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Set 12
publicado por Nuno Gouveia, às 09:09link do post

Miguel Sousa Tavares é um colunista preguiçoso. Já todos percebemos que parte dos comentários que faz são desprovidos de conhecimento, e como tal, contêm mentiras que deviam envergonhar alguém que é muito bem pago para opinar. Uma coisa diferente é criticar e até deturpar o que outros dizem. Mas outra é mentir e enganar os leitores de forma deliberada. Esta semana publica um artigo inquailificável (ainda não disponível online) no Expresso. Se uma parte são opiniões, e embora enviesadas, até podem ser consideradas normais. O disparate também faz parte da opinião. Mas o seu inicio, sobre o que Mitt Romney defende está repleto de mentiras e devia envergonhar o Expresso como organização noticiosa. Vamos por partes.

 

MST diz que "eles defendem que a "violação legítima" não deve dar direito a abortar, assim como o incesto ou malformação do feto". Nada mais errado. Mitt Romney deixou bem claro, e várias vezes, que defende excepções à lei, e que são precisamente essas que o colunista aponta. Se não sabia, devia procurar informar-se antes de o escrever. 

 

A seguir, MST diz que "defendem que só os que tem mais de 68 anos, doentes, tem direito a ser tratados pelo estado, gratuitamente". Outra falsidade. Em primeiro lugar, o Medicare (o programa de saúde dos idosos) abrange todos os idosos a partir dos 65 anos (e não 68 como afirma no artigo). Mas a dupla Mitt Romney não defende o fim do Medicaid (o programa de saúde para os mais pobres), como MST afirma. Defende uma coisa bem diferente, que é a transferência federal das verbas destinadas ao Medicaid para os estados, ficando estes responsáveis pela gestão do programa. De onde é que ele retirou essa ideia? Não sabemos. 

 

Segundo MST, "defendem que a taxa máxima do IRS deve baixar de 35% para 26% e que a partir de rendimentos a partir de 200 mil dólares deve ser zero". Sinceramente não sei onde MST retirou a ideia que Romney defende que os rendimentos a partir de 200 mil dólares não devem pagar IRS. Só pode ter sonhado. Em relação à baixa de IRS, devo dizer que não encontrei a sua proposta, e é possível que a dupla Romney/Ryan tenha proposto semelhante baixa de impostos. Mas o que sei é que propõe que a Corporate Tax baixe dos actuais 38% (a mais elevada do mundo) para os 25%.

 

"Defendem o abandono da investigação e investimento das energias limpas e aposta na intensificação da exploração de petróleo no Alaska, no offshore e em qualquer zona protegida, acompanhada de incentivos fiscais às petrolíferas". No caso da exploração do Alaska é verdade, e até o Presidente Obama já iniciou este processo. Mas também é verdade que Obama, apesar de algumas resistências que demonstrou, tem efectuado esforços para aumentar a produção de petróleo nos EUA, o que aconteceu durante o seu mandato. Em relação às energias limpas, é evidente que Romney não defende o abandono da sua investigação. Basta consultar o seu programa para ficar esclarecido. Defende uma coisa bem diferente: acabar com os subsídios a grande parte dos projectos ruinosos, como foi o caso do Solyndra. 

 

Esta é a mais engraçada: a dupla Romney/Ryan defende "o direito inalienável de todos os cidadãos andarem armados e dispararem livremente". Se  Constituição de facto apregoa o "the right to keep and bear arms", esta ideia que eles defendem que possam disparar livremente é uma novidade para mim. Não sabia, mas se Romney vencer, todos os americanos poderão andar aos tiros nas ruas livremente. Já agora, para conhecimento do senhor MST, aqui não há grande diferença de posições (públicas) entre Romney e Obama. E que, enquanto governador do Massachusetts, Romney até limitou o uso armas de assalto, algo que Obama nem sequer ousou em falar neste mandato. 

 

Depois diz que Romney e Ryan defender a proclamação de Jerusalém como capital de Israel. E, então qual o problema? Ainda na semana passada Obama teve que intervir directamente na Plataforma Democrata para incluir essa afirmação. Já agora, qual deve ser a capital de Israel? Talvez na ilha de Madagáscar, senhor MST?  

Por fim, mais uma piada: estes malvados prometem, "de um modo geral, fazer a guerra aos árabes, russos, chineses e aos pretos". Mas, e é caso para perguntar, MST acredita mesmo nisto tudo ou estava sob efeito de algum produto delirante quando escreveu isto?  

 

É lamentável que estas mentiras ou distorções tenham sido publicadas nas páginas do Expresso. Isto não é opinião. 

 

Adenda: Elas são tantas que me esqueci de mais duas mentiras de MST. Ele escreveu que "defendem a perseguição aos imigrantes". Mais uma vez, não sei do que ele está a falar. Será que eles querem expulsar todos os emigrantes ou questionam o número de 12 milhões de imigrantes ilegais nos EUA? Certamente a primeira opção não é de certeza. E de referir que nunca como agora têm sido expulsos tantos imigrantes ilegais dos EUA. E MST também disse que Romney e Ryan "defendem o fim das bolsas de estudo para estudantes sem dinheiro para estudar". Mais uma vez, uma mentira descarada do cronista. Em lado algum os candidatos defendem isso.

 

* na sequência do post do José Gomes André, deixo aqui o post que publiquei ontem no 31 da Armada.

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"Depois diz que Romney e Ryan defender a proclamação de Jerusalém como capital de Israel. E, então qual o problema?"

E será que defendem mesmo? É que a plataforma dos Republicanos nem sequer falam nada sobre isso. O único grande partido que, pelos vistos, tem no seu programa inverter 40 e tal anos de politica dos EUA sobre o assunto são mesmo os Democratas.
Miguel Madeira a 11 de Setembro de 2012 às 13:30

Caro Miguel,

Sim, o Mitt Romney já defendeu publicamente que Jerusalém é a capital de Israel:
http://news.yahoo.com/israel-romney-declares-jerusalem-capital-162843104.html

Além que, já sabemos que nem tudo o que vem nas plataformas é coincidente com o que os candidatos defendem. Por exemplo, a plataforma republicana não fala em excepções ao aborto, quando Romney as defende.
Nuno Gouveia a 11 de Setembro de 2012 às 16:19

Certamente não era necessária a presença de Jerusalém como capital de Israel na plataforma dos republicanos ou democratas. O problema foi a remoção, e pior ainda, a tentativa desastrada de reinclusão.

Se tivessem simplesmente mantido a referência a Jerusalém intacta, os democratas poderiam usar sua ausência na plataforma republicana para atacar seus oponentes. Ao excluirem criam um fato politico em favor do outro lado, que agora pode acusar os democratas de não estarem mais preocupados com Israel. A exclusão de Deus da plataforma do partido, piorou ainda mais a situação.

(E se estava ruim, ficou pior ao tentar reincluir Deus e Jerusalém. Um pedido do próprio Obama, que entendeu o risco que corria. O vídeo com as vaias e a divisão da platéia pode ser facilmente explorado por marqueteiros. Para o eleitor médio, inclusive, é uma imagem mais poderosa do que discussões de orçamento ou política externa. A lição é que se os democratas tivessem mantido inalterada sua plataforma, ninguém estaria discutindo isso.)

Nehemias a 11 de Setembro de 2012 às 18:03

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