Barack Obama tem sido comparado a Bill Clinton em 1994, por ter-se movido para o centro, neste recente acordo dos "Bush Tax Cuts". Eu também aqui acenei com esse cenário. Mas há quem discorde dessa ideia, e talvez não estejam desprovidos de razão.
Dick Morriso, o arquitecto da triangulação de Bill Clinton, não é um analista imparcial nesta questão. Nos últimos anos, assumiu-se como uma voz conservadora no panorama mediático americano, e não é parte desinteressada na luta política. Como já disse anteriormente, não ficaria totalmente surpreendido se regressasse ao activo nesta próxima campanha presidencial, trabalhando ao lado de um candidato republicano. Mas o seu argumento tem alguma lógica. Segundo Morris, Bill Clinton moveu-se para o centro, chegando a acordo em áreas que faziam parte da sua agenda, como o combate ao crime ou o equilíbrio do orçamento. Morris defende que a estratégia de Obama não é a mesma, pois adoptou medidas que sempre discordou, faltando a uma promessa emblemática da sua campanha.
Jon Meacham, em artigo assinado no NY Times, também concorda com Morris. Meacham, biógrafo de George H. Bush, defende que, tal como o Presidente republicano, Obama quebrou uma promessa, ao aceitar a manutenção da baixa de impostos para os mais ricos. A famosa frase de H. Bush, "read my lips: no new taxes", faz eco na ideia de Meacham, e para ele, a comparação de Obama deve ser feita com o 41º Presidente e não com o 42º.