Sim, ainda agora acabou o ciclo presidencial de 2012 e já estou a escrever sobre o próximo. A política americana é um carrossel, e como tal, a especulação em nome dos potenciais candidatos será uma constante nos próximos tempos. E tal como em 2008, as primárias prometem ser explosivas em ambos os partidos. Diria que o Partido Republicano, pelo menos em teoria, parte em ligeira vantagem no que diz respeito aos potenciais nomes. Apesar dos vários políticos desastrados que o GOP gerou nestes dois últimos ciclos eleitorais, na verdade entre 2009 e 2010 surgiram na arena nacional nomes que tem suscitado enorme atenção. O Partido Democrata apresenta um leque de potenciais candidatos mais desconhecidos e com menos "star power". Isto, claro, se Hillary Clinton não for candidata, porque nesse caso penso que partirá como favorita, não só para as primárias como talvez para as eleições gerais.
No Partido Democrata, diria que tudo vai estar condicionado pela opção de Hillary Clinton em avançar. Se ela for candidata, dificilmente haverá concorrência à altura. Depois de em 2008 ter falhado contra o fenómeno Barack Obama, a sua estadia na Secretaria de Estado nestes últimos quatro anos colocaram-na no lugar cimeiro da popularidade entre os políticos no activo. Joe Biden, que parte numa posição de fragilidade (Vice presidente não muito popular, gaffes políticas embaraçosas, pouca ligação com as novas gerações e terá 73 anos em 2016), já deu sinais de desejar concorrer pela terceira vez, depois de 1988 e 2008. Honestamente não acredito muito na viabilidade desta candidatura, mas com a máquina da Casa Branca atrás de si será sempre alguém a ter em conta. Depois, os dois governadores que mais se têm destacado nestes últimos anos: Andrew Cuomo de Nova Iorque, que para mim será o mais forte candidato se Hillary não avançar, e Martin O'Malley do Maryland, que tem vindo a fazer várias incursões nacionais. Outro governador que já demonstrou interesse é o governador do Montana Brian Schweitzer. Fez um grande discurso na Convenção de 2008 e desde então o seu nome ficou ligado a algo "maior". Desde então tem estado apagado, mas é outro dos políticos que de quem se fala. Se Hillary Clinton não avançar, outras mulheres terão a tentação de avançar. Aliás, depois do Partido Democrata ter eleito o primeiro Presidente Afro-Americano, haverá em certos sectores do partido a vontade de eleger uma mulher. E aí há três nomes na linha da frente. A senadora de Nova Iorque, Kirsten Gillibrand, que não esconde as suas ambições, a senadora do Minnesota, Amy Klobuchar, outro dos nomes ventilados e ainda a recém eleita senadora do Massachussetts, Elisabeth Warren. Apesar dos nomes não serem muito sonantes, com excepção de Hillary e Biden, não faltará certamente animação para a sucessão de Barack Obama entre os democratas.
Em relação ao Partido Republicano, os nomes que aparecem deste já na linha da frente são mais fortes. A começar pelas grandes estrelas em ascensão, que são várias. A começar pelo senador da Florida, Marco Rubio. Hispânico, segmento do eleitorado onde os republicanos desesperadamente precisam de crescer, esteve este fim de semana no Iowa, e poderá ser um candidato fortíssimo. Outro dos nomes mais fortes, e que poderá ter uma palavra a dizer se Rubio avança ou não, é Jeb Bush, antigo governador da Florida e mentor do jovem senador. Se não fosse pelo seu apelido, talvez já tivesse sido candidato este ano. É talvez o preferido do establishment republicano. Paul Ryan é outra das jovens estrelas que estará a pensar nisso. Depois deste ano ter sido candidato a Vice Presidente, é alguém que terá aspirações ao cargo mais alto da nação. Bobby Jindal, que em 2016 estará a terminar o segundo mandato de Governador da Louisiana, e que terá apenas 45 anos em 2016, poderá também ser candidato. Após a derrota deste ano, tem-se desdobrado em intervenções sobre a actual crise do GOP e tem aliados em diversas facções do partido. Chris Christie de New Jersey viu a sua aura entre os republicanos ferida pelo seu "abraço" a Barack Obama no pós Sandy. Mas quatro anos é muito tempo em política, e caso seja reeleito em 2013, terá a tentação de preparar uma corrida à Casa Branca. Rand Paul, filho de Ron Paul, poderá ser o candidato da ala libertária em 2016, pegando no legado de seu pai, agora com mais apoio entre os republicanos tradicionais. Condoleezza Rice deixou meio mundo atento depois da sua intervenção na Convenção Republicana deste ano. Alcançou um estatuto importante dentro do partido e estarei atento ao seu percurso nos próximos anos. É uma figura respeitada em ambos os partidos e poderia ser uma cartada fortíssima entre os moderados do Partido. Por fim dois governadores do Midwest: Scott Walker do Wisconsin e John Kasich do Ohio, ele que em 1999 foi candidato presidencial por um breve período de tempo. Depois haverá alguns nomes que poderão ter a tentação de avançar: senadora Kelly Ayotte do New Hampshire, governador da Virginia, Bob McDonnell ou Jon Huntsman do Utah, que este ano também foi candidato. Uma coisa parece-me claro: os republicanos terão um leque de candidatos muito mais forte do que este ano, onde apenas Mitt Romney, e por breves momentos, Tim Pawlenty, pareciam ter sérias hipóteses de eleição.