«Ainda recentemente o antigo líder da maioria republicana foi condenado por lavagem de dinheiro.» Pode dizer o nome dele, Nuno: Tom DeLay. E daí? Se cometeu um crime, foi muito bem condenado. Esperemos agora que o mesmo aconteça, por exemplo, a dois democratas: Charles Rangel e Maxine Waters. E Barney Frank também já devia ter prestado contas à justiça, não apenas por aquele caso de prostituição masculina, mas principalmente pelo seu papel na ruína do Freddie Mac e da Fannie Mae.
E não foi tanto, no seu todo, «o Partido Democrata que liderou as batalhas legislativas na década de 60 para acabar com a segregação racial no Sul» mas mais… John Kennedy e Lyndon Johnson (que, assim, como que se «redimiram» pelas suas responsabilidades na intervenção no Vietnam). Foram muitos mais (em percentagem) os congressistas republicanos que nos anos 60 votaram a favor da lei dos direitos civis do que os democratas – e entre os «azuis» que votaram contra estava o pai de Al Gore (e esta, sabia?). Aliás, Kennedy e Johnson mais não fizeram do que receber a «tocha» das mãos de Dwight Eisenhower, que em 1957 mandou a Guarda Nacional para Little Rock, no Arkansas, para impor a decisão do Supremo Tribunal de terminar a segregação nas escolas.
Pode até ser involuntário, inconsciente, mas você continua a querer «marcar-me» como fundamentalista e sectário. Lá está, se você consultasse mesmo, com atenção, o Obamatório, saberia que eu «não me limito a ler sites ou imprensa republicana»: são várias as ligações que já fiz ao New York Times, ao Los Angeles Times, ao Washington Post, à ABC, à CBS, à NBC… Muitas mais, por exemplo, das que você já fez para a Fox.
E, Nuno, claro que há ideias diferentes, claro que «em democracia não há somente uma visão das coisas». Pois, só que.. há ideias e visões muito melhores do que outras! Acaso acha que eu nasci «neo-con»? Durante muitos anos fui simpatizante dos Democratas (é verdade, já fui um jovem estouvado). Mas abri os olhos, informei-me ainda mais e melhor… e ganhei juízo. Sou tendencioso, mas rigoroso. Pelo que as minhas posições resultam não de «pré-conceitos», de atitudes «apriorísticas», mas de conhecimentos que adquiri e de reflexões que fiz (faço) «a posteriori».
Você parece acreditar, Nuno, que fazer «eco» dos ataques a Sarah Palin lhe dá (e ao «Era uma vez…») credibilidade. É uma opção discutível, curiosa até para quem se diz «muito mais próximo do Partido Republicano do que do Partido Democrata»… mas é a sua. Porém, longe de mim querer «decidir sobe o que você escreve» - que, mesmo quando não concordo (o que acontece, sem dúvida, muito menos vezes do que quando concordo) leio sempre com muito gosto.
Pode acrescentar a esses casos também o falecido senador Ted Stevens, que apesar de condenado, também não passou um dia na prisão. Sobre corrupção estamos conversados: não há bons nem maus. Há corruptos em ambos os lados.
Coloquei o Partido Democrata do Sul fora destas contas, pois estes votaram maioritariamente contra. Se olhar para os números da votação da lei dos direitos civis de 1964, foram os congressistas e senadores sulistas (e a esmagadora maioria eram democratas) que votaram contra a lei. A Southern Strategy de Nixon serviu precisamente para receber o voto dos descontentes sulistas com esta lei. Não por acaso, e ao contrário do que sucedeu nas décadas seguintes à guerra civil, a comunidade negra tem votado maioritariamente no Partido Democrata.
Sobre Palin: o GOP é muito mais que Palin. Aliás, esta é um dos elos mais fracos do partido. Tantos bons políticos e figuras que o Partido tem e você diz-me que por não gostar de Palin não posso ser próximo do GOP? Além disso, é evidente que a considero incapaz de ocupar um cargo político, muito menos o cargo de POTUS. É uma celebridade, como muitas outras, só que neste caso é política. Basta ouvir uma entrevista da senhora e analisar a sua prestação para verificar que não consegue sair dos talking points que lhe passam. Já nem se arrisca a enfrentar um jornalista que lhe faz perguntas difíceis. Abandonou um cargo para ganhar dinheiro. Justo mas muito pouco para quem quer ser presidente. O seu estilo tem milhões de fãs nos EUA, mas os que não gostam dela são ainda em maior número, por isso não acredito que chegue a vencer sequer as primárias. O que nós dizemos aqui não conta para nada, mas é essa a minha opinião. Espero bem que o GOP faça outra escolha, pois tem muitas boas opções em cima da mesa.