02
Jan 13
publicado por Nuno Gouveia, às 23:15link do post | comentar

O Alexandre já referiu aqui que o acordo nada resolve na situação dramática que as contas públicas americanas atravessam. Independentemente das "politiquices" que se vivem em Washington, e ambos os partidos devem ser responsabilizados, a verdade é que nada no acordo ataca de frente os problemas estruturais, com uma dívida que já vai em 16,3 Biliões de dólares (no inicio do mandato de Obama era de 10 Biliões). Obviamente este é um problema que não começou com Obama, mas que se agravou durante o seu primeiro mandato. Os democratas, tendo alcançado uma vitória clarificadora em Novembro, tinham todo o direito de impor as suas condições, cedendo ligeiramente na questão de qual o tipo de famílias que sofreu um aumento de impostos. Percebe-se que os republicanos tenham cedido em quase toda a linha, pois não houve cortes na despesa, como tinham exigido anteriormente. As eleições têm consequências. Mas a verdade é que se Obama não atacar de frente o problema do despesismo do estado federal, terá um segundo mandato muito difícil. Não pela oposição republicanas, mas simplesmente porque a situação não é sustentável durante muitos mais anos. 

 

Nota para três republicanos com pretensões para 2016: Marco Rubio e Rand Paul, que votaram contra (e muito bem, diga-se, estrategicamente falando) e Paul Ryan, que votou a favor. Este é um mau acordo para republicanos (e diria para os americanos também). Mas também é óbvio que algo teria de ser feito para evitar o aumento generalizado de impostos. Uma posição populista de Rubio e Paul, que antevê já uma disputa acesa com Ryan em 2016.

 

Este acordo tem apenas uma nota positiva para os republicanos: consagra, definitivamente, os Bush Tax Cuts do inicio da década passada, que deste modo se tornam efectivos, com a excepção dos que ganham mais de 400 mil dólares. E essa é uma vitória para George W. Bush, ver democratas e republicanos unidos a concordarem com a sua polémica proposta. 


Talvez tenha razão caro Miguel, mas repare-se que nestes últimos 12 anos, que foi quando a dívida explodiu, os EUA só tiveram em recessão técnica 2 vezes: entre Março e Novembro de 2001 e entre Dezembro de 2007 e Junho de 2009.

Portanto, presumo que estará a falar num crescimento económico grande, talvez superior a que valores? 5%?

PS: Confesso que não sendo especialista nestes temas, vou tentando analisar de forma superficial com base nas leituras que vou fazendo.

Bem, o grande salto da dívida (em percentagem do PIB) parece ter sido de 2008 para 2009 (cerca de 15 pontos percentuais)*, exactamente durante a tal recessão técnica (embora depois disso tenha continuando a crescer mais do que antes)

E, na minha opinião, o conceito de "recessão técnica" é um pouco enganador (era com base nesse conceito que Portugal "saiu" algumas vezes da recessão no tempo do Sócrates) - creio que a definição de "recessão técnica" é a economia decrescer durante dois trimestres consecutivos, ou coisa parecida; mas, se a economia decrescer bastante algum tempo, e depois começar a crescer, até pode ter saído da "recessão técnica", mas em muitos aspectos (nomeadameente dos que interessam para o deficit - despesas sociais, impostos, etc.) pode-se considerar que a crise só acaba verdadeiramente quando se chegar ao ponto onde se estava antes do começo da crise.


*http://en.wikipedia.org/wiki/Us_public_debt#Recent_additions_to_the_public_debt_of_the_United_States

Sim, caro Miguel Madeira, "recessão técnica" é quando uma economia descresce durante dois trimestres consecutivos.

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