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Set 10
publicado por Nuno Gouveia, às 15:29link do post | comentar

Estamos a dois meses das eleições e as notícias continuam a ser péssimas para o Partido Democrata. Larry Sabato, estudioso do fenómeno eleitoral americano da Universidade da Vírginia, prevê que os republicanos vão assumir o controlo da Câmara dos Representantes, com ganhos superiores a 47 lugares (precisam de conquistar 39 para a maioria). No Senado, Sabato considera que o mais provável é que os republicanos conquistem entre 7 e 9 lugares, ficando portanto afastados da maioria.

 

O mês de Agosto foi positivo para os republicanos, pois alguma coisa mudou desde que publiquei este mapa há um mês. Marco Rubio (Florida) e Dino Rossi (Washington) provavelmente ganhariam as eleições se fossem hoje. Ao contrário do que sucedia em Julho, as últimas sondagens têm sido favoráveis aos republicanos, pelo que o favoritivismo neste momento recai sobre eles. No New Hampshire e Lousiana, os republicanos ganharam vantagem no último mês, estando neste momento mais confortáveis na liderança. Por fim a West Wirginia, que vai a votos numa eleição especial para subsituir o falecido Robert Byrd, poderá ser mais renhido do que se pensava, depois do popular governador democrata Joe Manchin ter avançado. Num estado fortemente republicano, a impopularidade de Obama poderá colocar em causa a sua eleição. Em sentido inverso, no Alaska (depois da derrota da senadora Lisa Murkowski perante o candidato do tea party) e na Carolina do Norte, surgiram sondagens que indicam que os democratas terão algumas hipóteses de ganhar estas eleições.

 

Segundo este mapa, os republicanos, se as eleições fossem hoje, poderiam "roubar" oito lugares aos democratas, ficando com 49 lugares contra 51 dos democratas. Como afirmou Larry Sabato no seu artigo, seria interessante saber o que fariam Joe Libberman (independente do Connecticut) e Ben Nelson (democrata do Nebraska) numa situação destas. Será que mudavam para o lado republicano?


O Larry Sabato é dos "prognosticadores" eleitorais americanos que mais acertam.

Neste momento há um dado muito importante a ter em conta: o "Generic Congressional Ballot", isto é, a sondagem para a Câmara dos Representantes apenas com menção de partido e sem se focar em candidatos individuais, mostra diferenças históricas a favor dos republicanos, bem superiores às registadas em 1994, ano da útima grande onda republicana. Ora isto pode significar que o Senado está também ao alcance do GOP. A este respeito, Sabato faz esta interessante observação:

"Since World War II, the House of Representatives has flipped parties on six occasions (1946, 1948, 1952, 1954, 1994, and 2006). Every time, the Senate flipped too, even when it had not been predicted to do so. These few examples do not create an iron law of politics, but they do suggest an electoral tendency."
Alexandre Burmester a 2 de Setembro de 2010 às 17:31

O Larry Sabato tem acertado nos últimos ciclos eleitorais e tem um amplo conhecimento da história eleitoral americana. Gosto bastante de o ler.

Se por acaso a sondagem da Gallup da semana passada se confirmasse, isso significaria uma vitória avassaladora para o GOP, apenas com semelhanças ao ano de 1928. No entanto, a Gallup tem tido umas sondagens estranhas neste "Congressional Vote". Ainda há 2 meses teve umas que davam vantagem aos Dems de 2 e 8 por cento, em contraste com outras sondagens. Acho que neste momento há poucas dúvidas (se nada mudar no panorama eleitoral) que o GOP irá obter a maioria na House. Sobre o senado, se a tradição tiver peso, então podemos mesmo assistir a uma conquista do senado, com vitórias em quase todos os estados indecisos, e se calhar, uma ou outra surpresa, como na West Virginia ou Oregon (?).

Uma coisa é verdade: nos últimos meses temos vindo a falar sobre os diferentes cenários, e as sondagens têm, em regra geral, evoluído favoravelmente no sentido dos republicanos. E quando não melhora, também não piora. Provavelmente será tarde para inverter o "momentum", mas vamos ver se não surgem surpresas...

A Gallup está ainda a basear as suas sondagens no universo de eleitores recenseados (creio que mais perto das eleições mudará para "prováveis votantes"). Se virmos as sondagens da Rasmussen (sempre baseadas em "prováveis votantes") elas têm andado sempre à frente das da Gallup, e não só das desta última empresa.

Enfim, salvo uma imprevisível (por definição) "October Surprise", aliás mais comum em anos de presidenciais, assistiremos a um grande realinhamento de forças no Capitólio. E isso poderá até vir a ser a tábua de salvação de Obama: em vez de esgrimir contra o fantasma de George W. Bush, poderá passar a esgrimir contra um Congresso previsivelmente "do-nothing". Os americanos também não gostam de obstrucionistas.
Alexandre Burmester a 2 de Setembro de 2010 às 22:08

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