Fizemos um longo interregno, ou hibernação, como digo no título, mas, agora que se aproximam as eleições presidenciais de 2016, decidimos voltar à faina.
É verdade que ainda estamos quase a dois anos das referidas eleições, mas a época de campanha não-oficial nos EUA tem vindo a começar cada vez cedo, e esta vez não será excepção, se bem que as coisas estejam mais paradas que em anteriores ciclos.
Houve também em Novembro uma mudança do equilíbrio de forças em Washington, com a conquista do Senado por parte do Partido Republicano e o reforço da sua maioria na Câmara dos Representantes (onde tem agora a sua mais forte representação em mais de 80 anos). Também a nível de governadores de estado os republicanos estão actualmente numa posição muito forte, com 31 dos 50 governadores. O domínio republicano do Congresso significará, muito provavelmente, o uso frequente do veto por parte do Presidente Obama, já que os republicanos, que estão numa maioria de 54-46, não deixarão de tentar "provocar" o uso dessa arma presidencial - que requer 67 votos para ser anulada. As votações em Capitol Hill raramente seguem linhas partidárias rígidas, mas mesmo contando em vários casos com o apoio de senadores democratas, dificilmente os republicanos conseguirão ultrapassar os vetos presidenciais. Isto não significa que tudo o que chegue à secretária do Gabinete Oval seja vetado, claro, mas aproximam-se algumas interessantes batalhas, a começar com o já famoso oleoduto Keystone XL (um dos partos mais longos da História), ligando a província canadiana de Alberta ao Golfo do México, a cuja construção Obama se tem oposto.
Voltando às presidenciais de 2016, por hoje farei apenas uma panorâmica sobre os mais fortes potenciais contendores:
Começando pelo Partido Democrático, ninguém discute que Hillary Clinton é não só a grande favorita, como dificilmente não será a candidata do partido. Não parece que possa acontecer uma repetição de 2008 onde, começando como favorita clara, a agora ex-Secretária de Estado se viu derrotada por um senador em primeiro mandato, pouco conhecido dos americanos. Mas daí a ir assistir-se a uma "coroação", isto é a umas primárias sem oposição de relevo, vai uma certa distância. Há três nomes que têm sido insistentemente falados como possíveis opositores de Clinton: a Senadora Elizabeth Warren do Massachusetts, o ex-Governador do Maryland Martin O'Malley e o ex-Senador pela Virgínia e antigo Secretário da Armada na Administração Reagan, Jim Webb. Os dois primeiros situam-se politicamente à esquerda de Clinton, mas Webb é um democrata atípico - trata-se de um forte defensor do direito ao porte de arma e já foi descrito como "mais anti-imigração que alguns republicanos". Numa eleição geral, um homem com o perfil de Webb seria um autêntico pesadelo para os republicanos, mas a verdade é que é difícil imaginá-lo a ser nomeado pelos democratas. Seja como for, o ex-senador já anunciou a formação de uma "comissão exploratória" de uma possível candidatura, e isto é um fortíssimo sinal das suas intenções.
Já no lado republicano, poderá assistir-se à mais caótica campanha desde há décadas. O número de possíveis candidatos de que se fala ronda os vinte (!), mas claro que nem todos podem ser considerados candidatos de "primeira água". Os nomes mais fortes, nesta altura e a esta distância dos "caucuses" de Iowa (tiro de partida das primárias, em Fevereiro de 2016) serão o ex-Governador da Florida Jeb Bush (que praticamente já anunciou a sua candidatura, ainda que não oficialmente), irmão de George W. e filho de George H.W., o Senador pelo Kentucky Rand Paul, e os governadores de Wisconsin e New Jersey, Scott Walker e Chris Christie, respectivamente.
Enfim, será um tema a que não faltará matéria ao longo dos próximos 22 meses, e a ele o blog voltará decerto inúmeras vezes.