Enquanto aguardamos pelo discurso mais esperado na Convenção Democrata (o de Obama, esta noite), deixo-vos um resumo da entusiástica intervenção de Bill Clinton em Charlotte.
Bill Clinton representa de hoje em dia para os democratas o mesmo que Ronald Reagan representou para os republicanos após se retirar.
Mas há uma grande diferença: Reagan foi reeleito numa "landslide", tornou-se uma figura unificadora, enquanto que Clinton - único democrata a servir dois mandatos desde a Guerra - nunca obteve 50% dos votos e, pelo meio, foi impugnado ("impeached") pela Câmara dos Representantes.
Onde quero eu chegar? Simplesmente que Bill Clinton - já para não falar da sua mulher - é uma figura essencialmente partidária cujos poderes de mobilização são uma faca de dois gumes. Poderá contrapor-se que ele goza de um excelente índice de popularidade, mas isso é apenas fruto da recordação do seu segundo mandato - onde deixou de seguir a agenda ideológica da mulher - e do sentimento de "bons velhos tempos" entre o eleitorado.
Seja como for, aposto que o eleitorado preferiria Clinton ao dogmático Obama, um homem que, por exemplo, ataca a iniciativa privada, o que decerto causa repulsa a Clinton. Mas partidos são partidos, e Clinton, aliás refém das ambições ainda não extintas de sua mulher, acaba por ser um homem leal ao partido.