28
Abr 16
publicado por Alexandre Burmester, às 16:33link do post | comentar

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No domingo passado, as campanhas de Ted Cruz e John Kasich anunciaram uma espécie de acordo com especial incidência na primária do Indiana no próximo dia 3 (o acordo também se estende ao Novo México e ao Oregon, mas a atribuição proporcional de delegados nesses dois estados torna-o menos importante aí). Essa súbita aliança foi por muitos interpretada como sinal de desespero das duas campanhas nos seus esforços em barrarem o caminho a Donald Trump.

 

Entretanto, tiveram lugar cinco primárias em estados do Nordeste, todas ganhas por Trump com larga vantagem. Nada de imprevisível sucedeu nessas eleições, mas a "narrativa" é sempre influenciada pelos resultados eleitorais, com a tendência e tentação dos media em utilizarem adjectivos como "inevitável", "imparável", etc., para descreverem a campanha do vencedor.

 

E ontem, num comício em Indianapolis, Cruz sacou, digamos assim, um coelho da cartola: numa acção sem precedentes a esta distância da convenção, especialmente para um candidato que não lidera a corrida, anunciou Carly Fiorina como sua escolha para candidata a Vice-Presidente, no caso de ser ele o nomeado republicano.

 

É fácil classificar esta iniciativa como "desesperada" (o que não quer dizer que o não seja, claro), mas será mais interessante tentar analizar-se o que Fiorina poderá trazer ou não à campanha de Cruz. Foi CEO da Hewlett-Packard (com um desempenho sobre o sofrível, segundo muitas opiniões), candidata derrotada ao Senado pela Califórnia em 2010 (estamos, contudo, a falar de um estado cada vez mais dominado pelos democratas) e foi um dos inúmeros candidatos republicanos no início das primárias deste ano. Nos debates, deixou boa impressão e foi um dos primeiros republicanos a atacarem Trump seriamente (também tinha sido uma das primeiras vítimas da língua viperina do bilionário novaiorquino, diga-se). Debate bem, tem uma visão positiva das coisas e é conservadora. Mas, tirando uns breves instantes depois dos primeiros debates em que participou, a sua popularidade nunca foi grande, e acabou por desistir depois de um desempenho fraco no New Hampshire. Em Março declarou o seu apoio a Ted Cruz, e desde então tem feito campanha pelo senador do Texas. E, claro, é mulher e é da Califórnia, e isso decerto terá pesado na decisão de Cruz, embora o peso de Fiorina no eleitorado californiana seja duvidoso.

 

Não creio que esta escolha possa ter algum peso importante na primária do Indiana, mas é possível que, apesar de tudo, algum venha a ter na da Califórnia, a 7 de Junho. Além disso, se Cruz for o nomeado republicano, Fiorina poderá ser útil na campanha contra Hillary Clinton, que poderá atacar sem correr o risco de imediatamente receber como resposta o epíteto de "sexista".

 

Richard Nixon, um homem que sabia muito destas coisas, disse um dia que um candidato vice-presidencial pouco pode favorecer uma candidatura presidencial, mas em contrapartida, pode prejudicá-la grandemente. Não me parece que Fiorina possa vir a cair na segunda categoria, mas quanto à primeira, estou com Nixon. Mas, essencialmente, a oportunidade da sua escolha tem em vista o que resta das primárias e a luta pela nomeação.


13
Out 10
publicado por Nuno Gouveia, às 17:05link do post | comentar

Meg Whitman já gastou 140 milhões de dólares da sua fortuna pessoal na campanha para o governo da Califórnia, ultrapassando assim o anterior recorde milionário de 109 milhões que Michael Bloomberg investiu para ganhar as eleições para Mayor de Nova Iorque em 2009. A política nos Estados Unidos é indissociável do dinheiro. Os espaços televisivos, que constituem a maior fatia no investimento financeiro de uma campanha, são muito caros, e os candidatos precisam de estar no ar para convencer os eleitores. O que levará estes milionários a gastarem parte da sua fortuna na tentativa de serem eleitos para cargos de governo público?

 

Ninguém acredita que estes milionários vão para a política para ganhar dinheiro. Isso seria ridículo. E, diga-se, nenhum destes milionários precisam de conquistar notoriedade pública com estes cargos. Pelo menos estes exemplos que dei. O que motiva esta gente é um conjunto de ideais e sentimentos, nos quais se incluem a ambição de usufruir de poder, a vontade de servir a causa pública e o sentimento de, conquistada a fortuna, ganhar um lugar na história americana. A ambição domina o pensamento dos homens, e quem tem dinheiro pode sempre almejar chegar mais longe. Mas por outro lado percebo as críticas que são atiradas contra estes políticos. É indesmentível que ao gastarem estes milhões todos estão, em parte, a "comprar" a eleição com o seu dinheiro. Nenhum dos seus adversários, por muito dinheiro que angariem, conseguem competir financeiramente com eles. Jerry Brown na Califórnia, por exemplo, gastou apenas 1/10 do que Whitman já investiu. Mas isso não quer dizer que vá perder: neste momento está praticamente empatados nas sondagens, e temos vários exemplos do passado em que milionários foram derrotados.

 

No entanto esta não é uma questão que suscite muita polémica nos Estados Unidos. Os eleitores consideram, e a meu ver bem, que as pessoas são livres de gastar o seu próprio dinheiro onde desejam. E se o fazem na política, pelo menos estarão mais "livres" dos grupos de interesse que normalmente apoiam os políticos. Sejam empresas ou sindicatos. E depois, na hora de escolher, tanto podem votar neles ou não. Ainda nestas primárias um milionário foi derrotado nas primárias democratas na Florida, apesar de ter investido milhões de dólares na campanha.


09
Jun 10
publicado por Nuno Gouveia, às 15:50link do post | comentar

As primárias de ontem ficaram marcadas pela ascensão de Meg Withman e Carly Fiorina como líderes do Partido Republicano na Califórnia. Pelo menos até Novembro. As suas vitórias já eram esperadas, mas a margem que conquistaram elevaram estas duas mulheres a estrelas dos republicanos para o próximo ciclo eleitoral. No estado de Richard Nixon e Ronald Reagan, duas das figuras mais poderosas do GOP no século XX, Withman e Fiorina podem conquistar um importante lugar para o futuro, caso consigam ser eleitas Governadora e Senadora, respectivamente. Isso não será fácil, pois os democratas na corrida – Jerry Brown e Barbara Boxer – tem liderado nas sondagens. Mas o ciclo eleitoral está a mostrar-se sorridente para novatos na vida política, e se Withman e Fiorina chegaram à política recentemente, o mesmo não sucede com os seus adversários. Jerry Brown foi governador da Califórnia na década de 70, e desde então tem estado na vida política do estado. Actualmente é o Procurador-geral. Barbara Boxer está em Washington desde 1993. A seguir atentamente.


Também no Nevada uma mulher venceu as primárias para o Senado: Sharron Angle. Desconhecida até há bem pouco tempo, conseguiu ultrapassar os favoritos republicanos (Sue Lowden e Danny Tarkanian) nas últimas semanas, depois de ter obtido o apoio do Tea Party Express. Harry Reid deve ter sorrido perante este resultado, pois Angle é considerada pelos analistas como a adversária mais acessível. Apesar disso, os índices de popularidade de Reid são muito baixos, o que indica que haverá luta até ao fim. Também houve primárias para o cargo de governador. O hispânico Brian Sandoval derrotou o governador republicano Jim Gibbons, e vai defrontar o filho de Harry Reid, Rory.


Na segunda volta democrata para o Senado no Arkansas, a senadora Blanche Lincoln contrariou as sondagens e conquistou o direito de lutar pela reeleição em Novembro. Apesar dessa vitória, será muito difícil segurar o lugar em Novembro, pois neste momento está a 20 pontos do adversário republicano, o congressista John Boozman.

 

Outra das eleições que captou mais atenção mediática foi na Carolina do Sul. Nikki Haley venceu as primárias republicanas, mas irá disputar uma segunda volta ainda este mês. Se vencer, será a mais que provável governadora do estado. Podem consultar todos os resultados de ontem nesta página do Politico.


06
Jun 10
publicado por Nuno Gouveia, às 22:17link do post | comentar | ver comentários (3)

Na próxima terça-feira realizam-se primárias em vários estados para os partidos escolherem os seus candidatos aos diversos cargos estaduais e federais deste ciclo eleitoral. Destaque para as eleições na Califórnia, Nevada e Arkansas.

 

A Califórnia, o maior estado da união vai a votos para escolher os candidatos ao senado e ao governo estadual. E se no campo democrata, Jerry Brown (antigo governador na década de 70) e Barbara Boxer (actual senadora) deverão ser confirmados como os candidatos, no Partido Republicano ainda existem algumas dúvidas, apesar de Meg Withman e Carly Fiorina serem apontadas como as prováveis vencedoras. Na luta pela nomeação ao governo estadual, Meg Withman deverá vencer a luta contra o empresário Steve Poizner. Carly Fiorina, deverá ser a nomeada para concorrer ao senado contra Barbara Boxer, pois tem neste momento uma vantagem considerável contra Tom Campbell e o candidato apoiado pelo Tea Party, Chuck DeVore. Caso não haja surpresas, confirma-se a ascensão no Partido Republicano destas duas antigas CEOs (da eBay e HP), que surgiram na vida política como conselheiras económicas da campanha presidencial de John McCain em 2008.

 

No Nevada o Partido Republicano nomeará o adversário de Harry Reid em Novembro. Depois de meses a liderar as sondagens, Sue Lowden foi recentemente ultrapassada por Sharron Angle, a candidata apoiada pelo Tea Party. O outro actor principal desta eleição é Danny Tarkanian. A confirmar-se a nomeação de Angle, acredito que Harry Reid tenha a vida mais facilitada nesta eleição.

 

Por fim, no Arkansas haverá a segunda volta da nomeação democrata para o Senado, onde a incumbente Blanche Lincoln medirá forças com Bill Halter. Este último, candidato da ala esquerda do Partido Democrata, tem liderado por curta margem nas sondagens, mas tudo está ainda em aberto. Uma derrota de Lincoln constituirá o segundo fracasso para um incumbente do Partido Democrata, depois de Arlen Spector.


25
Mai 10
publicado por Nuno Gouveia, às 22:09link do post | comentar

 

No próximo dia 8 de Junho o estado mais populoso dos Estados Unidos vai a votos para escolher os seus candidatos ao Senado e ao Governo estadual. A atravessar uma grave crise financeira e política, o Golden State tem perdido influência e riqueza na última década e ambos os partidos têm responsabilidades. Daí que a palavra de ordem na Califórnia é "change", uma não-novidade na vida política norte-americana. Sendo um estado que vota democrata nas presidenciais desde 1992, e dominado por legisladores democratas, o actual governador é o republicano Arnold Schwarzenegger e durante a década de 90 teve outro republicano ao leme de Sacramento, Pete Wilson.


Do lado democrata, Barbara Boxer vai a votos para manter-se como a senadora júnior do estado, e é uma das incumbentes que tem o lugar em risco. Para o cargo Sacramento, Jerry Brown, que foi governador entre 1975 e 1983, deverá ser novamente candidato ao lugar. Resta referir que ambos os candidatos têm surgido com uma ligeira vantagem em relação aos seus potenciais opositores republicanos na esmagadora maioria das sondagens.


Do lado republicano a corrida está bem mais animada, se bem que esta semana as sondagens indicam que há duas favoritas. Nas primárias para o Senado, a antiga CEO da Hewlett-Packard, Carly Fiorina está com uma vantagem de mais de 20 pontos sobre o seu mais directo adversário, o antigo congressista Tom Campbell. O candidato preferido do tea party, Chuck DeVore está num distante terceiro lugar em todos os estudos de opinião. Para o cargo de Governador, a antiga CEO da eBay, Meg Whitman ganhou um novo fôlego contra Steve Poizner esta semana. Se não mudar o rumo dos acontecimentos até 8 de Junho, o GOP deverá apostar em duas empresárias de sucesso para derrotar os dois históricos do Partido Democrata. A sua tarefa não será fácil, mas pela importância da Califórnia na União e pelo perfil dos candidatos envolvidos, estas serão das eleições mais mediáticas do ciclo eleitoral.



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