04
Nov 10
publicado por Nuno Gouveia, às 14:42link do post | comentar

Criou-se no imaginário dos media, americanos e europeus, que Sarah Palin é uma força imparável do Partido Republicano. Mas será que é mesmo assim? Será que Palin caminha a passos largos para ser a candidata republicana em 2012? Ou será apenas mais um dos muitos líderes que o Partido Republicano teve no passado, com um apelo muito forte a certas camadas da sociedade, mas sem conseguir penetrar na maior parte do eleitorado? Eu inclino-me fortemente para a segunda hipótese. Repare-se na prestação dos candidatos que ela apoio nestas eleições.

 

Segundo o Politico, para a Câmara dos Representantes, Palin apoiou 60 candidatos, mas apenas 15 desses venceram. No Senado o resultado é ainda pior, pelo mediatismo de algumas destas eleições. A começar pelo seu estado, onde o candidato que ela “criou”, Joe Miller, terá sido derrotado por Lisa Murkoswki, a actual senadora republicana. Se confirmar-se este resultado, terá sido uma derrota humilhante para Palin. As outras derrotas mais severas vieram de Sharron Angle e Christine O`Donnell, duas desconhecidas que venceram as nomeações depois de terem sido apoiadas por Palin. Estas estão na sua conta pessoal de derrotas.

 

Não tenho dúvidas que se Sarah Palin se candidatar, o circo mediático vai instalar-se em redor da sua candidatura. Atrai multidões, dá audiências às televisões e vende muitos jornais e revistas. Mas este espectáculo não lhe garantirá a nomeação. Uma straw poll realizada num evento do tea party na Virgínia, ou seja, dentro de um grupo de 2 mil activistas que supostamente a apoiariam facilmente, ela quedou-se no quarto lugar, atrás de republicanos como Chris Cristie e Mike Pence. O entusiasmo que ela gera não se transformará automaticamente em apoio eleitoral numas primárias republicanas.


É incrível que, ao fim de todo este tempo, eu ainda tenha que dar estes esclarecimentos, mas pronto, aí vai…

«Uma política sem experiência»? Tinha muito mais experiência (executiva, que é o que interessa) do que Barack Obama quando este foi eleito presidente.

«Desiste do cargo para que foi eleita sem uma razão plausível»? Não soube dos sucessivos processos legais que, após as presidenciais, os democratas começaram a lançar sobre ela (todos por motivos frívolos, e praticamente todos posteriormente arquivados) mas que estavam a custar ao Estado do Alaska elevadas somas em despesas jurídicas? Aqui ela «jogou a favor da equipa» (a sua terra) mesmo sabendo que isso lhe poderia ser – como foi – apontado como «desistência».

Quem é que lhe dá os «talking points» para ela ler, Nuno? Essa para mim é nova! E então que me diz de Obama, que leva o teleponto e discursos (de certeza) escritos por outros para todo o lado?

E tem a certeza que quer que eu comece a falar da (suposta) «estatura moral, intelectual e política» de Obama? Alguém que chama de «inimigos» aos adversários políticos e promove a divisão entre etnias? Alguém que se curva perante o Rei da Arábia Saudita, o Imperador do Japão e o Presidente da China? Alguém que disse que já tinha visitado «57 Estados» dos EUA? Alguém que pensa que há uma língua «austríaca»? E isto são só alguns, poucos, exemplos…

Não há dúvida: você não costuma ler o Obamatório tanto quanto devia. Aliás, deve ser por isso que nunca deixou lá um comentário sequer… ;-)

Contudo, continuo a contar consigo para meter algum juízo na cabeça do Henrique Raposo. Aqueles «posts» dele sobre política americana em geral e o Obama em particular estão cada vez mais bizarros…

Octávio,

Sim, costumo ler o seu blogue ;)

Experiência executiva. John McCain teria sido eleito sem nunca ter tido experiência executiva. Isso quer dizer que Palin era mais qualificada do que ele? Não me parece. E espero que esteja apenas a falar dos dois anos antes de 2008 em que ela tinha sido governadora do Alaska, e não do tempo em que foi Mayor de uma cidade com 10 mil habitantes. Ser POTUS é um bocado diferente. Obama tinha de facto pouca experiência, alguns anos na legislatura estadual do Illinois, e 4 anos como Senador. Mas isso não o impediu de vencer, tal como, imagino, outros potenciais candidatos republicanos. Estejamos atentos.

Essa foi a desculpa que Palin deu para desistir do cargo de governadora. Se fosse assim, então Bill Clinton deveria ter-se demitido, bem como muitos outros políticos que já sofreram processos de perseguição. Um líder não desiste por causa da oposição que lhe é movida.

Por fim considero que Obama teve uma primeira parte do mandato sofrível. Mas ainda faltam dois anos para terminar o mandato, e aí poderemos fazer uma avaliação mais concreta. Falando em gaffes, Obama também as cometeu. Como qualquer político americano. Faz parte do jogo. Mas não vamos começar a falar de Sarah Palin e do seu amplo conhecimento do mundo e das relações internacionais, além das suas gaffes.

Acha que Palin não tem conselheiros? É verdade que ela não tem uma vasta equipa a trabalhar com ela, mas tem algumas pessoas.

Lá vamos nós outra vez, Nuno... Quais «gaffes»? A de que «consigo ver a Rússia da minha casa»? Sabe que isso foi dito pela Tina Fey, não sabe?

E quanto à «perseguição» movida a Bill Clinton... refere-se às - mais que comprovadas - acusações de infidelidade conjugal, antes e depois de ele se tornar presidente? Concordará que não é bem a mesma coisa...

E John McCain... é pessoa de «outro campeonato». Quase 30 mais velho do que Palin e Obama, muitos anos no congresso, muitos anos como militar - em que comandou, em que teve (outro tipo de) experiência executiva... Acredito que teria sido um presidente notável. Muito melhor do que aquele que lá está.

E diz você, Nuno, que o povo americano concorda consigo... mas os resultados de terça-feira parecem indicar que a maioria não pensa que Obama teve uma primeira parte de mandato «sofrível» (isto é, suficiente). Talvez a «classificação» mais apropriada seja «medíocre».


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