As novas revelações do site Wikileaks, que tiveram ampla cobertura pela imprensa mundial, são um grande revés para os Estados Unidos, com consequências imprevisíveis para as relações com os seus aliados. Uma das regras de ouro para a diplomacia é precisamente o segredo. Como pode o Departamento de Estado continuar o business as usual, se as suas comunicações são expostas ao mundo deste modo tão flagrante?
As informações nem serão assim tão relevantes, nem acrescentam grandes novidades. Mas representam um problema de credibilidade para os EUA. A revelação que os países árabes desprezam o Irão e que estão preocupados com a corrida às armas nucleares na região não constituí novidade. Mas como poderão estes países, acossados internamente por uma opinião pública anti-americana, confiar nos Estados Unidos se as suas confissões mais secretas são deste modo expostas ao mundo?
A primeira consequência deverá ser uma total remodelação do modo como as informações são partilhadas nos meios diplomáticos americanos. O sistema terá de ser totalmente modificado, para impedir que este tipo de informações seja divulgado desta forma. Hillary Clinton, que neste momento é a face do fracasso, terá de tomar medidas para impedir que a situação se repita. Mas não duvido que haverá uma perseguição total aos prevaricadores, sejam eles quem forem. Isto é um acto de espionagem, do mais grave que o mundo já assistiu, e a sua divulgação representa uma séria ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos e dos seus aliados. Nada ficará como dantes. Por outro lado, os responsáveis do Wikileaks deverão ser considerados inimigos dos Estados Unidos, por terem cometido um acto de terrorismo cibernético contra o país. A exposição de segredos de estado é ilegal e um crime, e estas revelações representam um ataque ao país. Disso não tenho dúvidas.