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Out 10
publicado por Nuno Gouveia, às 22:01link do post | comentar

Tenho escrito bastante sobre este movimento que revolucionou a vida política norte-americana. Uma vezes elogiando o seu papel no renascimento do Partido Republicano, que ainda há dois anos foi dado como morto, outras vezes criticando a sua influência nefasta em várias corridas eleitorais. E se considero que o saldo eleitoral acabará por ser amplamente favorável ao Partido Republicano, também é verdade que algumas das escolhas que foram feitas na época das primárias foram prejudiciais e que agora estão a revelar-se. E nem é vou falar novamente do caso de Christine O'Donnell, um errro crasso que entregou de mão beijada um lugar aos democratas. Mas há mais exemplos onde as coisas podem correr mal.

 

O Nevada é um caso sintomático: Sharron Angle até pode vencer Harry Reid e as sondagens até têm lhe dado uma ligeira vantagem nas últimas semanas. Mas com um outro candidato mais convencional, o destino do líder da maioria democrata já estaria traçado. Ainda na semana passada foi publicada uma sondagem que colocou o nome de Danny Tarkanian no boletim de voto em vez de Angle. O candidato derrotado nas primárias venceria confortavelmente Harry Reid. Angle simplesmente não tem jeito para a política, e algumas das suas intervenções continuam a ser, no mínimo, estranhas. Nunca na vida seria eleita Senadora dos Estados Unidos num ciclo eleitoral normal.

 

O Colorado é um swing state que neste momento tem dois senadores e um governador democrata, e votou em Barack Obama em 2008. Nos últimos anos, fruto da migração da California e dos hispânicos, este estado tem-se aproximado dos democratas. Mas 2010 é um ano diferente, e os republicanos têm/tinham grandes possibilidades de sucesso eleitoral. Para o senado escolheram um desconhecido, Ken Buck, mas apoiado pelo tea party. Uma eleição que deveria estar garantida contra o impopular senador Michael Bennet, neste momento encontra-se praticamente em empate técnico. E não sei se este tipo de declarações sobre a homosexualidade o vai ajudar neste combate.

 

No Alaska a situação também é problemática, apesar de não haver perigo deste lugar cair para os democratas. A senadora Lisa Murkoswki, que se candidatou depois de perder as primárias republicanas, já anunciou que se ganhar irá manter-se no caucus republicano. Joe Miller é um candidato articulado, mas que tem feito uma campanha ortodoxa. Depois de serem conhecidos alguns aproveitamentos pessoais que retirou do estado federal de programas que tem manifestado a sua oposição, disse que deixaria de falar com a imprensa sobre o seu passado. E este fim de semana, uns seguranças da sua campanha... prenderam um blogger que o tentava entrevistar durante uma acção de campanha. E a Primeira Emenda? Não é Joe Miller um defensor da Constituição Americana?

 

E porque será que no Kentucky, um estado tradicionalmente republicano, continua a ter sondagens que indicam alguma proximidade num ano como este? Aqui o caso é diferente, pois Rand Paul parece-me um candidato bem preparado e que, depois dos erros iniciais, tem feito uma boa campanha. E tenho poucas dúvidas que será senador a partir de 2011. Mas uma escolha mais convencional teria garantido esta vitória à partida e ninguém falaria desta corrida. E diga-se, o seu apelido Paul não é um grande suporte em certas franjas do eleitorado republicano e independente. Os milhões que estão a ser investidos neste Estado poderiam estar a ser gastos noutras corridas.


O problema para mim foi eleger candidatos apenas porque se assumiram como os mais conservadores das primárias, sem olhar um minuto para o que os tipos iam dizendo. Bastava ter lido um bocado o que a O'Donnell andava a dizer para verificar que ela não era elegível e nem sequer tinha condições para ser Senadora. Mas preferiram votar nela..

Sobre a narrativa democrata, não me parece que vá ter grande sucesso a nível nacional, como não está a ter nestas eleições. Eles já tentaram isso na Florida, na Pennsylvania ou no Wisconsin e não tiveram muita sorte. O problema para mim são mesmo os candidatos do tea party que não são elegíveis e não têm qualidades políticas. Basta lembrar do "wacko" Carl Paladino....

E há um aspecto importante: provavelmente a maior estrela a ser eleita no campo republicano neste ciclo será Marco Rubio, um candidato que inicialmente foi apoiado pelo tea party. O problema não será tanto as ideias, mas sim os candidatos.
Nuno Gouveia a 19 de Outubro de 2010 às 12:52

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