Fallujah foi um dos mais importantes campos de batalha da guerra do Iraque, e um dos locais mais emblemáticos dos combates contra a Al-Qaeda. Foi palco de várias ofensivas e só no inicio de 2007 as tropas americanas e iraquianas recuperaram o controlo da cidade. Esta semana foi anunciado que a cidade voltou a estar sob controlo da Al-Qaeda.
Quando Obama assumiu a presidência dos Estados Unidos, o Iraque já tinha desaparecido das primeiras páginas dos jornais. A "surge" do general David Petraeus tinha sido um sucesso e a guerra parecia ganha. George W. Bush já tinha negociado com o Primeiro-ministro Maliki um calendário para a retirada militar do Iraque, e apenas tinha sido deixado por negociar o número das forças residuais americanas que iriam ficar no país. Independentemente da má condução da guerra e do caos pós-invasão, que apenas foi quebrado após a "surge", a situação no Iraque parecia bem encaminhada. Mas Obama, que começou a sua carreira política na arena nacional por ser contra a guerra do Iraque (e que fez valer isso na sua corrida contra Hillary, que tinha apoiado a intervenção), acabou por cometer um erro de cálculo ao sair do Iraque da forma como o fez.
Em 2011 Obama não conseguiu concluir um acordo com a liderança iraquiana para manter uma força residual no Iraque. O que estava previsto, e que era desejado pela liderança iraquiana, era manter um pequeno contingente militar que os auxiliasse na luta contra o terrorismo e que funcionasse como força dissuasora perante a violência sectária entre sunitas e xiitas. Além disso, manteriam o apoio ao treino das forças iraquianas. Esse era também o desejo de importantes sectores da administração Obama, que pretendiam manter o país calmo e longe do terrorismo, e afastar ao mesmo tempo a crescente influência iraniana no país. Mas algo correu mal, e Obama acabou por se precipitar e retirar totalmente. Nessa altura a Al-Qaeda estava completamente destruída no país e a violência sectária era reduzida. Independentemente do juízo que se possa fazer da intervenção no Iraque, essa era a postura correta a tomar, até para proteger os interesses americanos e dos aliados na região.
Hoje a Al-Qaeda está a operar novamente em força no país, como se prova pelo controlo de Fallujah, e serve como base também à sua intervenção na vizinha Síria. O erro de Obama foi pensar que os interesses americanos estariam protegidos se deixasse os Iraquianos entregues a si mesmo. No Afeganistão Obama está empenhado em não cometer o mesmo erro, não retirando totalmente do país. Aí está a agir correctamente.
PS: este post marca o meu regresso aqui ao Era Uma Vez na América, onde tentarei postar de forma regular.