Se alguma consequência podemos retirar das várias eleições de ontem é que os cidadãos estão furiosos com Washington. Neste momento poucos incumbentes podem considerar-se “safos” para as eleições para Novembro. Quanto mais próximo do círculo de poder, mais probabilidades existem de serem afastados nas urnas. Obviamente este sentimento é mais perigoso para os democratas, que neste momento detêm a maioria no Congresso e ocupam a Casa Branca. Daí que Novembro poderá ser um mês verdadeiramente desastroso para os políticos no poder. Vejamos o que aconteceu ontem.
No Kentucky, um candidato republicano fortemente apoiado pelo aparelho e pelas figuras mais poderosas, foi derrotado por Rand Paul, que apesar de ter apoios importantes como Sarah Palin e do actual senador Jim Bunning, era considerado um verdadeiro outsider. Esta foi a primeira grande vitória do Tea Party Movement, o que aliás foi destacado por Paul no discurso de vitória. No Arkansas, a senadora Blanche Lincoln foi obrigada a disputar uma segunda volta com um candidato mais à esquerda neste estado conservador. E na Pennsylvania, Arlen Specter nem com Obama e Biden a seu lado conseguiu vencer. Noutra eleição disputada ontem, no 12º distrito da Pennsylvania, venceu um democrata. Mas repare-se que este candidato fez campanha contra Washington e contra a reforma da saúde aprovada no Congresso pelos democratas. E apenas teve uma figura nacional a seu lado - Bill Clinton. Neste momento, para vencer em grandes parcelas do território americano, é preciso atacar o governo e Washington.
As consequências disto para Novembro? A minha previsão é que haverá mais surpresas até lá. E algumas eleições que se pensam já definidas à partida poderão ficar em aberto. Uma coisa é certa: serão as intercalares mais disputadas deste 1994. E haverá muitos motivos de interesse aqui para o blogue.