A Cimeira da NATO, que se realiza em Lisboa no próximo fim de semana, tem muitos assuntos na agenda. Um deles e talvez o mais relevante é o Afeganistão, onde a NATO tem milhares de militares no terreno. Sem solução à vista, e com a estratégia do general David Petraeus a demonstrar ténues avanços, Obama irá propor um plano que prevê a entrega da responsabilidade da segurança ao governo local em 2014. Isto é um sinal que os EUA já pensam na retirada, tentando imitar o plano de sucesso que foi implementado no Iraque. A grande dúvida é se essa retirada será acompanhada por um aumento da segurança e o fortalecimento do governo afegão.
As informações que existem indicam que a transição do controlo das diferentes províncias será progressiva e baseada nas condições no terreno, mais uma vez, a exemplo do que aconteceu no Iraque. No entanto ao estabelecer já uma data final de retirada, isso significa que haverá transferência de poderes, independentemente da melhoria ou não da situação militar. Obviamente que o plano de Obama irá ser aprovado em Lisboa, pois os seus aliados desejam, mais do que os americanos, um plano que termine com a intervenção no Afeganistão, a mais longa da história militar da Aliança.
O Afeganistão foi a guerra escolhida por Obama ainda durante a sua campanha eleitoral. Ao criticar a intervenção no Iraque, Obama sempre disse que o seu alvo primordial na luta contra o terrorismo seria neste cenário. Mas nesta estratégia, Obama contava com mais apoio dos aliados da NATO, algo que não aconteceu. O comprometimento dos europeus neste conflito sempre foi tímido, e com a situação no terreno a degradar-se nos últimos anos, Obama sentiu a necessidade de apresentar um plano de saída. Na próxima campanha presidencial, Obama não poderá apresentar aos americanos um sucesso no Afeganistão, e com este plano, pretenderá demonstrar que a sua Administração sabe como terminar esta guerra. O futuro dirá se esta retirada será uma cópia do que sucedeu no Iraque, ou, se pelo contrário, será uma repetição do Vietname em 1975, quando após a saída dos americanos, o país ficou entregue aos seus anteriores inimigos. Não há soluções fáceis para este conflito.