03
Mar 13
publicado por Nuno Gouveia, às 18:32link do post | comentar

 

No inicio de Março entraram em vigor cortes efectivos na despesa federal, incluindo na defesa, que irão contabilizar 1,2, mil bilhões de dólares na próxima década. Em 2011, no acordo bipartidário que permitiu aumentar o limite do endividamento federal, estava incluída uma cláusula que dizia que se o Congresso não aprovasse um orçamento até ao final de Fevereiro, estes cortes entrariam em vigor em Março. Como aconteceu. Obama e os republicanos não se entenderam onde cortar esta soma, pelo que os cortes são automáticos. Obama voltou a pedir aos republicanos para aumentar impostos, para fazer com que que os cortes fossem menores, mas não conseguiu formalizar nenhum acordo.

 

Desde que foi reeleito, Barack Obama tem agido como se o sistema político americano de repente tivesse sido reinventado. Já não seria preciso negociar com os adversários, e bastariam apenas golpes de mágica para obter tudo o que desejaria. Com um Partido Republicano em grave crise após a derrota de Novembro, e com as sondagens favoráveis, Obama tem actuado de forma arrogante e pouco capaz de gerar consensos. Obviamente do outro lado encontram-se republicanos também eles pouco dispostos a cederem. Mas na verdade, nos últimos tempos permitiram o aumento de impostos para os mais ricos e o aumento do limite do endividamento sem cortes nenhuns, situações que sempre tinham negado no passado. Como um dos sectores mais afectados pelos cortes é precisamente o Departamento de Defesa, Obama contou que isso faria com que os republicanos cedessem. Obama apostou que os republicanos iriam novamente ceder, mas parece que a fragilidade dos republicanos tem limites. As negociações entre os dois lados continuam, e há quem pense que neste caso será Obama a ceder, ou seja, a negociar um pacote de cortes na despesa sem novos aumentos de impostos. O que este caso demonstra é que a política e os jogos de bastidores irão continuar a dominar Washington, e que Obama não terá sempre tudo o que desejar do Congresso. Se é que alguém ainda tivesse dúvidas disso. Fica a lição para futuras batalhas legislativas. 


02
Jan 13
publicado por Nuno Gouveia, às 23:15link do post | comentar | ver comentários (8)

O Alexandre já referiu aqui que o acordo nada resolve na situação dramática que as contas públicas americanas atravessam. Independentemente das "politiquices" que se vivem em Washington, e ambos os partidos devem ser responsabilizados, a verdade é que nada no acordo ataca de frente os problemas estruturais, com uma dívida que já vai em 16,3 Biliões de dólares (no inicio do mandato de Obama era de 10 Biliões). Obviamente este é um problema que não começou com Obama, mas que se agravou durante o seu primeiro mandato. Os democratas, tendo alcançado uma vitória clarificadora em Novembro, tinham todo o direito de impor as suas condições, cedendo ligeiramente na questão de qual o tipo de famílias que sofreu um aumento de impostos. Percebe-se que os republicanos tenham cedido em quase toda a linha, pois não houve cortes na despesa, como tinham exigido anteriormente. As eleições têm consequências. Mas a verdade é que se Obama não atacar de frente o problema do despesismo do estado federal, terá um segundo mandato muito difícil. Não pela oposição republicanas, mas simplesmente porque a situação não é sustentável durante muitos mais anos. 

 

Nota para três republicanos com pretensões para 2016: Marco Rubio e Rand Paul, que votaram contra (e muito bem, diga-se, estrategicamente falando) e Paul Ryan, que votou a favor. Este é um mau acordo para republicanos (e diria para os americanos também). Mas também é óbvio que algo teria de ser feito para evitar o aumento generalizado de impostos. Uma posição populista de Rubio e Paul, que antevê já uma disputa acesa com Ryan em 2016.

 

Este acordo tem apenas uma nota positiva para os republicanos: consagra, definitivamente, os Bush Tax Cuts do inicio da década passada, que deste modo se tornam efectivos, com a excepção dos que ganham mais de 400 mil dólares. E essa é uma vitória para George W. Bush, ver democratas e republicanos unidos a concordarem com a sua polémica proposta. 


04
Dez 12
publicado por Nuno Gouveia, às 23:08link do post | comentar

Disputa-se neste momento o último combate político do ano em Washington. Se democratas e republicanos não chegaram a acordo, no dia 1 de Janeiro de 2013 os impostos irão aumentar para todos os americanos, entre os quais o imposto sobre rendimentos, o imposto sobre o trabalho e ainda o fim dos benefícios fiscais para as pequenas e médias empresas. Por outro lado, haverá cortes automáticos em diversos programas federais, incluindo no sector social e na defesa. Os analistas independentes indicam que estas medidas contribuirão para o aumento do desemprego e uma previsível recessão, apesar de reduzirem o decide em 500 mil milhões de dólares anuais. Portanto, temos os ingredientes para mais uma grande trapalhada em Washington. Por um lado, os democratas e Barack Obama pretendem que os cortes na despesa não sejam tão severos e que haja um aumento de impostos para os mais ricos. Os republicanos estão contra qualquer aumento de impostos, e pretendem mudar a essência dos cortes na despesa. Estas são as premissas iniciais do debate. Em baixo deixo uma breve análise sobre este período negocial, o até onde poderão ceder os lados e qual o papel que Paul Ryan poderá ter, agora que o GOP está sem líder aparente. 

 

No verão de 2011 passamos por uma situação semelhante, aquando do aumento do limite do endividamento federal, mas agora estamos num período da vida política americana muito diferente. Já não há possibilidade de derrotar Barack Obama e os republicanos estão em crise existencial. É verdade que Obama é o primeiro presidente da era moderna a ser reeleito com menos votos do que no primeiro mandato, mas a sua vitória foi bem mais confortável do que se chegou a pensar, e, acrescentando a isso, o Partido Democrata viu a sua maioria no Senado aumentar nas últimas eleições, além de terem conquistado alguns lugares na Câmara dos Representantes. Os Democratas viram assim “reforçada” nas urnas a sua legitimidade para governar os Estados Unidos. Além disso, o Partido Republicano está neste momento numa posição muito débil, sendo vistos pela maioria do eleitorado como mais inflexíveis do que os democratas. Obama conquistou no dia 6 de novembro um mandato para liderar, e os republicanos, se não querem ser mais penalizados pela opinião pública, terão de ceder mais do que no passado recente. Estou certo que Obama terá agora mais hipóteses para negociar o “grande acordo” que enfrente os problemas estruturais dos Estados Unidos: a dívida pública, os défices elevados e o fraco crescimento económico. Se ele vai existir, não sabemos. 

 

A  primeira reacção de John Boehner após as eleições foi estender a mão a Obama, afirmando que o seu partido está pronto a negociar com o Presidente. A manutenção da maioria na Câmara dos Representantes foi a pequena vitória que os republicanos obtiveram, e isso mantém o partido como peça fundamental na governação. Até aqui os republicanos têm negado a possibilidade de um acordo com o Presidente que inclua o aumento de impostos. Mas essa plataforma saiu enfraquecida nas eleições, e já assistimos a influentes republicanos, como Bill Kristol da Weekly Standard, a dizer que aumentar impostos para os mais ricos não seria nada de extraordinário. O mesmo, por outras palavras, disse Bobby Jindal, governador da Louisiana e potencial candidato em 2016, que defendeu que os republicanos tinham de deixar de ser vistos pelos americanos como o partido das grandes empresas e dos ricos. Sente-se entre a maioria dos conservadores mais influentes que é necessário mudar de discurso para voltar a vencer eleições. Um dos grandes derrotados destas eleições foi precisamente Grover Norquist, que tinha conseguido que quase todos candidatos republicanos acedessem à sua plataforma de “não aumento de impostos “ sob todas as condições. Nesta matéria dos impostos, mas também noutras questões, como na reforma da imigração ou até na saúde, os republicanos deverão mudar de discurso no próximo ciclo da vida política americana. Mas isto não quer dizer que Boehner tenha carta branca para aceder à vontade do Presidente de aumentar os impostos para os mais ricos no imediato, até porque continuará a haver pressões dos sectores mais conservadores para não negociar nessa questão. A minha perspectiva é que algo será feito e a tal "fiscal cliff", não se concretizará. Isso pode passar por uma solução de curto termo, ou seja, negociar uma extensão, nem que seja de apenas seis meses, como sugeriu o senador republicano do Ohio, Rob Portman, de todos os cortes de impostos (Bush Tax Cuts, Payrool Tax Cuts e impostos sobre os pequenos empresários) e impedir ao mesmo tempo que os cortes na despesa programados para 2013 entrem já em vigor, ou uma solução mais duradoira, e aí sim, aumentar já os impostos para os que ganham mais de 250 mil dólares por ano, como tem defendido Obama, e negociar cortes na despesa que incluam despesas sociais e até militares. Os republicanos têm tentado que o aumento da receita do Estado Federal passe por cortes nas deduções fiscais (as tais loopholes de que se falava). O problema para eles é que mesmo isso é muito vago e de difícil execução, pois nunca foram específicos em apontar quais deduções queriam cortar. Além disso, vários democratas mais “liberais” estão contra essa solução. Se os republicanos cederem já no aumento de impostos, prevejo que irão querer que alguns dos seus planos para o corte da despesa federal entre em vigor já. Obama também poderá enfrentar alguma oposição na base mais à esquerda do seu partido se decidir cortar algumas das despesas sociais que os republicanos pretendem, mas acredito que acabará por impor o que quiser. Neste momento é o líder incontestado da vontade democrata no Congresso.

 

O Partido Republicano está neste momento sem líder. Paul Ryan, que viu crescer a sua aura de líder nesta última campanha eleitoral, poderá ter a tentação de envolver-se directamente nas negociações, até porque é presidente da Comissão do Orçamento da Câmara dos Representantes. Mas a partir de agora, tudo o que Ryan fará estará condicionado pelo facto que provavelmente será candidato a Presidente em 2016. Ele precisa de assumir-se como parte da solução e não do problema. A grande dúvida é se irá desejar ficar ligado a um possível aumento de impostos, que pode enfraquecer a sua posição nas primárias de 2016. Por outro lado, se mantiver a uma postura de inflexível nestas negociações ou se não se envolver profundamente, poderá cimentar a imagem de não conseguir trabalhar com o Partido Democrata numa questão central como esta. A minha percepção é que Ryan irá tentar liderar este processo pelo lado dos republicanos, tentando obter o máximo de concessões do Presidente no que diz respeito aos cortes da despesa, e ceder o menos possível na questão do aumento de impostos, que poucos acreditam em Washington que não irá acontecer: já ou no próximo ano. Nesta questão, Obama mais tarde ou mais cedo irá alcançar uma vitória.


13
Nov 12
publicado por Nuno Gouveia, às 15:12link do post | comentar | ver comentários (11)

Historicamente os segundos mandatos costumam ser mais complicados do que os primeiros. Nixon teve o Watergate e demitiu-se, Reagan teve o escândalo dos Irão-Contra, Bill Clinton teve o affair Mónica Lewinski e George W. Bush teve o Katrina e o descalabro financeiro. Isto para recordar alguns episódios que atingiram os últimos presidentes reeleitos. Não quer dizer obviamente que Barack Obama vai enfrentar algum escândalo, mas os desafios para o seu segundo mandato são enormes. A crise fiscal está à espreita, o Irão ameaça tornar-se ainda mais explosivo nestes próximos anos e a situação no Afeganistão está longe de estar resolvida. Mas Obama terá tempo para impor a sua agenda, agora livre de uma campanha de reeleição que marcou a sua actuação nos últimos dois anos. Ao mesmo tempo, enfrenta um Partido Republicano, ainda com maioria na Câmara dos Representantes, enfraquecido após a severa derrota nas eleições da semana passada. 

 

A agenda deste segundo mandato tenderá a focar-se sobretudo nos temas internos, e Obama tem aqui uma oportunidade para reforçar o seu legado enquanto Presidente dos Estados Unidos. A sua maior vitória legislativa, a reforma da saúde, entrará agora em vigor no próximo ano, e Obama poderá vingar o seu papel na história se esta for bem sucedida. Na energia, Obama tenderá a apostar nas energias renováveis, algo que timidamente fez no primeiro mandato, sem grandes resultados, mas será principalmente na imigração que tentará promover um novo pacote legislativo de grande impacto no futuro. Nestes primeiros dias após a sua reeleição, tem havido do lado dos republicanos vontade para trabalhar com o Presidente nesta matéria, até porque a sua derrota eleitoral terá muito a ver com o modo como estes têm lidado com esta questão. Na educação, Obama poderá também criar pontes com os republicanos para actuar no sector, pois existe matéria para possíveis consensos. A dívida explosiva, que ameaça transformar os Estados Unidos numa nova Europa do Sul, deverá também ser atacada de frente pela Administração Obama. Um corte nas despesas sociais, conjuntamente com o aumento de impostos para os mais ricos estará em cima da mesa, e é bem provável que existam cortes nas despesas militares. 

 

Na frente externa Obama sentirá a necessidade de resolver até 2014 o problema do Afeganistão, o Irão nuclear, que Obama já garantiu não ser uma possibilidade, deverá ocupar bastante tempo para o novo Secretário de Estado, e a situação na Síria será também alvo de preocupação nos próximos meses. Ao mesmo tempo, a política externa tenderá a focar-se ainda mais na Ásia, com a China no topo da agenda. A situação da Europa e do Euro, que esteve totalmente ausente nesta campanha, será também uma das suas preocupações, aqui sem grande poder de influência. Nas relações com a Rússia, veremos finalmente com o que Obama quis dizer com ter maior margem de manobra após as eleições. Além disto, nunca se sabe onde poderá rebentar a próxima crise no panorama internacional. 

 

Desafios são muitos, e certamente irão aparecer outros pelo caminho. Não se pense que Obama tem o caminho aberto para um mandato de sucesso. Até pelo que disse inicialmente. Mas com a vitória na semana passada, Obama ganhou tempo, conquistou legitimidade e reforçou o seu poder em Washington. Até ao final do ano ficaremos a saber com quem contará na sua equipa. John Kerry na Defesa e Susan Rice no Departamento de Estado têm sido alguns dos nomes ventilados. Certa parece a saída de Hillary Clinton e Timothy Geithner do Tesouro. 


27
Jul 12
publicado por Alexandre Burmester, às 20:44link do post | comentar | ver comentários (1)

Como já aqui referi, as notícias mais recentes sobre a economia americana não têm sido muito animadoras.

 

E agora foram publicados os números relativos ao crescimento económico no 2º trimestre, os quais revelam uma queda dos 2% anualizados do 1º trimestre para uns meros 1,5%. Já um crescimento de 2% era inadequado para fazer baixar o desemprego, mas com 1,5% é de temer piores notícias nessa frente, quando os números de Julho forem publicados no início do próximo mês.

 

Se a economia já era o factor número um na campanha eleitoral deste ano, tudo indica que vai tornar-se ainda mais importante, ao contrário de, por exemplo, 2004, onde a Guerra do Iraque foi o principal tema da campanha.

 

E refiro-me a 2004 porque nesse ano, por esta altura, George W. Bush enfrentava sérias dificuldades em ser reeleito, comparáveis às de Barack Obama neste momento. Mas Bush conseguiu inverter a "narrativa" e as expectativas no que à Guerra do Iraque dizia respeito, a tempo de conseguir uma vitória tangencial. Será que Obama conseguirá fazer o mesmo em relação à economia?


25
Jul 12
publicado por Alexandre Burmester, às 16:45link do post | comentar | ver comentários (14)

 

 

Aquilo que parecia ser uma recuperação lenta mas segura da economia dos E.U.A. tem sofrido sérios revezes nos últimos meses. O desemprego parece ter "encalhado" acima dos 8% (e isto usando apenas medidas restritivas da sua medição) e a actividade económica parece estagnada, ou mesmo, segundo alguns, a caminho da recessão.

 

 Com efeito, os índices de produção industrial e serviços do Richmond Fed cairam a pique este mês. Brevemente teremos números acerca do PIB no segundo trimestre e do emprego no mês de Julho. Os segundos serão especialmente importantes.

 

Perante isto, é normal que a Campanha Obama tente reforçar os seus ataques ao seu opositor. Da questão Bain/Impostos passámos agora para a questão da inexperiência de Mitt Romney em matéria de política externa (o mesmo se poderia dizer do Obama de 2008, claro, e não se tem saído mal de todo).

 

Mas os constantes ataques de Obama a Romney têm tido um efeito negativo para o Presidente: se bem que o seu índice de "Job Approval"  há muito seja basicamente negativo, o seu índice de popularidade pessoal permanecia em franco terreno positivo. Mas este último número já apresenta valores negativos em algumas sondagens, o que poderá ser consequência precisamente da campanha negativa que o Presidente se vê obrigado a conduzir - uma fatalidade, dado o fraco desempenho da Economia e a impopularidade relativa do seu principal feito doméstico, a reforma da saúde. 

 

Isto dito, a verdade é que os números de Romney nas sondagens também não têm progredido. Colocado na defensiva com os ataques constantes do campo contrário, Romney não tem sido capaz de transmitir uma imagem positiva ao eleitorado. Para vencer em Novembro não bastará a Romney fiar-se na opinião negativa do eleitorado acerca do actual ocupante da Casa Branca. Também tem de dar-se a conhecer a esse eleitorado e transmitir uma imagem positiva e de optimismo - como Ronald Reagan em 1980 e Bill Clinton em 1992.


23
Mai 12
publicado por Nuno Gouveia, às 15:33link do post | comentar

Não será novidade para ninguém que acompanha este blogue. Sempre defendi que a estratégia de Barack Obama ira ser esta: uma campanha negativa para destruir a credibilidade de Mitt Romney perante os americanos, aliás, muito ao estilo das tácticas utilizadas por George W. Bush em 2004. Desde o final das primárias republicanas a equipa de Obama lançou duas ofensivas mediáticas, devidamente acompanhadas pelos tradicionais anúncios televisivos e pelos diversos estrategas espalhados pelos media a apoiar essa estratégia. No final do mês de Abril, para assinalar o primeiro aniversário da morte de Osama Bin Laden, surgiu um anúncio onde era sugerido que Mitt Romney não teria tomado a decisão de enviar os Navy Seals para eliminar o líder da Al Qaeda. Na semana passada, nova ofensiva contra Romney, desta vez por causa da Bain Capital e do seu passado como investidor. Pelo meio surgiram algumas iniciativas da campanha de Obama sobre o seu mandato, mas o tom está lançado: será uma campanha negativa e não vai ser bonita de acompanhar. A Hope and Change deu lugar ao Seek and Destroy. Os americanos estão dispostos a mudar, e essa a percepção que tem sido transmitida pelas sondagens. A melhor forma de Obama se manter na Casa Branca é descredibilizar Romney. 

 

Até ao momento é difícil saber se Obama está a ter sucesso. Alguns democratas têm denunciado os seus métodos e isso tem prejudicado os intentos do Presidente. Romney tem mantido uma disciplina de ferro, concentrando-se sobretudo na economia e não se desviando dela. Romney aposta sobretudo em colocar o desemprego e os indices económicos como temas desta campanha. Quem vencer esta batalha: descredibilização de Romney Vs resultados económicos do mandato de Obama irá provavelmente ser eleito em Novembro. 

 

 

 


06
Fev 12
publicado por Nuno Gouveia, às 18:22link do post | comentar

Os indicadores económicos melhoram e a popularidade do Presidente sobe. A campanha republicana fica mais agressiva e a vantagem do Presidente aumenta. Barack Obama teve boas semanas, que o catapultam para a liderança nacional nas sondagens sobre Mitt Romney e colocam pela primeira vez desde Julho de 2011 em terrenos positivos na popularidade. Ainda faltam muitos meses para as eleições, mas Barack Obama começa em o ano em boa forma. 


03
Fev 12
publicado por Nuno Gouveia, às 18:58link do post | comentar

Barack Obama recebeu hoje boas notícias. A taxa de desemprego baixou para 8,3 por cento, o valor mais baixo dos últimos três anos. Ao contrário das expectativas dos economistas, o desemprego tem vindo a baixar lentamente, o que serve de alento para a campanha de reeleição do Presidente. Se esta tendência continuar até às eleições de Novembro, Obama poderá ter uma mensagem positiva. Até ao momento tem sido óbvio que a principal mensagem da campanha de Obama será negativa: "elejam-me porque com os republicanos será muito pior". Se houver uma tendência de descida do desemprego, e mesmo que este se situe em valores elevados em Novembro, a mensagem poderá ser substancialmente diferente: "os Estados Unidos estão a recuperar. Mantenham-me na Casa Branca para continuarmos este caminho". Isto num dia em que a Rasmussen publica uma sondagem que dá empate entre Obama e Romney. 


02
Dez 11
publicado por Nuno Gouveia, às 14:21link do post | comentar | ver comentários (2)

(foto retirada do Drudge Report)

 

Obama recebeu hoje a melhor notícia em alguns meses: a taxa de desemprego baixou para 8,6 por cento, uma descida de 0,4 em relação ao mês anterior. Este é o valor mais baixo desde Março de 2009.


06
Out 11
publicado por Nuno Gouveia, às 23:24link do post | comentar

 

Barack Obama deu hoje uma conferência de imprensa, cujo objectivo foi somente um: ganhar a batalha da opinião pública no combate ao desemprego, promovendo o seu plano, "American Jobs Act". A estratégia de Obama é clara: se a economia não recupera, é preciso arranjar culpados para a situação. E como culpar o antecessor não vai dar resultado na campanha de 2012, é preciso arranjar outro alvo. E os republicanos da Câmara dos Representantes, que têm reafirmado a sua oposição ao plano de Obama, são o alvo preferido.

 

Por enquanto, Obama ainda não obteve o apoio dos democratas no Senado, que bloquearam esta semana uma votação sobre o projecto. Mas Obama deu sinais positivos aos colegas de partido, que estão contra o aumento de impostos para todos os americanos que ganham mais de 250 mil dólares por ano. Obama parece disposto a aceitar a sua contraproposta, que prevê um aumento de 5 por cento a todos aqueles que ganham mais de 1 milhão de dólares. Se o plano for aprovado pelo Senado, o que ainda não é certo, não passará na câmara dominada pelos republicanos, que já disseram que não irão apoiar um aumento de impostos. Uma posição que também poderá ter custos políticos, pois com o elevado desemprego e a situação económica periclitante, os americanos querem acção por parte do poder politico. Mas quando as ideias são tão diferentes, só mesmo uma eleição poderá resolver este impasse. O problema é que ainda falta mais de um ano e a vida das pessoas não pára. Se os partidos não chegarem a acordo para fazerem alguma coisa, ambos ficarão a perder aos olhos dos americanos. 

 

Este novo Obama que temos visto, especialmente depois do Verão, surge numa altura em que as sondagens indicam uma quebra acentuada de popularidade, especialmente entre os eleitores independentes. Após as eleições intercalares de 2010, deu sinais conciliatórios e em direcção do centro político, nomeadamente na extensão dos Bush Tax Cuts, e nessa altura pensou-se que o Presidente iria seguir uma estratégia retirada da cartilha de Bill Clinton, que após a derrota de 1994, virou a centro e foi reeleito facilmente. Mas nem os tempos são os mesmos nem as dificuldades de Obama são semelhantes. Por isso, Obama optou por guinar à esquerda nesta fase, confrontando directamente os republicanos com um discurso populista contra os ricos e apelando a mais investimento público para salvar a economia. Com isto, consegue injectar energia nos sectores mais à esquerda, que serão fundamentais para as eleições do próximo ano. A dúvida que tenho, e que tenho lido em muita imprensa americana, é se esta estratégia, mesmo que próximo ano volte a direccionar o seu discurso para o centro político, seja a ideal para recuperar estes independentes que entretanto se afastaram dele. 


19
Set 11
publicado por Nuno Gouveia, às 15:35link do post | comentar

O Presidente irá anunciar hoje o seu plano de combate à dívida, com um corte previsto de 3 biliões de dólares na dívida americana nos próximos 10 anos. Segundo o que já se sabe, este inclui um aumento de impostos para os mais ricos no valor de 1,5 biliões de dólares e cortes na despesa no mesmo valor, em programas federais como o Medicare e Medicaid, e ainda na redução da presença militar no Iraque e Afeganistão. Este plano deixa de fora a segurança social. Obama promete também vetar todas as leis que incluam uma redução nos custos da Medicare sem um aumento de impostos para os mais ricos. Mas este plano está já condenado à reprovação, pois Obama sabe que nunca passará na Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos. 

 

Acossado pelas sondagens e pelo próprio partido, Obama tenta assim cair novamente nas boas graças da sua base eleitoral, e colocar os republicanos na defensiva. Obama está a lançar a sua campanha presidencial, dando o mote: "os republicanos não querem reduzir o défice, apenas querem proteger os interesses dos ricos". Esta será a mensagem que Obama irá repetir até à exaustão até Novembro de 2012. Veremos se terá sucesso na batalha pela opinião pública. 


15
Set 11
publicado por Nuno Gouveia, às 13:00link do post | comentar

 

Nos primeiros dois anos da Administração Obama, os "empregos verdes" foram uma constante da retórica da Casa Branca. Infelizmente para a economia americana, não houve um "boom" no emprego na area da energia, e muitos desses projectos foram abandonados. Obama percebeu a mensagem e deixou de falar nisso nos seus discursos sobre o combate ao desemprego. Mas esta semana surgiram notícias de um potencial escândalo que pode assombrar a Casa Branca. 

 

Através do plano de estimulo à economia aprovado em 2009, a Administração Obama cedeu à Solyndra, uma empresa de energia solar californiana, uma garantia de empréstimo no valor de 500 milhões de dólares para a construção de uma fábrica de painéis solares. Mas a empresa entrou em falência este mês, despedindo mais de mil trabalhadores no inicio deste mês. Mas os problemas para Obama não se resumem a terem financiado uma empresa falida, pois alguns dizem que já em 2009 a empresa apresentava debilidades financeiras. Nos últimos dias surgiram notícias que o Vice-Presidente Joe Biden teria-se envolvido directamente nas negociações, e teria apressado o empréstimo para a empresa. Já está em acção uma investigação no Congresso, e será de prever mais problemas para Obama. 


13
Set 11
publicado por Nuno Gouveia, às 12:46link do post | comentar

Enquanto os republicanos procuram o seu candidato, Barack Obama já anda em campanha, e ontem esteve na NBC para falar sobre o novo plano de combate ao desemprego.


08
Set 11
publicado por Nuno Gouveia, às 22:15link do post | comentar

 

Barack Obama dirige-se esta noite ao Congresso, numa tentativa de recuperar a popularidade perdida nos últimos meses. O objectivo é claro: lançar um plano de combate ao desemprego que o ajude a manter o seu emprego depois de 2012. Nesta quinto discurso da sua presidência perante as duas câmaras do Congresso, Obama tentará apelar ao eleitorado independente que entretanto o abandonou, encostando os republicanos às cordas. Com mais de 14 milhões de desempregados, Obama enfrenta grandes dificuldades para 2012. Nenhum Presidente na história recente venceu a reeleição com uma taxa de desemprego tão elevada, por isso Obama sabe bem os riscos que corre. 

 

Segundo o que já é conhecido, Obama irá apresentar o "American Jobs Act" ao Congresso, que consiste num programa de descida de impostos (agrado dos republicanos), investimento em obras públicas (agrado dos democratas e sindicatos), mais ajudas aos desempregados e mais dinheiro para os Estados. Especula-se que o plano será pelo menos no valor de 300 mil milhões de dólares, e que não aumentará o défice, ou seja, irá propor cortes no orçamento neste valor para compensar. Nas próximas semanas a luta no congresso irá centrar-se sobre este plano, e veremos se Obama terá a capacidade para o aprovar. Apesar deste não apresentar grande novidade, estrategicamente falando, não vejo como os republicanos o poderão reprovar, pois darão uma janela de oportunidade para serem acusados de impedirem o combate ao desemprego. Mas nunca se sabe se John Boehner terá os votos necessários para tal. 


06
Ago 11
publicado por Nuno Gouveia, às 02:10link do post | comentar | ver comentários (3)

A agência de rating Standard & Poor's baixou esta noite o rating da dívida americana a longo prazo para AA+, o que acontece pela primeira vez na história dos Estados Unidos. Os analistas prevêm que se as outras duas agências seguirem o mesmo caminho, a Moodys e a Fitch, isso poderá custar cerca mais de 100 mil milhões de dólares por ano em juros. Esta decisão não é surpresa, mas o governo americano esperava que o acordo que foi aprovado recentemente para o aumento do limite do endividamento impedisse esta descida. 

 

Ainda é cedo para apontar responsabilidades, mas ninguém ficará bem na fotografia. Os responsáveis da S&P referem que esta descida reflecte a opinião que o plano aprovado pelo Congresso e pela Administração falha em controlar a dívida americana. Pelas razões apontadas pela agência de rating, há muito "sumo" para ambos os lados: por um lado os republicanos vão acusar os democratas de não terem ido tão longe como eles desejavam nos cortes na despesa, falhando num verdadeiro plano para controlar a dívida galopante do país. Por outro, os democratas vão contrapor que a intransigência dos republicanos em não aumentar os impostos limitou as negociações. Como quase sempre sucede em política, a verdade estará algures no meio entre as diferentes opiniões. Mas no plano estritamente político, será importante acompanhar como a opinião pública irá reagir. No entanto, parece-me que quem não sairá bem desta situação é o Presidente Obama, que será encarado como um líder fraco e sem capacidade de apresentar soluções. A reeleição parece cada vez mais difícil. Resta-lhe esperar que os republicanos surjam aos olhos dos americanos como parte do problema, e nesse caso, a escolha do mal menor seja Obama em 2012. Nesse ponto, interessa também saber quem irá emergir das primárias republicanas e de que forma ele será encarado pelo eleitorado independente, que irá decidir essas eleições. Mas quem pensava que haveria um período de tréguas neste Verão estava bem enganado.

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02
Ago 11
publicado por Nuno Gouveia, às 18:20link do post | comentar | ver comentários (4)

Sem surpresas, o Senado aprovou hoje a lei sobre o limite da dívida pública. Acabou a crise (política) em Washington e os representantes do povo americano podem regressar aos seus estados. Em Setembro começa uma nova "guerra", a do debate sobre o orçamento para o próximo ano. Para mais tarde fica uma análise sobre os vencedores e derrotados desta "batalha".


publicado por Nuno Gouveia, às 01:17link do post | comentar

A Câmara dos Representantes aprovou esta noite o aumento do limite do endividamento, com cortes na despesa de mais de 2 biliões na próxima década. A lei passou à vontade, com 269 votos a favor e 161 contra. A bancada republicana demonstrou mais apoio à lei, com 174 congressistas a aprovarem contra 66 votos negativos. Pelo contrário, os democratas dividiram-se ao meio, com 95 votos para cada lado. Amanhã ao meio dia a lei deverá ser aprovada no Senado, onde precisa de mais de 60 senadores.


31
Jul 11
publicado por Nuno Gouveia, às 20:07link do post | comentar

As notícias que chegam dos Estados Unidos é que ambos os partidos terão chegado a acordo para aumentar o limite do endividamento. Como sempre acreditei que fatalmente aconteceria. Ainda se acertam agulhas de parte a parte, mas o acordo, segundo o que é relatado, não deverá ficar longe disto: aumento do limite do endividamento até depois das eleições de 2012, cortes imediatos na ordem dos mil biliões, a criação de uma comissão para cortar 1,8 mil biliões até Novembro e nenhum aumento de impostos. Grande vitória dos republicanos? Not so fast. 

 

Apesar de isto ainda não ter terminado, parece-me que para a opinião pública haverá dois grandes perdedores: Barack Obama, que não demonstrou capacidade de liderança neste processo, e ainda viu o seu grande argumento, o aumento dos impostos para os mais ricos, ficar de fora do acordo final. Não por acaso, ontem Obama atingiu o nível mais baixo de popularidade na sua presidência, na sondagem da Gallup, com apenas 40 por cento. Mas há outro grande derrotado: o Tea Party, que emergiu neste processo aos olhos de muitos independentes como uma força radical e incapaz de celebrar compromissos, essenciais na arte da governação. Quando nomes como Allen West, Mike Pence ou Paul Ryan (quem conhece estes nomes saberá que são do mais conservador que o GOP tem) são atacados pela direita por serem demasiado "lefties", está tudo dito. Por outro lado, há aqui um aspecto positivo para o GOP: pela primeira vez o establisment e muita imprensa conservadora saiu a público para criticar este radicalismo. John McCain, Bill Kristol, o Wall Street Journal e Bill O´Reilly foram alguns dos que criticaram violentamente o movimento. Isto é um sinal do que aí vem nas primárias republicanas do próximo ano, mas talvez seja um bom indicador contra o radicalismo protagonizado por Bachmann ou Palin. E, afinal de contas, na proposta de John Boehner que gerou tanta dificuldade para ser aprovada, apenas 22 congressistas votaram contra.

 

Diria que numa situação normal os republicanos seriam os grandes vencedores desta negociata. E até temos a ala esquerda do Partido Democrata verdadeiramente furiosa com os termos do acordo. O pior para o GOP é que toda esta confusão que o Tea Party incutiu nas negociações acaou por lhe retirar algum espaço de manobra. Até conquistaram praticamente tudo o que poderiam realmente almejar: não teremos aumento de impostos e haverá severos cortes na despesa. Por outro lado, mal ou bem, nenhum dos candidatos republicanos se imiscuiu nisto (a excepão terá sido Bachmann, que luta pelo apoio dos tea partiers), e até podem sair beneficiados, porque Obama ficou muito mal na fotografia e o trabalho deles passa sobretudo pela crítica ao Presidente. Mas esperemos até ao fim do Verão para verificar se este acordo impele transformações radicais na percepção que os americanos têm dos seus representantes


27
Jul 11
publicado por Nuno Gouveia, às 11:39link do post | comentar | ver comentários (1)

 

Este debate sobre o limite o endividamento tem demonstrado a falta de liderança de Barack Obama. Mas também colocou em evidência a total irresponsabilidade e incapacidade de governar de alguns membros do congresso, nomeadamente alguns republicanos da Câmara de Representantes. Repare-se que este debate está a ser feito sobretudo nos moldes dos conservadores: apenas haverá cortes na despesa, o aumento de impostos já está fora das negociações, e a dúvida agora é apenas sobre o número a cortar. Mesmo assim, alguns congressistas, como a irresponsável Michele Bachmann, têm dito que não votarão a favor do aumento do limite do endividamento. Estes republicanos, que utilizam sempre a Constituição em todos os discursos, parecem não perceber os fundamentos do sistema americano, feito de checks and balances e assente na divisão de poderes. Neste momento o GOP apenas controla metade de um "braço" do poder, a Câmara dos Representantes, com a outra componente do poder legislativo, o Senado, a pertencer ao Partido Democrata, bem como o poder executivo, a Casa Branca. Sendo que o Partido Republicano apenas controla 1/3 do poder, seria normal que houvesse cedências. Mas não para estes hard-liners, que só aceitarão um acordo que lhes dê vitória total.

 

John Boehner apresentou um plano para o aumento do limite do endividamento. A sua aprovação no Congresso seria uma grande vitória para o Partido Republicano. Se tal não suceder devido aos sectores do Tea Party na Câmara dos Representantes, as consequências poderão ser catastróficas para o próximo ciclo eleitoral. Em editorial, o Wall Street Journal, normalmente alinhado com os republicanos, ataca de frente o Tea Party e as suas vozes mais estridentes. Nesse artigo, uma expressão feliz que retive: This is the kind of crack political thinking that turned Sharron Angle and Christine O'Donnell into GOP Senate nominees. Depois não se queixem.

 

Uma nota para a posição dos candidatos republicanos: estão a demonstrar a mesma falta de liderança de Barack Obama. Romney elogiou o plano de Boehner, mas não disse que o apoiava. As inestimáveis Palin (que ainda não é candidata) e Bachmann criticaram a proposta do Speaker, e Pawlenty, que não pode perder de vista a sua colega do Minnesota, ficou-se pelos elogios à liderança de Boehner. Jon Huntsman, que não descola dos últimos lugares, foi o único que afirmou claramente o seu apoio a este novo plano. Estarão a imitar o papel dos senadores Barack Obama, Harry Reid e Joe Biden, que em 2006 votaram contra um aumento do limite do endividamento? Esta seria uma boa altura para provarem que estão à altura do cargo a que se candidatam. 


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