Na próxima quarta-feira, Barack Obama vai discursar perante as duas câmaras do Congresso, no tradicional State of the Union Adress. Um dos assuntos mais aguardados na sua declaração é precisamente a sua posição sobre a reforma da saúde. Depois da derrota dos democratas no Massachusetts, as dúvidas sobre o futuro desta reforma adensaram-se. Mas Obama discursou ontem no Ohio, e deu a entender que não vai desistir.
Uma sondagem da Gallup refere que 55 por cento dos americanos pede o fim desta reforma, contra 39 por cento que pensa que os democratas devem avançar. Bill Clinton disse que o desastre das eleições de 1994 foi precisamente por terem desistido da reforma da saúde. Obama parece acreditar nisso, e está disposto a prosseguir. Se deixasse cair a reforma, a sua base de apoiantes iria sentir-se traída, complicando ainda mais a sua tarefa neste ano eleitoral. Pelo que depreendi das suas palavras no Ohio, Obama deverá anunciar na próxima quarta-feira que não desiste, e que irá continuar a apoiar esforços para aprovar uma nova lei da saúde. Mas ao não desistirem, Obama, Pelosi e Reid deverão encontrar um caminho para o sucesso. Que neste momento ainda não se vislumbra.
Chris Matthews, apresentador do Hardball da MSNCB, em entrevista ao congressista democrata da Florida Alan Grayson, disse que era impossível aprovar a lei através do procedimento de reconciliação. A argumentação de Matthews, e não desmentida por Grayson (parecia que não sabia do que estava a falar), é que é impossível criar uma nova legislação de base através deste método. Não sei se é verdade, mas este seria o método mais curto para avançar desde já. A outra possibilidade, que já referi aqui, não é neste momento uma hipótese, pois não existem os votos na Câmara dos Representantes para aprovar a lei do Senado. Se estes dois cenários estão realmente afastados, como poderão os democratas avançar?