22
Jun 11
publicado por Nuno Gouveia, às 10:23link do post | comentar

O Senado confirmou ontem Leon Panetta como Secretário da Defesa, assumindo o cargo a partir de 30 de Junho. A votação unânime não deixa margem para dúvidas do apoio que recebeu dos dois partidos. O ainda director da CIA não vai ter vida fácil. Com as intervenções na Líbia, Iraque e Afeganistão, e a situação militar complicada no Paquistão e Yemen, este é provavelmente o cargo mais complicado da Administração Obama. Daí a importância deste apoio que recebeu no Senado. 

 

Panetta vai substituir Robert Gates, no cargo nos últimos quatro anos e meio. Apesar de tudo, penso que a história será favorável ao antigo colaborador das Administrações Reagan, H. Bush, W. Bush e Obama. Quando assumiu o cargo em 2006, a guerra no Iraque estava perdida e o Pentágono sofria uma grave crise de credibilidade. Durante os anos seguintes contribuiu para recuperar a credibilidade perdida, ajudou a implementar uma "surge" com sucesso no Iraque, salvando a face da Administração Bush, e ainda terminou o mandato com o sucesso da morte de Osama Bin Laden. No Afeganistão, a situação é mais complexa, mas conseguiu gerir bem a relação entre os militares e o poder civil, juntamente com a liderança de David Petraeus no terreno. O inicio da retirada anunciado ontem por Obama pode ser bom sinal para os próximos anos. Nos últimos meses foi lançando sérios avisos sobre a capacidade limitada dos Estados Unidos em se envolverem em novos conflitos, como aconteceu recentemente na Líbia. Particularmente, gostei do aviso que deixou aos parceiros da NATO este mês, quando alertou que esta organização poderá tornar-se relevante se não for levada mais a sério pelos países europeus. 


10
Jun 11
publicado por Nuno Gouveia, às 10:22link do post | comentar

Diversas fontes deram ontem conta que Hillary Clinton está interessada em mudar-se para o Banco Mundial no próximo ano. A Secretária de Estado sempre disse que não pretendia manter-se no cargo no possível segundo mandato de Barack Obama, e a saída de Robert Zoellick, antigo secretário de Estado adjunto no mandato de George W. Bush, no próximo ano, abre uma vaga para um americano. A presidência do Banco Mundial tem pertencido desde sempre a um americano, e, apesar das profundas alterações na diplomacia internacional, espera-se que esta tradição se mantenha. Se este cenário se concretizar, Obama terá de escolher um novo Secretário de Estado para a parte final do seu mandatspan> 


24
Mai 11
publicado por Nuno Gouveia, às 15:58link do post | comentar

 

Barack Obama está a realizar uma visita à Europa, que inclui passagens pela Irlanda, Inglaterra, França e Polónia. Começou na Irlanda, onde esteve durante o fim de semana para "reencontrar" as suas raízes ancestrais (a família da mãe é de origem irlandesa)  e neste momento encontra-se na Inglaterra, onde tem encontros marcados com David Cameron e a rainha Isabel II.

 

A eleição de Obama em 2008 foi considerada pela generalidade dos analistas europeus como uma lufada de ar fresco para as relações transatlânticas, depois das desconfianças e desacordos com a Administração Bush. Mas esse cenário não se concretizou e esta visita surge num momento em que a relação entre os Estados Unidos e a Europa já conheceu melhores dias. Obama tem centrado a sua actuação numa visão do mundo pós transatlântica, sendo cada vez menos centrada na Europa. Normal, acrescento eu, pois o mundo de 2011 não é o mesmo de 2001, cuja centralidade se deslocou do Atlântico para outras regiões do planeta (ler, por exemplo, Um Mundo sem Europeus, de Henrique Raposo). As Administrações americanas apenas ainda não tinham "acordado" para esta realidade, pois a sombra da guerra fria ainda dominava a atenção da diplomacia americana. Nos últimos anos Bush, já assistimos a um desvio de atenções, nomeadamente com o aprofundamento das relações com a India, mas Obama é verdadeiramente o primeiro presidente a encarar a Europa como apenas mais uma zona de interesse para o seu país. 

 

No entanto, os dois blocos continuam a ter muitos interesses em conjunto, nomeadamente a guerra do Afeganistão, a intervenção na Líbia ou o processo de paz no Médio Oriente. Um dos assuntos que não deixará de ser abordado entre os líderes europeus e Obama é o voto que está previsto acontecer em Setembro na ONU em relação à declaração unilateral da Palestina em tornar-se um estado independente. Os Estados Unidos já avisaram que vão vetar a resolução, mas precisam de obter o apoio de alguns dos congéneres europeus, nomeadamente da Inglaterra e da França, para impedir o isolamento internacional de Israel. Já agora, também gostava de saber a posição portuguesa em relação a este voto. Outro dos assuntos que será discutido será a substituição de Dominique Straus-Khan no FMI, tema este que deverá ser decidido na cimeira do G-8, que se realizará em França. Obama irá terminar este périplo na Polónia, onde tentará afastar os fantasmas que surgiram desde a sua eleição, com as cedências da Casa Branca à Rússia, nomeadamente em relação ao escudo anti-míssil que seria instalado na Polónia e Republica Checa. O leste europeu tem sido um fiel aliado dos Estados Unidos desde o fim da URSS, e Obama pretenderá que assim continue. 

 

 


22
Mai 11
publicado por Nuno Gouveia, às 23:07link do post | comentar

As palavras que Obama teceu em relação ao processo de paz israelo-árabe, além de ter tido o condão de fazer desaparecer da actualidade o resto do discurso, elogiado por diferentes lados, colocou a Administração Obama em maus lençóis perante Israel e o lobby judaico, tradicional apoiante do Partido Democrata. Benjamin Netanyahu, de visita a Washington, acabou mesmo por recusar a proposta do regresso às fronteiras de 1967 ao lado de Obama, o que não pode deixar de ser considerado uma humilhação para o Presidente. 

 

Sobre isto, não preciso de escrever mais, pois o Alexandre Guerra, no O Diplomata, escreveu um excelente post sobre o assunto:

 

O Presidente Barack Obama foi ingénuo e mal aconselhado quando, no discurso sobre o Médio Oriente proferido na passada Quinta-feira, veio defender a solução de “dois Estados” na Palestina delimitados pelas fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias ("pre-1967 borders"). Um erro de tal forma evidente e inédito nas presidências americanas, que foi conftrangedor ver Obama ouvir do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanhyahu, em plena Sala Oval, que tal solução nunca seria aceite por Israel, porque a mesma colocaria em causa a segurança da própria existência do Estado hebraico.


20
Mai 11
publicado por Nuno Gouveia, às 16:01link do post | comentar

Barack Obama defendeu ontem a sua visão para o Médio Oriente, num discurso que fez notícias sobretudo pela posição que defendeu em relação ao conflito entre Israel e a Palestina. Nesta intervenção, Obama fez recordar várias vezes George W. Bush, quando apontou a democracia e a liberdade como a solução para os problemas árabes. Até chegou mesmo a apontar o Iraque, cuja intervenção americana tanto criticou, como o exemplo de democracia para os países vizinhos. Este já não é o Obama de 2008. Aproveitando as revoluções da rua árabe e a morte de Bin Laden, tentou dar um novo fôlego à política norte-americana para a região. Obama apresentou-se como um representante das aspirações do povo muçulmano, tentando demonstrar que os Estados Unidos são um apoio sustentável às revoluções democráticas. Num optimismo que por vezes poderá entrar em choque com a realidade, como temos visto recentemente no Egipto, Obama atacou de frente o regime sírio e apelou ao mundo para apoiar a democracia. Pessoalmente gostei desta intervenção.

 

A parte mais controversa, e que deu mais títulos para a imprensa, foi precisamente a sua posição em relação a Israel, onde defendeu a solução de dois estados independentes, assentes nas fronteiras anteriores a 1967. Isto suscitou diversas críticas por parte dos republicanos e do governo israelita, numa altura em que o Primeiro-ministro israelita se desloca aos Estados Unidos. Benjamim Nethanyahu chega hoje a território americano para uma visita oficial, onde vai discursar perante o Congresso na próxima terça-feira. O timing do discurso de Obama não terá sido por acaso. Bibi criticou ferozmente esta posição, pois Israel não aceita negociar com o pressuposto das fronteiras de 1967. Os republicanos alinharam, como quase sempre tem sucedido nas últimas décadas, pela posição pró-israelita. Obama tentou assim dar "força" ao processo de paz, com uma posição equidistante entre os dois lados do conflito. Uma postura arriscada, mas que lhe permitirá mais margem de manobra no futuro. Se isso o pode prejudicar nas aspirações para 2012? A comunidade judia tem sido um forte apoio aos democratas nas últimas décadas, apesar do Partido Republicano ser quem mais tem defendido as posições de Israel. Nos últimos dois anos, tem havido alguma fricção e o GOP pode aproveitar para conquistar um apoio nos judeus americanos que nunca teve. Vamos ver.


29
Mar 11
publicado por Nuno Gouveia, às 16:08link do post | comentar | ver comentários (1)

Barack Obama discursou ontem ao país sobre a intervenção na Líbia, e como não poderia deixar de ser, recolheu opiniões divergentes. Num bom discurso (a minha opinião), Obama tentou responder às críticas que tem recebido, clarificando a posição dos Estados Unidos. No entanto, este já não o Obama da campanha eleitoral, quando em 2007 criticava os ataques militares ordenados pelo Presidente sem a autorização do Congresso. Nessa altura, Obama disse mesmo que a opção militar deveria ser apenas um recurso quando o país estivesse sob iminente perigo. O que não é o caso da Líbia. Mas este é o novo Obama. 

 

O que está em causa nesta missão? Obama defendeu que os Estados Unidos viram-se obrigados a intervir para impedir um desastre humanitário, salvando milhares de pessoas da morte certa. Mais, apesar de Obama não dizer que era esse o objectivo, o ditador Kadhafi deve sair do poder. Num discurso que, por vezes, lembrou os discursos da agenda da liberdade do Presidente George W. Bush, invocou, ainda que directamente, o excepcionalismo americano e o seu papel no mundo. Finalmente assumindo a liderança americana na Líbia, Obama reafirmou que não haverá soldados no terreno e que, a partir de agora, a situação será conduzida pela NATO. Mas também novas dúvidas surgiram deste discurso: o aviso a outros ditadores da região, que os Estados Unidos não tolerarão massacres a civis, foi bastante ambíguo. Será que se o ditador sírio ou o regime de Teerão continuarem a reprimir o seu povo, haverá novas intervenções? Não me parece, mas quem levar as suas palavras à letra, poderá ter ficado com essa impressão.

 

Obama é um excelente orador, e ontem, mais uma vez, foi eficaz. Mas não é isso que está em causa. Esta intervenção será avaliada pelo que suceder no futuro. As dúvidas permanecem muitas, e caso Khadafi se mantenha no poder, como sucedeu no Iraque em 1991, Obama será atacado por isso durante a campanha eleitoral. E se Khadafi realmente sair, mas houver uma situação caótica no terreno no dia seguinte, Obama também será responsabilizado por isso. A principal dificuldade de Obama será mesmo essa: o que vai acontecer no futuro da região? Obama foi apanhado de surpresa por esta onda de revoluções no Médio Oriente e Magrebe, e ao intervir directamente na Líbia, país que tinha um longo passado conflituoso com os Estados Unidos, aumentou as expectativas sobre o papel desempenhado pela Administração nesta região. Em 2012, a campanha eleitoral também passará pelo mundo árabe.


28
Mar 11
publicado por Nuno Gouveia, às 12:44link do post | comentar

Passados dez dias do inicio da intervenção na Líbia, Barack Obama vai finalmente dirigir-se à nação sobre este conflito. Hoje, às 19h30 (de Washington).


25
Mar 11
publicado por Nuno Gouveia, às 16:47link do post | comentar

O estranho conceito de liderança de Obama está a suscitar diversas críticas, à direita, mas também à esquerda. Estas críticas não incidem sobretudo na intervenção em si, mas na forma como a Administração tem lidado com a situação da Líbia. Alguns dos artigos desta sexta-feira muito duros para o Presidente Obama.

Is President Obama the weakest Commander-in-Chief in US history?, Niles Gardiner

A Mission Wrapped in Confusion, Eugene Robinson

The Speech Obama Hasn't Given, Peggy Noonan

The Professor's War, Charles Krauthammer


23
Mar 11
publicado por Nuno Gouveia, às 15:25link do post | comentar | ver comentários (2)

A oposição da Turquia terá sido ultrapassada e a NATO vai assumir o comando das operações na Líbia.


21
Mar 11
publicado por Nuno Gouveia, às 12:38link do post | comentar | ver comentários (1)

 

Barack Obama está a provar as agruras do poder. Eleito em 2008 com o suporte entusiástico da facção anti-guerra do Partido Democrata, a sua liderança está a ser bem diferente do que imaginara. Na verdade, hoje Obama deverá ter uma imagem bem mais simpática de George W. Bush. Depois de semanas a enviar sinais contraditórios, os Estados Unidos acabaram por ceder às pressões dos aliados europeus para actuar contra o regime de Khadafi.

 

Mas Obama não seguiu a cartilha das últimas duas guerras em que os Estados Unidos estiveram envolvidos. Esta intervenção apenas surgiu depois da aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas e depois do pedido da Liga Árabe, que entretanto, como seria de esperar, já recuou. Outra diferença substancial é que os líderes aparentes da situação no terreno não são americanos. Os franceses e os ingleses é que abriram as hostilidades, e Obama tem cedido o protagonismo a Sarkozy e Cameron na liderança da batalha pela opinião pública. Ao contrário do Iraque, por exemplo, aqui foi o Departamento de Estado a forçar a intervenção, enquanto o Departamento de Defesa teria preferido manter os militares americanos afastados da Líbia.

 

O inicio também não foi o mais convencional. Depois de semanas de declarações de responsáveis americanos a afirmarem que não haveria intervenção militar sob chancela americana, as operações militares começaram, sem uma declaração formal do Presidente na Casa Branca – estava de visita no Brasil – e sem um objectivo definido. Enquanto Obama anteriormente tinha afirmado que Khadafi tinha de sair, o Almirante Mike Mullen defendeu este fim de semana que esta operação não se destina à mudança de regime, e que até pode terminar com Khadafi a manter-se no poder. Em que ficamos? Será que os americanos pensam mesmo que isto pode terminar numa situação de status quo, como aconteceu no Iraque em 1991?


Diferenças substanciais definidas pelo estilo de liderança de Barack Obama, que enfrenta aqui uma prova de fogo. Com as fileiras a romperem-se no seu partido, o pior que lhe podia acontecer era um desastre de relações públicas na Líbia. Mas se Khadafi cair rapidamente e o pós guerra não envolver militares americanos, Obama poderá ter encontrado aqui o tom de liderança que o seu mandato desesperadamente necessita. Pelo que temos visto, não será fácil.


20
Mar 11
publicado por Nuno Gouveia, às 11:38link do post | comentar | ver comentários (1)

 

“They consulted the Arab League. They consulted the United Nations. They did not consult the United States Congress”

 

No mês de Setembro de 2001, pouco depois dos ataques terroristas, ambas as câmaras do congresso passaram uma resolução autorizando o Presidente George W. Bush a utilizar a força para actuar contra os terroristas, que culminou na intervenção no Afeganistão. Na altura, apenas um dos  535 congressistas e senadores votou contra. Em 2002, já com a oposição de vários democratas e de poucos republicanos, as duas câmaras autorizaram a intervenção no Iraque. Este fim de semana, forças militares americanas iniciaram o seu envolvimento na Líbia. Vários democratas da ala esquerda do Partido estão a questionar esta decisão da Administração Obama. Denis Kucinich, congressista de Detroit que  tentou iniciar um processo de impeachment contra George W. Bush e Dick Cheney, defendeu mesmo que esta acção poderá ser motivo para um processo semelhante contra o Presidente Obama. Terá certamente o sucesso dos anteriores. Mas Obama começa a ficar numa posição desconfortável, com esta oposição dentro do seu próprio partido.

 

Por enquanto, os líderes republicanos têm estado em silêncio, mas não me parece que vá surgir grande oposição deste lado. A liderança no Congresso tem permanecido em sincronia com Obama em relação à política externa e os principais candidatos presidenciais até criticaram o Presidente por ter demorado a actuar na Líbia. E ainda esta semana foi recusada uma moção no Congresso que exigia a retirada do Afeganistão, que teve apenas o apoio de 8 republicanos. E nem um dos 87 novos congressistas votou a favor da retirada. O problema para Obama poderá vir da esquerda, que ameaça subir ainda mais o tom da contestação, depois desta intervenção na Líbia não ter sido votada no Congresso.


19
Mar 11
publicado por Nuno Gouveia, às 18:45link do post | comentar

Secretário de Estado de Bill Clinton, entre 1993 e 1997, e ainda colaborador das administrações Johnson e Carter, Warren Christopher faleceu hoje nos Estados Unidos. Figura que marcou várias gerações do establishment de política externa do Partido Democrata, Christopher esteve ainda envolvido na polémica recontagem de votos na Florida em 2000, onde "combateu" James Baker, do lado republicano, também ele antigo Secretário de Estado. Ao longo da sua carreira liderou diversas negociações, nomeadamente a libertação dos reféns de Teerão em 1980 ou ainda os acordos de Oslo em 1993. Foi um homem respeito pela comunidade internacional e por ambos os partidos americanos. Deixo aqui um testemunho de James Gibney, antigo speechwritter de Christopher no Departamento de Estado.


14
Mar 11
publicado por Nuno Gouveia, às 23:54link do post | comentar | ver comentários (1)

President Obama is reluctant to intervene in the bloody civil war now underway in Libya. As a senior aide told The New York Times last week, “He keeps reminding us that the best revolutions are completely organic.” I like that notion of organic revolutions—guaranteed no foreign additives, exclusive to Whole Foods. I like it because, like so much about this administration, it is both trendy and ignorant.

Was the American Revolution “completely organic”? Funny, I could have sworn those were French ships off Yorktown. What about Britain’s Glorious Revolution, the one that established parliamentary rule? Strange, I had this crazy idea that William III was a Dutchman.

 

How to Get Gaddafi, Niall Ferguson

Numa altura em que as forças governamentais da Líbia avançam sobre os revoltosos, e que sobem de tom as críticas ao laissez-faire da Administração Obama, o historiador Niall Ferguson escreve um artigo muito crítico na Newsweek. As opiniões dos americanos dividem-se em relação à resposta americana, mas se as coisas correrem para o torto no Magrebe e Médio Oriente, Obama pode contar com muitas críticas da maioria do Partido Republicano e de parte do próprio partido. Devo dizer que concordo genericamente com a opinião de Ferguson. Uma intervenção militar não é a única solução em cima da mesa para ajudar os revoltosos líbios. Este não é tempo para deixar que, mais uma vez, um povo seja massacrado pelos seus próprios líderes. E não me venham dizer que os líbios não querem ajuda. Já deixaram bem claro isso


11
Mar 11
publicado por Nuno Gouveia, às 11:06link do post | comentar

Não é normal assistirmos a estas discordâncias em público. Depois de na Quarta-feira Hillary Clinton ter afirmado que uma zona de exclusão aérea não seria liderada pelos Estados Unidos, Bill Clinton defendeu ontem uma posição contrária. O 42º Presidente afirmou que se os líderes rebeldes pedirem ajuda, os Estados Unidos devem intervir. Clinton sabe do que fala. Durante o seu mandato ocorreram massacres no Ruanda e na antiga Jugoslávia, sem que a comunidade internacional tenha feito nada para os impedir. Finalmente, quando se preparava para suceder nova tragédia no Kosovo, uma coligação da NATO, liderada por Clinton e Blair, actuou contra o ditador Milosevic. Depois de vários republicanos terem exigido o mesmo, esta posição de Bill Clinton coloca ainda mais pressão sobre a Administração Obama.



28
Fev 11
publicado por Nuno Gouveia, às 22:20link do post | comentar | ver comentários (2)

Na década de 80, o regime líbio era considerado dos maiores apoiantes do terrorismo internacional, tendo estado envolvido em diversos atentados. Em 1986, Ronald Reagan chegou mesmo a mandar bombardear Tripoli e Benghazi. A Administração Bush, em virtude do anúncio formal do regime de Khadafi de renúncia ao terrorismo e ao desenvolvimento de armas de destruição em massa, acabou com o embargo e normalizou as relações entre os dois países. Mas as recentes manifestações voltaram a degradar as relações, e nova intervenção pode suceder. Pelo menos foi isso que a Secretária de Estado, Hillary Clinton, afirmou hoje. Não sei se será apenas para manter a pressão sobre Khadafi, mas é a primeira vez que a Administração Obama ameaça usar a força desde que está no poder. Estas revoluções no Magrebe e Médio Oriente representam a mais grave crise de política externa do actual mandato, e se alguma coisa correr mal, este assunto não deixará de fazer mossa nas presidenciais de 2012.


14
Fev 11
publicado por Nuno Gouveia, às 17:14link do post | comentar

O historiador Niall Ferguson estreou-se esta semana como colunista na Newsweek e fê-lo com estrondo, com o esclarecedor título: "Egypt: how Obama blew it". Esta é uma entrevista que deu hoje à MSNBC com base nesse artigo. Não concordando com algumas das suas premissas, e especialmente com o tom demasiado pessimista em relação ao futuro do Egipto, penso que é um artigo que vale a pena ler, tal como a entrevista. E sim, apesar de Obama ter reagido mal inicialmente, penso que a postura da Administração em relação à crise do Egipto até ao momento foi positiva.


12
Fev 11
publicado por Nuno Gouveia, às 00:23link do post | comentar

escrevi sobre a reacção da Administração Obama aos acontecimentos no Egipto. E se no inicio, a resposta não foi a melhor, ao longo das semanas, a situação foi melhorando. Como recorda aqui Ben Smith, Republicanos e Democratas falaram a uma só voz nesta matéria. Aliás, é na política externa, e apesar de algumas divergências que existem, que Obama tem conseguido estabelecer mais acordos com os republicanos. Em relação ao Egipto, a situação permanece instável e incerta. Mas até ao momento, Obama tem lidado bem com a situação. Se o período de transição correr bem no país, Obama terá um trunfo para apresentar nas presidenciais de 2012.


04
Fev 11
publicado por Nuno Gouveia, às 17:25link do post | comentar | ver comentários (3)

A Administração Obama, num momento de fragilidade, foi apanhada de surpresa pelos acontecimentos no Egipto. Só assim se pode compreender as declarações dos primeiros dias das manifestações, com Hillary Clinton a considerar o Egipto estável e Joe Biden a dizer que não se podia chamar a Hosni Mubarak um ditador. Mas é verdade que soube corrigir o tiro inicial, a partir do momento em que Barack Obama se pronunciou pela primeira vez sobre o assunto. Por muita retórica que possa existir, acredito que o tom de Washington sobre o Egipto não seria diferente com outro Presidente. Mas nem por isso o futuro do Egipto deixa de estar relacionado com a forma como Obama será avaliado pelos americanos em 2012.

 

Há duas componentes da diplomacia americana: o que se diz publicamente e o que se faz nos bastidores. Até ao momento, parece evidente que os Estados Unidos olham já para o futuro do Egipto pós-Mubarak. Se por um lado, os americanos colocam-se ao lado das forças democráticas que se manifestam nas ruas do Cairo, por outro, nos bastidores, as acções perante o exército egípcio que estarão a ser conduzidas têm dois objectivos claros: facilitar uma transição pacífica sem um banho de sangue, e por outro, criar as condições necessárias para impedir que a Irmandade Islâmica assuma os destinos da revolução. Dificilmente os Estados Unidos terão num futuro governo um aliado tão seguro como o actual regime. Isso é passado. No entanto, as excelentes relações que têm com o exército podem produzir frutos. É pouco credível que uma organização que defende a introdução da Sharia, a perseguição aos cristãos e às mulheres e que pretende rasgar o acordo de paz com Israel, possa ser aceitável para o Estados Unidos. Isso seria cometer o mesmo erro de 1979, quando muitos acreditaram que os islâmicos de Khomeini poderiam ser uma força aceitável dentro do jogo democrático. E é neste tabuleiro perigoso que os americanos jogam. Se o Egipto cair nas mãos de extremistas islâmicos, Obama ficará numa posição muito frágil. No Verão de 2012, quando a campanha de reeleição estiver no auge, a situação do Egipto não deixará influenciar a ordem do dia. E é nisso que Obama também deve estar a equacionar.



03
Fev 11
publicado por Nuno Gouveia, às 16:52link do post | comentar | ver comentários (1)

O momento egípcio, de Bernardo Pires de Lima. Neste artigo, aborda-se o que está em causa neste momento no Egipto e qual deverá ser a reação dos países ocidentais.

 

Cenários radicais, de Luís Naves. Neste post, o autor refere um post que escrevi no Cachimbo de Magritte. Não contesto que existe uma possibilidade da Irmandade Islâmica vencer umas eleições democráticas. O que quis dizer é precisamente que essa vitória não é assim tão provável de acontecer. De resto, Luís Naves aborda a temática da previsível influência da Irmandade Muçulmana num Egipto pós Mubarak de uma forma talvez demasiado optimista. Não acredito que seja provável que sigam o exemplo dos islamitas turcos. Mas é uma reflexão que aconselho a ler.


29
Jan 11
publicado por Nuno Gouveia, às 18:52link do post | comentar | ver comentários (1)

 

Numa posição muito difícil, Barack Obama não perdeu mais tempo e emitiu ontem uma declaração sobre os protestos no Egipto. Sem deixar cair o seu aliado mais importante do mundo árabe, Obama reafirmou o pedido de reformas democráticas no país e apelou ao governo para não reprimir os manifestantes.

 

Deixo aqui alguns artigos que li sobre o assunto que podem suscitar o vosso interesse.

 

Robert Kaplan, na Foreign Affairs, relativiza o perigo destas revoluções (Tunísia e Egipto) em transformarem-se em repetições do Irão 1979 e defende que Barack Obama deve criar condições para facilitar a tarefa das forças democráticas na região. Ainda na Foreign Policy, cinco especialistas do Médio Oriente analisam a situação e da resposta da Administração americana aos acontecimentos.

 

O Washington Post, em editorial, pede a Barack Obama para "cortar" ligações com Hosni Mubarak e oferecer apoio às forças democráticas lideradas por El Baradei. Ainda no mesmo jornal, num artigo de Robert Satloff, algumas acções que os Estados Unidos devem desenvolver para apoiar as revoluções do mundo árabe, nomeadamente na Tunísia.

 

Jonathan Kay, no National Post, faz uma defesa optimista da implementação da democracia no Médio Oriente. Por fim, o Daily Telegraph informa que os Estados Unidos estariam a apoiar secretamente um grupo da oposição egípcia desde 2007.



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