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Nov 12
publicado por Alexandre Burmester, às 21:40link do post | comentar

É normal as diferenças entre os candidatos diminuirem nos dias que antecedem as eleições. Este ano, tivemos também um fenómeno extra-humano (Al Gore diria que não o é), que foi o Furacão Sandy, o qual permitiu ao Presidente Obama assumir-se como presidente durante uns dias, em vez de ter de estar na pele do simples candidato Obama, o que decerto lhe terá trazido um aumento de popularidade.

 

Desde a chegada do furacão, temos estado restringidos em termos de sondagens, como já referi , e essencialmente tem-nos faltado a "tracking-poll" da Gallup, que estava a dar a Mitt Romney vantagens nunca inferiores a 4% desde há algum tempo.

 

A Gallup irá, segundo informa, publicar apenas mais uma sondagem antes das eleições, mas essa não é a questão essencial, até porque há outras sondagens respeitáveis. As coisas podem ter-se tornado mais renhidas, favorecendo Barack Obama, mas a questão essencial, mais histórica e estatística que meramente sujeita ao mundo cada vez mais incerto das sondagens, é que as questões básicas, os "fundamentals", continuam a ser desfavoráveis ao Presidente: menos de 40% dos americanos acham que o país está "no caminho certo", e a taxa de desemprego subiu para 7,9% no último mês.

 

Nenhum presidente, desde Franklin Roosevelt em 1936, foi reeleito com uma taxa de desemprego superior a 7,2%.

 

Quanto ao Colégio Eleitoral, último refúgio e esperança daqueles que temem perder o voto popular, sejam de que partido forem:  se qualquer dos dois candidatos tiver uma vantagem no voto popular superior a 1%, dificilmente perderá no Colégio Eleitoral.

 

Terca-Feira vai ser uma longa noite! 


«Nenhum presidente, desde Franklin Roosevelt em 1936, foi reeleito com uma taxa de desemprego superior a 7,2%.»

Confesso a minha ignorância, mas quantos presidentes se recandidataram nessas condições depois dessa data?
João Saro a 4 de Novembro de 2012 às 04:25

Hoover recandidatou-se em 32 e perdeu. Penso que conta, pois foi contra FDR. Desde 1932, temos como presidentes eleitos que se recabdidataram os seguintes: Eisenhower em 56, Nixon em 72, Carter em 76, Reagan em 84, Clinton em 96, Bush pai em 92 e filho em 04. Jonhson em 64, Ford em 76 e truman em 48 eram presidentes sem serem directamente eleitos quando se candidataram.
Miguel Direito a 4 de Novembro de 2012 às 09:40

A minha questão é quantos se recandidataram com essa taxa de desemprego. É que o EUA, no seu todo, não deve ter passado muitas vezes esse valor.

Como disse, não tenho conhecimento de causa para dizer tal coisa, mas duvido que seja um facto relevante em comparação. Óbvio que o desemprego conta nas eleições...
João Saro a 4 de Novembro de 2012 às 14:42

Alexandre,

o resultado de 3ª feira só está em aberto para analistas políticos, gente que se baseia na experiencia pessoal para afirmar que a corrida será decidida em photo finish.
Já os analistas de dados, como Sam Wang ou Nate Silver, gente que vem da universidade e está há vários anos a criar fórmulas de previsão afirmam que a decisão, com o material das sondagens, está 4/5 hipóteses para Obama ganhar e 1/5 para Romney. O próprio Alexandre acredita na vitória de Romney.
Não acha que estas eleições poderão começar a definir uma nova forma de olharmos para a análise política a partir de análise matemática, ao invés do gut feeling dos "experts"? Pelo que sei Wang acertou sempre que previu (3 eleições) e Silver também (2 eleições).
Será possível começar a discutir mais o conteúdo das propostas políticas, já que o ponto de situação da eleição é determinado em função deste tipo de análise matemática?
João a 4 de Novembro de 2012 às 11:46

Wang e Silver são rapazes do partido democrata! Eu leio o Nate silver e acho-o muito competente,mas a sua parcialidade na análise dos dados é patente e nem é por ele escondida. Porque é que não liga mais aos sites que dão as médias de todas as sondagens, como o RCP?
Miguel Direito a 4 de Novembro de 2012 às 16:25

Porque não mesmo o RCP? Já que o Pollster.com e Fivethirtyeight.blogs.nytimes.com são tão democratas, repare que o resultado das sondagens não são muito diferentes. O que muda sobretudo é o "forecast" e as margens de erro (na previsão do colégio).

Convém lembrar que existe algum trauma ainda de 2000 por parte dos media. Como defesa, gostam de dizer que tudo está empatado até ser demasiado óbvio que um ganha.

A questão é que Obama não tendo a eleição ganha, a probabilidade de ele ganhar é bem mais alta que o Romney. 85% será muito, 65% será pouco... talvez ambas sentenças estejam certas, mas é quase uma coisa é um 50-50, outra é um 70-30.

Por exemplo, Ohio, quase todos os compiladores dão uma média de 3% a Obama sobre Romney. Olha-se para as sondagens e Obama está à frente em 95% delas neste estado... com 3% e tanta consistência, não é indiferente (leiam Margens de Erro). Não é a mesma coisa que sondagens ao zigue-zague.

É também óbvio que são apenas sondagens no momento. O 'forecast" é muito mais subjectivo.
J. Saro a 5 de Novembro de 2012 às 02:32

A Rasmussen tem o Ohio perfeitamente empatado neste momento: 49%-49%. E se formos a analisar o mapa deles vemos que dos 8 swing states um está a tender para o Obama (Nevada), dois estão perfeitamente empatados (para além do Ohio, o Wisconsin) e cinco estão a tender para o Romney (New Hampshire, Virgínia, Florida, Iowa e Colorado). Se juntarmos estes dados às sondagens que a Gallup publicou até ao furacão não me parece que o Obama esteja com probabilidades assim tão elevadas de vencer. Mas amanhã teremos as últimas sondagens e logo veremos que efeito teve o Sandy.
Pedro a 5 de Novembro de 2012 às 03:10

Errado, Ohio, Virginia, New Hampshire, Iowa estão a tender para o Obama
HCarvalho a 5 de Novembro de 2012 às 07:57

Até me dei ao trabalho de voltar ao site só para verificar que não tenho nenhum problema de visão. Como ainda não foi publicada nenhuma sondagem hoje, os dados que estão lá ainda são os mesmo que vi ontem à noite e, como referi, dos 8 swing states o Obama tem o Nevada a tender para si (50%-48%), Ohio e Wisconsin estão ambos com 49% para os dois candidatos e o Romney está com ligeiras vantagens no New Hapshire (50%-48%), Virgínia (50%-47%), Florida (50%-48%), Iowa (49%-48%) e Colorado (50%-47%). Se juntarmos a Gallup que deu 51% para o Romney contra 46% para o Obama mesmo antes do furacão parece-me que o Romney tem reais hipóteses de poder sair vencedor. Hoje eles voltarão a publicar uma última sondagem e logo se saberá se nos últimos dias estes valores foram muito alterados com o Sandy. E só estou a ir pelas sondagens da Gallup e da Rasmussen, nem estou a contar com outras empresas e outros estados como o Nuno Gouveia refere no post "Shock Polls", onde a luta poderá estar mais renhida em estados dados para o Obama.
Pedro a 5 de Novembro de 2012 às 11:18

Bem, meu caro, os modelos matemáticos estão fartos de falhar em várias áreas da actividade humana - a começar pelo famoso caso das "mortgage-backed securities", também conhecidas como "crise do sub-prime".

Além disso, encerram uma visão mecanicista do comportamento humano, e se há bicho imprevisível à face da Terra, ele é precisamente o bicho-homem.

Não quero com isto dizer que Wang e Silver vão falhar, e os seus estudos são, apesar de tudo, respeitáveis, mas vou recordar-lhe a previsão do famoso "Clube de Roma", que em 1970 previu que daí a 25 anos, ou seja em 1995, o petróleo estaria esgotado. Pois bem, de hoje em dia, as reservas conhecidas do ouro negro são superiores às de 1970!

Quanto a discutir o conteúdo das propostas políticas, isso é particularmente difícil, pois apenas conhecemos as propostas de Mitt Romney, já que Barack Obama nada tem proposto, apenas se limitando a criticar o seu adversário.

Alexandre, a matemática será sempre falível enquanto meio de previsão. Eu estava a referir me a hipótese de, caso este tipo de abordagem volte a provar ser o mais eficaz, começarmos nos, observadores, a prestar mais atenção a tendência deste tipo de analise, ao invés de seguirmos o soundbite, a punch line. Eu acredito que seria mais fácil fazer analise política em vez de passarmos o tempo a fazer previsão política. Suponho e que os media, que nos tentam vender uma campanha renhidissima, não gostarão de processos políticos mais simples e analises mais profundas. Talvez não seja tão bom para as audiências ;)
João a 4 de Novembro de 2012 às 18:59

Eu referia-me a analises do tipo aggregator, que pegam em todas as sondagens e fazem previsoes matemáticas a partir delas. Isso e bem diferente do que fazer sondagens, ao estilo da rasmussen ou pew. E em método agregator as variações são menores ao longo do tempo, pois baseiam se em todo o material estadual e nacional que os diversos pollsters publicam todos os dias. Aparentemente estes geeks estão a criar modelos bastante sólidos, que permitem perceber melhor o ponto de situação da corrida. E e muito curioso que o establishment nos media esteja a ataca-los, já que estes tiram algum picante a contenda.
Se este tipo de abordagem voltar a provar ser mais exacto, em comparação com analises de sondagens isoladas, eu acredito que poderemos estar na presença de um enorme gane changer na política americana.
Joao a 5 de Novembro de 2012 às 08:05

Sim, tem razão. Se este tipo de estudos mais "matemáticos" e "racionais" tiver sucesso, penso que o futuro estará mais neste campo que na análise empírica de sondagem a sondagem. Vamos ver. Na verdade, penso que Obama terá cerca de 65 por cento de hipoteses de ganhar.
Miguel Direito a 5 de Novembro de 2012 às 09:28

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