06
Set 12
publicado por Nuno Gouveia, às 23:54link do post | comentar

 

A Convenção Democrata tem corrido bem a Obama. Bons discursos de Michele Obama e Bill Clinton, que serão certamente rematados esta noite com mais uma excelente intervenção de Barack Obama. Disso parece não haver dúvidas. Continuo a pensar que o enfoque especial nos assuntos sociais tem sido exagerado e que poderá ofuscar um pouco esta convenção, tendo como exemplo disso o discurso patético do Joe the Plumber desta campanha, de seu nome Sandra Fluke. Além disso, os media americanos têm continuado a servir de perfeitos mestres de cerimónia do Presidente, elevando os aspectos positivos e escondendo os negativos. Alguém duvida que se o que se passou ontem na votação de Deus e Jerusalém, com um voto no mínimo de empate a ser transformado numa vitória de 2/3, seria um dos assuntos principais dos media, se se tivesse passado na convenção republicana? E as sucessivas descaracterizações que têm sido ditas na convenção, incluindo por Michele Obama e Bill Clinton, que tem passado quase incólumes nos meios de comunicação social americanos? Numa campanha política, há diferentes interpretações e declarações exageradas, mas parece que as democratas têm escapado ao radar dos principais media. Bem, para quem conhece o fenómeno político americano saberá que isso é perfeitamente normal e nenhuma vitória republicana foi alcançada com o apoio dos media nas últimas décadas. É evidente que com o nascimento dos media conservadores, especialmente na era da Internet, existe hoje um contraponto na sociedade americana. Mas se em 2008 os media foram os cheerleaders de Obama, ninguém esperaria que este ano fosse diferente. 

 

Se os discursos dos principais oradores têm sido eficientes, na verdade o problema para Obama nunca foi esse. Todos nos recordamos dos grandes discursos que proferiu ao longo do seu mandato, e, ao contrário da eleição de 2008, isso não tem sido suficiente para o livrar de apuros. Mitt Romney teve apenas uma ligeira subida nas sondagens após a sua convenção, estando neste momento, pela primeira vez em muito tempo, empatado a nível nacional na média do Real Clear Politics. A minha previsão é que Obama, após a convenção irá subir ligeiramente, retomando a liderança por curta margem, como tem estado nos últimos tempos. Ficaria surpreendido se acontecesse outro cenário, o da manutenção da actual situação ou de uma grande subida de Obama. A campanha tem estado bastante renhida e quase inamovível nestes últimos meses. Acredito que até aos debates, se não acontecer nada de extraordinário, a situação não se alterará. 

 

PS: Fernando, apesar de não ser meu hábito comentar matérias de fé, que só dizem respeito a cada um, abrirei uma excepção para ti amanhã :)


Nuno, aqui no Brasil, os meios de comunicação também são bem pró democratas. Até publiquei um texto no Observatório da Imprensa aqui analisando como até na semana da Convenção Republicana, os jornais deram mais espaço a Obama que a Romney. Depois dá uma lida:

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed710_cobertura_jornalistica_ou_torcida_organizada
Pedro Valadares a 7 de Setembro de 2012 às 04:18

Pedro.

Obrigado pela sugestão do seu excelente artigo. Genericamente, a cobertura da imprensa portuguesa é bastante semelhante ao que descreve do Brasil. Há um bias evidente na cobertura jornalística em relação aos Estados Unidos. Devo dizer que desde que acompanho com atenção este fenómeno a situação é mais ou menos idêntica. Nós chegamos a ter um jornalista correspondente de uma televisão portuguesa nos Estados Unidos a dizer alegremente em directo que se fosse americano era democrata e votaria no candidato democrata (penso que na altura John Kerry). Ora, quando um jornalista assume a sua parcialidade, e ninguém acha estranho (na altura a declaração passou incólume), está tudo dito sobre a imparcialidade do jornalismo.

Um abraço.

Pois é, Nuno. Hoje aqui no principal telejornal, o apresentador chamou a matéria dizendo que o discurso de Obama foi emocionante.

Contudo, no dia que noticiaram o discurso de Ann Romney, eles foram totalmente frios e telegráficos.

Ainda bem que hoje existe internet para nos fornecer informações dos dois lados.
Pedro Valadares a 8 de Setembro de 2012 às 02:08

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