco Rubio. Precisamente aquele que parece emergir do outro lado. 


27
Jan 16
publicado por Alexandre Burmester, às 15:48link do post | comentar | ver comentários (1)

 

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A campanha republicana tem, por motivos óbvios, quase monopolizado as atenções, pelo menos até há pouco, já que, do lado democrático, até à subida do auto-proclamado socialista Bernie Sanders nas sondagens de Iowa e New Hampshire (poderá até vencer os dois estados, especialmente o segundo), a corrida parecia ir ser bastante monótona.

 

Mas Hillary Clinton tem um problema mais sério que Sanders nesta campanha, embora muita gente pareça não lhe dar o devido relevo. Trata-se da investigação de larga escala (cerca de 100 agentes estão nela envolvidos) que o FBI está a fazer ao caso da conta de email e servidor privados usados pela candidata enquanto Secretária de Estado. Recentemente, fugas de informação revelaram que o inspector-geral dos serviços de informações terá dito que há vários emails com a classificação mais secreta no alfobre das comunicações da candidata. Clinton tem vindo de explicação em explicação, alterando a sua versão à medida que novas revelações têm surgido. E há dias, perante a informação constante das referidas fugas, carregou claramente no botão de "pânico": culpou os republicanos. Esta é uma velha táctica "clintonesca", que remonta ao famoso caso-Monica Lewinsky, que ela inicialmente atribuíu a uma "vasta conspiração de Direita", expressão que entrou no léxico político.

 

Sucede, contudo, que o inspector-geral dos serviços de informações é um democrata nomeado pelo Presidente Obama e aprovado por um Congresso na altura dominado pelos democratas, e que James Comey, sendo embora republicano, foi nomeado por Obama para Director do FBI, e tem uma sólida reputação de integridade. Sucede, igualmente, que a investigação parece ter passado também a incluir as relações entre donativos feitos à Fundação Chelsea, Bill e Hillary Clinton e determinadas decisões do Departamento de Estado, quando Hillary era a Secretária. Claramente, a defesa da candidata cheira a desespero.

 

A investigação poderá perfeitamente terminar com uma recomendação do FBI no sentido de ser formulada uma acusação contra Hillary Clinton (há antecedentes nesse campo). Nesse caso, será o Departamento de Justiça (equivalente, grosso modo, à portuguesa Procuradoria-Geral da República) a decidir se avança ou não com uma acusação. Em última análise, seria uma decisão que caberia a Obama, pois ninguém está a ver a Secretária da Justiça Loretta Lynch a assumi-la sozinha. Isso seria, obviamente, um enorme dilema para o Presidente, que caso pressionasse, ou simplesmente aconselhasse, a sua Secretária da Justiça a não proferir uma acusação formal contra Clinton, seria decerto alvo de acusações de obstrução de justiça e favorecimento político. A defesa do Departamento de Justiça - Obama manter-se-ia decerto na sombra - seria, provavelmente, a de que não quereria interferir no processo político, neste caso, nada mais, nada menos, que uma eleição presidencial.

 

Seja como for, se o FBI recomendar que Clinton seja processada, independentemente da posterior decisão do Departamento de Justiça, isso será provavelmente um golpe fatal na candidatura. E mesmo que o FBI não faça tal recomendação, haverá sempre no ar a suspeita de pressões políticas, embora o perfil do Director-Geral seja uma boa garantia contra isso.

 

A tudo isto não serão estranhos os rumores de uma possível entrada na campanha do antigo Mayor de Nova Iorque Michael Bloomberg, antigo democrata, antigo republicano e actualmente independente. Esse assunto abordarei num futuro artigo.

 

 

Foto: James Comey, Director do FBI

21
Jan 16
publicado por Nuno Gouveia, às 21:34link do post | comentar | ver comentários (1)

 

Estamos a dez dias das primeiras eleições destas primárias, os caucuses do Iowa, onde no próximo dia 1 de Fevereiro os eleitores de ambos os partidos vão a votos. E as coisas não estão fáceis para os líderes partidários, com candidaturas insurgentes a terem fortes intenções de voto. Se o vencedor no Iowa nem sempre tem sido o nomeado, o resultado destes caucuses têm sido quase sempre fundamentais para o rumo das primárias. Se é verdade que há eleições iguais, é sempre útil conhecer a história. 

No Partido Democrata, a última vez que o vencedor do Iowa não foi o nomeado foi em 1988, quando Dick Gephardt ganhou, mas foi Michael Dukakis o eleito das primárias. Em 1992, o vencedor foi Tom Harkin, mas dado que era nativo do Iowa, Bill Clinton  e os restantes candidatos abdicaram de competir lá. Desde então, Al Gore em 2000 derrotou Bill Bradley e desfrutou um verdadeiro passeio nas primárias; em 2004, John Kerry derrotou o então favorito Howard Dean e acabou nomeado. Em 2008, a histórica vitória de Barack Obama catapultou-o para a nomeação, apesar de vir a perder na semana seguinte no New Hampshire para Hillary Clinton. 

No Partido Republicano, as coisas nem sempre têm sido tão simples. A última vez que o vencedor do Iowa foi o nomeado foi em 2000, quando George W. Bush derrotou John McCain. Na verdade, desde 1976, o ano em que o Iowa tornou-se competitivo, apenas mais duas vezes o nomeado ganhou no Iowa: Gerald Ford em 1976 e Bob Dole em 1996. Nas duas últimas eleições: em 2008 Mike Huckabee venceu no Iowa, com o nomeado John McCain a ficar apenas em quarto, e em 2012, o vencedor foi Rick Santorum, com o Mitt Romney a ficar ligeiramente atrás. 

 

Olhando para as sondagens no Hawkeye State, ambos os partidos devem estar à beira de um ataque de nervos, especialmente no Partido Republicano.

Bernie Sanders, que tem poucas semelhanças com Barack Obama, está a "imitar" a campanha insurgente de 2008 e colou-se a Hillary Clinton nas intenções de voto. Hoje mesmo saiu uma sondagem que dá oito pontos de vantagem a Sanders no Iowa. Disse anteriormente que a única hipótese do senador do Vermont seria vencer nos dois primeiros estados e acabar com a inevitabilidade de Hillary. Se no New Hampshire é claramente o favorito, esta aproximação no Iowa está a colocar em estado de nervos a campanha Clinton e nos próximos dias podemos esperar num ataque fortíssimo contra Sanders. A dinâmica das primárias muitas vezes altera-se radicalmente depois destes primeiros dois estados a votar, e será mais complicado para Clinton derrotar Sanders se não vencer nenhum destes dois estados. Os líderes democratas não podem estar satisfeitos, pois estas primárias foram preparadas para ser um processo de coroação a Hillary Clinton, mas Sanders arrisca-se mesmo a estragar a festa. E se é verdade que neste momento Sanders apresenta excelentes números contra todos os candidatos republicanos, caso fosse o nomeado as suas posições mais esquerdistas, ainda desconhecidas do grande público, seriam facilmente exploradas pelos republicanos.

Em muito pior estado está o Partido Republicano no Iowa, “entalado” entre o populista e radical Donald Trump e Ted Cruz, um político brilhante mas detestado nas elites do partido pelas suas posições demasiado à direita e intolerantes. Nas sondagens no Iowa, o magnata nova iorquino recuperou a liderança nas últimas semanas, depois de Ted Cruz ter estado na frente nas últimas semanas. Quer um quer outro representam um perigo para as aspirações republicanas em recuperar a Casa Branca e nenhum candidato do pack "center-right" se tem destacado, de onde têm saído todos os nomeados nas últimas décadas. Donald Trump permanece também como favorito nas sondagens do New Hampshire, o que complica imenso as contas que a maioria dos analistas fazia até semanas atrás. Se as sondagens estiverem certas (e elas nas primárias em edições passadas têm falhado imenso), um dos dois vai ganhar no Iowa, e as elites republicanas podem mesmo confrontar-se com estes dois candidatos como os "finalistas" das primárias. Se o mainstream Partido Republicano quer derrotar o populismo e o extremismo, precisará de fazer muito mais. A primeira é unir-se em redor de um candidato logo após o New Hampshire. Que poderá ser Marco Rubio - que tem perdido algum elã nas últimas semanas; Chris Christie -que apenas tem feito campanha no New Hampshire; John Kasich - que está a crescer no New Hampshire; ou até Jeb Bush - que pode renascer, caso existam milagres na política (e às veze existem mesmo). O que não podem é ficar a assistir ao partido de Reagan ser entregue a um destes dois candidatos. Note-se que nem Cruz nem Trump tem nenhum senador ou governador a apoiá-los. O nova iorquino não tem mesmo nenhum político eleito a nível estadual o federal a seu lado.

 

PS: Nada mais elucidativo do que o endorsement de Sarah Palin esta semana a Donald Trump, mostrando, de facto, que a lunatic wing do partido está unida em redor de Trump. 


09
Jan 16
publicado por Nuno Gouveia, às 23:30link do post | comentar

Devido ao espectáculo (ou tragédia) proporcionado pelas primárias do Partido Republicano e a campanha de Donald Trump, pouco ou nada se tem dito ou escrito sobre as primárias democratas. Nos Estados Unidos, mas também em Portugal, pouco se tem falado desta contenda.

 

Hillary Clinton permanece como a grande favorita para vencer a nomeação democrata (e se os republicanos não escolherem alguém credível, diria que, apesar de tudo, também para vencer as eleições gerais). Apesar de haver uma pequena margem de esperança para Bernie Sanders, as suas hipóteses são muito curtas. Mas vamos por partes.

 

Longe vão os tempos dos índices de popularidade elevados quando foi Secretária de Estado. Entretanto foi afectada por diversos escândalos e eles aparentam não querer ir embora. Quase todas as semanas têm sido divulgados novos pormenores que a colocam em grandes dificuldades e recordam os eleitores que Hillary é sinónimo de escândalos. Tivesse ela uma outra oposição, dentro e fora do partido, e provavelmente já não existia politicamente. Esta semana foram divulgados novos emails classificados que mais uma vez não a favorecem. Nas sondagens para as eleições gerais, Hillary está mesmo atrás de Ted Cruz e Marco Rubio e apenas ligeiramente à frente de Donald Trump (!). O senador da Flórida lidera mesmo sete das últimas oito sondagens. Apesar destas sondagens nacionais não serem muito relevantes nesta altura, indiciam nitidamente as enormes fragilidades de Hillary Clinton. Mas se enfrenta assim tantos obstáculos, porque é que quase ninguém considera credível o cenário dela perder as primárias?

 

A resposta estará mesmo na falta de competitividade na luta pela nomeação democrata. O antigo governador do Maryland, Martin O’Malley não conta e Bernie Sanders, que tem atraído milhares de pessoas aos seus comícios e já angariou mais de 73 milhões de dólares, terá muitas dificuldades em obter a nomeação. Além de ter já 74 anos, Sanders é considerado demasiado à esquerda para ser elegível em Novembro e tem quase todo o establishment do partido contra ele. Quais são as suas reais hipóteses? Bernie neste momento está bastante atrás no Iowa e lidera no New Hampshire. Para fazer frente a Hillary, o senador do Vermont precisaria de vencer logo nos caucuses do Iowa e derrubar Hillary nas primárias do New Hampshire, para se tornar como candidato credível e com capacidade de colocar em causa o super favoritismo de Hillary. Alguém acredita nisso? Neste momento muito poucos, mas milagres acontecem e com a descrença que existe também na base democrata em Clinton e os seus sucessivos escândalos, nunca se sabe. Além disso, a cólera neste ciclo eleitoral não é exclusiva da direita. Eu continuo a acreditar que, apesar de tudo, Hillary será entronizada a nomeada democrata rapidamente (talvez na super terça-feira), mesmo que perca no New Hampshire, como é bastante previsível. Depois nas eleições gerais, o seu futuro político dependerá muito de quem os republicanos designarem.


05
Dez 15
publicado por Nuno Gouveia, às 16:06link do post | comentar

Esta semana foram publicadas duas sondagens nacionais entre Hillary Clinton e os seus potenciais opositores republicanos. Se é verdade que neste momento não devemos ligar muito a estas sondagens, principalmente porque do lado republicano a indefinição ainda é grande, estes números não são muito animadores para a antiga Secretária de Estado. Por um lado, a animosidade do lado republicano faz com que os eleitores do seu partido ainda não se tenham colocado atrás de um só candidato. Por outro, Hillary já é a quase certa nomeada democrata (digo quase, porque Bernie ainda tem uma remota hipótese e escreverei em breve sobre isso), e o seu eleitorado já estará todo alinhado atrás dela. O que esta sondagem da CNN e a da Quinnipiac nos dizem é que, no momento, os dois republicanos com melhores hipóteses são Marco Rubio e, algo surpreendente, Ben Carson. Mas o mais interessante de ambas as sondagens são os indices de favorabilidade dos candidatos da Quinnipiac. Donald Trump é, de longe, o candidato mais impopular, com 35% de opiniões favoráveis contra 57% de desfavoráveis. Segue-se Clinton com 44-51, e já em terreno positivo, Carson com 40-33 e Rubio com 37-28. Ted Cruz fica-se pelos 33-33. Estes números dizem-nos que se a esmagadora maioria dos americanos já têm uma opinião sobre Clinton e Trump (e ela não é positiva, sobretudo em relação ao republicano), Rubio, Carson e Cruz precisam ainda de maior notoriedade, o que quer dizer que as opiniões sobre os três ainda não estão consolidadas. 

Estas sondagens corroboram a minha tese que Rubio é o melhor candidato republicano  e que Trump, apesar de liderar a corrida republicana, terá muitas dificuldades em ser eleito. É que os americanos conhecem-no bem, e a maioria não gosta dele. Os republicanos tradicioais até podem estar dispostos a votar nele nas eleições gerais, mas penso que Hillary Clinton, apesar de também estar em terreno negativo, facilmente exporia as óbvias fraquezas de Trump. E eles sabem disso


14
Out 15
publicado por Alexandre Burmester, às 15:30link do post | comentar

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A "narrativa" das "classes palradoras" (tradução livre de "chattering classes") diz-nos que Hillary Clinton venceu o debate. Por acaso, a única amostra de opinião pública que até agora vi, diz que quem ganhou foi Bernie Sanders. Realmente, os debates eleitorais, seja onde forem, passaram a ser mais importantes pelo que os media depois deles dizem, que pelo que de substantivo neles possa ter ocorrido. Mas adiante.

 

Clinton teve, de facto, um desempenho firme, seguro e competente, embora por vezes ambíguo e evasivo. Convém, contudo, lembrar que a sua posição nas sondagens do campo democrático é bastante boa e que, na realidade, ela não precisava de deslumbrar. Jogava em casa. Acresce que um dos seus principais problemas, o caso dos e-mails, até lhe correu bem, quando Sanders, admitindo tratar-se de política fraca de sua parte, resolveu declarar que "o povo americano está farto do assunto do raio dos seus e-mails". O mesmo, claramente, não pensa Lincoln Chafee, que se referiu indirectamente ao caso, declarando, logo a abrir, "Eu não tenho escândalos. Eu sou honesto... Tenho padrões éticos elevados."

 

E-mails à parte, Clinton defendeu-se razoavelmente bem quando o moderador lhe perguntou, numa alusão à sua mudança de posição, no caso, entre outros, do acordo comercial Trans-Pacific Partnership, se ela diria tudo o que fosse necessário para ser eleita. Mas, como já referi, estava em casa, perante uma audiência de democratas que acham que só com ela terão possibilidades de manter a Casa Branca.

 

O estilo composto e disciplinado de Clinton é muito melhor em debates que o género mais comicieiro de Sanders, e isso notou-se bem ontem. Em questões caras aos corações liberais (em sentido anglo-saxónico), Clinton teve algumas afirmações que terão defendido o seu flanco esquerdo face a Sanders, mas que, numa eleição geral, a forçarão a mudar de posição (não que isso pareça constituir um problema para ela).

 

Uma palavra final para o apagado (em termos de sondagens) trio Martin O'Malley, Jim Webb e Lincoln Chafee: se estavam a contar com o debate de ontem para inverter as suas fortunas eleitorais, devem estar bem desiludidos a esta hora.

 

 


11
Dez 12
publicado por Nuno Gouveia, às 14:35link do post | comentar | ver comentários (10)

Nas últimas semanas, após o anúncio que não iria cumprir o segundo mandato como Secretária de Estado, o nome de Hillary Clinton começou imediatamente a ser ventilado como possível sucessora de Barack Obama. Na verdade, poucos acreditam em Washington que Clinton não seja a nomeada, se ela for candidata. Mas recordo que quatro anos em política é uma eternidade, e o ambiente político será radicalmente diferente em 2016. Raramente um partido manteve a Casa Branca durante três ciclos eleitorais (o último foi o GOP após dois mandatos de grande sucesso de Ronald Reagan), e não se perspectiva que em 2016 os Estados Unidos vivam um período de optimismo e euforia como acontecia em 1988. Hillary Clinton atingiu o estatuto de política no activo mais popular, mas isso pode não quer dizer muito para 2016. 

 

Mas, imaginemos que chegamos ao final de 2014, o governo de Barack Obama é relativamente popular e vence as eleições intercalares. A pressão para Hillary Clinton avançar será enorme, e é bem possível que avance mais uma vez. Com 69 anos e uma popularidade enorme no Partido Democrata, Hillary deverá vencer facilmente as primárias. Não acredito que surja alguém capaz até 2016 de a derrotar internamente. O mais bem colocado, para mim, no campo democrata, Andrew Cuomo, governador de Nova Iorque, poderá ser um candidato fortíssimo, se Hillary não for candidata. Se esta avançar, este "liberal" no campo social e moderado nos assuntos económicos (uma mais valia para as eleições gerais), até pode decidir ficar em casa e esperar próxima oportunidade. E vencida a nomeação democrata, quem terá pela frente Hillary Clinton? É difícil responder a esta pergunta, mas arriscaria que há quatro nomes mais fortes do lado republicano: Bobby Jindal, Marco Rubio e Paul Ryan (todos com 45 anos em 2016) e Chris Christie (54 anos). Com excepção do governador de New Jersey, teríamos provavelmente um choque de gerações, com um candidato jovem e conservador, provavelmente com enorme entusiasmo e a juventude do seu lado, contra uma velha senadora da política americana, respeitada e acarinhada pelo povo americano. Faz lembrar alguma eleição? Quer isto dizer que acho que Hillary Clinton perderia com um destes candidatos? Não. A esta distância é extemporâneo afirmar o que quer que seja sobre 2016. Pode-se especular, como o faço neste post, mas parece-me que serão sempre umas eleições muito disputadas.


16
Abr 12
publicado por Nuno Gouveia, às 18:51link do post | comentar

Hillary Clinton estará certamente a divertir-se mais do que Barack Obama neste mandato. Estas fotos, tiradas na Colômbia este fim de semana, com Clinton a dançar e a beber cerveja são prova disso. Em 2016, Clinton terá 68 anos. Não é impensável que depois de parar um pouco (ela já disse que mesmo que Obama seja reeleito irá sair da Secretaria de Estado) volta a tentar chegar à Casa Branca. E quando o banco do Partido Democrata está tão debilitado...


10
Jun 11
publicado por Nuno Gouveia, às 10:22link do post | comentar

Diversas fontes deram ontem conta que Hillary Clinton está interessada em mudar-se para o Banco Mundial no próximo ano. A Secretária de Estado sempre disse que não pretendia manter-se no cargo no possível segundo mandato de Barack Obama, e a saída de Robert Zoellick, antigo secretário de Estado adjunto no mandato de George W. Bush, no próximo ano, abre uma vaga para um americano. A presidência do Banco Mundial tem pertencido desde sempre a um americano, e, apesar das profundas alterações na diplomacia internacional, espera-se que esta tradição se mantenha. Se este cenário se concretizar, Obama terá de escolher um novo Secretário de Estado para a parte final do seu mandatspan> 


16
Mar 11
publicado por Nuno Gouveia, às 20:38link do post | comentar

 

Hillary Clinton confirmou numa entrevista a Wolf Blitzer, na CNN, que não vai manter-se no cargo depois de 2012, caso Barack Obama vença a reeleição. Esta é também a tradição dos ocupantes do cargo. Nas últimas décadas, apenas George Shultz manteve-se no cargo com Ronald Reagan no segundo mandato, e isto depois de ter entrado a meio do primeiro termo, depois da saída de Alexander Haig. Para encontrarmos dois mandatos completos, temos de recuar até Cordell Hull, Secretário de Estado de Frank D. Roosevelt, que liderou a diplomacia americana desde 1933 até 1944. Os últimos dois presidentes tiveram dois secretários de estado, um em cada mandato. Clinton, com Warren Christopher e Madeleine Albright, e Bush, com Colin Powel e Condoleezza Rice.

 

A especulação sobre o futuro de Hillary Clinton é enorme. Apesar de ter dito recentemente que este cargo seria o último da sua vida política, tenho dúvidas que seja assim. Em 2016, com 68 anos, ainda terá "pilhas" para mais uma corrida presidencial. Independentemente de quem seja o ocupante da Casa Branca. Estará há quatro anos afastada do corredor do poder e terá uma vasta experiência executiva e legislativa no seu currículo. Conhecendo-se as suas ambições presidenciais, é difícil acreditar que se vá afastar deste modo. Mas cá estaremos para ver.


11
Mar 11
publicado por Nuno Gouveia, às 11:06link do post | comentar

Não é normal assistirmos a estas discordâncias em público. Depois de na Quarta-feira Hillary Clinton ter afirmado que uma zona de exclusão aérea não seria liderada pelos Estados Unidos, Bill Clinton defendeu ontem uma posição contrária. O 42º Presidente afirmou que se os líderes rebeldes pedirem ajuda, os Estados Unidos devem intervir. Clinton sabe do que fala. Durante o seu mandato ocorreram massacres no Ruanda e na antiga Jugoslávia, sem que a comunidade internacional tenha feito nada para os impedir. Finalmente, quando se preparava para suceder nova tragédia no Kosovo, uma coligação da NATO, liderada por Clinton e Blair, actuou contra o ditador Milosevic. Depois de vários republicanos terem exigido o mesmo, esta posição de Bill Clinton coloca ainda mais pressão sobre a Administração Obama.



28
Jan 11
publicado por Nuno Gouveia, às 20:03link do post | comentar | ver comentários (2)

 

Hillary Clinton finalmente falou sobre a revolta que o Egipto está a enfrentar. Dado que se trata de um aliado fundamental na região, os Estados Unidos enfrentam aqui um dilema: apoiar o regime de Hosni Mubarak, como a Administração Obama tem feito, ou, pelo contrário, dar um sinal claro de apoio às forças da democracia. Estas declarações de Hillary Clinton apontam para este último argumento. Mas convém não deixar o Vice-Presidente Joe Biden falar muito sobre o assunto. E não ficava nada mal ao Presidente dizer umas palavras sobre o assunto. Veremos se, com o intensificar dos protestos, Barack Obama fala ao mundo.

 

Ainda sobre o assunto, aconselho a leitura deste editorial do Washington Post.



29
Nov 10
publicado por Nuno Gouveia, às 15:37link do post | comentar | ver comentários (3)

As novas revelações do site Wikileaks, que tiveram ampla cobertura pela imprensa mundial, são um grande revés para os Estados Unidos, com consequências imprevisíveis para as relações com os seus aliados. Uma das regras de ouro para a diplomacia é precisamente o segredo. Como pode o Departamento de Estado continuar o business as usual, se as suas comunicações são expostas ao mundo deste modo tão flagrante?


As informações nem serão assim tão relevantes, nem acrescentam grandes novidades. Mas representam um problema de credibilidade para os EUA. A revelação que os países árabes desprezam o Irão e que estão preocupados com a corrida às armas nucleares na região não constituí novidade. Mas como poderão estes países, acossados internamente por uma opinião pública anti-americana, confiar nos Estados Unidos se as suas confissões mais secretas são deste modo expostas ao mundo?


A primeira consequência deverá ser uma total remodelação do modo como as informações são partilhadas nos meios diplomáticos americanos. O sistema terá de ser totalmente modificado, para impedir que este tipo de informações seja divulgado desta forma. Hillary Clinton, que neste momento é a face do fracasso, terá de tomar medidas para impedir que a situação se repita. Mas não duvido que haverá uma perseguição total aos prevaricadores, sejam eles quem forem. Isto é um acto de espionagem, do mais grave que o mundo já assistiu, e a sua divulgação representa uma séria ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos e dos seus aliados. Nada ficará como dantes. Por outro lado, os responsáveis do Wikileaks deverão ser considerados inimigos dos Estados Unidos, por terem cometido um acto de terrorismo cibernético contra o país. A exposição de segredos de estado é ilegal e um crime, e estas revelações representam um ataque ao país. Disso não tenho dúvidas.


06
Out 10
publicado por Nuno Gouveia, às 12:35link do post | comentar

Bob Woodward disse este fim de semana que é possível que Biden troque de lugar com Clinton nas presidenciais de 2012. A informação já foi desmentida pela Casa Branca, mas outra coisa não seria de esperar. Se Obama estiver em realmente em perigo, colocar Hillary no ticket poderia ser uma excelente jogada. E Clinton veria aumentar as suas possibilidades para concorrer em 2016. Ninguém acredita que Hillary já esqueceu o sonho de chegar à Casa Branca.


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