No primeiro mandato, Obama escolheu Robert Gates para a Defesa, Hillary Clinton para o Departamento de Estado e Leon Panetta para a CIA, que depois foi para a Defesa e substituído por David Petraeus. Talvez com excepção de Panetta (que, apesar de tudo, era um dos homens de Bill Clinton), tudo nomes que não faziam propriamente parte do inner circle de Obama. Gates e Petraeus foram escolhas de George W. Bush do seu último mandato. Hillary Clinton foi sua rival nas primárias democratas. Para este segundo mandato, e depois da decepção do caso de Susan Rice (outra protegida), Obama optou por homens da sua total confiança. Chuck Hagel, apesar de republicano desavindo, era considerado bastante próximo de Obama ainda antes deste ser presidente. John Kerry já em 2008 tinha optado por Obama contra Hillary e era falado há imenso tempo para o cargo. Por outro lado, John Brennan, a sua opção para a CIA, já em 2008 tinha sido a primeira escolha, mas o seu nome acabaria por cair depois de ter sido conhecido o seu apoio e envolvimento nos métodos de interrogatório que a CIA utilizou durante os anos W. Bush. Fora segurança nacional, Obama também optou por nomear para o Tesouro Jack Lew, seu actual Chefe de Gabinete. O que isto nos diz sobre este segundo mandato?
Depois de no primeiro mandato ter optado por nomes que em diversos momentos estiveram em campos opostos, como Hillary Clinton e o próprio Joe Biden, agora Obama está claramente a optar por pessoas da sua estrita confiança pessoal e política. Se em 2008 tivemos um Obama a ser comparado com Lincoln, que também ele preencheu os lugares na sua Administração por antigos rivais, como os seus antigos adversários da nomeação republicana, William Seward, Salmon Chase e Edward Bates ou ainda Edwin Stanton, que tinha humilhado Lincoln anos antes deste assumir a presidência, desta vez preferiu optar por escolhas mais convencionais, dentro do que é normal. O que se pode esperar desta nova equipa de Obama, isto se forem todos confirmados no Senado? Um grupo mais coeso, e possivelmente, mais obediente, não havendo grande margem de manobra para divergências dentro da Administração. Pelo que se já se sabe do primeiro mandato, também não se pode dizer que tenha havido grandes guerras internas, com a excepção da equipa económica. Obama quer um grupo que pensa como ele e que não suscite grandes ondas às suas opções. Este governo irá garantir-lhe isso, sendo de esperar que os lugares de relevo ainda por confirmar, como no Conselho de Segurança Nacional e na chefia do seu gabinete, sejam também ocupados por homens do Presidente. Este será, sem dúvida, um governo mais à sua imagem. Veremos se funcionará para melhor ou pior.