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Nov 12
publicado por Nuno Gouveia, às 15:12link do post | comentar

Historicamente os segundos mandatos costumam ser mais complicados do que os primeiros. Nixon teve o Watergate e demitiu-se, Reagan teve o escândalo dos Irão-Contra, Bill Clinton teve o affair Mónica Lewinski e George W. Bush teve o Katrina e o descalabro financeiro. Isto para recordar alguns episódios que atingiram os últimos presidentes reeleitos. Não quer dizer obviamente que Barack Obama vai enfrentar algum escândalo, mas os desafios para o seu segundo mandato são enormes. A crise fiscal está à espreita, o Irão ameaça tornar-se ainda mais explosivo nestes próximos anos e a situação no Afeganistão está longe de estar resolvida. Mas Obama terá tempo para impor a sua agenda, agora livre de uma campanha de reeleição que marcou a sua actuação nos últimos dois anos. Ao mesmo tempo, enfrenta um Partido Republicano, ainda com maioria na Câmara dos Representantes, enfraquecido após a severa derrota nas eleições da semana passada. 

 

A agenda deste segundo mandato tenderá a focar-se sobretudo nos temas internos, e Obama tem aqui uma oportunidade para reforçar o seu legado enquanto Presidente dos Estados Unidos. A sua maior vitória legislativa, a reforma da saúde, entrará agora em vigor no próximo ano, e Obama poderá vingar o seu papel na história se esta for bem sucedida. Na energia, Obama tenderá a apostar nas energias renováveis, algo que timidamente fez no primeiro mandato, sem grandes resultados, mas será principalmente na imigração que tentará promover um novo pacote legislativo de grande impacto no futuro. Nestes primeiros dias após a sua reeleição, tem havido do lado dos republicanos vontade para trabalhar com o Presidente nesta matéria, até porque a sua derrota eleitoral terá muito a ver com o modo como estes têm lidado com esta questão. Na educação, Obama poderá também criar pontes com os republicanos para actuar no sector, pois existe matéria para possíveis consensos. A dívida explosiva, que ameaça transformar os Estados Unidos numa nova Europa do Sul, deverá também ser atacada de frente pela Administração Obama. Um corte nas despesas sociais, conjuntamente com o aumento de impostos para os mais ricos estará em cima da mesa, e é bem provável que existam cortes nas despesas militares. 

 

Na frente externa Obama sentirá a necessidade de resolver até 2014 o problema do Afeganistão, o Irão nuclear, que Obama já garantiu não ser uma possibilidade, deverá ocupar bastante tempo para o novo Secretário de Estado, e a situação na Síria será também alvo de preocupação nos próximos meses. Ao mesmo tempo, a política externa tenderá a focar-se ainda mais na Ásia, com a China no topo da agenda. A situação da Europa e do Euro, que esteve totalmente ausente nesta campanha, será também uma das suas preocupações, aqui sem grande poder de influência. Nas relações com a Rússia, veremos finalmente com o que Obama quis dizer com ter maior margem de manobra após as eleições. Além disto, nunca se sabe onde poderá rebentar a próxima crise no panorama internacional. 

 

Desafios são muitos, e certamente irão aparecer outros pelo caminho. Não se pense que Obama tem o caminho aberto para um mandato de sucesso. Até pelo que disse inicialmente. Mas com a vitória na semana passada, Obama ganhou tempo, conquistou legitimidade e reforçou o seu poder em Washington. Até ao final do ano ficaremos a saber com quem contará na sua equipa. John Kerry na Defesa e Susan Rice no Departamento de Estado têm sido alguns dos nomes ventilados. Certa parece a saída de Hillary Clinton e Timothy Geithner do Tesouro. 


Peço desde já desculpa por quebrar a minha promessa de não voltar a comentar o vosso estimado blog. Faço-o apenas porque me é impossível deixar passar este comentário do caríssimo Alexandre.

1 - Ao contrário do Alexandre, eu gosto de ler blogs com os quais não concordo e gosto de os comentar, porque entendo, sinceramente, que a discussão e a partilha de ideias só elevam o pensamento. Respeito-vos se pensam de forma diferente, e por isso vou abster-me de comentar o vosso blog, embora não me vá abster de o ler.

2 - "Especialmente em Portugal, onde a pesada sombra da censura esquerdista pesa sobre os que ousam pensar livremente."
Caro Alexandre, não insulte a inteligência de quem o lê.
É que isto nem é uma fábula passível de ser discutida noutra qualquer arena virtual. Se não fosse tão grave era motivo de riso, mas o problema é que aquilo que diz é sintoma de uma direita que não aprendeu com os erros e está pronta a tomar de assalto um espectro político fragilizado e vazio ideologicamente. E além de tudo tenta branquear aquilo que foram os anos de uma ditadura vil e cruel que levou Portugal ao maior retrocesso civilizacional da sua história, já para não falar em censuras e polícias políticas. Se não fosse tão grave era apenas uma baboseira do tamanho do mundo, mas infelizmente é grave.

Só uma palavra muito rápida para o estimado Carlos.
Onde é que já vai a 3.ª via se bem corre. A esquerda europeia, ao contrário da direita, aprendeu com os erros do Sr. Blair e não voltará a cair na sua armadilha. Os resultados da 3.ª via foram demasiado avassaladores para serem repetidos. Não confunda, como convém a muita gente, 3.ª via com uma governação responsável.


Cordialmente e até sempre,

Pedro Manuel Mendes
Pedro Mendes a 19 de Novembro de 2012 às 17:21

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