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Mar 13
publicado por Nuno Gouveia, às 16:51link do post | comentar

 

O governador de New Jersey perdeu popularidade entre o movimento conservador americano após a sua actuação no pós furacão Sandy. Nos últimos meses o seu nome desapareceu do radar conservador, não tendo sido inclusive convidado para a CPAC deste ano. Mas ninguém pense que desapareceram as suas possibilidades para 2016. Ele vai ter a reeleição em Novembro deste ano, e é aí que as suas atenções estão concentradas. As sondagens atribuem-lhe uma vitória esmagadora contra a sua opositora democrata. O que poderá querer dizer isto para 2016?

 

Christie é neste momento um político extremamente popular num estado profundamente democrata. Se garantir a reeleição com facilidade, será normal que as suas atenções redireccionem-se para a arena nacional. Até Novembro poucas ou nenhumas intenções dará sobre as suas ambições presidenciais, mas após isso, poderá começar a construir uma possível campanha para as primárias republicanas. Christie é um moderado com um profundo apelo no eleitorado independente e até democrata, e até há bem pouco tempo, nos conservadores. Isso faz dele um candidato de sonho para o Partido Republicano. Mas, já encontramos outros candidatos do género que chegaram às primárias e desfizeram-se. Lembram-se de Rudy Giuliani? O que Christie precisará de fazer para ter hipóteses de vencer a nomeação? Se for o candidato moderado, como foi Jon Huntsman em 2012 ou o próprio Giuliani em 2008, terá poucas hipóteses. Mas se conseguir apresentar-se no estilo de Mitt Romney ou John McCain, procurando apoios entre as diversas facções do partido mais relevantes, como os moderados, os fiscal conservatives, os tea partiers e a direita religiosa, aí sim, poderá ser um candidato fortíssimo. Porque o nomeado tem sido alguém que consegue reunir apoios de todo o lado, mesmo que em alguns sectores tenha dificuldades de penetração, e, acima de tudo, ter apoio de uma parte importante do establishment. Os republicanos vão chegar a 2016 desesperados por uma vitória e não acredito que escolham alguém inviável para as eleições nacionais. Esse é o meu cepticismo para as possibilidades de um dos nomes do momento: Rand Paul. Pelo contrário, Marco Rubio, que tem as mesmas raízes de Paul, tem muitas mais possibilidades de sucesso, porque não se tem confinado à direita mais conservadora, pois tem angariado aliados em diversos sectores do partido. 


Se eu, que não sou americano, sou só simpatizante do GOP e se fosse lá votante estaria mais próximo da sua via moderada, olho para o Christie e penso logo em "taidor de m****", imagino como não será com o eleitorado leal ao partido. Sabemos que em política as coisas mudam depressa mas também não podemos menosprezar a memória das pessoas e a imagem do Christie ao lado do democrata que muitos republicanos mais devem abominar, ainda será difícil de engolir daqui a 3 anos. Mas sapos à parte à outro pormenor que não abona muito a favor do Christie: ele é demasiado "perfeito" (homem, branco, heterossexual contra o casamento gay; fosse um pouco mais velho e quase podíamos estar a falar de uma nova eleição papal). Neste ainda recente séc. XXI a América já mudou muito, já todos o verificámos nas últimas eleições. O presidente democrata actual é preto e há pessoas que terão votado nele só por isso. Em 2007, nas primárias, debatia-se contra uma mulher. Na actualidade o casamento gay alastra-se a um ritmo enorme pelos EUA, seja pelo nº de Estados que o permitem, seja nas sondagens, seja pelo apoio de figuras públicas, até já alguns republicanos. O partido republicano não pode continuar a enterrar a cabeça na areia se quer ganhar eleições porque a verdade é que o eleitorado também mudou. E é aí que a balança poderá cair para o Rubio. Ele é latino e essa, para além de ser uma minoria de enorme peso, é também a minoria onde o GOP entrará mais facilmente. Ainda não é, por exemplo, uma Condoleezza Rice (preta e mulher ao mesmo tempo, arrumava a luta Obama vs. Hillary a um canto) mas já é um começo. Claro que devemos votar em alguém pelo seu programa e pela capacidade que acreditemos que tenha para o implementar mas parece-me difícil para o GOP que isso seja suficiente. De alguma maneira eles terão que começar a mostrar sintonia com a nova realidade do eleitorado americano.
Pedro a 3 de Abril de 2013 às 04:03

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