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Jan 10
publicado por José Gomes André, às 01:59link do post | comentar

 

Num período de crise, não espanta que as pessoas lamentem particularmente o estado de coisas e exprimam incerteza sobre a possibilidade e o momento de uma recuperação. Mas nos Estados Unidos (e em grande parte do mundo ocidental, atrevo-me a dizer) o cenário é especialmente grave. Numa sondagem recente da Gallup, 67% dos inquiridos consideram que a economia só irá melhorar num espaço equivalente ou superior a dois anos. 28% entendem mesmo que serão precisos mais de cinco anos para se registar uma recuperação económica.

 

Estes dados denotam uma evidente desilusão com a Administração Obama, mas vão além das críticas potenciais ao actual Presidente. Com efeito, em estudos recentes da PPP e da Economist, os inquiridos revelam estar igualmente descontentes com ambos os partidos americanos (51% contra os Democratas, 56% contra os Republicanos - com apenas 30% e 19% de índices de satisfação, respectivamente), sendo também muito críticos face ao desempenho do Congresso (61% desaprovam a sua conduta, face a somente 14% de respostas positivas).

 

Na verdade, o que está em causa é uma profunda decepção com toda a classe política, quer pela forma como esta não foi capaz de evitar o surgimento de uma tal crise, quer pela sua inépcia para diminuir os seus efeitos nefastos e impulsionar um novo período de crescimento.


Não ponho em causa o seu post. Por certo, o meu comentário até se afastará do conteúdo do seu texto.
Ater-me-ei tão só ao título que lhe deu «um povo desiludido».

Nos Estados Unidos a desilusão não tem o mesmo efeito que em Portugal. Há um ditado entre eles que diz assim «first we screw it up, then we fix it».

Os americanos, independentemente da cor partidária deles, não são derrotistas, unem-se em torno da causa: a Nação. Eles têm um conceito de patriotismo e de associativismo incrível. Ouvem, observam, e actuam. Comentam os factos politicos e outros de forma que considero ordeira. A lei e justiça deles, apesar de ser perigosa, funciona, e começa com a Polícia. Claro está que esta faz asneiras, uma delas é de algemar de imediato...mas impôs respeito. Descubra-se a primeira nódoa de um político ou outro, e ele é tratado à semelhança de qualquer outro cidadão. Se tiver que ser arrumado, no problem.
A verdade material prima sobre a processual. Quer isto dizer que tudo lá é perfeito? Não. Há muita discriminação, muito racismo e muitas filas de homelesses, há hipocrisia...

Po isso, a desilusão deles pode existir, como sinal de descontentamento, mas não os pára. Unem-se, acreditam e vencem.

Se Portugal passasse a ser assim, a nossa desilusão deixaria de ser multi - secular. E a crise que vivemos hoje, seria apenas um momento de preguiça - condenável - dos nossos governantes.

Educadinha
Anónimo a 30 de Janeiro de 2010 às 17:43

Obrigado pelo seu excelente comentário, cujo conteúdo subscrevo no essencial. Destaco fundamentalmente o espírito de "associativismo" e a ideia de uma "resiliência" (termo aliás usado por Obama no discurso SOTU), tão característicos do povo americano.

Mas faço notar que a palavra "desiludido" não significa "desistente"...

Abraço!

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