Ora bem, lendo o artigo do Nuno Gouveia sobre a tendência das sondagens, eu diria que, sem retirar nesta fase favoritismo a Barack Obama, há alguns factores a ter em conta:
1. Mesmo as sondagens que tomam apenas em consideração votantes prováveis não têm todas uma ponderação democratas/republicanos, em termos de provável afluência em Novembro, completamente credível porque:
2. Muitas sondagens estão a usar um modelo de ponderação baseado na afluência de 2008, o que me parece verdadeiramente irreal;
3. Algumas sondagens (Rasmussen, Purple States, Survey USA) estão a basear os seus modelos numa ponderação algures entre a afluência partidária de 2004 e a de 2008, o que me parece mais realista. Mas mais:
4. Historicamente, desde 1972, a base republicana é tendencialmente mais fiel ao seu candidato que a democrática (grosso modo numa relação 82%/79%).
5. As convenções partidárias tiveram este ano lugar bem mais tarde que o normal, pelo que Obama (a convenção democrática foi a segunda, como compete ao incumbente) ainda estará a beneficiar do impulso das convenções;
6. Ninguém - nem nas mais recônditas caves da Casa Branca ou de Chicago - aguarda uma afluência proporcionalmente tão grande de negros, hispânicos e jovens como a que teve lugar em 2008;
7. Obama continua basicamente empatado com Romney no fulcral segmento dos independentes, pelo que a sua "vantagem" actual nas sondagens poderá muito bem ser atribuída a questões de ponderação de afluência partidária.
Pelo que, a corrida continua, no meu entendimento, renhida. Nesta altura, em 2004, George W. Bush tinha uma vantagem média de 5,5% nas sondagens, mas acabou por ganhar por apenas 3 pontos percentuais (51/48). As corridas tendem a tornar-se mais renhidas para o final. Assim sendo, acho que o rufar de tambores por parte do partido do burro e seu côro nos media é essencialmente prematuro.