Escrevi que o acordo entre republicanos e democratas era um regresso ao bipartidarismo tradicional de Washington. Nos comentários, o Miguel Madeira alertou-me que a aprovação no Congresso não estava garantida. Respondi-lhe que duvidava que tal acontecesse. Apesar do Politico afirmar que já haverá os votos suficientes de republicanos e democratas para aprovar o acordo, hoje não tenho assim tanta certeza disso.
Do lado republicano, as criticas têm sido mais suaves, mas pelo menos Jim DeMint já disse que votará contra no Senado. Além disso, Sarah Palin saiu hoje a terreiro a criticar o acordo da liderança republicana com Obama. Interessante saber quem acompanhará os die hard conservatives nesta questão no Congresso. Mas as maiores divergências surgem no Partido Democrata, onde muitos congressistas se têm insurgido contra o acordo, nomeadamente contra a cedência nos cortes de impostos aos mais ricos. A ala mais à esquerda tem manifestado a sua oposição. Na imprensa "liberal" americana lêem-se hoje vários ataques a Barack Obama. Howard Fineman alerta para a possibilidade de Obama repetir a saga de Jimmy Carter, e Matt Bai fala no perigo de oposição nas primárias democratas de 2012. Foi anunciado que a votação poderá ocorrer já na próxima sexta-feira.
Uma coisa é certa: Obama arriscou enfurecer a sua base com este acordo, e com isso, tenta também demonstrar ao povo americano que está disposto a dar a mão aos republicanos. Não sei se é o inicio de uma estratégia Clintoniana, mas é algo diferente do que tinha ensaiado nos últimos dois anos. Se o acordo for reprovado pela ainda maioria democrata, isso poderá representar um sério revés para Obama.