1. Passou apenas um ano. A voragem mediática conduz a análises permanentes de uma actividade que, em muitos casos, se dirige a problemas de médio ou longo-prazo.
2. Do que se viu até agora, estamos perante um mandato com várias promessas por cumprir. O que é diferente de falarmos em promessas não-cumpridas. Obama tem seguido à risca o seu programa eleitoral, mas assumiu demasiadas frentes de batalha para poder apresentar, nesta fase, resultados concretos na maioria delas.
3. O seu maior fracasso residiu na incapacidade de estabelecer pontes com os Republicanos e com os sectores mais conservadores do Partido Democrata, sendo incapaz de superar um forte bipolarismo sócio-político que se verifica na América.
4. As principais conquistas assentam num inequívoco espírito reformador. Obama não tem demonstrado receio em sujar as mãos, lutando por alterações políticas em áreas sensíveis como a educação, o ambiente, a energia ou o sistema de saúde. Em tempos difíceis, seria fácil invocar as dificuldades para alegar incapacidade, mas Obama tem resistido a esse álibi político.
5. Na política externa o saldo é ligeiramente positivo, tendo a conciliação entre pragmatismo e retórica multilateralista gerado acordos relevantes (com a Rússia e a China, entre outros). A atitude perante o Irão promete igualmente ganhos a médio-prazo. E a assunção mista de uma postura de liderança com o reconhecimento de que é necessário ouvir os demais representa uma nova e correcta dinâmica da política externa americana.
6. Os próximos seis meses serão decisivos. Em Novembro há eleições intercalares, pelo que os Democratas em risco rejeitarão certamente a agenda de Obama se sentirem que a mesma é impopular no seu distrito/Estado. Caso não obtenha uma vitória política significativa e se assista a uma recuperação económica relevante, o próprio Obama será certamente forçado pelo Partido Democrata a reorientar as suas prioridades para evitar um desastre eleitoral.