A "Surpresa de Outubro" ("October Surprise") é um suposto estratagema eleitoral utilizado especialmente - mas não só - em anos renhidos, normalmente pelo partido que ocupa a Casa Branca. As duas mais famosas de que me lembro foram o anúncio da suspensão dos bombardeamentos ao Vietname do Norte por parte do Presidente Lyndon Johnson a poucos dias das eleições de 1968, o que quase, de novo, custava a eleição a Richard Nixon (que enfrentava o Vice-Presidente Hubert Humphrey), e a proclamação de Henry Kissinger, em 1972 - numa altura, diga-se, em que a reeleição de Richard Nixon estava mais que garantida - de que a paz (no Vietname) estava ao virar da esquina ("Peace is at hand").
Pois bem, há já especulação sobre se este ano assistiremos a nove passe de magia do mesmo estilo, e o comentador conservador e antigo conselheiro de Bill Clinton, Dick Morris, pensa que sim. Sugere Morris que o Presidente Obama poderá anunciar antes das eleições um acordo com o Irão, mediante o qual aquele país poria em prática uma moratória no enriquecimento de urânio, em troca do levantamento de algumas das sanções internacionais em vigor contra si.
Em 1968, Richard Nixon manobrou nos bastidores depois do anúncio da "October Surprise", e conseguiu que o Presidente do Vietname do Sul, Nguyen Van Thieu, rejeitasse os termos negociais propostos por Johnson, o que, em parte, retirou potência àquele truque de última hora. Este ano, a verificar-se este anúncio, só resta a Mitt Romney questionar o cinismo e oportunismo de tal manobra e fazer o eleitorado reflectir acerca das razões que levariam os "ayatollahs" a negociar apressadamente com Barack Obama antes das eleições.
foto: o Presidente Lyndon Johnson