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Nov 12
publicado por Nuno Gouveia, às 19:17link do post

A derrota nas eleições presidenciais foi, mais do que um sintoma, uma consequência dessa crise. Nas últimas seis eleições presidenciais, os republicanos venceram apenas duas, sendo que numa tiveram menos votos. Após derrotas eleitorais é habitual os partidos passarem por profundos debates sobre a sua essência, e questionarem-se de que forma podem voltar a ganhar. Bem sei que agora que Mitt Romney foi derrotado, ele será apontado por muitos como a causa de todos os males, mas continuo a pensar que o GOP perdeu, apesar de Romney e não por causa dele. Não, ele não é um político brilhante nem carismático. Não, ele não fez uma campanha isenta de erros. Mas sim, o que ele fez e com as condicionantes económicas e as dificuldades do primeiro mandato de Obama, poderia ter sido suficiente para vencer. Mas a América mudou, e a demografia, que tem sido tão debatida por estes dias, acabou por ser decisiva para a derrota republicana. Como pode o GOP conquistar as minorias cada vez mais representativas na sociedade americana, sem mudar os seus princípios de governo limitado, segurança nacional forte e conservadorismo social? No último post sobre o tema, defendi que antes de debaterem sobre o futuro do partido, é necessário afastar os maus políticos da arena. Está certo que ter políticos competentes pode não chegar, no entanto, é importante o Partido Republicano ter novas caras que saibam articular o conservadorismo sem afastar as gerações mais novas e as minorias. 

 

E até há algo que o Partido Republicano já tem nas suas fileiras: políticos emergentes na arena nacional e com capacidade de introduzir mudanças na forma como os americanos olham para o Partido Republicano. Dois jovens governadores: Bobby Jindal (Lousiana) e Nikki Haley (Carolina do Sul), ambos descendentes de indianos e com 41 e 40 anos, respectivamente. O senador Marco Rubio, descendente de cubanos, com apenas 41 anos e que já lidera algumas bolsas de apostas para 2016. Ted Cruz, filho de mexicanos, que chegou agora ao senado com apenas 41 anos. Susana Martinez de 53 anos, descendente de mexicanos, governadora do Novo México, que fez fez um dos melhores discursos na Convenção de Tampa deste ano. Brian Sandoval, de 49 anos, filho de mexicanos e governador do cada vez mais democrata Nevada. Kelly Ayotte, senadora do New Hampshire, com apenas 44 anos. Estes são alguns dos nomes que ocupam cargos de responsabilidade nos Estados Unidos, que terão de contar para o futuro do Partido Republicano. E depois, também os típicos políticos "brancos", como Chris Christie, Bob McDonnell, Rand Paul, Paul Ryan ou Scott Walker, que também serão importantes nesta nova fase do GOP. Depois de afastar os "malucos", o GOP precisa de novas caras para falar com o povo americano. E depois sim, pode discutir o que fazer com a mensagem do partido. Será tema de próximo post. 


Partidos como Republicanos e Democratas dependem de uma coalização ampla, e frequentemente com interesses divergentes, para se manter e alcançar o poder.

Assim, no partido democrata há uma ala liberal feminista e favorável aos direitos homosexuais. Temos ainda os setores ligados ao sindicalismo, público e privado. Negros e hispânicos. Católicos do meio-oeste. Judeus das grandes cidades. Profissionais liberais. Esses grupos tem agendas diferentes, com objetivos diferentes, as vezes antagônicos. Muitos negros e hispânicos são relativamente conservadores em assuntos sociais. Parte da base é progressista nos assuntos sociais, mas gostaria de mais conservadorismo na área fiscal, chocando-se com os sindicatos do setor público.

Obviamente, não há como atender o interesse de todos ao mesmo tempo. Certos setores ficarão contrariados.´mas não se poder contrariar sempre, pois podem se desmotivar ou mesmo romper com o partido. É um tênue equilibrio.

O mesmo vale para os Republicanos. Tem o pessoal de Wall Street, os republicanos do súburbio, a base rural no sul e das grandes planícies, os libertários. Alguns querem conservadorismo social, outros só conservadorismo fiscal. A coalização do GOP vinha funcionando. Hoje dá sinais de limitação, e pior, esgotamento interno. Agora, terão de atrair hispânicos, e pelo menos parte dos apoiadores d e Ron Paul, e ao mesmo tempo não melindrar a base do partido no Bible Belt. É um grande desafio.

Nehemias
nehemias a 23 de Novembro de 2012 às 11:46

Boa análise. E a coligação do GOP tem o maior problema na demografia. Agora somente 72 por cento dos votantes são brancos, nos anos 80 ainda eram cerca de 85 por cento. esta diferença faz toda a diferença...
Miguel Direito a 23 de Novembro de 2012 às 14:45

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