Mantenho a convicção que dificilmente Barack Obama poderá ser derrotado em 2012. Mas começam a surgir sinais que, pelo menos, poderá ter dificuldades em ser reeleito. Dos Presidentes que conquistaram a reeleição, e se olharmos para os últimos 60 anos, apenas George W. Bush teve dificuldades em ganhar. Todos os outros, como Eisenhower, Johnson, Nixon, Reagan e Clinton foram facilmente reeleitos. Mas os ventos não estão favoráveis para Obama.
Hoje foi publicada uma sondagem da Public Policy Polling, uma empresa próxima do Partido Democrata, que diz que Obama perderia para Romney (3%), Huckabee (2%) e Gingrich (1%) e empataria com Palin. Estes dados são preocupantes para Obama, numa altura em que a sua popularidade anda na ordem dos 40s%, e em que grande parte dos independentes tende a apoiar políticos republicanos. As eleições intercalares de Novembro poderão ser um barómetro para o estado da Administração Obama. As previsões apontam para grandes conquistas do Partido Republicano na Câmara dos Representantes, no Senado e nos lugares de Governadores. Se o GOP obter a maioria de uma das câmaras e grande parte dos governos estaduais, poderão estar criadas as condições para uma onda republicana para 2012. Mas mesmo que tal suceda, mantenho-me céptico sobre uma derrota de Obama.
Em caso de derrota severa em Novembro, isso não significa que Obama vai perder. Afinal em 1994 Bill Clinton também sofreu nas urnas e acabou por bater facilmente Bob Dole em 1996. Obviamente isso implica que Obama retire consequências directas desse resultado, e efectue mudanças nas politicas da Administração. Tal como Clinton fez. Mas nos Estados Unidos normalmente não são os governantes que perdem eleições. É preciso que as oposições demonstrem capacidade para as vencer. Foi assim com Reagan em 1980 e Bill Cinton em 1992. Não basta esperar que o poder lhes caia no colo. E daí o meu cepticismo.
Não vejo no Partido Republicano, neste momento e apesar dos estudos de opinião, candidatos ganhadores. Está certo que os republicanos aparecem todos à frente de Obama, mas neste momento o Presidente é o alvo de toda a oposição, o que não se passa com republicanos. E destes candidatos, o único que talvez não gere muitos anticorpos na sociedade americana é Mitt Romney. Gingrich (figura que aprecio) tem muitos ódios, Huckabee está muito relacionado com a direita religiosa e Palin teria sempre muitas dificuldades em ultrapassar uma longa campanha de quase 2 anos. A melhor hipótese para o Partido Republicano é que um destes frontrunners se credibilize como figura aglutinadora da direita contra Obama (e acho que Romney é o mais bem colocado) ou que surja um novo valor que consiga apresentar-se como um sinal de esperança para o povo americano. Candidatos? Tim Pawlenty, Bobby Jindal, Mitch Daniels ou até John Thune. Haverá outros certamente. Mas também duvido que o GOP escolha o melhor candidato para derrotar Obama. Ao contrário de ciclos eleitorais anteriores, actualmente uma primária republicana é um concurso para eleger o candidato mais puro em termos ideológicos. E isso pode ser contraproducente em termos eleitorais. Veja-se os casos do Kentucky e Nevada, onde as escolhas das primárias republicanas colocam em causa vitórias que seriam quase certas com outro tipo de candidatos. Mas depois de Novembro voltarei ao tema.