05
Set 12
publicado por José Gomes André, às 18:30link do post | comentar

Num excelente post, o Nuno Gouveia considera negativo o facto de os Democratas estarem a dar demasiada importância às questões sociais, nomeadamente o aborto, numa altura em que os americanos estão sobretudo preocupados com a economia. Dou-lhe toda a razão neste último ponto, mas não estou certo quanto à premissa geral de que o tema do aborto seja pouco relevante nesta eleição. Por três razões fundamentais.

 

1) Não é absolutamente rigoroso dizer que "a maioria dos americanos considera-se pro-life". Os estudos da Gallup, realizados desde 1995, mostram que houve na verdade uma maioria de eleitores "pro-choice" durante os anos 1998-2008, tendo-se a situação invertido ligeiramente apenas em anos recentes (2012: pro-life 50%, pro-choice 41). Todavia, ainda em 2011 a sondagem Gallup dava vantagem aos "pro-choice" (49-45%)...


2) Por outro lado, a questão do "aborto" não se joga apenas na dicotomia "pro-life" vs. "pro-choice". Embora ausente do "programa oficial" do Partido, a ideia de que o aborto deve ser proibido em qualquer caso (incluindo violação e incesto) vem sendo defendida publicamente por várias figuras relevantes (Michelle Bachmann, Sarah Palin, Todd Akin, etc.). Ora, esta é uma posição fortemente rejeitada pelo povo americano, sendo apenas defendida por 20% dos eleitores. É pois natural que os Democratas explorem o tema, procurando associar o Partido Republicano a tal visão radical e impopular do aborto.


3) Por fim, uma vez que os resultados no "tópico forte" das eleições (economia e emprego) não são propriamente favoráveis aos Democratas, é lógico que estes irão procurar levantar outros temas como o aborto ou a política externa, descentrando assim o debate. Curiosamente, durante muitos anos foram os Republicanos a usar esta técnica e a apelar justamente a estas questões (vide Bush vs. Gore/Kerry). Ironias da política...


Não só, caro Alexandre. Sim, a economia é o tema vital. Mas cerca de 40% dos eleitores refere tipicamente outras prioridades ou, pelo menos, factores que podem ser relevantes. As sondagens mostram uma grande dificuldade com o eleitorado feminino, apesar do estado da economia... E não creio que a posição radical de parte do GOP na matéria do aborto seja indiferente a este facto.

Apesar de tudo, caro José, a margem de Obama entre as mulheres é menor que em 2008. Romney não precisa de conquistar o voto feminino, diga-se, apenas de encurtar a distância.

E depois, as mulheres também têm preocupações com a economia, obviamente e, ao contrário da narrativa oficial, não são todas pro-choice.

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