Apesar de na Câmara dos Representantes o Partido Republicano ter obtido a maior vitória de um partido desde 1938, a manutenção da maioria no Senado, muito por culpa de Sarah Palin e de alguns de candidatos exóticos do tea party, deu a Barack Obama uma oportunidade para respirar de alivio. Mas será a sua acção nos próximos dois anos que vai ditar o seu destino nas próximas presidenciais.
Não me parece que existam grandes dúvidas, fora de alguns círculos do Partido Democrata, que estas eleições foram um referendo à agenda de Obama e aos resultados das suas políticas económicas. Depois de ter aprovado um plano de estímulos e uma reforma da saúde muito impopulares nos Estados Unidos, os resultados não agradaram aos americanos: o desemprego atingiu os 10 por cento, ao contrário do que Obama tinha prometido, a economia não cresce como a sua equipa económica tinha garantido. A reforma da saúde, que ainda não entrou em vigor, para já fez com que os preços no sector aumentassem este ano, mais uma vez, ao contrário do prometido. A grande dúvida dos analistas é se Obama vai conseguir ultrapassar esta situação, como fez Bill Clinton, ou se será uma cópia de Jimmy Carter, que foi derrotado no final do seu primeiro mandato.
Ainda é cedo para dizer, mas os primeiros sinais indiciam que Obama não irá mudar de rumo. A sua resposta à derrota foi de alguma humildade, mas não deixou de reconhecer que o problema parece resumir-se à comunicação. Segundo o Presidente, o seu falhanço reside em não ter conseguido persuadir o povo americano da justiça das suas reformas. Se em 2012, os americanos não virem resultados positivos, se o desemprego for superior a 8 por cento, se a economia continuar a não arrancar, Obama poderá ter muitas dificuldades em ser reeleito. E Obama não pode esperar que o Partido Republicano nomeie alguém como Sarah Palin para facilitar a sua reeleição. Para merecer a reeleição, Obama terá de apresentar soluções nos próximos dois anos, e tentar recuperar o apoio perdido entre os independentes e as mulheres, estas que pela primeira vez desde os tempos de Reagan, votaram maioritariamente nos republicanos. Serão dois anos muito interessantes de acompanhar.