07
Set 12
publicado por Nuno Gouveia, às 17:32link do post | comentar | ver comentários (8)

 

A convenção democrata terminou ontem em Charlotte com um sentimento de missão cumprida por parte de Barack Obama. Contrariamente às previsões, incluindo a minha, o Presidente não fez um grande discurso, ao estilo que nos habituou. Tal como a transferência do estádio para o pavilhão, também ao nível da retórica houve uma descida na fasquia. Ontem o melhor discurso da noite veio de John Kerry, que fez um ataque eficiente a Mitt Romney. Destaque também para o desfilar de estrelas que discursaram, como Eva Langoria e Scarlett Johanasen, que apesar de não terem dito nada de relevante, deram brilho e star power à convenção. Este último dia até estava a correr melhor do que os dias anteriores até ao discurso de Barack Obama, que terá ficado atrás de Bill Clinton e da Primeira Dama. A convenção não terá sido um game changer desta campanha, tal como não tinha sido a convenção republicana.  

 

Positivo:

- Os discursos de Bill Clinton e Michele Obama, proferidos no horário de prime-time, que foram muito bem recebidos e apresentaram o caso para a reeleição de Barack Obama

- Enfoque nas questões militares e de política externa, que ajudaram o Partido Democrata a relegar para trás a imagem anti-guerra criada nos anos anteriores à eleição de Obama, e que lhe dão nestas eleições vantagem sobre os adversários republicanos

- dois excelentes momentos que comoveram todos aqueles que estavam a assistir à convenção: o discurso da veterana de guerra do Iraque, Tammy Duckworth e a intervenção ontem à noite da antiga congressista Gabrielle Giffords.  

- comunicação directa com os grupos específicos que poderão ser decisivos para a vitória: minorias étnicas, mulheres e jovens. 

 

Negativo:

- O episódio de Deus e Jerusalém, que ofereceu ao país uma imagem contraditória e confusa do Partido Democrata

- Exagerado enfoque nas questões sociais, em detrimento do emprego e economia, que estiveram muito ausentes em Charlotte. Não sei até que ponto a ideia da "war on women" tem dado vantagens a campanha de Obama. As últimas sondagens que foram publicadas indicam uma quebra de popularidade do Presidente entre este segmento da população

- Ausência de estrelas emergentes. Ao contrário do Partido Republicano, que apresentaram Susana Martinez, Marco Rubio ou Chris Christie, os democratas parecem estar com falta de "rising stars". Julian Castro não cumpriu as expectativas, e sendo apenas Mayor de San António, não se vê como poderá ascender rapidamente na política americana. O melhor que ofereceram foi o governador do Maryland, Martin O'Malley. 

- O que um segundo mandato será diferente deste? Não responderam. Os Estados Unidos estão melhores do que há quatro anos? Não souberam responder. 


06
Set 12
publicado por Nuno Gouveia, às 23:54link do post | comentar | ver comentários (10)

 

A Convenção Democrata tem corrido bem a Obama. Bons discursos de Michele Obama e Bill Clinton, que serão certamente rematados esta noite com mais uma excelente intervenção de Barack Obama. Disso parece não haver dúvidas. Continuo a pensar que o enfoque especial nos assuntos sociais tem sido exagerado e que poderá ofuscar um pouco esta convenção, tendo como exemplo disso o discurso patético do Joe the Plumber desta campanha, de seu nome Sandra Fluke. Além disso, os media americanos têm continuado a servir de perfeitos mestres de cerimónia do Presidente, elevando os aspectos positivos e escondendo os negativos. Alguém duvida que se o que se passou ontem na votação de Deus e Jerusalém, com um voto no mínimo de empate a ser transformado numa vitória de 2/3, seria um dos assuntos principais dos media, se se tivesse passado na convenção republicana? E as sucessivas descaracterizações que têm sido ditas na convenção, incluindo por Michele Obama e Bill Clinton, que tem passado quase incólumes nos meios de comunicação social americanos? Numa campanha política, há diferentes interpretações e declarações exageradas, mas parece que as democratas têm escapado ao radar dos principais media. Bem, para quem conhece o fenómeno político americano saberá que isso é perfeitamente normal e nenhuma vitória republicana foi alcançada com o apoio dos media nas últimas décadas. É evidente que com o nascimento dos media conservadores, especialmente na era da Internet, existe hoje um contraponto na sociedade americana. Mas se em 2008 os media foram os cheerleaders de Obama, ninguém esperaria que este ano fosse diferente. 

 

Se os discursos dos principais oradores têm sido eficientes, na verdade o problema para Obama nunca foi esse. Todos nos recordamos dos grandes discursos que proferiu ao longo do seu mandato, e, ao contrário da eleição de 2008, isso não tem sido suficiente para o livrar de apuros. Mitt Romney teve apenas uma ligeira subida nas sondagens após a sua convenção, estando neste momento, pela primeira vez em muito tempo, empatado a nível nacional na média do Real Clear Politics. A minha previsão é que Obama, após a convenção irá subir ligeiramente, retomando a liderança por curta margem, como tem estado nos últimos tempos. Ficaria surpreendido se acontecesse outro cenário, o da manutenção da actual situação ou de uma grande subida de Obama. A campanha tem estado bastante renhida e quase inamovível nestes últimos meses. Acredito que até aos debates, se não acontecer nada de extraordinário, a situação não se alterará. 

 

PS: Fernando, apesar de não ser meu hábito comentar matérias de fé, que só dizem respeito a cada um, abrirei uma excepção para ti amanhã :)


05
Set 12
publicado por Nuno Gouveia, às 23:28link do post | comentar | ver comentários (13)

 

Num regresso à década de 90, discursa hoje Bill Clinton, aquele que é o político vivo mais popular dos Estados Unidos. Apesar de não morrer de amores por Barack Obama, espera-se hoje uma forte intervenção de apoio ao Presidente. Esta é uma boa jogada dos democratas para tentar capitalizar a popularidade de Clinton. Antes irá discursar Elisabeth Warren, a candidata ao senado pelo Massachusetts, que tenta derrubar Scott Brown. 

 

PS: entretanto, nas cada vez mais irrelevantes plataformas políticas, hoje passou-se uma situação curiosa na Convenção Democrata. Ontem foi anunciado que a palavra Deus e Jerusalém como sendo capital de Israel tinha sido retirada da Plataforma. Cedendo às pressões, hoje Deus e Jerusalém voltaram a ser incluidas. 


publicado por Nuno Gouveia, às 10:02link do post | comentar | ver comentários (11)

Ontem não tive a oportunidade de assistir ao discurso de Michele Obama. Pelo que li foi muito bem recebido, e será certamente uma ajuda valiosa à candidatura de Barack Obama. Antes dela falou Julian Castro, o Mayor de San António no Texas, outro discurso que não ouvi e que terá causado boa impressão. Principalmente pelo discurso da Primeira Dama, e o mais importante da noite, este primeiro dia da convenção terá sido muito positivo para as aspirações democratas. Mas deixo aqui um comentário ao que pude assistir:

 

Pontos positivos:

- discurso de Tammy Duckworth, candidata ao congresso no Illinois, e veterana do Iraque que ficou sem duas pernas. Uma imagem poderosa acompanhada por um bom discurso, que foi elogiado tanto à esquerda como à direita.

- aproveitamento de um vídeo de homenagem a Ted Kennedy para atacar Mitt Romney. Um momento que servirá para dar alento aos críticos do candidato republicano.

- aproveitamento da política externa, onde os democratas têm, algo raro, apresentado vantagem sobre os republicanos. A utilização de veteranos de guerra serve perfeitamente para relembrar isso. 

- Os "attack dogs" prestaram um bom serviço a Obama, especialmente Ted Strickland do Ohio e Martin O’Malley do Maryland.

 

Pontos negativos:

- demasiado enfoque dado às questões sociais, especialmente ao aborto. Neste momento os americanos estão preocupados sobretudo com a falta de emprego e a desaceleração da economia. Ao contrário dos republicanos, que deixaram os seus "guerreiros sociais" de fora da convenção, os democratas apostaram nestes temas. E nem sei até que ponto é eficaz: a maioria dos americanos considera-se pro-life e é bem mais próxima da posição de Romney.

- o mesmo para os ditos "assuntos de mulheres". Os democratas estão a tentar arranjar um meio de retirar votos aos republicanos entre as mulheres, e por isso, arranjaram esta "war on women". Tem tido vantagem nesse assunto, mas não faz sentido ocupar tanto espaço com isso e nem os eleitores estão para aí virados.

- falta de resposta para a pergunta "Are You Better off?". Os democratas caíram na ratoeira dos republicanos e ainda não conseguiram arranjar uma resposta convincente. Ontem as sondagens que foram publicadas apresentaram todas números negativos para esta questão, e os democratas necessitam de dar a volta a estes números. Talvez não chegue atacar Mitt Romney.


03
Set 12
publicado por Nuno Gouveia, às 23:46link do post | comentar | ver comentários (6)

A resposta a esta pergunta estará subjacente à Convenção Nacional Democrata, que se inicia amanhã em Charlotte, na Carolina do Norte. E por enquanto, os democratas parecem não ter afinada uma resposta coerente. Ontem, David Axelrod não conseguiu responder de uma forma assertiva e o governador de Maryland, Martin O'Malley (apontado como candidato a 2016) disse que não estavam. Hoje já corrigiu a declaração, mas o mal estava feito. Quando olhamos para as sondagens, existe um claro sentimento que não estão. Mas não se espera que seja essa a principal mensagem da Convenção: a esperança e a mudança de 2008 darão lugar às críticas contra o Partido Republicano e os seus líderes, tentando-os caracterizar como inelegíveis. Depois de há quatro anos Barack Obama ter prometido reduzir a dívida pública para metade, a sua administração aumentou-a mais do que qualquer outro Presidente, e durante um mandato (metade com total controlo no Congresso) não conseguiu aprovar sequer um orçamento. Com o estado do país a definhar, o desemprego muito superior ao prometido e o divisionismo, que Obama prometeu acabar, mais elevado do que nunca, ninguém espera que a principal mensagem desta convenção seja positiva. Aliás, depois de quatro anos com tantas promessas por cumprir (Eastwood perguntou como estava a situação de Guantánamo, por exemplo), o Partido Democrata pouco pode prometer. Não, a principal mensagem que os democratas vão tentar transmitir será tentar mostrar ao eleitorado independente que com o GOP a situação ficará pior. Como sempre tenho dito, a única oportunidade que a equipa de Obama tem para ser reeleita é desqualificar o adversário, o que tem sido feito com algum sucesso, pois só isso tem mantido a corrida empatada, com ligeiro ascendente para o Presidente. 


22
Ago 12
publicado por Nuno Gouveia, às 16:13link do post | comentar | ver comentários (1)

Referi anteriormente que faltava à convenção democrata o entusiasmo e energia que rodeou outras convenções. Não era bem isto que estava a pensar, mas foi anunciado hoje que Eva Longoria, a actriz da famosa série "Donas de Casa Desesperadas" vai discursar na Convenção. Os democratas habitualmente dominam Hollywood, mas não é normal as estrelas surgirem em papeis de destaque na campanha (a excepção é nas angariações de fundos). 


20
Ago 12
publicado por Nuno Gouveia, às 19:22link do post | comentar | ver comentários (3)

 

O Partido Democrata anunciou hoje mais nomes que vão discursar na sua convenção, que se realiza em Charlotte entre os dias 3 e 6 de Setembro. Ao contrário dos seus adversários e até do que tem sido normal nos últimos anos, os democratas não apresentam grandes novidades nem oradores que entusiasmam a base democrata. Talvez com excepção dos anteriormente anunciados Elisabeth Warren, candidata ao senado no Massachusetts, e Julian Castro, o Keynote Speaker da convenção, e excluindo Obama e Bill Clinton, claro. Mas esses não constituem novidade nenhuma. 

 

Rahm Emanuel, Mayor de Chicago e antigo chefe de gabinete de Obama, John Kerry, candidato democrata de 2004, Deval Patrick, governador do Massachusetts, Tim Kaine, candidato ao senado na Vírginia, Kamala Harris, Procuradora Geral da Califórnia, Martin O'Malley, governador do Maryland e Ted Strickland, antigo governador do Ohio. A estes podemos juntar os anteriormente anunciados Bill Clinton, Jimmy Carter, e claro, Joe Biden, Michelle e Barack Obama. A esta lista, que ainda deverá crescer mais com democratas, fica a faltar o tão anunciado republicano que irá discursar em Charlotte. Este sim, poderá ser um nome interessante. 


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