Uma sondagem da CNN/Opinion Research publicada na sexta-feira passada (tinha-me escapado) dá a Barack Obama o valor mais baixo do seu mandato, com apenas 42 por cento dos eleitores a terem uma opinião favorável e 54 por cento a manifestarem o seu desagrado com o Presidente. Normalmente não devemos dar grande crédito a sondagens isoladas, mas esta não está muito distante dos valores que outros estudos têm apresentado. Isto indica várias coisas e nenhuma é positiva para Obama:
1 - Os esforços que têm sido conduzidos desde o Verão para recuperar a popularidade de Obama falharam. E é a prova, se fosse preciso, que a discrepância de estratégias não ajuda. Primeiro foi o enfase na recuperação económica, que não aconteceu, com o "recovering summer". Mais tarde vieram os ataques ferozes à liderança republicana, nomeadamente a John Boehner, que não tiveram grande impacto. Boehner é uma figura relativamente apagada na sociedade americana, que não causa grande reacção. Mais valia terem apostado em Palin, essa sim, uma figura controversa e com muitos anti-corpos. Recentemente surgiram os ataques ao Tea Party, mas que também não têm tido grande impacto. Bill Clinton bem avisou. A próxima fase, e que me parece ser a mais correcta, será enfatizar o que tem sido feito pelos Democratas, pedindo mais tempo para os resultados surgirem. Isto poderá levar os eleitores às urnas e ajudar a combater o descontentamento. Mas dificilmente chegará para evitar uma derrota estrondosa.
2 - As recentes comparações com Jimmy Carter têm vindo a aumentar. Apesar de já ter dito aqui que isso faz parte do jogo e de não querer dizer grande coisa, tem-se criado um sentimento entre muitos analistas que Obama poderá estar a enfiar-se num beco sem saída com o eleitorado americano. Jimmy Carter a dar entrevistas também não ajuda. Mas tudo irá depender do que fizer na segunda parte do mandato. A derrota de Novembro poderá transformar-se na sua salvação, desde que esteja preparado para mudar de curso, como Bill Clinton em 1994. O primeiro sinal já veio, com as alterações que se prevêm na equipa de Obama. Mas será ele capaz de virar ao centro?
3 - Estas sondagens estão a dar alento aos republicanos. Normalmente num ano em que o Presidente é visto como imbatível, muitos potenciais candidatos optam por resguardar-se. Em 2004 Hillary Clinton já era apontada como potencial favorita à nomeação democrata, mas sentiu que seria díficil bater W. Bush e preferiu esperar mais quatro anos. Até há pouco tempo pensava-se que Obama era imbatível. Mas já não é assim actualmente. O número de potenciais candidatos tem vindo a aumentar de semana para semana. Além dos há muito referidos Palin, Romney, Huckabee, Gingrich, Santorum, Pawlenty, têm-se também falado em Chris Cristie, Haley Barbour, John Thune, Mitch Daniels e o número vai ainda crescer. Dois anos em política são uma eternidade, e relembro que em 2008 se dizia que o GOP estava "morto". Obama ainda pode ser reeleito facilmente, mas com tantos aspirantes republicanos, não se pode dizer que 2012 vá ser um tédio.