30
Ago 11
publicado por Nuno Gouveia, às 18:24link do post | comentar

Inspirado no famoso livro de Theodore White, este documentário relata-nos a campanha presidencial de 1960, onde John F. Kennedy venceu Richard Nixon, numa das eleições mais renhidas da história americana. White viria a escrever livros idênticos sobre as campanhas seguintes de 1964, 1968 e 1972. Este documentário, que estreou pouco depois da morte de John Kennedy, coloca-nos bem no meio de vários episódios relevantes desta campanha, desde as primárias de JFK contra Hubert Humphrey no Wisconsin, a convenção Democrata de Los Angeles, o primeiro debate televisivo com Richard Nixon ou ainda a noite da dramática vitória de JFK. Pode ser visto no Youtube. Aconselhado a todos os apaixonados de história, política e comunicação. 

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23
Abr 11
publicado por Nuno Gouveia, às 17:13link do post | comentar

Lee Atwater morreu há 20 anos quando estava no auge da sua carreira como consultor republicano. Arquitecto da vitória de George. H. Bush contra Michael Dukakis em 1988, muitos dizem que se Atwater não tivesse falecido na altura, Bill Clinton nunca teria sido eleito. E provavelmente têm razão. Haverá poucas personalidades do mundo da comunicação política que tenham gerado tanta controvérsia como Lee Atwater. O seu nome, em certos círculos, equivale a dizer o que de pior se fez na política, e não é por acaso que se ouve falar deste consultor em muitas universidades portuguesas. Recordo-me de falarem em Atwater como se diabo em pessoa se tratasse. Mas quem foi Lee Atwater e o que representou para a vida política americana? É o que este documentário de Stefan Forbes de 2008 tenta responder, com depoimentos de Ed Rollins, Michael Dukakis, Mary Matalin, Sam Donaldson e tantos outros intervenientes de época. 

 

Lee Atwater nasceu em 1951 e começou a dar cartas na década de 70, primeiro nos College Republicans, onde na mesma altura também se distinguiu Karl Rove, e depois na política da Carolina do Sul, onde foi o protegido de Strom Thurmond. Nesta década venceu várias eleições estaduais, e começou a fazer-se notar pelas tácticas agressivas contra os adversários. As campanhas negativas eram o seu forte, e tudo era utilizado para afectar a imagem dos opositores. Até onde se pode ir na política para vencer? Atwater não tinha limites. Com várias vitórias no seu currículo, deu nas vistas e foi chamado a colaborar na campanha de Ronald Reagan em 1980. Depois disto, ninguém mais parou Lee Atwater. Nem Ed Rollins, que o convidou para trabalhar consigo na Casa Branca durante o primeiro mandato de Reagan, mas que posteriormente, como conta neste filme, foi traído por Atwater. Durante estes anos foi fortalecendo uma relação com George H. Bush, pensando já no próximo passo da sua carreira: ser o responsável da campanha do então Vice-Presidente em 1988. Uma das relações mais interessantes que é explorada neste documentário é precisamente com George W. Bush, o que viria a marcar profundamente a actividade política do filho do Presidente que também chegou à Casa Branca. Karl Rove, que se cruzou várias vezes com Atwater, também terá sido um diligente estudante das tácticas de guerrilha do consultor da Carolina do Sul.

 

E foi na campanha de Bush'88 que o nome de Lee Atwater ganhou fama. Michael Dukakis chegou a ter 17 pontos de vantagem nas sondagens, mas através de uma campanha negativa como nunca se tinha visto na política americana, Bush recuperou terreno e venceu as presidenciais. Dukakis era um “liberal” de Massachusetts, contra a pena de morte e que tinha aprovado um plano que permitia a assassinos sair em liberdade condicional. Um destes presos, Willie Horton, matou e violou numa destas saídas. Atwater engendrou um esquema para “massacrar” Dukakis por este crime, destruindo a campanha do democrata. Foi duro? Foi injusto? Certamente que foi, mas contribui decisivamente para a vitória de George Bush. Atwater foi elevado a chairman do Republican National Committee e já estava a preparar-se para a campanha de 1992. E em 1989/90 já tinha percebido de onde viria o perigo quando mais ninguém o reconhecia ainda: o jovem governador do Arkansas, Bill Clinton. Mas em 1990 foi-lhe diagnosticado um tumor no cérebro, que o afastou da política activa e depois da vida terrestre.

 

Neste excelente documentário, podemos acompanhar a vida de um dos mais talentosos e implacáveis consultores políticos que os Estados Unidos tiveram. Não posso deixar de simpatizar por este operacional da comunicação política, que, apesar dos seus métodos brutais, marcou uma era. Era também muito pouco convencional. Exímio tocador de blues (chegou mesmo a gravar um disco com B.B. King), era um fanático das tácticas e guerrilha eleitoral e não deixava ninguém indiferente. Génio político, era temido e odiado pelos adversários, respeitado e admirado pelos amigos. No fim da vida, teceu várias declarações recriminatórias sobre o seu passado, pedindo desculpa a vários adversários cujas carreiras políticas ajudou a destruir.

 

Numa das cenas mais envolventes deste documentário, vemos um guitarrista em cima do palco, na noite de tomada de posse de George H. Bush, bajulado pelo Presidente e pela sua família, como se de um rock star se tratasse. Live Fast Die Young poderia ter sido o lema da vida de Lee Atwater. Foi um homem bom? Um homem mau? Não sei responder. Mas aconselho a todos os que gostam de comunicação política a verem este “The Boogie Man, the Lee Atwater Story”. 

 


03
Mar 11
publicado por Nuno Gouveia, às 13:43link do post | comentar | ver comentários (1)

 

James Carville já é uma lenda da comunicação política americana. Este documentário, da autoria de D. A. Pennebaker e Chris Hegedus, contribuiu um pouco para essa reputação. Filmado nos bastidores da campanha presidencial de Bill Clinton em 1992, acompanha o dia a dia da "sala de guerra" da campanha, onde têm lugar as decisões de comunicação, sempre sob a pressão constante dos acontecimentos. Além de Carville, George Stephanopoulos é outra das estrelas do documentário, hoje destacado jornalista da ABC. Seguindo estes dois estrategas, desde as primárias do New Hampshire até à vitória final de Novembro, ficamos com uma visão muito aproximada de como foi possível levar Bill Clinton, um político desconhecido no inicio das primárias, até à Casa Branca.

 

Vários momentos comunicativos de uma campanha política são aqui observados: como responder à crise de comunicação gerada pelo episódio de Gennifer Flowers, uma estratégia de campanha negativa contra os republicanos, o brainstorming para a realização de um anúncio comercial, a elaboração de um discurso de Bill Clinton, a preparação para os debates e até a escolha das cores das placas de apoio na Convenção Nacional. A relação com os jornalistas e a comunicação com o grande público através dos meios de comunicação é uma constante. Não raras vezes, vemos Carville e Stephanopoulos a a conversarem com jornalistas, e há um pormenor delicioso, quando Carville passa uma informação para a ABC sobre um escândalo de George Bush.

 

James Carville é a verdadeira estrela do documentário. Irascível, apaixonado, comprometido e brilhante, é através dele que temos algumas das melhores tiradas do filme. A sua vida pessoal também é abordada, com a sua relação amorosa com Mary Matalin, na altura estratega da campanha de George Bush, a ser explorada várias vezes durante o filme. Carville representa também uma categoria muito particular, e relevante, da política americana: um consultor de comunicação que não se limita a trabalhar  apenas para ganhar dinheiro. Há uma componente muito forte de comprometimento ideológico e pessoal nestas campanhas. Não digo que sejam todos. Mas a ideia que tenho, e essa é uma vantagem dos profissionais de comunicação política nos Estados Unidos, é que trabalhar para um político não é a exactamente a mesma coisa do que trabalhar para um vendedor de sabonetes. E por isso existem os consultores democratas e republicanos, e que raramente atravessam as linhas partidárias. Estes consultores "vendem" ideias e políticos; mas fazem-no com políticos em que acreditam.

 

Um filme que aconselho a apaixonados do política americana, mas também a todos que se interessam pela comunicação. Como nota final, resta referir que foi nomeado para o Óscar de melhor documentário em 1994.

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04
Fev 11
publicado por Nuno Gouveia, às 21:58link do post | comentar

 

Nestes próximos dias estreiam nos Estados Unidos três documentários sobre Ronald Reagan. Talvez o mais aguardado é da responsabilidade do canal HBO, "Reagan", do realizador Eugene Jarecki, onde intervêem nomes como Michael Reagan, James Baker, Dan Rather ou o biógrafo oficial, Edmund Morris. Estreia dia 7 de Fevereiro. No  dia anterior, dia 6 de Fevereiro e data do centenário do nascimento de Reagan, a PBS emite um especial intitulado "Nancy Reagan, the role of a lifetime". Por fim, o History Channel transmite na quarta-feira, dia 9, uma emissão especial de duas horas, com o original nome "Reagan".

 

Sobre a vida de Reagan há muitas e boas opções. Deixo aqui dois documentários que recentemente tive a oportunidade de ver. O primeiro está disponível online, incluído na fantástica série da PBS, "American Experience", sobre a história dos Estados Unidos. A vida de Reagan revisitada neste excelente documentário. O segundo, da responsabilidade do antigo Speaker Newt Gingrich, "Ronald Reagan, Rendezvous with destiny". Este é uma visão apaixonada e comprometida da vida de Reagan, com entrevistas a alguns dos seus colaboradores próximos, como James Baker, Bill Bennet ou Linda Chavez, e ainda a líderes estrangeiros, como Margaret Thatcher, Vaclav Havel e Lech Walesa.



18
Jan 11
publicado por Nuno Gouveia, às 11:13link do post | comentar

 

Primary, um documentário de 1960, do realizador Robert Drew, é uma peça histórica sobre a forma de fazer política nos anos 60. Cobrindo a campanha para as eleições primárias no Wisconsin, entre John F. Kennedy e Hubert Humphrey, este documentário mostra-nos os bastidores e a linha da frente de uma campanha presidencial. Na época eram ainda poucas as primárias directas, mas o Wisconsin oferecia aos candidatos a oportunidade de lutarem directamente pelos delegados nas Convenções Nacionais. Hoje as campanhas presidenciais são bem diferentes, com os mega-comícios em grandes pavilhões e encontros nos aeroportos. Talvez apenas no Iowa e no New Hampshire ainda permaneça este género de fazer política. Transpondo este documentário para a actualidade, pensei logo na última campanha para as primárias democratas no Iowa: Barack Obama, qual JFK, gerando um enorme entusiasmo nos mais jovens e e recebido com uma euforia rara. Hillary Clinton, qual Humphrey, em campanha pelos distritos rurais do Estado e com um discurso pouco atractivo e mobilizador. Aconselho a visualização deste Primary, que para além do valor histórico, vale também pela qualidade cinematográfica com que apresenta estes dois políticos americanos do século passado.


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02
Jan 11
publicado por Nuno Gouveia, às 23:42link do post | comentar

 

Para começar o ano da melhor maneira, inicio aqui uma nova série de posts sobre documentários. O primeiro em destaque é este "The Key to Watergate", de Barbara Newman, de 1992. Neste documentário* são exploradas as verdadeiras razões do assalto à sede do Partido Democrata em Watergate. A visão que oferece é polémica, pois responsabiliza directamente John Dean, conselheiro de Richard Nixon e que mais tarde foi uma das testemunhas chave do processo de destituição do Presidente. O resto dos vídeos pode ser visualizado aqui.

 

* agradeço ao Alexandre Burmester a sugestão que me deu para ver este documentário.

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