Não vou entrar na discussão - algo bizantina - acerca do rigor dos números do desemprego ontem divulgados pelo Departamento de Estatísticas Laborais dos E.U.A., mas direi apenas isto: mensalmente, cerca de 250.000 pessoas chegam ao mercado de trabalho; assim sendo, como é que, num mês em que apenas 114.000 novos empregos (abaixo da expectativa) foram criados, a taxa de desemprego baixou de 8,1% para 7,8%? A resposta só pode ser uma: o número de pessoas que desistiu de procurar emprego e, como tal, deixou de contar para a estatística.
Independentemente da discussão em torno dos números do desemprego, o público em geral tende a olhar para o cabeçalho, neste caso, "Desemprego baixa assinalavelmente", e isso só pode ser benéfico para o Presidente Obama, embora possa argumentar-se que, nesta fase da campanha, as descidas ou subidas do desemprego já não alterarão o sentido de voto do eleitorado, o qual já terá incluído essas flutuações na sua decisão. Mas os números de ontem decerto não prejudicarão em nada Barack Obama.
Os adeptos do Presidente irão agora observar co0m atenção - e porventura alguma ansiedade - as próximas sondagens, na tentativa de discernirem uma recuperação presidencial depois do desastre de Denver. Em relação a este último, embora ainda seja cedo, a verdade é que a corrida parece estar a ser afectada por aquele quase-cataclismo, com algumas sondagens a darem vantagem a Mitt Romney nos cruciais estados de Florida, Virgínia e, sobretudo, Ohio, um estado sem o qual os republicanos nunca ganharam a Casa Branca. E a nível nacional, a corrida está a tornar-se mais renhida - mas já havia sinais disso antes de Denver.
Que esperar daqui para a frente? Bem, é difícil Obama ter mais duas prestações tão fracas como a de Denver nos próximos dois debates. Mas o principal trunfo retirado por Romney do primeiro debate nem foi tanto, a meu ver, a sua clara vitória, mas sim a oportunidade que teve - e aproveitou - de dar-se finalmente a conhecer ao eleitorado em geral. Pelo que, não creio que os próximos dois debates venham a ser tão influentes como este, exceptuando gaffes monumentais, nem, tampouco, o debate vice-presidencial, no qual, contudo, prevejo que o Vice-Presidente Joe Biden vá tentar colocar à defesa o Congressista Paul Ryan.
Perante este quadro, acho que a corrida vai permanecer renhida até ao fim e que, precisamente de hoje a um mês, quando os eleitores americanos forem votar, só uma pessoa arrojada ousará prever com um grande grau de certeza o resultado da eleição.