Um Mundo sem Europeus, Guerra e Paz, Abril 2010
O livro do Henrique Raposo é uma reflexão sobre as alterações de poder no mundo, onde é explicada minuciosamente a ascensão de novas potências no tabuleiro principal do xadrez mundial (Japão, Índia, China, Coreia do Sul, etc) e o declínio da Europa. No mesmo patamar, analisa-se a politica externa americana nas últimas décadas, com insights sobre a história americana desde o período revolucionário até Barack Obama. É uma obra académica, muito bem documentada e referenciada, e com muitos dados interessantes para quem se preocupa com as relações internacionais. Mas este não é um livro neutro sobre relações entre Estados. Henrique Raposo toma partido várias vezes, justificando as suas “preferências”: escolhe Hamilton e relega Jefferson; aplaude Condoleezza Rice e condena Paul Wolfowitz; abraça o realismo americano e afasta-se da realpolik europeia; elogia as políticas das potências emergentes e critica severamente a decadente Europa. Além de uma parte dedicada ao diagnóstico da situação, existe também espaço para soluções e sugestões para o futuro. Para a Europa em declínio, para os países emergentes e também para a política externa americana. Os dirigentes europeus deviam ler este livro. Especialmente estes.
Não sou um especialista no tema do livro, e até encontrei algumas ideias expressas no livro com as quais discordo. Mas são 300 páginas para absorver, aprender e reflectir. Porque nos faz pensar. E esse é o principal objectivo de uma obra deste género. Aconselho a todos aqueles que se interessam pelos Estados Unidos e pelas relações internacionais “Um Mundo sem Europeus”. Vale bem a pena.