
Haverá tempo para analisar com mais calma a forma como Obama foi reeleito, mas desde já ficam aqui algumas notas. Uma vitória presidencial entra no imediato para os livros da história americana. Mas esta reeleição irá certamente conquistar um lugar especial: pela capacidade organizativa da máquina de campanha, pela dimensão da vantagem que obteve, mas também por alguns recordes que bateu de algumas décadas, como ter sido reeleito com menor vantagem do que na primeira eleição ou o facto de ter ultrapassado a taxa de desemprego mais elevada desde os anos 30. A vitória de Obama acabou por ser mais simples do que era expectável. Se no voto popular, vence por 2%, no colégio eleitoral acaba com uma confortável vantagem de 332-206. A mobilização em redor do Presidente foi impressionante, e a sua coligação eleitoral de minorias, jovens e mulheres aguentou-se de uma forma fantástica. David Axelrod e David Plouffe já lá tinham garantido um lugar, mas depois desta vitória entram directamente para o topo dos grandes consultores políticos da história política americana. Barack Obama é reeleito depois de um mandato muito complicado, onde a sua popularidade nem sempre esteve acima da linha de água. Apesar de ter enfrentado uma dura batalha com os republicanos durante quatro anos, que incluiu uma severa derrota nas intercalares, acabou por ser reeleito com relativa facilidade, conseguindo com isso alargar também a maioria no Senado (uma das surpresas da noite). Obama acaba o ciclo eleitoral com a legitimidade reforçada pelo povo americano, e adquire margem de manobra para implementar as reformas prometidas. E, talvez mais importante, valida o que fez no primeiro mandato, como a reforma da saúde, que agora será implementada a partir do próximo ano. Veremos se neste mandato irá conseguir trabalhar com os republicanos, que saem desta eleição muito enfraquecidos, apesar de manterem a maioria confortável na Câmara dos Representantes.