Num período de crise, não espanta que as pessoas lamentem particularmente o estado de coisas e exprimam incerteza sobre a possibilidade e o momento de uma recuperação. Mas nos Estados Unidos (e em grande parte do mundo ocidental, atrevo-me a dizer) o cenário é especialmente grave. Numa sondagem recente da Gallup, 67% dos inquiridos consideram que a economia só irá melhorar num espaço equivalente ou superior a dois anos. 28% entendem mesmo que serão precisos mais de cinco anos para se registar uma recuperação económica.
Estes dados denotam uma evidente desilusão com a Administração Obama, mas vão além das críticas potenciais ao actual Presidente. Com efeito, em estudos recentes da PPP e da Economist, os inquiridos revelam estar igualmente descontentes com ambos os partidos americanos (51% contra os Democratas, 56% contra os Republicanos - com apenas 30% e 19% de índices de satisfação, respectivamente), sendo também muito críticos face ao desempenho do Congresso (61% desaprovam a sua conduta, face a somente 14% de respostas positivas).
Na verdade, o que está em causa é uma profunda decepção com toda a classe política, quer pela forma como esta não foi capaz de evitar o surgimento de uma tal crise, quer pela sua inépcia para diminuir os seus efeitos nefastos e impulsionar um novo período de crescimento.