06
Set 10
publicado por Nuno Gouveia, às 20:45link do post | comentar

Qual a razão de Barack Obama ter-se transformado numa figura tão controversa na sociedade americana? Não haverá uma só razão e nem os especialistas chegam a um consenso. Mas há algumas ideias que são partilhadas por grande parte dos opinion makers americanos: a actual situação económica, agravada pelas impopulares reformas da saúde e pelo plano de estímulos. Não por acaso, Obama hoje é mais impopular em tradicionais swing states do que George W. Bush, como no Ohio, e no seu próprio estado, o Illinois, a sua popularidade ronda os 50 por cento.

 

A equipa económica de Obama, que não deve sobreviver caso uma hecatombe atinja os Democratas em Novembro, tirou mais um coelho da cartola: um novo plano federal de apoio à construção de infra-estruturas terrestres, no valor de 50 mil milhões de dólares. Não pretendo discutir os méritos da decisão ou sequer se irá melhorar a economia periclitante do país. Mas esta medida tem poucas hipóteses de passar no Congresso até Novembro. Uma das principais críticas que os americanos fazem a Obama é precisamente ter aumentado despesa federal de forma brutal. E os próprios Democratas já perceberam isso, sendo que poucos estão a fazer campanha baseados no seu voto favorável ao Plano de Estímulos. Este novo plano de investimento federal poderá causar ainda mais dificuldades aos Democratas, fornecendo mais argumentos para a agenda republicana contra o défice e a despesa federal.

 

Mas o que terão pensado os Democratas? Vamos anunciar isto, para depois ser impedido no Congresso pelos Republicanos, e depois voltamos a acusá-los de serem o partido do não e de obstruir a recuperação económica. O problema é que veremos muitos Democratas a juntar-se aos Republicanos para condenar este projecto da Casa Branca. A única via possível para Barack Obama neste assunto é mostrar à base descrente do partido que a Casa Branca está a fazer alguma coisa para combater a crise, levando-os às urnas em Novembro. Mas não me parece que vá funcionar para conquistar os indecisos. Em termos políticos, parece-me uma decisão errada, pois além de dificilmente obter resultados práticos (neste ciclo eleitoral de certeza), ajuda os opositores e complica a vida  aos Democratas em dificuldades nas eleições. Se era esta a medida com que contavam para dar a volta a dinâmica da campanha, parece-me que os estrategas da Administração vão falhar o alvo.

 

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Ou talvez Obama já esteja a der esta eleição como perdida e já esteja a pensar em 2012 (em que soará melhor dizer "apresentemos várias propostas para dinamizar a economia, mas foram chumbadas", em vez de ter que dizer "pois, aprovamos um plano de estimulo, mas infelizmente analisámos mal a situação e não resultou").

Ou pondo a questão doutra maneira - face ao prolongamento da crise apesar do plano de estimulo, Obama teria duas saídas - ou dizer que o plano de estimulo falhou por excesso (e aí estaria a dar razão aos Republicanos), ou dizer que falhou por defeito (e aí a única posição lógica e coerente será defender ainda mais despesa, como ele está fazendo). Assim, esta proposta é a única maneira de não aparecerem como uns completos derrotados.
Miguel Madeira a 7 de Setembro de 2010 às 19:44

Essa poderá ser a táctica depois das eleições, caso os republicanos conquistem a maioria numa das câmaras. Mas neste momento, os democratas têm maioria na House e no Senado, aqui, desde Janeiro, sem capacidade de furar o fillibuster. Mas também concordo que Obama não tem margem de manobra para admitir que a sua política económica falhou. Além que daqui as 2 anos, a situação poderá ser bem diferente.
Nuno Gouveia a 7 de Setembro de 2010 às 22:15

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