Nas últimas semanas foram publicadas centenas de sondagens sobre estas eleições intercalares. Nate Silver dizia que tem registado mais de 4 mil sondagens sobre este ciclo eleitoral, isto sem contar com as sondagens encomendadas por partidos ou candidatos. É uma grande indústria, que depende da credibilidade das suas previsões. Se hoje falharem haverá uma profunda revolução no mercado.
O resultado mais previsível: os republicanos conquistam mais de 55 lugares aos democratas na Câmara dos Representantes, irão vencer pelo menos 25 das 37 eleições para o Senado e “roubar” entre 8 e 10 lugares de governadores. Uma verdadeira hecatombe.
As sondagens atribuem grande favoritivismo aos republicanos, com uma maioria consistente de independentes a apoiar o partido. Mas há mais dados interessantes, que atestam a dificuldade de Barack Obama e do Partido Democrata: pela primeira vez desde os tempos de Reagan que as mulheres vão votar maioritariamente no GOP, bem como os católicos e pessoas com formação universitária, dois grupos que normalmente apoiam os Democratas. Estes apenas mantém fiéis nas suas colunas os afro-americanos e perderam alguma vantagem nos hispânicos, judeus e jovens. A coligação que elegeu Barack Obama em 2008 está a desfazer-se. Deverá ser aí que Obama e os líderes democratas se devem concentrar para vencer em 2012: recuperar estes eleitores desiludidos que vão votar em massa nos republicanos.
Mas nem tudo é mau para os democratas. Porque estas eleições não são uma vitória para o Partido Republicano, no sentido em que os americanos ficaram convencidos pela sua plataforma eleitoral. Nada disso. O que move estes americanos que estão a rebelar-se contra o Partido Democrata é precisamente a aversão à sua agenda. As sondagens mostram este paradoxo: apesar da maioria dos eleitores declarar votar nos candidatos do GOP, este é ainda mais impopular que o Partido Democrata. Num sistema bipartidário, quando as pessoas estão descontentes com quem está no poder votam na oposição. Mesmo que não gostem dela. É isso que está a acontecer hoje. Ambos os partidos são desconsiderados: mais de 50 por cento vê o Partido Democrata como o do “Big Government” e números idênticos vê o GOP como o partido do “Big Business”.