A Convenção Democrata tem corrido bem a Obama. Bons discursos de Michele Obama e Bill Clinton, que serão certamente rematados esta noite com mais uma excelente intervenção de Barack Obama. Disso parece não haver dúvidas. Continuo a pensar que o enfoque especial nos assuntos sociais tem sido exagerado e que poderá ofuscar um pouco esta convenção, tendo como exemplo disso o discurso patético do Joe the Plumber desta campanha, de seu nome Sandra Fluke. Além disso, os media americanos têm continuado a servir de perfeitos mestres de cerimónia do Presidente, elevando os aspectos positivos e escondendo os negativos. Alguém duvida que se o que se passou ontem na votação de Deus e Jerusalém, com um voto no mínimo de empate a ser transformado numa vitória de 2/3, seria um dos assuntos principais dos media, se se tivesse passado na convenção republicana? E as sucessivas descaracterizações que têm sido ditas na convenção, incluindo por Michele Obama e Bill Clinton, que tem passado quase incólumes nos meios de comunicação social americanos? Numa campanha política, há diferentes interpretações e declarações exageradas, mas parece que as democratas têm escapado ao radar dos principais media. Bem, para quem conhece o fenómeno político americano saberá que isso é perfeitamente normal e nenhuma vitória republicana foi alcançada com o apoio dos media nas últimas décadas. É evidente que com o nascimento dos media conservadores, especialmente na era da Internet, existe hoje um contraponto na sociedade americana. Mas se em 2008 os media foram os cheerleaders de Obama, ninguém esperaria que este ano fosse diferente.
Se os discursos dos principais oradores têm sido eficientes, na verdade o problema para Obama nunca foi esse. Todos nos recordamos dos grandes discursos que proferiu ao longo do seu mandato, e, ao contrário da eleição de 2008, isso não tem sido suficiente para o livrar de apuros. Mitt Romney teve apenas uma ligeira subida nas sondagens após a sua convenção, estando neste momento, pela primeira vez em muito tempo, empatado a nível nacional na média do Real Clear Politics. A minha previsão é que Obama, após a convenção irá subir ligeiramente, retomando a liderança por curta margem, como tem estado nos últimos tempos. Ficaria surpreendido se acontecesse outro cenário, o da manutenção da actual situação ou de uma grande subida de Obama. A campanha tem estado bastante renhida e quase inamovível nestes últimos meses. Acredito que até aos debates, se não acontecer nada de extraordinário, a situação não se alterará.
PS: Fernando, apesar de não ser meu hábito comentar matérias de fé, que só dizem respeito a cada um, abrirei uma excepção para ti amanhã :)